Imaginando vários anos à frente, no futuro da colonização espacial, sempre tendemos a ver sofisticadas estações espaciais e cúpulas de vidro nas superfícies dos mundos mais exóticos do espaço, mas pouco é lembrado de onde estão os maiores atrativos do Sistema Solar: o interior dos mundos que visitaremos. Poderemos encontrar proteção nas cavernas de Marte contra as altas doses de radiação e tempestades de areia e em paralelo a isso pesquisar o planeta numa profundidade à qual as sondas de superfície nunca antes chegaram, e onde existem maiores chances de encontrar sinais de água e vida. Por sinal, as melhores, praticamente únicas, apostas de atividade biológica no sistema solar estão no interior de Mundos como Marte e as luas especias dos gigantes gasosos.
Além de proteção e pesquisa, as cavernas do Sistema Solar possuem outros atrativos não só científicos, mas puramente econômicos, e provavelmente moverão a economia das nações espaciais no futuro digno das melhores ficções científicas. Tudo começa pela Lua, a primeira colônia humana, e a corrida do ouro será pelo promissor Hélio 3, raríssimo na Terra, mas abundante por lá. O He 3 pode vir a ser um grande vetor energético do futuro, assim como combustível de propulsão de naves espaciais. O vento solar ao longo de bilhões de anos terá depositado grandes massas desse isótopo no solo lunar, desprovido de atmosfera ou campo magnético.
A Lua é o primeiro porto de uma odisseia que irá para Marte, mas é provável que desviemos no caminho. A pequena lua Fobos em órbita de Marte oferece cavernas protegidas das dificuldades marcianas, e é praticamente uma estação espacial em órbita – Fobos está tão perto de Marte que o Planeta aparece enorme em seu horizonte, e estudá-lo de Fobos e em segurança fazendo excursões periódicas aproveitando as melhores épocas e lugares é uma opção interessante. Esse pequeno rochedo espacial, que completa 3 voltas ao redor de Marte a cada dia Marciano, pode deixar Marte em terceiro lugar e albergar a segunda base humana no espaço, depois da Lua.
Mais adiante, o advento da exploração espacial terá alvos materiais, mais precisamente, metais. Apenas o pequeno asteróide Eros tem mais metal que todas as construções e edificações já feitas pela humanidade desde o início dos tempos, e ele é um de milhões de asteróides massivamente ricos em metais.
Moradia, proteção, pesquisa e exploração são alguns dos atrativos que podem fazer muitos astronautas exploradores do futuro trocarem a beleza do céu estrelado pelos lugares mais obscuros e inexplorados do Sistema Solar, e talvez o primeiro contato imediato com outra forma de vida poderá se dar à luz de um capacete espacial numa escura caverna do Sistema Solar.
*Esse artigo é apenas uma reflexão, e outros futuristas podem apresentar ideias diferentes ou acrescentar novas, algo que espero ver nos comentários.
7 comentários
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Eu pergunto qual será a posição/ação dos exploradores espaciais frente à descoberta de vida em outros planetas ou luas ? Vão observar sem interferir e fazer estudos em indivíduos naturalmente falecidos ou o interesse imediato será capturar indivíduos para estudo e dissecações, posteriormente, caça massiva para abate e utilização dos subprodutos??? Pergunto se há alguma organização ou pensador humano que reflita ou crie normas de regulamentação referente ao uso e contato com a possível vida fora da terra, quer seja microbiana ou organismos mais evoluídos.
(O infográfico pode ser lido mudando o zoom da tela clicando no canto inferior direito mudando de 100% para 400%).
Gostei muito do artigo e cada vez mais admiro as maravilhas que a Ciência nos apresenta. O mundo seria bem melhor se as descobertas científicas fossem postas ao serviço da humanidade. Só que, desde que o nós se transformou em eu, a ambição começou a dominar o mundo. Um abraço.
Este tema nos leva a pensar sobre os desafios de tal colonização, por exemplo, como mobilizar os recursos necessários para tal feito. Usando a atual estação espacial como referência, temos uma associação de vários países que viabilizou sua construção, o que nos faz considerar que para levar a cabo uma tarefa tão grandiosa seria imprescindível um esforço global sem precedentes. Isso levaria à discussão de novos parâmetros econômicos e políticos do controle dos “novos territórios” (permitam-me o uso de tal expressão), acesso e uso dos recursos, etc. Sem dúvida, uma proposição desafiadora!
Excelente reflexão
Excelente artigo com um belo infógrafo, Jonatas.
Só não sei se minha visão já cansada não pôde ler bem os textos contidos no infógrafo.
Já agora, sobre moradias no espaço, conheces os projetos estruturais magníficos denominados Cilindro de O’Neill e a Esfera de Bernal?
Abraços.
Author
Sim, são realmente fantásticos.
Acho que usei uma fonte meio complicada no diagrama, vou edita-lo e melhora-lo em seguida, pra ficar mais legível. Enquanto isso, deixo a sugestão do uso de um visualisador de imagens chamado Picasa. O picasa, pode baixar de graça da internet e instalar, é um ótimo visualisador pra imagens grandes em alta resolução como essa *que quase não consegui enviar porque tem quase dois megas, um tamanho grande pra um arquivo de imagem*. O picasa te permite dar zoom dinamico com o mouse e navegar pela imagem apenas movendo o cursor, é muito bom.
Pelo navegador: http://www.astropt.org/wp-content/uploads/2012/11/astera2.jpg, pode fazer o download da imagem
O picasa aqui:
http://picasa.google.com/
Abraços.
Obrigado.
Abraços.
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