O Lago Natron, no norte da Tanzânia, África, esconde um segredo mortal: transforma em pedra os animais que o tocam. Parece uma maldição. O fenómeno é causado pela composição química do lago e pelo seu pH bastante alcalino (entre 9 e 10,5). Quem passa pela vizinhança do lago, vê inúmeros “avisos” ao avistar os animais petrificados em poses aterrorizantes (que mostram que mal tocaram no lago, os animais morreram instantaneamente). As estátuas de pedra são preservadas para todo o sempre.
Esta descoberta foi feita por Nick Brandt, que a expõe no seu livro Across the Ravaged Land (Através da Terra Devastada).
Se visitarem a Tanzânia, fiquem longe deste lago!
Vejam algumas fotos feitas pelo Nick Brandt nesse lago:
O texto em cima é bastante similar aos textos que andavam a ser divulgados quer por alguns websites quer em páginas de Facebook há algumas semanas atrás.
No entanto, a verdade não é bem assim…
Realmente o Lago Natron existe e fica no norte da Tanzânia. É realmente um lago bastante salgado, quente e alcalino, com um pH bastante elevado (entre 9 e 10,5).
O lago deve o seu nome à presença de natrão, um mineral composto por carbonato de sódio hidratado que era uma das substâncias utilizadas pelos antigos egípcios nos processos de mumificação.
Em qualquer boa história conspirativa, existe a parte verdadeira e a parte mentirosa.
Após ter especificado o que é verdadeiro, vamos agora à parte falsa.
O lago não mata instantaneamente toda a vida que se chega perto.
O lago está carregado de microorganismos, como cianobactérias, que estão adaptados às condições extremas do lago.
O lago também contém peixes chamados de tilápias, que vivem e se reproduzem perto das nascentes de água quente que existem em alguns locais do lago.
Quem visita o lago também vê bastantes flamingos que se alimentam de pequenos animais, das tilápias e dos microorganismos existentes no lago.
Vejam um vídeo feito no Lago Natron, em que se vê uma enorme quantidade de flamingos:
Então o que se passa com as fotos? São falsas?
Não, as fotos não são falsas.
Os animais que aparecem nas fotos, em tempos, estavam vivos. Entretanto morreram nas proximidades do lado. E tal como sabiam os egípcios, os animais ficaram “mumificados” devido ao sal com natrão. É uma preservação natural que não acontece instantaneamente nem se deveu aos animais terem tocado o lago em vida.
Como o próprio Nick Brandt explica no seu livro Across the Ravaged Land, o lago reflecte bastante luz, e tal como os pássaros chocam com os vidros, vários animais também ficam confundidos com a luz reflectida pelo lago e chocam violentamente com ele. Ao chocarem com o lago, ficam aturdidos e morrem afogados. Ou seja, os animais morrem de causas naturais. Ao longo do tempo (anos), os seus corpos, em vez de se desintegrarem, com o sal e com natrão, secam (desidratam) e calcificam.
Igualmente escrito pelo Nick Brandt, ele pegou nesses corpos preservados de animais mortos e colocou-os em “posições vivas”, ou seja, em posições que teriam caso estivessem vivos (parecendo assim estátuas de pedra).
Existe um provérbio popular que diz: quem conta um conto, aumenta um ponto.
Infelizmente, com o advento da internet e a proliferação de “histórias fantásticas mal-contadas”, o provérbio teria que ser adaptado a: quem conta um conto, aumenta três pontos.
O trabalho de Nick Brandt é magnífico. Infelizmente, a arte foi colocada em segundo plano a partir do momento em que existiu alguém que decidiu inventar algumas mentiras e foi seguido por uma legião de crentes, disseminando desinformação.
2 comentários
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acho giro :p
Excelente artigo.
Obrigado.
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