Representação artística do encontro da sonda Rosetta com um asteróide.
Crédito: ESA/C.Carreau.
Falta pouco mais de uma semana para o encontro da sonda Rosetta com o asteróide 21 Lutécia, a última actividade científica antes da fase derradeira da sua longa viagem interplanetária em direcção ao seu destino final, o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Depois de uma primeira incursão na Cintura de Asteróides em 2008, que incluiu uma rápida passagem a 800 Km da superfície do pequeno asteróide 2867 Êteins, a sonda europeia regressa novamente a esta região do Sistema Solar para um breve encontro com um dos gigantes rochosos residentes na vasta região compreendida entre as órbitas de Marte e de Júpiter.
A forma irregular de 2867 Êteins em seis imagens captadas pela sonda Rosetta durante o encontro com o asteróide no dia 5 de Setembro de 2008.
Crédito: ESA/OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA.
O que é que se sabe actualmente acerca de Lutécia? O que se espera conhecer com este encontro?
Como a sua numeração indica, 21 Lutécia foi um dos primeiros asteróides a serem descobertos. Foi observado pela primeira vez a 15 de Novembro de 1852 pelo astrónomo e pintor alemão Hermann Goldschmidt, então residente na cidade de Paris. As circunstâncias da sua descoberta acabaram por ditar a escolha do seu nome, herdado da antiga cidade romana, hoje sepultada sob as ruas da capital francesa.
Apenas um mero ponto de luz quando observado a partir de telescópios terrestres, Lutécia tem desvendado pouco da sua verdadeira natureza. A evolução dos instrumentos de observação nas últimas décadas tem permitido aos astrónomos determinar com elevado grau de precisão as suas características orbitais e algumas das suas características físicas. Lutécia possui uma órbita excêntrica com distâncias ao Sol que variam entre 2,0 e 2,8 UA. É um objecto grande e alongado, com dimensões de 132X101X76 Km e com uma inclinação axial muito elevada.
O maior desafio tem sido, no entanto, determinar a composição da sua superfície. As análises ao seu espectro têm-se revelado largamente inconclusivas, posicionando Lutécia numa classificação algo indefinida, algures entre os asteróides do tipo M (objectos com grande percentagem de metais na sua composição) e os asteróides do tipo C (objectos de composição semelhante aos meteoritos condritos carbonáceos).
É neste contexto que a visita da sonda Rosetta se revela de extrema importância. Com cerca de 2 horas de observação programadas para este encontro, a sonda europeia poderá resolver velhas dúvidas relativas à classificação não só de Lutécia, como também de outros asteróides. Será também uma espécie de aperitivo para o encontro da sonda Dawn com o protoplaneta Vesta no próximo ano. Seja como for, pela experiência de encontros passados entre sondas e asteróides, a visita da Rosetta a Lutécia será um momento de descoberta singular que revelará um surpreendente pequeno mundo, provavelmente diferente de tudo o que foi observado até hoje.
Asteróides e cometas visitados por sondas até Setembro de 2008. Todos os objectos encontram-se à mesma escala (75 m/pixel, na versão aumentada). O volume de Lutécia ultrapassa largamente o volume ocupado por todos os objectos representados nesta montagem.
Crédito: montagem de Emily Lakdawalla. Todas as imagens de NASA/JPL/Ted Stryk excepto: Matilde: NASA/JHUAPL/Ted Stryk; Êteins: ESA/OSIRIS team; Eros: NASA/JHUAPL; Itokawa: ISAS/JAXA/Emily Lakdawalla; Halley: Russian Academy of Sciences/Ted Stryk; Tempel 1: NASA/JPL/UMD; Wild 2: NASA / JPL.
3 comentários
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Eu gostaria de saber o quão garande comparando com a lua sería um asteroide tipo c para ter equilibrio hidrostatico? não precisa ser breve !
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Olá kevin,
Diz-se que um corpo atinge o equilíbrio hidrostático quando tem uma massa suficientemente grande para a sua gravidade suplantar a sua rigidez interna, assumindo assim uma forma aproximadamente esférica. Os objetos com menor densidade, como os asteróides de tipo espetral C, tendem a ser constituídos por materiais com maior plasticidade (exemplo: materiais voláteis como a água), pelo que não necessitam de atingir grandes tamanhos para alcançarem o equilíbrio hidrostático.
Encélado, Miranda e Mimas são os corpos arredondados mais pequenos do Sistema Solar, e são, coincidentemente, objetos com densidades relativamente baixas. Miranda e Mimas apresentam uma forma mais elipsóide. Ambos apresentam diâmetros nas proximidades dos 500 e dos 400 quilómetros, pelo que a fronteira a partir da qual um corpo com baixa densidade atinge o equilíbrio hidrostático reside muito provavelmente entre estes valores.
Obrigado são dados interesantes!
[…] falamos na sonda Rosetta, neste post. E dissemos que ia passar perto do asteróide Lutécia, neste post. É já […]