O próximo encontro da American Astronomical Society, que terá lugar de 23 a 27 de Maio em Miami, promete trazer novidades interessantes no que diz respeito a exoplanetas. Veja-se por exemplo este resumo disponível online de um dos trabalhos que serão apresentados.
Neste caso, astrónomos da Universidade do Texas, da Universidade de Washington, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, do Space Telescope Science Institute e da Carnegie Institution (ufa!!), utilizaram vários telescópios para estudar mais de perto o sistema planetário múltiplo em torno da estrela upsilon da constelação Andrómeda, situado a cerca de 44 anos-luz. São conhecidos 3 planetas neste sistema com massas mínimas de, sensivelmente, 1, 2 e 4 vezes a de Júpiter (MJup).
Para tentar determinar as massas reais dos planetas a equipa obteve velocidades radiais para o sistema com o telescópio Hobby-Eberly do observatório de McDonald no Texas e combinou-as com dados existentes obtidos com vários outros telescópios e por outras equipas. Para além da velocidade radial a equipa realizou também medições astrométricas com os Fine Guidance Sensors do telescópio Hubble. Estes dispositivos são utilizados na aquisição de alvos e guiagem do telescópio e a sua precisão é tão elevada que podem ser utilizados para medir deslocamentos mínimos no movimento das estrelas, no plano perpendicular à nossa linha de visão, provocados pela acção gravitacional de planetas.
Combinando os dados os astrónomos conseguiram determinar com precisão os parâmetros orbitais, e em particular as inclinações reais das órbitas, dos dois planetas mais exteriores do sistema: upsilon Andromedae c e upsilon Andromedae d. O planeta “b” é um Júpiter Quente com um período muito curto e não induz deslocamentos astrométricos apreciáveis na estrela. Com esta informação, e assumindo uma massa de 1.31 vezes a massa do Sol para a estrela hospedeira, uma anã de tipo F8V, foi possível determinar a massa real dos planetas “c” e “d” em, respectivamente, 13.98 (+/-) 2.3 MJup e 10.25 (+/-) 0.7 MJup. De notar que as órbitas dos planetas não estão no mesmo plano. É a primeira vez que este tipo de medição foi realizada para um sistema planetário alienígena. Os autores notam também que as medições da velocidade radial indiciam a presença de um quarto planeta no sistema a maior distância de upsilon Andromedae. Finalmente, a equipa obteve o paralaxe para uma anã vermelha de tipo espectral M4.5V designada upsilon Andromedae B e que há muito se suspeitava formar um sistema binário com a estrela hospedeira do sistema planetário. O paralaxe confirmou definitivamente essa associação.
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