Era uma vez uma nuvem grande e poeirenta que vivia triste e sozinha num sítio muito escuro e frio. Era tanta a poeira que não conseguia ver nada à sua volta. Viveu assim muito tempo até que um dia percebeu que estava lentamente a encolher. No início ficou um pouco preocupada porque não percebia o que lhe estava a acontecer. Depois, habituou-se e até gostava porque à medida que encolhia ficava cada vez mais quentinha e girava cada vez mais depressa, como uma bailarina.
Isto continuou durante muito tempo com a nuvem a ficar cada vez mais pequenina, mais quentinha e a rodopiar cada vez mais rapidamente. Certo dia sentiu algo diferente. Parou de encolher e do seu interior, ainda mais quente do que o habitual, começaram a sair raios de luz. A pequena nuvem tinha-se transformado uma estrela!
Recém nascida, a estrelinha espreguiçou-se, limpou os olhos ainda sujos com poeira e observou com atenção em redor. À sua volta, à distância, havia muitas nuvens escuras mas também algumas muito coloridas, e junto delas luzes muito brilhantes. Alguns raios de luz que chegavam dessas luzes segredavam-lhe incessantemente aos ouvidos:
– Como te chamas ?
– Como te chamas ?
– Como te chamas ?
…
A estrelinha quis responder de imediato pois estava muito curiosa e sentia-se só e desejava muito ter alguém com quem conversar. Mas só depois se lembrou que ainda não tinha nome! Tinha de escolher um rapidamente! Pensou por uns momentos e pela sua cabeça passaram muitas belas palavras. Gostou de uma em particular pela forma como as suas letras pareciam fazer música, e decidiu, falando para consigo mesma:
– Vou chamar-me Sol.
Então, pegou em alguns dos seus raios de luz e atirou-os na direção das luzes brilhantes dizendo:
– O meu nome é Sol ! Quem são vocês?
Depois esperou. Passaram-se minutos, horas, dias …. até que desesperada por não receber nenhuma resposta, decidiu mandar raios de luz com a mesma mensagem em todas as direções.
– Porque não respondem?
pensava ela em voz alta.
Estava ela imersa nestes pensamentos há poucos minutos quando chegou um pequeno raio de luz com uma mensagem:
– Olá Sol ! O meu nome é Mercúrio e ando sempre muito apressado.
Poucos minutos depois uma outra mensagem:
– Olá Sol! O meu nome é Vénus e, apesar de estar coberto de nuvens, estou sempre muito quente.
E outra ainda:
– Olá Sol! O meu nome é Terra e tenho grandes oceanos, florestas e desertos!
E mais uma:
– Olá Sol! O meu nome é Marte e sou um deserto pintado de vermelho!
A pequena estrela estava espantada:
– De onde viriam estes murmúrios?
E eles continuavam a chegar mas agora demoravam cada vez mais tempo e os raios de luz segredavam ao seu ouvido cada vez mais baixinho:
– Olá Sol! O meu nome é Júpiter e tenho muitas nuvens coloridas e grandes tempestades!
– Olá Sol! O meu nome é Saturno e tenho um belo anel à minha volta!
– Olá Sol! O meu nome é Urano e em vez de andar, rebolo!
– Olá Sol! O meu nome é Neptuno e aqui faz muito frio e vento!
Tinham passado umas cinco horas desde a primeira mensagem, e então elas pararam de chegar. Oito mensagens, oito novos amigos, pensava a pequena estrelinha:
– Mas onde estarão eles?
Olhou em volta e foi então que viu oito pequenas luzinhas que pareciam girar à sua volta, como mariposas à volta de uma lâmpada, uns mais depressa outros mais devagar. Então perguntou-lhes:
– Porque é que a vossa luz é tão fraca? Quase não vos consigo ver!
Júpiter, o maior deles, respondeu-lhe uns minutos mais tarde:
– Não conseguimos fazer luz como tu. Só brilhamos porque apanhamos alguns dos raios de luz que atiraste na nossa direção e usamo-los para falar entre nós e para falar contigo.
E a estrelinha voltou a perguntar:
– E de onde é que vocês apareceram ?
Desta vez foi o Saturno a responder:
– Nascemos de pedacinhos pequeninos da tua nuvem que giravam à tua volta. Fomos juntando os pedacinhos um a um até ficarmos deste tamanho, mas não conseguimos ficar tão grandes como tu e, por isso, não conseguimos fazer raios de luz.
A estrelinha percebeu então que os seus novos amigos não eram iguais a si, mas isso não importava. Estava contente por não estar só. Passava horas todos os dias a falar com os seus amigos para os quais inventou outro nome engraçado – Planetas.
Uns anos mais tarde, inesperadamente, recebeu a primeira de várias respostas das luzes brilhantes a quem enviara os seus primeiros raios de luz:
– Olá Sol ! Somos tuas irmãs, estrelas como tu!
E outros raios mais chegaram que diziam:
– Nascemos primeiro que tu, noutras nuvens escuras.
– Desculpa termos levado tanto tempo a responder mas estamos tão longe que os nossos raios de luz demoram muito tempo a chegar até aí.
– Vês estas nuvenzinhas escuras à nossa volta? São nossas irmãs que ainda estão por nascer!
A estrelinha ficou cheia de felicidade porque agora a sua família era muito maior. Aos seus oito amigos planetas juntaram-se agora as luzes brilhantes que vira e que afinal eram estrelas como ela. E em brevemente haveria ainda mais. E pensou finalmente:
– Que lindo sítio este em que nasci e que bela família eu tenho. Acho que nunca mais me vou sentir sozinha.
4 comentários
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Belíssimo conto! Encantador!
Ótima história para iniciar as crianças no conhecimento científico. 😀
Está espectacular, Luís. Já está prometida ao meu filho. 🙂
Excelente!! 😀
[…] tempestade, oposição). Úrano (auroras). Neptuno (diamantes). Formação (características, conto, humor). Planeta gigante expulso do Sistema Solar. Fantástica imagem de Saturno, com Terra, Vénus […]