Já falamos do Nuno Silveira, da SPO:
– neste post, devido a uma conferência cheia de disparates, que ele organizou.
– neste post, devido a ele ter aparecido na TV.
Explicamos o caso Roswell, neste post.
Agora, num ciclo de palestras onde foram convidados o Paulo Cosmelli, que faz da Ufologia uma religião, e um homem que fez previsões para o ano 2007 prevendo que iria ser um ano importante (que absurdo), foi também convidado o advogado Nuno Silveira para falar sobre o caso Roswell.
A palestra é excelente e vale a pena vê-la:
O único ponto negativo é que ele deveria ter sido mais incisivo nas respostas, dizendo claramente que toda aquela tramóia foi uma grande mentira inventada 30 anos depois. Nunca houve extraterrestres no caso Roswell. Foi simplesmente o projecto Mogul, como eu disse neste post.
O debate é que foi um desastre.
Se ele usasse o mesmo sentido crítico para o debate é que tinha feito bem.
Infelizmente, não o fez.
Exemplos:
– quanto às interferências electromagnéticas, deitando abaixo a luz, rádio, etc, isso apareceu como fenómeno após a série Ficheiros Secretos. Ou seja, as pessoas foram fortemente influenciadas pelo que viram nessa série (que era inventado!). Aliás, o Nuno deveria ter-se lembrado da experiência de Monsanto, em 1998, feita pela SIC, em que se inventou que existiam OVNIs, colocou-se uma luz branca apontada para o céu, e as pessoas começaram a imaginar que passavam vários OVNIs de várias cores sobre Monsanto… e até houve um bombeiro que disse, em estado de choque, que tinha passado um OVNI por cima da ambulância que ele conduzia, e que o rádio deixou de dar nesse momento! As pessoas não estavam a mentir! Mas o certo é que nada disso aconteceu! As pessoas simplesmente imaginaram isso, devido à sugestão do rádio de dizer que haviam OVNIs (quando só existia uma luz branca fixa, virada para o céu).
– os “flashes rápidos” são simples Iridium Flares, e nessa parte ele esteve bem. Não há qualquer mistério.
– o relato da mulher da audiência: “maior que a lua cheia? Sim.”… passados uns minutos, afinal, já era menor que a lua Cheia. “uma estrela imóvel… que andava”… e por fim, uma “estrela que subiu”. O Nuno não soube explicar a aparente “subida”, mas note-se que no relato não há referências. O que a testemunha entendeu por “subir”, quer dizer numa determinada direcção do céu… uma órbita normal de um satélite.
– o Nuno Silveira diz que existem relatórios secretos dos Governos. Ou seja, são secretos, mas ele conhece-os! Fantástico! Enfim…
– ele diz também que os governos chegaram à conclusão que o fenómeno é ET. Isso é uma mentira. Aliás, ele falou no Governo Francês. O Governo Francês abriu publicamente os casos de “OVNIs”. Nenhum é ET (leiam aqui).
– fala das luzes de Phoenix como se fossem misteriosas, como se fossem verdadeiros OVNIs sobre uma cidade vistos por imensas pessoas. Não houve nada de misterioso lá. Se ele em vez de dizer disparates, pesquisasse como fez para o caso de Roswell, já chegava às conclusões não-misteriosas como aconteceu com as suas conclusões para Roswell. Houve 2 tipos de objectos em Phoenix: sinalizadores militares, como existem imensas vezes em exercícios militares; e um objecto parecido com os OVNIs triangulares da Bélgica (foram explicados, neste post), mas que afinal não era mais que uma ilusão óptica, já que em vez de um OVNI triangular eram afinal vários aviões militares separados a viajar em formação.
– diz que acredita que o fenómeno OVNI é de origem não-humana, ou seja, por outras palavras, extraterrestre. Mas diz que tem a mente aberta o suficiente para saber que se com a experiência vir o contrário então muda de opinião. E, pergunto eu? Afinal ele não tem experiência? Não analisou/estudou já dezenas ou centenas de fenómenos nacionais e internacionais? Em nenhum dos casos retirou a conclusão que é extraterrestre. Afinal, está à espera de quê para mudar de opinião? Quantos casos precisa para mudar de opinião? Se todos os que estudou até agora não são suficientes, qual é o número que o vai fazer mudar? Se o Nuno se atirar 10 vezes de um prédio de 10 andares, e se de todas as vezes se espetar cá em baixo, vai continuar a dizer que precisa de mais evidências que a gravidade é a conclusão óbvia? Ou vai continuar a imaginar que crê que consegue voar, mesmo contra todas as evidências? Ou seja, a “mente aberta” é um simples “palavreado”, porque em face de todas as evidências, a conclusão dele teria que ser outra. O que se vê, é que ele tem uma simples crença religiosa, que em nada se fundamenta nas evidências, nos factos, nas conclusões dos casos, e nas provas físicas (que ele apregoa, dizendo que são o mais importante… se fossem, então ele não era crente em intervenções “não-humanas”).
– tal como podem ler neste post, ele diz que tem espírito crítico, mas na realidade não tem. O que se passa é que ele não sabe o que é espírito crítico. É muito fácil tirar as conclusões mais prováveis quando se tem todas as informações sobre o caso (como no exemplo de Roswell). Ou seja, é fácil “saber pensar” quando se tem conhecimento sobre o assunto. O espírito crítico é muitíssimo mais importante quando não se tem as informações sobre o assunto (como nos casos referidos nos pontos anteriores, em que o Nuno não fez o “trabalho de casa”). Aí sim é que se vê se a pessoa tem espírito crítico ou não. E aí vê-se que o Nuno continua a preferir seguir as suas crenças pessoais, em vez de ter em atenção todas as evidências e conclusões passadas para os diversos casos. Isso é o contrário de ter espírito crítico.
Para mim, a melhor intervenção do debate, foi do organizador desta palestra, que disse que há um desejo da humanidade de acreditar que há OVNIs, tal como quando as pessoas vão pela floresta imaginam que há duendes e fantasmas. Tal como diz a PUFOI, está tudo na mente da testemunha.
Fazendo um juízo objectivo, é óbvio que todos os casos até hoje são fruto da imaginação dos humanos ou fruto de fenómenos e objectos terrestres.
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[…] quando não se sabe a resposta, quando não se tem a certeza da resposta certa. Como eu disse neste post (para o caso dos OVNIs), nestes casos em que não se detém todo o conhecimento, em que não se […]