No dia 19 de Dezembro de 2009, fui ver este filme ao cinema, em 3D.
O filme é genial! Aconselho a toda a gente.
O que não gostei:
– A história já é por demais conhecida: Bem contra o Mal e o bem vence; Natureza conta a Tecnologia e a natureza vence; Materialismo contra as relações entre Seres e as relações “interpessoais” vencem; Emoção contra Razão e a emoção vence; a história da Colonização de um povo por outro.
– a história deveria ter acabado com a destruição da árvore e posterior aniquilamento do resto. Seria muito mais real.
– ou seja, a parte de que os nativos, tecnologicamente inferiores, ganham com “raça” e setas, é atraente mas profundamente irrealista.
– os extraterrestres são demasiados antropocêntricos. Até se vai ao ponto de terem os órgãos sexuais no mesmo sítio. Que falta de imaginação!
– aliás, toda a ecologia é demasiado “terrestre”.
– o poder de locomoção é extremamente importante. Os ETs mais inteligentes deviam ser aqueles com mais liberdade de acção, ou seja, aqueles que voam.
– os cientistas só querem “samples” – amostras.
– quando a fêmea Na’vi, Neytiri, vê tudo a ser destruído e tudo em fogo, pensei que ela fosse perceber que não se deve combater fogo com fogo, porque isso leva somente a mais fogo. Mas não. Não houve essa percepção.
– há sempre uns maus que viram bons. Não é real.
O que gostei:
– uma ecologia fantástica: finalmente, um filme que mostra todo um eco-sistema (e não alienígenas aparentemente isolados biologicamente).
– a beleza do cenário.
– efeitos fenomenais.
– técnicas soberbas de realização.
– no final vence a esperança.
– usarem “cavalos voadores“.
– os ETs têm ossos reforçados de fibra de carbono.
– a acção passa-se não num planeta, mas sim numa Lua (em tudo parecida com a Terra) de um planeta gigante. Isto é o que provavelmente vamos encontrar “lá fora”. Luas parecidas com a Terra a orbitar planetas gigantes. Não só astrofísicos de Harvard andam agora a dizer isto, como nós próprios já tínhamos escrito este post sobre exoluas.
– pareceu-me haver uma nítida relação com Star Wars Episode VI: Return of the Jedi, em que há também a batalha entre a tecnologia e a natureza (com os Ewoks).
– pareceu-me ainda haver a ligação a Star Wars, em que há uma força que une todos os seres vivos. No Avatar, essa “Força” vem da “deusa” Eywa.
– a crítica social de que os humanos são gananciosos e pensam que são os maiores.
– a crítica social de que os militares e dinheiro controlam tudo. Tal como no filme Aliens, a ganância do lucro das empresas é que leva à destruição.
– pensamos sempre nos outros como selvagens em vez de os tentarmos compreender.
– a ligação dos Na’vi aos outros seres é fantástica.
– aliás, há a ligação de toda a ecologia, toda a vida está ligada entre si, está tudo “conectado”. Fez-me lembrar este post, de tudo estar ligado.
– eles sentem… sem falar.
– é o único filme, que eu conheça, em que existe todo um ecossistema extraterrestre e se aborda as suas ligações (como a vida se relaciona entre si), em vez de termos ETs inteligentes isolados.
– a ligação dos Humanos aos seus Avatares, e até a partir de uma frase do Jake Sully em que diz que já não sabe qual o real e qual o sonho, fez-me lembrar a Alegoria da Caverna do Platão, em que se calhar o que vemos não serão mais do que “sombras” (tal como os Na’vi viam o Jake Sully e não sabiam que era uma simples “sombra”, avatar, e não o real).
– “I see you”, não tem a tradução literal que parece, mas sim “eu conheço o teu interior”, “eu compreendo-te”.
– uma pessoa pode mudar o mundo. Como diriam em Contacto: “The world is what we make of it”.
2 comentários
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Tem razão.
É ridículo (para utilizar a sua palavra) dar 1 exemplo, e esquecer toda a história humana com muitos mais exemplos contra (nem vou falar dos mais conhecidos Maias, Aborígenes Australianos, etc, etc, etc, etc, etc)
Mas deixe-me perguntar-lhe: acha que os americanos no Vietname destruíram a "tal árvore", que é o símbolo central dos nativos?
Eu desculpo-lhe a desconcentração, porque está visto que a sua ligação emocional ao Vietname (fruto da sua experiência) lhe tolda uma análise objectiva do problema.
De resto, concordo que o filme perderia a graça… mas seria mais realista e diferente dos outros filmes (seria mais criativo), o que para mim me faria gostar mais do filme.
– a história deveria ter acabado com a destruição da árvore e posterior aniquilamento do resto. Seria muito mais real.
e perderia totalmente a graça …
Vamos além vamos nos lembrar de conflitos entre militares e civis numa floresta, Vietnã, com muito poucas armas russas antigas e pouquíssima munição, mas com muita estratégia armadilhas e conhecimento da mata ao seu redor os Vietnamitas venceram o poderoso exercito americano.
Acho que isso já corta sua idéia ridícula.
att Jack Opreil
p.m. Aliás, combati no Vietnã tinha 18 anos aos 47 conheci uma Brasileira e resolvi mudar me para o Brasil onde vivo ate então.
[…] 23 – Filmes: District 9. Knowing. K-PAX. Contacto. Gattaca. Animação. Horton Hears a Who. Apollo 18. Star Trek Into Darkness. Avatar: filme, plantas, ciência, comentário. […]