O WASP-12b é um exoplaneta que orbita uma estrela muito semelhante ao Sol na constelação Cocheiro. O seu período orbital de apenas 1.09 dias, e a consequente pequena distância à sua estrela hospedeira, tornam-no num dos exoplanetas mais fortemente irradiados. Este facto reflete-se nos parâmetros físicos do planeta. Com uma massa 40% superior à de Júpiter, o seu raio deveria ser sensivelmente igual ao do nosso planeta gigante. As observações, no entanto, apontam para um valor 79% superior. O planeta está literalmente inchado. Hoje foi publicado um artigo na revista Astrophysical Journal (Letters), que descreve a observação de trânsitos deste planeta pelo Cosmic Origins Spectrograph, o novo espectrógrafo do telescópio espacial Hubble (ver fotografia).
Os resultados apresentados são espectaculares demonstrando a qualidade soberba do instrumento. As observações foram realizadas em três janelas do ultravioleta próximo designadas por: NUVA (2539-2580 Å), NUVB (2655-2696 Å) e NUVC (2770-2811 Å). As curvas de luz dos trânsitos nas três janelas referidas revelam que o planeta parece estar rodeado de uma ténue nuvem de gás que é muito eficiente na absorção de radiação ultravioleta. De facto, o raio do planeta medido nestes três comprimentos de onda é de 2.69 ± 0.24, 2.18 ± 0.18 e 2.66 ± 0.22 vezes o raio de Júpiter, respectivamente, e portanto muito superior ao raio de 1.79 vezes o de Júpiter inferido das observações no visível. Esta nuvem de gás preenche aparentemente o volume de espaço sob a influência gravitacional dominante do planeta, o seu “Lóbulo de Roche”. O planeta parece estar a evaporar-se lentamente.
O poderoso espectrógrafo observou a luz da estrela durante os trânsitos, altura em que os átomos na nuvem que rodeia o planeta introduzem linhas de absorção extra no espectro da estrela hospedeira. A análise desse espectro revelou a existência na dita nuvem de átomos neutros de sódio, estanho e manganésio, bem como átomos simplesmente ionizados de itérbio, escândio, manganésio, alumínio, vanádio e magnésio.
Estes resultados mostram que o Cosmic Origins Spectrograph poderá elevar o estudo dos trânsitos de exoplanetas a um nível nunca antes visto e mostra a contínua importância do Hubble como instrumento científico.
Podem ver o resumo do artigo original aqui.
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