“Num estudo original que liga astronomia, arqueologia e antropologia, o investigador português Fábio Silva apresenta uma teoria sobre a origem do nome da Serra da Estrela. O artigo publicado no «Papers from the Institute of Archaeology» sugere que a estrela que dá nome à serra seria a Aldebaran, a mais brilhante da constelação de Touro.
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Um dos objectivos iniciais do trabalho era tentar descobrir se havia alguma componente astronómica associada ao propósito dos dólmens. Foi nesse contexto que o investigador se apercebeu do padrão que fazia “todo o sentido”. As comunidades que construíram os dólmens na zona da plataforma do Mondego habitariam as zonas entre o vale dos rios no tempo frio; no Verão subiriam a Serra da Estrela com o gado – ovelhas e cabras – para passarem a época quente nos prados altos. A Serra da Estrela teria, assim, uma importância elevada para estas culturas.
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A procura de elementos astronómicos fez o investigador ir mais longe. Os dólmens apontam todos para a serra em geral, mas há uma zona em particular que é possível ver de todos eles, o que não acontece com o pico, por exemplo. “Se alguma coisa de interessante do ponto de vista astronómico se passasse, seria ali”, afirma.
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Podia, explica, “ser o Sol a nascer em meados de Fevereiro ou a a Lua algures no Inverno”. Mas hipótese da estrela, nomeadamente a mais brilhante de todas – a Aldebaran – pareceu-lhe mais viável “porque teria o seu primeiro nascimento antes do nascer do Sol em fins de Abril”, quando o tempo fica mais ameno, o que indicaria a altura certa para o início da transumância para o cimo da serra.
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Uma das poucas pinturas nas paredes dos dólmens que sobreviveu ao tempo, precisamente num dólmen no Carregal do Sal, é composta por cinco traços vermelhos, que parecem representar o Sol. “Poderia ser igualmente a Aldebaran, que é vermelha e muito brilhante”, considera. Devido ao movimento de precessão axial, a estrela deixou de nascer no alinhamento dos corredores megalíticos em 3 mil a.C., sendo que os dólmens tinham deixado de ser utilizados 100 ou 200 anos antes. (…)”
Leiam o artigo completo, escrito pela jornalista Luísa Marinho, no Ciência Hoje, aqui. Artigo científico, aqui.
2 comentários
Eh pá…. podia ser um milhão de outras coisas.
magnífico trabalho!