No fim-de-semana estiver a ver uns documentários interessantes sobre o fanatismo aqui nos EUA.
Existem vários grupos de extrema direita, como os Nazis e o Ku Klux Klan, que basicamente promovem uma mentalidade de ódio a tudo o que seja diferente, e a tudo o que seja verdade.
Tanto uns como outros promovem uma cultura de supremacia branca, defendendo por exemplo que só se devem casar brancos com brancos, e, dizem eles, os latinos (como eu), negros, asiáticos, etc, são considerados “animais inferiores”.
Da mesma forma defendem que toda a gente devia ser Cristã, e todos os que não são, eles promovem uma cultura de “Cruzadas” para acabar com todos os outros.
E eles auto-intitulam-se de Cristãos, indo à missa aos domingos, tentando levar à letra o que a religião Cristã lhes diz, e tendo cruzes em todo o lado (ao lado das suásticas).
Como bons Cristãos (segundo eles), fazem como os Hutchinsonians há 200 anos atrás: rejeitam tudo o que seja ciência ou factos, e só querem saber do que diz na Bíblia (a única verdade, para eles).
Ou seja, são ignorantes, e orgulham-se da sua ignorância.
Esta rejeição de tudo o que é racional, vê-se por exemplo na rejeição da ciência nas escolas (como aconteceu no Kansas em que a Evolução não podia ser ensinada), na rejeição da Relatividade, na rejeição dos átomos (porque não os conseguem ver), na rejeição dos vírus (porque não os conseguem ver), no assumirem que a Terra tem 6000 anos, etc.
Ou seja, falta-lhes a Literacia Científica Funcional para perceberem que não podem saber e ver tudo, e por isso têm que saber quem são os especialistas nos assuntos que sabem do que falam.
Falta-lhes espírito crítico para buscarem conhecimento.
E são hipócritas porque dizem que não acreditam, por exemplo, nos médicos, mas passam a acreditar quando estão doentes.
Mas não é só na ciência que eles se orgulham de rejeitar os factos.
Eles querem também re-escrever a História,
Por exemplo, não querem que os livros façam referência que o Presidente é o Obama (por ele ser negro), e não querem que os livros tenham a dizer que houve escravos no passado dos EUA (com tráfego de escravos vindos de África).
Aliás, os livros aqui no Texas estão cheios destas palhaçadas pseudo, de extremistas Católicos Cristãos.
Note-se que os livros de ciência (biologia) aqui no Texas, vêm com este “disclaimer”:
Ou seja, se o livro disser que foi Deus que fez o Homem e a Terra há 6000 anos atrás, juntamente com dinossauros, então tudo bem, porque isso é um facto da Bíblia.
No entanto, se o livro de biologia, geologia, ou astronomia, disser que existe Evolução na Terra, então os alunos não devem acreditar nisso, mas devem colocar em questão.
O colocarem que a Evolução é “só uma teoria” é um estratagema aparvalhado.
Ninguém com um mínimo de inteligência diria: “Sim, atira-te do topo de um edifício de 30 andares. Não te preocupes. Não acredites nos cientistas. Duvida da Gravidade. A Gravidade é só uma teoria!”
Obviamente, estão vocês a dizer, que ninguém dá o mínimo de crédito a estas pessoas. Ou seja, sendo eles políticos, ninguém vota neles.
Mas é o contrário.
O que se passa é que o extremismo religioso nos EUA é agora o “normal”, daí que cerca de 45% dos Americanos são religiosos ao ponto de não aceitarem a Evolução, de acreditarem que a Terra tem somente 6000 anos, que a ciência deve ser rejeitada, etc.
Ora, isto faz com que mais de 100 milhões de pessoas acreditem nestas coisas.
E são estas pessoas que votam.
Conclusão: os extremistas e ignorantes estão a ganhar as eleições.
Nas eleições (primárias) que se realizaram há poucas semanas atrás, foram precisamente este tipo de candidatos que mais ganharam.
Apesar de haver vários do género, com o mesmo sistema de crenças e que venceram as eleições republicanas, o caso mais famoso é o da Christine O’Donnell.
Já falei nesta nova Sarah Palin que dá pelo nome de Christine O’Donnell, neste post.
Ela rejeita a ciência, apesar de diariamente utilizar ferramentas científicas, baseadas em conhecimentos científicos, como por exemplo microfones, computadores, e televisão. É a hipocrisia a reinar!
Ela acredita que o mundo tem somente 6000 anos, que a Evolução é só uma teoria e devia ser rejeitada, que o Aquecimento Global não existe, etc. E ela tem essas crenças, porque, diz ela, é bastante religiosa e segue o Catolicismo.
Ela diz-se bastante religiosa e crente em Deus, mas há uns anos andava metida em bruxarias e até em Satanismo (adoradora do Diabo)… mas é muito Cristã… enfim…
Ela diz que nunca mente, e daí que na 2ª Guerra Mundial, se soubesse de Judeus escondidos, teria que dizer a verdade aos Nazis, porque não podia mentir. Mas, ao mesmo tempo, ela diz que andou na Universidade de Oxford, mas ficou-se a saber que afinal ela foi lá a um edifício para ver se fazia cursos online. Ela diz que tem uma licenciatura há muitos anos, mas afinal só a acabou neste Verão. Ela diz que andou a tirar um mestrado na Universidade de Princeton, mas ficou-se a saber que afinal nunca tirou qualquer curso lá. Ou seja, vai-se a ver, e mente a toda a gente, menos aos Nazis.
E ainda recentemente soubemos que ela andava a dizer que os cientistas estavam a criar ratos com cérebros humanos!
Agora, saiu um vídeo dela a dizer que a Evolução é um mito, e deu 2 argumentos totalmente disparatados.
Mas comecemos por uma comparação: eu e o Jorge Almeida somos parecidos. Ambos temos 2 braços, 2 pernas, uma cabeça, um cérebro, etc, muito parecidos um ao outro. E a nível genético somos praticamente idênticos. Mas não somos o mesmo. Eu sou eu, e o Jorge é o Jorge.
Ou seja, tal como entre humanos e macacos, eu e o Jorge temos parecenças e diferenças. Humanos e macacos têm um código genético muito parecido, mas as pequenas diferenças são o suficiente para nós termos naves e eles não.
Vejam agora a Christine O’Donnell:
Ou seja, ela dá basicamente 2 argumentos para a Evolução ser um mito.
Em primeiro lugar, ela diz que os Macacos não evoluem para Humanos.
Mas a Evolução NÃO diz que os Macacos evoluíram para seres humanos. Esta é somente uma ideia completamente errada que as pessoas têm da Evolução.
A Evolução diz-nos que os macacos e os humanos tiveram um antepassado comum há cerca de 20 milhões de anos atrás (o “Proconsul”). Depois os “ramos” separaram-se e cada qual seguiu a sua evolução natural.
Ou seja, os macacos não evoluíram para seres humanos. Simplesmente, tanto macacos como seres humanos tiveram um antepassado comum.
Considerando o exemplo em cima: o Jorge não evoluiu e transformou-se na minha pessoa. Eu não sou um passo mais evoluído do Jorge. Pura e simplesmente, ambos tivemos um antepassado comum (a mesma tetra-tetra-treta-…-avó), vamos supôr, há 20 mil anos atrás, e desde aí cada linhagem seguiu a sua própria evolução.
Em segundo lugar, ela diz que quando vai ao Jardim Zoológico, e fica a olhar para os macacos, eles não se transformam em humanos!
Isto é duma estupidez incrível.
Ela não percebe o significado de milhões de anos.
Nem sequer percebe que se olhar para um bébé durante 10 minutos, ele não se transforma num homem de 40 anos!
Ela não tem qualquer noção de períodos temporais, e produz argumentos totalmente absurdos (mas que os ignorantes fanáticos religiosos, concordam com ela!).
(a do meio que diz que não acredita na Evolução, e que só diz disparates, como por exemplo dizendo que faltam passagens no conhecimento – vejam este cartoon – é a mesma que não acredita que a Terra é redonda! Mais uma ignorante que não sabe o que diz!)
The Colbert Report | Mon – Thurs 11:30pm / 10:30c | |||
The Delawert Report | ||||
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A mensagem deste filme está-se a tornar cada vez mais real: a sociedade humana está a “evoluir” para se tornar completamente idiota.
3 comentários
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examiner.comyoutube.com…
Ela diz-se bastante católica, no entanto num novo vídeo ela diz que seria Hare Krishna (parte de Hinduismo), se não gostasse tanto de carne…
http://www.examiner.com/rnc-in-washington-dc/christine-o-donnell-i-would-have-become-a-hare-krishna-but
http://www.youtube.com/watch?v=rFIgnAWmgsg
Maldito livre arbítrio 🙂
Author
Em conversa em privado com algumas pessoas, parece-me que ficaram com a ideia que aqui nos EUA é tudo uma cambada de idiotas.
Mas não é verdade.
Simplesmente, em países grandes, as diferenças entre quem tem (algo) e quem não tem são muito maiores. Seja nos EUA, seja no Brasil, seja na Índia, etc.
Neste caso, em termos de educação, há muita gente que não a tem (muitas delas até têm home schooling, ou seja, aprendem em casa com os pais que acreditam que se deve odiar negros e latinos, por exemplo. Ou seja, nem sequer têm possibilidade de aprender que há outras maneiras de ver as coisas).
O fosso entre aqueles que têm educação e os que não têm, é enorme.
Mas, por outro lado, nos EUA também se encontram as pessoas mais inteligentes do mundo (que vêm de todo o lado do planeta para aqui).
25% das pessoas nos EUA têm educação superior. Isso quer dizer que 70 milhões de pessoas nos EUA tiraram cursos universitários, pelo menos.
10% das pessoas têm não só uma educação excelente, e um conhecimento superior, mas são das mais inteligentes no mundo (top mundial). Isso dá cerca de 30 milhões de pessoas.
Ou seja, também há muita gente inteligente. E eu estou numa “bolha” dessas – um centro universitário, uma cidade universitária e bastante liberal, onde seja artista, cientista, cantor, astrónomo, etc, são normalmente os melhores e com conversas super-inteligentes.
O problema é que os outros são mais. E são esses que votam – os que têm crenças, os que que acreditam nas promessas dos políticos.
Logo, na prática, quem manda são os mais ignorantes.
Tal como em discussões quem “ganha” é o que berra mais alto, ou tal como num grupo de zebras o grupo é tão rápido como o seu corredor mais lento.
Neste caso, como sociedade temos que deixar os “berros” das ideias pseudo e passar a pensar mais racionalmente, e temos que ter uma educação mais global e personalizada que permita aos que se “atrasam” começarem a acompanhar os outros.
[…] a autoridade, e a ignorância da população (ex: Idade das Trevas). Ao contrário de muitos crentes religiosos actuais, Jesus, a ter existido, tomaria o comprimido vermelho. – curiosamente é algo que também aconteceu […]