O Otávio Jardim Ângelo divulgou um artigo muito interessante no blog dele, Da Terra para as Estrelas, sobre a história dos Maias, numa vertente comparativa entre os seus conhecimentos e dos povos que na altura partilhavam o planeta.
O artigo original é de Tiago Cordeiro, na página da Super-Interessante, aqui.
“Enquanto estiveram no auge, entre os anos 200 e 900, os Maias, que habitaram a América Central, foram uma das civilizações mais cabeças do planeta. Seus conhecimentos matemáticos e de astronomia estavam não apenas à frente de todos os outros povos vizinhos, mas também dos chineses e dos europeus.
Eles eram craques da matemática e foram os únicos, em todas as Américas pré-descobrimento, que desenvolveram um sistema completo de escrita. No ano 325, eles já dominavam o conceito de zero, coisa que os europeus só descobriram e começaram a usar cerca de 700 anos depois.
Eles também eram excelentes observadores do céu. Em várias cidades maias, como Palenque, Sayil e Chichén Itzá, os centros astronômicos ocupavam áreas centrais. O Caracol, de Chichén Itzá, foi construído por volta do ano 1050, tinha 22,5 metros de altura e era dedicado ao deus da chuva, Chaac.
Cruzando a matemática com a observação, os Maias conseguiram conhecer, com uma precisão espantosa, a duração dos ciclos lunar, solar e do planeta Vênus. Eles calcularam que Vênus passa pela Terra a cada 583,935 dias – algo espantosamente próximo do número considerado correto hoje, que fica entre 583,920 e 583,940. Também definiram que o ciclo lunar dura 29,53086 dias (atualmente os astrônomos falam em 29,54059).
Os Maias registraram que o Sol completa seu ciclo em 365,2420 dias, enquanto que na atualidade esse número está definido em 365,2422. Com base nesses conhecimentos, eles criaram um conjunto de calendários complexos e interligados que, juntos, formavam um dos sistemas de contagem do tempo mais precisos de sua época.
(…)
Entre os europeus, a astronomia só começou a avançar mais rápido lá pelo século 17, quando Galileu Galilei se apropriou da invenção do telescópio, registrada pelo fabricantes de lentes holandês Hans Lippershey, para olhar para o espaço.
(…)
Poucos documentos resistiram [à conquista espanhola]. O mais importante [documento que se conhece dos Maias] é o Código Dresden, um manuscrito que reúne praticamente tudo o que sabemos sobre os conhecimentos matemáticos e astronômicos deles. Nesse texto de 39 folhas, escritas dos dois lados, encontram-se não só a descrição de rituais religiosos mas também os cálculos para a previsão de eclipses e as conclusões a respeito do ciclo de Vênus – que funcionava como uma referência para a data das colheitas e para a escolha da época mais favorável para guerrear.
Curiosidade: Calendários marcavam datas de festas e sacrifícios.
(…)”
Para lerem o artigo completo, cliquem aqui.
Deixem-me referir que os Maias tinham elevados conhecimentos observacionais e de matemática para a época deles.
Mas ao contrário do que por vezes se ouve, os Maias pouco ou nada sabiam comparados com a nossa civilização actual.
4 comentários
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Eh, mas acho que num sentido eles riram por ultimo: o bando de pseudo e sensacionalistas modernos que criaram uma histeria de fim de mundo baseado numa interpretação confusa de seus escritos antigos. 🙂
Aquilo que deve ser destacado neste artigo, na minha opinião, nem é o avanço Maia em relação ao resto do Mundo – mais especificamente Europa, Mediterrâneo, Médio Oriente e China -, outras civilizações tiveram muito perto de chegar ao mesmo nível de conhecimento dos Maias, mas devido a guerras, fundamentalismo religioso, superstições… o nível de conhecimento cientifico acabou por regredir.
As recentes descobertas do Disco Nebra, ou do Mecanismo de Anticítera são indícios importantes que povos antigos, sabiam mais do que anteriormente se pensava… O filme Ágora (2009) é um excelente documento, de como ‘facilmente’ se anda para trás…!!!
Abraços
Comentário absolutamente sem sentido e fundamento.
Todas essas coisas(“guerras, fundamentalismo religioso, superstições”), também eram práticas comuns dos Maias e nada os impediu de avançar em conhecimento.
Neste caso concordamos em discordar…
Sim, os Maias também tiveram as suas guerras e superstições, mas entre todos os altos e baixos conseguiram preservar os seus conhecimentos, algo que não aconteceu nas Civilizações Euro-Asiáticas em diversos momentos… sendo que a destruição da Biblioteca de Alexandria é um dos exemplos mais marcantes, mas não foi o único… A queda de Roma na Europa, etc. etc…
No caso especifico dos conhecimentos Astronómicos Maias, houve uma ‘feliz’ coincidência: para os Maias (e os Azetecas, e os Incas) observar os astros era a Religião oficial !!! Impérios nasceram e morreram, guerras foram ganhas e perdidas, Reis e políticos foram nomeados, auto-nomeados, ou outra coisa qualquer… mas a Religião manteve-se (e os seus sacerdotes/cientistas/astrólogos também!!!), e neste caso específico a Religião baseava-se na observação astronómica (contagem de ciclos, transitos, eclipses…), mesmo que depois se fizessem algumas interpretações astrológicas!!!
Independentemente dos regimes políticos (ou religiosos) é importante que exista um grupo de ‘sábios’ que saiba preservar e incentivar a evolução do conhecimento, infelizmente na Europa e na Ásia isso nem sempre aconteceu, tendo existido várias situações onde as revoluções políticas ou religiosas foram feitas com a ‘queima de livros’, algo que os Maias (com os seus sacerdotes!!!) conseguiram evitar durante muito tempo… mas curiosamente quando os Espanhóis lá chegaram a decadência já era evidente… e mesmo sem a interferência Europeia a tendência era para uma acentuada decadência cultural e cientifica, tal como aconteceu com outras civilizações pré-colombianas, como por exemplo os Anasazi (o pessoal dos Ancient Aliens gosta muito deles!!!), que também tinham conhecimentos Astronómicos avançados para a época…
Abraços
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