A equipa da missão Kepler apresentou ontem uma análise preliminar os candidatos a exoplanetas que foram detectados em observações realizadas durante apenas 43 dias na Primavera de 2009. Ao todo foram feitas medições fotométricas de 156 mil estrelas e detectados 706 candidatos prometedores. Note-se que ainda não se tratam de exoplanetas confirmados. É necessário realizar observações adicionais para cada um destes sistemas para averiguar da realidade física dos planetas. Com esta ressalva, e fazendo uma análise tendo por base apenas as características das estrelas hospedeiras e os trânsitos observados, a colheita parece ser muito interessante, senão vejamos.
O menor raio detectado corresponde a um planeta com cerca de 1.6 vezes o raio terrestre, o maior a um raio 3.4 vezes o de Júpiter. As estrelas hospedeiras estão maioritariamente entre a magnitude 13 e a 16 o que não vai facilitar a confirmação dos candidatos com medições da velocidade radial. Cinco dos candidatos apresentados têm mais do que um planeta em trânsito (vejam um exemplo na imagem seguinte — crédito Missão Kepler).
A maioria dos candidatos detectados tem um raio inferior a metade do de Júpiter, o que parece indicar que o Kepler detectou uma grande população de Neptunos com períodos relativamente curtos, uma população que começou a ser revelada pelos programas de detecção pela velocidade radial como o HARPS-GTO.
Os dados relativos às 156 mil estrelas durante o período indicado (excepto um grupo de 400 candidatos) foram tornados públicos pela equipa da missão hoje. Os dados para os 400 candidatos referidos, que estão a ser seguidos com telescópios terrestres por membros da missão, serão disponibilizados em Fevereiro de 2011.
Podem ver o artigo aqui.
7 comentários
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Pois, eu concordo contigo e com o Fridlund.
Mas percebo os outros também. É que eles acham que têm direito aos dados do trabalho, que é deles, em vez de outros se aproveitarem desses dados e terem protagonismo que não merecem. E talvez também por uma questão de educação. Eu passo a explicar:
dando como certo uns planetas (porque é raro as pessoas perceberem a palavra “candidatos”), e depois dizer que ele afinal não era um planeta (falso positivo), faz com que muitas pessoas duvidem da ciência e usem isso como crítica à ciência. Mesmo que o falso positivo seja somente 1 em 400, esse era o tipo de exemplo que usariam aqui nos livros no Texas pra dizerem que a ciência não sabe nada, e por isso a Bíblia é ke tá certa…
É triste, mas esta ignorância continua a ver-se por aqui “aos pontapés”…
Daí que provavelmente eu tomaria a mesma atitude da equipa do Kepler
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Sim, essa questão do embargo já fez correr muita tinta. O que é certo é que eles só fornecem os dados para os 400 “melhores” candidatos (em órbita de estrelas mais brilhantes, candidatos com raios semelhantes à Terra, etc.) em Fevereiro de 2011. Por um lado, depois do investimento feito pelos membros da missão é natural que queiram ter acesso previlegiado aos dados para poderem publicar. Por outro lado, a análise dos candidatos seria feita de forma muito mais célere e independentemente por várias equipas se libertassem já toda a informação. Como a missão foi paga com dinheiro do estado, há quem argumente que isso torna os dados propriedade pública e não da equipa de investigação. É uma questão complicada. Pessoalmente acho que haveria muito a ganhar se toda a informação fosse libertada já. Esse devia ser o “modus operandi” de todas as missões. O Malcolm Fridlund da ESA já indicou que essa vai ser a política relativamente aos dados da missão PLATO, caso seja aprovada. Eles tiveram imensos problemas com o tratamento dos dados do COROT que poderiam ter sido resolvidos de forma mais eficiente se tivessem divulgado os dados mais cedo. Aprenderam a lição
…
Olá Luis,
Li agora este artigo, sobre alguma controvérsia, por não disponibilizarem os dados de todos os exoplanetas detectados.
De qualquer modo, é uma falsa controvérsia, já que tem que haver confirmações, e detectar quais são os falsos positivos.
http://news.discovery.com/space/kepler-exoplanet-controversy-erupts.html
15 anos para quase 500 descobertas… e agora em mês e meio tem-se logo 350
Ou seja, se bem percebo do que dizes, em 2013, em vez de pouco mais de 400 planetas, como agora, podemos ter vários milhares

Se em 10 anos foram descobertos 400 planetas, nos 10 a seguir podem ser descobertos 4000
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… e se estes 5 sistemas com dois planetas em trânsito se confirmarem constituem descobertas espectaculares. Mais, esta lista refere-se apenas a 43 dias de observações. O telescópio vai observar o campo pelo menos 3 anos.
Luís
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Olá Carlos,
sim, mesmo assumindo que 50% destes candidatos são falsos positivos, estamos a falar de cerca de 350 novos planetas. De um só golpe duplicamos o número de exoplanetas conhecidos !
Ab.
Luís
nasa.govuniversetoday.comcienciahoje.pt…
Excelente notícia!

Proximamente vamos ter um aumento fenomenal no número de planetas extrasolares
Tava a ler precisamente isso no site da NASA
http://www.nasa.gov/home/hqnews/2010/jun/10-146_Kepler_Data.html
Universe Today:
http://www.universetoday.com/2010/06/15/new-worlds-to-explore-kepler-spacecraft-finds-750-exoplanet-candidates/
E no Ciência Hoje:
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=43574&op=all