Representação artística de uma imagem infravermelha do objecto CFBDSIR J214947.2-040308.9, um novo candidato a planeta errante recentemente descoberto.
Crédito: ESO/L. Calçada/P. Delorme/Nick Risinger (skysurvey.org)/R. Saito/VVV Consortium.
Astrónomos franceses e canadianos identificaram um corpo candidato a planeta errante a vaguear sozinho no espaço, a cerca de 100 anos-luz da Terra. Denominado CFBDSIR J214947.2-040308.9, o novo objecto parece estar associado a um grupo de estrelas conhecido como Associação Estelar AB Doradus, um grupo de cerca de 30 estrelas que se movem no espaço em conjunto com a estrela AB Doradus. A descoberta foi realizada em observações feitas com a câmara WIRCam do telescópio Canadá-França-Hawaii, no Hawaii, e com a câmara SOFI montada no New Technology Telescope do ESO, no Chile. Posteriormente, os investigadores usaram o espectrógrafo X-shooter do Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO) para estudar de forma detalhada a atmosfera do objecto.
CFBDSIR J214947.2-040308.9 numa imagem de infravermelho obtida com o instrumento SOFI, montado no New Technology Telescope do ESO, no Observatório de La Silla.
Crédito: ESO/P. Delorme.
Os cientistas pensam que as estrelas que compõem a Associação Estelar AB Doradus foram todas formadas ao mesmo tempo, há 50 a 120 milhões de anos. De acordo com os autores desta descoberta, existe uma probabilidade de 87% de CFBDSIR J214947.2-040308.9 estar associado a este grupo de estrelas. Caso se confirme esta associação, este novo objecto deverá ser um jovem planeta errante com 4 a 7 vezes a massa de Júpiter. A comparação dos espectros obtidos através do espectrógrafo X-shooter com modelos da metalicidade da atmosfera solar indicam que a temperatura da sua atmosfera deverá rondar os 700 K (cerca de 427ºC).
A sua ligação a um grupo estelar próximo, torna CFBDSIR J214947.2-040308.9 o mais interessante candidato a planeta errante alguma vez descoberto. “Procurar planetas em torno de estrelas é semelhante a estudar um pirilampo que se encontra a um centímetro de distância de um farol distante de automóvel,” afirma Philippe Delorme (Institut de planétologie et d’astrophysique de Grenoble, CNRS/Université Joseph Fourier, França), autor principal do artigo com os pormenores desta descoberta (ver aqui). “Este objecto errante próximo oferece-nos a oportunidade de estudar o pirilampo com todo o pormenor, sem que as luzes brilhantes dos faróis do automóvel estraguem tudo.”
Pensa-se que os planetas errantes são, pelo menos, tão numerosos como as estrelas, e que se formam de duas formas possíveis: ou como planetas normais que são, posteriormente, ejectados dos seus sistemas planetários; ou como objectos solitários, tais como as estrelas e as anãs castanhas. Em ambos os casos, o estudo destes objectos é essencial para a compreensão destes mecanismos. “Estes objetos são importantes, já que nos podem ajudar a compreender melhor como é que os planetas são ejectados dos sistemas planetários ou como é que objectos muito leves podem resultar do processo de formação estelar,” diz Philippe Delorme. “Se este pequeno objecto for um planeta ejectado do seu sistema nativo, dá-nos a imagem de mundos orfãos, errando no vazio do espaço.”
6 comentários
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Tenham cuidado. O título do post pode sugerir a alguns que se trata do Nibiru.
Pois… tem razão.
Os crentes nessa imbecilidade do Nibiru nem vão notar que este candidato a planeta errante está a 100 anos-luz de distância da Terra.
E que nem vem para aqui…
Mas mesmo que viesse, demoraria alguns milhões de anos a chegar cá…
Ou seja, como sempre, há sempre algum crente que hipocritamente vai utilizar as descobertas dos cientistas para dizer o contrário daquilo que é descoberto.
Como diria Einstein, a estupidez é infinita

E acho que ele também concordaria que por mais que demos a informação correcta, há sempre alguém que vai perceber tudo mal
abraços!
Eu não acredito nessa história popular do “Nibiru” que descrevem exageradamente por ai, mas todos sabemos que existe corpos celestes que não são possíveis detectar logo e já!
Já li sobre cientistas afirmarem que SIM, poderá haver uma “brown dwarf” irmã do nosso sol e que pelos visto ela deve dar uma volta bem grande xD para não a podermos ver!
O que quero referi com isto, é que todos sabemos que é impossível descobrir se no passado, realmente houve ou não algum “planeta” que se cruzou no nosso sistema solar, e que andava a vaguear por ai, tal como esse CFBDSIR J214947.2-040308.9
Essa teoria do nibiru tem muito que se lhe diga, infelizmente, como o dito popular diz, conta-se um conto acrescenta-se um ponto, no caso do nibiru acrescentaram pontos linhas a mais, destrocendo a realidade do que os “antigos” queriam descrever!
O astroPT, tal como o ESO, são claros: é um planeta candidato.
http://www.eso.org/public/portugal/news/eso1245/
Vamos ver pela web, quantos cometerão novamente o erro de dizer que é mais um planeta que foi certamente descoberto…
Foi descoberto sim um objecto aparentemente errante que parece ter características planetárias (neste caso, a idade, SE ele estiver ligado ao grupo estelar próximo).
Vídeo do ESO
http://youtu.be/TTWeLNpeIi8
Excelente texto, em que é bem realçado que se trata dum candidato e não duma descoberta confirmada, como se lê nas notícias dos media de grande audiência.
Agora é mesmo um candidato muito estimulante por todas as implicações que poderá trazer para a Ciência.
Entusiasmo sim, enganar as pessoas com falsas alegações não, este é o AstroPt!
[…] Anãs Castanhas (próximas com planetas, vários planetas, planetas rochosos). Órfãos (imensos, CFBDSIR J214947.2-040308.9, Globulettes, Matéria Negra). Estranhos. Mais antigos. Mais pequeno. Mais frio. Nevar pedras. […]