Passam 50 anos desde a primeira vez que o mundo escutou os sons do primeiro satélite artificial da Terra.
A 4 de Outubro de 1957 a Humanidade começava a abandonar o seu berço, um desejo há muito previsto pelo Pai da Cosmonáutica, Konstantin Tsiolkovskiy.
Impulsionado pelo génio de Korolev e Tikhonravov, o lançamento do Sputnik inicia uma era que jamais terá fim.
Abrindo a nossa porta para o Cosmos, o lançamento efectuado desde Tyura-Tan transportou consigo as ambições de uma nação, os desejos da Humanidade.
O Sputnik há muito que deixou de orbitar a Terra, mas o seu legado para as futuras gerações da Humanidade permanecerá eterno.
Comemoremos todos o lançamento do Sputnik, o começo da Era Espacial!
Parabéns Sputnik!!!
Oleg Ivanovsky foi o cientista Soviético encarregue de construir, testar e lançar o Sputnik, e ele foi também o cientista que fechou a porta da escotilha onde seguiu o cosmonauta Yuri Gagarin uns anos mais tarde.
Vejam este cientista com o Miguel Claro.
Faz hoje precisamente 50 anos que foi lançado para o espaço o primeiro satélite artificial.
A 4 de Outubro de 1957, o “companheiro” foi lançado ao espaço.
Pela 1ª vez na história da Humanidade, tínhamos um bip-bip vindo do céu…
E o mundo nunca mais foi o mesmo…
Mas na altura nem toda a gente acreditou neste enorme feito!
Mesmo em Portugal diziam que era impossível pôr-se satélites no espaço! Mas lá por cima o Sputnik 1 continuava a sua viagem indiferente aos disparates portugueses.
Um especialista em questões espaciais do Técnico explicava na Emissora Nacional que era fisicamente impossível ter um satélite em órbita da Terra.
Nuno Crato também se refere a estes conspiracionistas:
“Um professor universitário explicava que era possível tratar-se de um embuste e que, muito possivelmente, o «Sputnik» não existiria. Outros afirmavam que era impraticável lançar um satélite ao espaço.”
E o mesmo Nuno Crato num texto inicialmente intitulado «Ciência em Portugal: os próximos 30 anos», publicado na colectânea 25 de Abril: «Os Desafios para Portugal nos Próximos 30 Anos», Presidência do Conselho de Ministros, Comissão das Comemorações dos 30 Anos do 25 de Abril, Lisboa, 2004:
“(…) O meu pai explicara-me que se tratava de um satélite artificial da Terra. O primeiro. E que tinha sido lançado pela União Soviética, um país distante e misterioso, que se identificava com «a Rússia», aquele lugar de que se falava a propósito de uma estação de rádio que era proibido escutar, dos pastorinhos de Fátima e de muitas outras coisas. Sabia-se, por exemplo, que Salazar não gostava da Rússia e, por isso, ao falar do Sputnik falava-se mais baixo e olhava-se à volta. Para mim, que era muito miúdo, era tudo um jogo misterioso.
Falava-se também de um professor universitário português que tinha dito que o Sputnik não existia, que era uma arma de propaganda comunista, pois era cientificamente impossível haver um satélite artificial da Terra. De repente, deixou de se falar desse professor universitário, pois os Estados Unidos tinham também colocado um satélite no espaço.
Anos mais tarde, muitos anos mais tarde, tentei reconstituir o que se passara. Ao que parece, o professor universitário não era um, mas sim dois: um em Lisboa e outro no Porto. Este último foi durante muitos anos alvo de chacota por parte dos seus alunos. O primeiro penso que também. Nunca consegui, no entanto, esclarecer completamente o que se passara. As lendas abundam, mas nomes concretos, declarações, registos, documentos, tudo isso falta.
E gostaria de esclarecer o que se passara pois creio que o episódio foi revelador e sintomático. Face aos progressos científicos de outros países respondia-se com desdém. E o desdém não era só dirigido «à Rússia». Era dirigido também aos Estados Unidos da América, país pelo qual Salazar nunca morreu de amores. Só alguns anos mais tarde percebi por que os progressos científicos dos norte-americanos eram também desdenhados.” (…)
“Nunca percebi muito bem como era possível que pessoas inteligentes pudessem rejeitar avanços científicos e tecnológicos. Como era possível haver professores universitários que escondessem a cabeça na areia dizendo que o Sputnik não existia?! E como era possível não se estar emocionado com a chegada do homem à Lua?! É de facto estranho, mas revela uma atitude que persiste. Ainda há poucos anos se ouviram intelectuais portugueses a protestar com os gastos na exploração de Marte.” (…)
“Apesar de mudanças brutais e de progressos imensos desde o Portugal salazarista de 1957, vivemos hoje uma situação que tem alguns paralelos com a dessa época. Continuam a existir responsáveis políticos que pouco se preocupam com o nosso atraso científico. E continuam a existir académicos que o negam ou subestimam.”
Leiam todo o artigo sobre educação científica em Portugal.
O professor universitário chamava-se Varela Cid.
Ele dizia que o Sputnik não existia, que era tudo “propaganda comunista”, que era impossível ao Homem ou a qualquer corpo terrestre abandonar a Terra devido à gravidade, e que era impossível ter satélites a orbitar a Terra.
“Em frente às câmaras da então titubeante RTP ele acusaria os soviéticos de uma manobra de propaganda e explicaria os sinais de rádio provenientes do satélite como meros efeitos electromagnéticos criados nas zonas superiores da atmosfera terrestre.”
Varela Cid era professor de Aerodinâmica no Instituto Superior Técnico e era considerado na altura a autoridade do país em Aeronáutica.
A sua declaração correu mundo e cobriu-o de ridículo – e a Portugal com ele. O jornal francês “Le Monde” disse isto: “Les portugais sont toujours gais”. No Reino Unido nasceu a expressão “don’t be Varela” para referir argoladas, pensamentos descabidos/ridículos, ou o mais popular “não sejas parvo”.
Faz-me lembrar a história dos que dizem que o Homem nunca foi à Lua…
Acredite-se ou não, factos são factos… e o mundo nunca mais foi o mesmo após o Sputnik!
2 comentários
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Claro que o prof Varela Cid enfileirava no anti-comunismo primário. Mas penso que ainda assim há algum vestígio de raciocínio científico nos alicerces da argolada… Ao que parece, as suas contas entre o período orbital e o perigeu e apogeu não batiam certo (daí a acreditar tratar-se de propaganda), porque nos seus ‘cálculos’ teria erradamente considerado a altitude em que o 2º andar do foguete largou o satélite e não os parâmetros de órbita publicados pela URSS.
Parabéns ao Sputnik e viva a “era espacial” sem dúvida inicida com YURI GAGARINE e todos os que trabalharam para esse fim.
Um abraço.l
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