O núcleo do planeta Júpiter é um assunto controverso.
Por um lado temos a lógica, os modelos, e a teoria da formação de planetas, que nos dizem que por acreção e devido ao momento de inércia, Júpiter terá que ter um núcleo.
Mas alguns cientistas, com Alan Boss à cabeça, dizem que não tem que ser bem assim. A teoria de formação concorrente, referente à instabilidade do disco de poeiras original, pode levar ou não a um núcleo. E a formação do planeta até pode ter elementos de ambas as teorias!
O certo é que não há provas de Júpiter ter um núcleo, além de que, como Boss menciona, o que não existirá é uma fronteira bem delimitada entre os vários estratos, podendo haver simplesmente uma transfiguração gradual.
Tal como no caso da definição de planeta em que não há limite “sagradamente” definido, e da mesma forma que a atmosfera de Júpiter também tem um aumento gradual de temperatura, pressão, densidade levando à atmosfera gasosa se tornar líquida gradualmente, também o interior profundo de Júpiter poderá ter um incremento gradual, sem um limite definido para o núcleo interno.
Assim, gradualmente o hidrogénio metálico líquido que rodeia o centro poderá se tornar sólido, sem haver uma limitação clara para um núcleo rochoso.
Ou até o núcleo poderá ser líquido, mais espesso, mas ainda líquido.
E assim, nem haver qualquer núcleo (como o Boss diz, não podemos descartar totalmente esta hipótese de forma fundamentalista, baseados em teorias e modelos que não podemos provar na realidade).
Podem ler mais sobre isto, neste artigo de 2001, dividido em 3 partes.
Em 2003, sobre este assunto do núcleo de Júpiter, tive uma excelente discussão (no bom sentido, como sinónimo de partilha de ideias) com o meu amigo, nosso colaborador, e famoso divulgador, José Matos.
Podem ler este post dele sobre o assunto, e o resto das suas pesquisas.
E é certo que a grande maioria dos investigadores não acreditam nas teorias do Alan Boss sobre este assunto. Mas também não podem provar que está errado.
Vem isto a propósito de uma notícia que saiu sobre este assunto.
Simulações de computador baseadas na ideia largamente aceite pela maioria dos investigadores de que Júpiter tem um núcleo rochoso relativamente pequeno, e tendo em conta o relativamente recente modelo termodinâmico, apontam que o núcleo rochoso é 2 vezes maior do que se pensava anteriormente.
Este novo modelo indica que o núcleo rochoso terá cerca de 16 vezes mais massa que o planeta Terra, o que vai contra modelos anteriores que apontavam para um núcleo de 7 massas terrestres ou não haver núcleo.
Os investigadores dizem que este novo modelo é baseado nas observações feitas pela sonda Galileo entre 1995 e 2003, apesar de que Alan Boss diz que as mesmas observações apontam para a não existência do núcleo.
A recentemente aprovada missão Juno deverá desfazer algumas dúvidas, assim como providenciar muitos mais dados sobre o sistema de Júpiter, fornecendo, em 2016, algumas conclusões sobre quais das previsões (deste novo modelo ou do modelo de Boss) estão correctas.
6 comentários
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Da wikipedia:
“As manchas de tempestades no planeta podem durar de horas a séculos. A longa vida da grande mancha vermelha é também difícil de fundamentar. Sendo que o planeta Júpiter é gasoso, ou seja, possui uma camada sólida muito profunda numa atmosfera muito espessa, faz com que a tempestade não encontre uma superfície na qual seja possível dissipar a sua energia. Esta é uma possível explicação para a sua longevidade, para a qual ainda não é possível prever um fim. Informações obtidas da sonda Juno recentemente indicam que a tempestade poderá desaparecer nos próximos vinte anos.[7] A tempestade diminuiu até 17 graus desde os anos 1800, quando ela poderia ter alcançado 5 600 km ou quatro vezes o diâmetro da Terra. Atualmente, ela é cerca de 1,3 vezes o tamanho da Terra.[8]”
«Grande Mancha Vermelha de Júpiter pode desaparecer em duas décadas – Espaço». Canaltech. 20 de fevereiro de 2018
Jupiter’s great red spot could completely disappear throughout the next 20 years It is running out of steam por Pranjal Mehar (2019)
Pergunto eu:
Se a mancha está tendendo a desaparecer, no que isto pode (ou não) afetar o núcleo de Jupiter (e, quiçá, sua órbita)?
Author
Nada.
A grande mancha vermelha é uma pequena mancha (fruto de uma tempestade) na parte superior das nuvens de Júpiter. Nada mais.
Não afeta nada o resto do planeta.
É o mesmo que um sinal na pele de uma pessoa.
Um sinal na pele não afeta os rins da pessoa nem o faz mudar de direção numa estrada.
abraços!
Eu acho que neste contexto pode ser muito interessante para ler os últimos dois artigos publicados por Burkhard Militzer no arXiv. Eles disseram que o núcleo de Júpiter está derretendo.
Author
Isso é interessante…
Não li. Vou procurar 😉
Aqui deixo os links:
http://arxiv.org/pdf/1111.6309v1
http://arxiv.org/pdf/1012.5413v2
Uma saudação
Author
Obrigado 🙂
Além desses 2 autores, vamos ver o que dizem outras equipas de cientistas sobre isso 😉
abraços