Há mais terremotos na Terra? Não! Há mais pessoas morando em áreas de alto risco!

IMAGEM: O gráfico acima mostra as estatísticas com a freqüência de fortes terremotos e o número de mortes associado. Crédito: USGS

Não, não há mais terremotos que antes, simplesmente há muito mais pessoas que moram em áreas de alto risco

Primeiro o chão sacudiu no Haiti, em seguida, no Chile e agora na Turquia. Parece que os terremotos têm vindo cedo e forte este ano, levando as pessoas a se perguntar se algo sinistro está acontecendo debaixo de seus pés. Contudo, não é bem isto que está acontecendo na realidade…

Embora tenhamos a impressão que mais terremotos estão ocorrendo agora, não é este realmente o caso. O problema é o que acontece acima do solo e não o que acontece embaixo, dizem os especialistas.

Cada vez mais, as pessoas se mudam para as mega-cidades que infelizmente foram construídas sobre as linhas de falha. Lá chegando, novos problemas surgem uma vez que há novos edifícios que têm sido construídos sem atender aos padrões mínimos necessários para resistir aos terremotos, dizem os cientistas.

O progresso tecnológico gera uma falsa impressão da onipresença dos terremotos

Além disso, a moderna cobertura global com 24 horas de notícias, bem como um melhor acompanhamento sísmico, devido ao progresso tecnológico, faz parecer que os terremotos estão onipresentes.

“Eu posso definitivamente afirmar que o mundo não está chegando ao fim”, disse Bob Holdsworth, especialista em placas tectônicas da Universidade de Durham, norte da Inglaterra, referindo-se ao número atual de terremotos.

Um terremoto de magnitude 7,0 no mês passado matou mais de 230.000 pessoas no Haiti. Há quase duas semanas, um sismo de magnitude 8,8 (o quinto mais forte do século desde 1900), matou mais de 900 no Chile. Agora, na segunda-feira, um abalo de magnitude 6,0, antes do amanhecer, varreu a área rural leste da Turquia, matando mais de 50 pessoas.

Usualmente, em média, há 134 sismos por ano, com uma magnitude entre 6,0 e 6,9 de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). Este ano, tivemos um início um pouco mais acelerado com 40 sismos dessa classe até agora (09 de março de 2010), o que representa mais do que a média habitual para este período de tempo.

Mas isso ocorreu porque o recente e poderoso terremoto de 8,8 graus no Chile gerou um grande número de réplicas, enchendo as estatísticas, disse Paul Earle, sismólogo da USGS.

Além disso, não é apenas o número de terremotos que realmente importa, mas o impacto devastador que nos chama a atenção, com grandes fatalidades em grande parte devido às desobediência em seguir as normas de segurança na construção e a excessiva aglomeração de pessoas em áreas de alto risco, disse Earle.

“O mantra que entoamos é que os terremotos não matam as pessoas, o que as mata são os edifícios”, exclamou Earle.

Notamos mais mortes por terremotos na última década do que em períodos recentes anteriores, disse o geólogo Roger Bilham da Universidade do Colorado, que acaba de regressar do Haiti. Em uma coluna de opinião no mês passado na revista Nature, Bilham reivindicou a aplicação de melhores padrões de construção em megacidades em todo o mundo. Em seu estudo, realizado em 2009, as mortes por terremotos, a população, a intensidade dos terremotos e outros fatores terremoto produziram resultados alarmantes. E isto foi relatado antes Haiti, Chile e Turquia.

“Nós observamos que houve quase 4 vezes mais mortes nos últimos 10 anos do que nos 10 anos anteriores”, disse Bilham à Associated Press na segunda-feira, 08 de março de 2010. “Este resultado é definitivamente assustador.”

Recorde Chinês: 440.000 mortos na década de 70

Outros especialistas afirmam também que eles têm notado um aumento geral de mortes por terremotos. A Organização Mundial de Saúde relata cerca de 453 .000 mortes por terremotos na década de 2000-2009, significativamente mais do que nas duas décadas anteriores. Em contrapartida, na década de 70, um forte terremoto havia dizimado 440.000 pessoas na China (o número correto de vítimas permanece desconhecido).

Mas esses números variam contundentemente a cada ano. Os peritos em estatística alegam que a natureza de sucesso ou fracasso da quantidade de mortes por terremoto faz com que seja difícil estabelecer as reais tendências das mortes.

Uma rápida análise por dois peritos em estatística não encontrou nenhuma tendência significativa de variação na quantidade de terremotos na Terra para cima ou para baixo desde a década de 1970 devido à variabilidade. No entanto, a percepção dos especialistas em terremotos é que as mortes aumentaram pelo menos desde o início 1980 (a década de 70 foi um ‘ponto fora da curva’ devido à catástrofe chinesa, já citada).

Densidade da população faz com que terremotos mais fracos produzam mais vítimas

O terremoto no Haiti provavelmente estabeleceu um sombrio recorde moderno de mortes para sua magnitude (não tão elevada quanto ao valor da intensidade do sismo no Chile) “somente em função de uma multidão de pessoas aglomeradas em uma região que não estava preparada adequadamente para sofrer um terremoto” (!), ressaltou o geólogo da Universidade de Miami, Tim Dixon.

Especialistas em desastres dizem estar observando agora mais mortes, especialmente em terremotos que não seriam tão letais há algumas décadas. Eles apontam para dados relativos a dois tremores na Turquia e na Índia: um terremoto em Izmit em 1999 que matou 18.000 pessoas e o de 2001 em Bhuj, um desastre que matou 20.000.

“Olhe para alguns dos últimos grandes” tremores recentes, disse Debarati Guha-Sapir, diretor de epidemiologia de desastres centro de pesquisa da OMS. “Se tivesse acontecido um terremoto como estes de Bhuj ou Izmit há 30 anos atrás, os eventos teriam sido relativamente insignificantes, dado que as populações dessas cidades [há 30 anos] eram pouco mais de um terço da que presenciou os terremotos. O aumento da densidade populacional faz com que pequenos eventos tornem-se mais importantes.”

Cenário sombrio

Os especialistas em desastres e terremotos dizem que o cenário só irá piorar. Das 130 cidades no mundo com mais de 1 milhão de habitantes, mais da metade estão em locais com falhas geológicas, em regiões de alto risco, tornando-as mais propensas a terremotos, lembrou Bilham:

Eu calculei que atualmente mais de 400 milhões de pessoas correm riscos somente por causa disto.

As nações em desenvolvimento, onde há uma explosão demográfica, não tem prestado atenção nos preparativos contra terremotos, comentou Bilham:

Se você tem graves problemas para se alimentar, você não vai efetivamente se preocupar com terremotos.

Ele disse que quando foi ao Haiti após o terremoto de janeiro de 2010, tinha esperança de que a construção seria a prova de terremotos, pois isto já havia sido enfatizado. Em vez disso, as pessoas tiveram suas casas reconstruídas de forma insegura.

Outra razão que os terremotos parecem piores é que eles atualmente chamam mais atenção da humanidade. O fenômeno do Haiti foi rapidamente seguido pelo tremor de escala 8,8 no Chile que captou a atenção de todos.

Mas isto não vai durar muito tempo, disse o pesquisador Dennis Mileti, ex-comissário para a segurança sísmica do Estado da Califórnia. Mileti completou:

As pessoas prestam muita atenção ao mundo violento em que sempre temos vivido. Se aguardarmos por mais seis meses e não ocorrerem novos terremotos [com vítimas], a maioria das pessoas irá esquecer estes eventos do início de 2010.

Para saber sobre os últimos terremotos no mundo, acompanhe no Painel Global.

Fontes

._._.

13 comentários

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  1. Só complementando o comentário do sr. Carlos Oliveira…

    uma das hipóteses é que pequenos abalos de terra foram sentido e ainda estão ocorrendo na região.

    De acordo com o livro Projeto de Usinas Hidrelétricas: Passo a Passo, do Especialista em Projetos de Usinas Hidrelétricas, sr. Geraldo Magela, considera-se as atividades sísmicas um fator a ser considerado dentro do projeto do aterro, especificamente.

    Como essa região do sudeste brasileiro possui intensa atividade de extração de minérios é possível que estas (atividades) possam provocar alguns abalos sísmicos.

    O Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) registrou cerca de 10 pequenos abalos sísmicos na região, sendo 2 deles mais “significativos”: um com magnitude 2,5 na escala Richter, outro com magnitude 2,7 nessa mesma escala. Insignificantes para provocarem o colapso da barragem.

    Somado ao fato, há também de se considerar a profundidade onde ocorreram estas atividades.

    Portanto, o rompimento da barragem de rejeitos Bento Rodrigues devido à atividade sismológica é possível, porém pouco provável. 😉

    Abraços.

    • Edson Soares fontes coelho on 11/11/2015 at 14:05
    • Responder

    Acredito que vocês estão acompanhando as notícias da tragedia causada pelo rompimento de uma barragem aqui em mariana,Minas Gerais. uma das hipóteses é que pequenos abalos de terra foram sentido e ainda estão ocorrendo na região. minha.acontece que por esses dias tem sido registrados vários abalos de alta intensidade no Chile.sera que esses abalos no chile podem estar provocando os abalos registrados em mariana?

    1. O Chile tem abalos todos os dias… 😉

  2. Bom dia!
    rsrsrsrrss capaz mesmo de dizerem isso!

    Estou aprendendo a ter esse olhar crítico! Muito bom

    Obrigado

  3. Boa tarde!
    Saiu uma notícia sobre fim do mundo. Tudo bem, sem considerar o fim do mundo, e olhando cientificamente, não colocarei o link, mas, a matéria coloca um número recorrente de terremotos que estão ocorrendo na China e EUA.

    – Esses terremotos são mais comuns, ou estão sendo provocados por alguma coisa inesperada? Diz-se que

    “são 19 registrados em 13 dias, de magnitude maior ou igual a 4.”

    – Isso significa que algo está por vir, ou são apenas eventos naturais?

    – Também fala-se acerca de erupções vulcânicas, que
    “na noite do dia 17/09/15 o Serviço Geológico dos Estados Unidos alertou que o vulcão Mauna Loa poderá entrar em atividade fortíssima devido aos terremotos recentes.”

    – Estão estocando alimentos desde 2004, mortes de animais sem motivo aparente, Lua-de-sangue, asteroide. Bom, sobre a Lua e asteroide nem acredito porque já obtive explicações aqui.

    Obrigado pela atenção

    1. Sobre luas-de-sangue, asteroides e tretas do género, tem artigos aqui no blog que lhe explicam que é tudo sensacionalismo sem sentido.

      Erupções vulcanicas existem regularmente. Felizmente que hoje não acontecem tantas como no passado.

      Quanto aos terramotos, pode ver diariamente aqui:
      http://quakes.globalincidentmap.com/
      Existem milhares de terramotos todos os dias. Sempre. Sempre existiram. Não há nada de especial nisso.
      Existe um grande terramoto, superior a 8, todos os anos.
      Quando esse terramoto existe, existem centenas de réplicas de inferior magnitude próximo do mesmo local, nos dias posteriores.

      Isto é o NORMAL.
      Se não fosse assim, é que seria de estranhar!
      Quando tiver um dia sem terramotos, aí sim preocupe-se.

      abraços

      P.S.: o problema dos vigaristas (desses websites onde lê essas informações) é que eles têm medo daquilo que é normal, devido à sua ignorância sobre como o mundo funciona. Para eles, o normal mete medo.
      Qualquer dia aparece um website a dizer que o mundo vai acabar porque apareceu um astro enorme no céu a dar muita luz cerca das 6 da manhã.
      E cerca das 7 da noite, o mesmo website diz que o mundo vai acabar porque o astro foi-se embora e tudo ficou escuro. 😉

  4. Bom dia!
    Essa notícia sobre uma falha nos Estados Unidos, que poderá provocar terremoto daqui há algumas décadas, é verdadeira?
    Ou poderá ser, mas não tem uma previsão ao certo, podendo ser a qualquer hora. Mas, pelo que tudo indica é mais provável daqui há algumas centenas de anos?

    https://br.noticias.yahoo.com/blogs/super-incr%C3%ADvel/falha-geol%C3%B3gica–esquecida–pode-destruir-os-estados-unidos-em-alguns-anos-145250852.html

    Obrigado

    1. É sensacionalismo…

  5. Apaguei os insultos, que só demonstram que o anónimo que assina como “terremoto” é uma pessoa mal-educada (e cobarde, para se esconder atrás do anonimato).

    É óbvio que melhoramos as formas de detecção. Basta aprender a história da ciência, e de detecção de terramotos em particular.
    Não compreender isso é preferir a ignorância ao conhecimento. Mas isso é uma característica vossa, dos pseudos. Preferem as vigarices ao conhecimento.

    Claro que aconteciam. Não passaram a acontecer só porque o “terremoto” decidiu ter computadores e internet. Nem passaram a acontecer só porque vocês, pseudos, decidiram dizer sem quaisquer evidências que vem aí o Pai Natal. Enfim… é cada falta de lógica…

    Repito:
    Vocês são hipócritas, que simultaneamente inventam Nibirus e outras ideias anti-ciência, e ao mesmo tempo utilizam a ciência no dia-a-dia.
    Deixem de ser hipócritas, e párem de utilizar a ciência já que dizem tão mal dela. Vão viver para cavernas, sem computadores, sem carros, sem internet, sem roupa, sem nada!!!

  6. Se a impressão de que os terremotos estão aumentando se deve a melhores meios de detecção, então antes, quando tais meios não existiam, muitos terremotos não eram detectados. E se não eram detectados, não eram registrados. E, se não eram registrados, ninguém poderia computá-los em suas estatísticas. Logo, se antes não se tinha tecnologia para detectar certos terremotos, não se pode afirmar que os mesmos aconteciam. No entanto, você faz essa afirmação sem cuidado algum, de forma sentenciosa e definitiva: ” não estão aumentado, nós é que melhoramos as formas de detecção”.

  7. “Se não havia ninguém para vê-los e não há registro, não se pode afirmar que eles já aconteciam tanto quanto hoje e nem que não aconteciam.”
    Há registo, assim como há registo actualmente de centenas de terramotos todos os anos. É simples.
    Existe uma coisa chamada ciência.. que lhe dá a internet, por exemplo.

    “Nós, os gnósticos”
    Não. Vocês são os crentes, fanáticos religiosos, que se deixam levar pela fé em coisas que não existem.

    Vocês são também os hipócritas, que simultaneamente inventam Nibirus e outras ideias anti-ciência, e ao mesmo tempo utilizam a ciência no dia-a-dia.
    Deixem de ser hipócritas, e párem de utilizar a ciência já que dizem tão mal dela. Vão viver para cavernas, sem computadores, sem carros, sem internet, sem roupa, sem nada!!!

    E são pessoas com objectivos tão estúpidos e que só dizem barbaridades, que até se escondem por trás de nomes e e-mails falsos para não serem reconhecidos!

    Daí que se podem chamar de muitas coisas, mas de gnósticos que buscam o conhecimento, é que não!
    Vocês fogem do conhecimento, e só inventam mentiras.

  8. Se antes os terremotos não podiam ser registrados e não havia pessoas para vê-los, como é que os especialistas podem afirmar que eles já estavam ocorrendo com a mesma frequência? Se não havia ninguém para vê-los e não há registro, não se pode afirmar que eles já aconteciam tanto quanto hoje e nem que não aconteciam. Um erro crasso e primário de lógica…

    Aumento de terremotos, vulcanismo e da temperatura global estão sendo causados por Hercolubus-Nibiru-Nemesis. Nós, os gnósticos, sabemos disso desde a década de 60 e não nos espantamos com o fato.

    Logo virão tsunamis, furacões e radiações mortais. O eixo da Terra irá verticalizar totalmente. A falha do Atlântico Norte irá se rasgar de vez, esquentando o Atlântico e deixando o clima mundial mais louco ainda. O círculo de fogo do Pacífico e a caldeira do Yellowstone irão explodir e tudo irá pelos ares, não sem antes as negociações de paz falharem e as explosões nucleares contaminarem tudo.

    Quero ver o que dirão os céticos que riem de Hercolubus. Vamos ver onde irão parar vossas risadas.

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