É uma missão excelente, auspiciosa, e cheia de esperança.
A missão Kepler observará durante cerca de 3 anos uma região do céu na constelação Cisne, medindo meticulosamente o brilho de cem mil estrelas para descobrir uma amostra substancial de exoplanetas com períodos até um ano terrestre, pelo método dos trânsitos.
Os seus instrumentos têm precisão suficiente para detectar planetas de dimensão semelhante à da Terra.
O objectivo último será encontrar planetas similares à Terra.
O telescópio Kepler vai estudar 100 mil estrelas próximas, utilizando o método dos trânsitos, de modo a tentar encontrar planetas similares à Terra.
Daí que não é de estranhar que hoje o Jornal Público lhe dê destaque, como podem ler aqui, e aqui.
Saiu um artigo bastante interessante sobre esta missão na Astrobiology Magazine. Podem ler o artigo, aqui.
Várias apresentações interessantes sobre a missão Kepler: Dave Koch, Gibor Basri, e outras.
Como o telescópio Kepler irá detectar os planetas extrasolares?
A explicação mais simples para o funcionamento da Kepler é dada aqui.
A explicação avançada está aqui. É excelente e detalhada!
Existem algumas limitações com esta missão.
Em termos de problemas vemos que é uma missão limitada a uma pequena parte da Galáxia – 100 mil estrelas parece muito, mas em 300 mil milhões, é só um pedacinho. Já é alguma coisa, mas não muito.
A outra limitação é o método usado, dos trânsitos. É preciso mais. Uma combinação de vários métodos seria mais eficaz. Já é bom, mas não pensemos que é perfeito.
A outra característica que me faz “franzir o olho”, é quando se lê nas notícias que o telescópio vai tentar encontrar planetas como a Terra e imediatamente se pensa em vida.
Este é um salto próprio da pseudo-ciência, mas que na realidade é só uma “misconception” dos jornalistas e de quem lê as notícias.
Marte, Vénus, e Mercúrio, são planetas pequenos e rochosos – são planetas como a Terra! – e no entanto não têm vida.
A missão Kepler NÃO vai tentar encontrar vida! Nem sequer vai tentar encontrar planetas com vida!
Vai simplesmente tentar encontrar planetas pequenos, pouco massivos, rochosos, que estejam numa zona relativamente próxima da sua estrela, e que devido a essa distância possam talvez ter (ou não) água no estado líquido – do género de Marte, Vénus, e Terra.
Tenho a certeza que vai encontrar esses planetas, e vai ser fantástico!
Mas não façam mais do que aquilo que é.
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Olá,
O que se pretende é encontrar uma nova “Terra”, ou seja, um planeta com essas caracteristicas.
Porquê essas caracteristicas? Porque é já o que se conhece e que tem vida (que é o objectivo último… encontrar vida). Logo, claro que o financiamento vai para isso.
Não se vai perder tempo e $$ a tentar encontrar, sei lá, travesseiras no espaço
😉
Mas será isto uma falha de imaginação, pensar que só com estas caracteristicas encontraremos vida? Sim, é.
Nós andamos à procura de “nós próprios”… continuamos a pensar que somos o que de mais importante existe, e se “outros” não forem como nós, então é porque não existem.
É um geocentrismo psicológico que persiste na humanidade, seja na astrologia, na religião, na astrobiologia, e num sem número de outros exemplos… infelizmente.
abraço!
“Vai simplesmente tentar encontrar planetas pequenos, pouco massivos, rochosos, que estejam numa zona relativamente próxima da sua estrela, e que devido a essa distância possam talvez ter (ou não) água no estado líquido – do género de Marte, Vénus, e Terra.”
Mas porquê precisamente esta tipologia? Não será pelo que isso representa em termos de uma das maiores aspirações de cada geração de terráqueos? 🙂
Talvez esta misconception facilite, sei lá, o financiamento?
Aproveito para o felicitar pelo excelente blog, que sigo diariamente. Muito obrigado!
acompanho com enorme interessse a missao kepler.
Logo quando tiver algo novo nao deixe de me comunicar.
Obrigada pelo seu comentário, o seu blog é muito interessante.
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