Prahlad Jani – o homem que não come nem bebe há 70 anos ?

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Após este comentário, resolvi escrever um texto sobre pensamento crítico.

Os antepassados do Homem moderno, viviam em cavernas.
Nessa altura, as mulheres eram violadas todos os dias, as crianças não tinham quaisquer direitos, os homens comunicavam com grunhidos, muita gente morria durante o frio de inverno, uma pequena escoriação no braço por ter caído sobre uma pedra poderia levar à morte, chegar aos 20 anos era considerado velhice, etc, etc.
Eu não gostaria de viver nessa sociedade. Existe alguém que queira voltar a viver dessa forma?

Dessa sociedade chegamos à sociedade actual, devido à ciência, à educação dessa ciência, ao pensamento crítico, à curiosidade racional.
Hoje temos todos os confortos da idade moderna, temos incríveis tecnologias disponíveis, e sabemos imenso sobre o planeta e o Universo, devido a essa mesma ciência.
Não é devido à arte, aos pseudos, ou à religião. Mas sim devido à ciência.
Com isto não estou a dizer que a arte ou a religião não servem para nada. Têm o seu objectivo. Mas o certo é que o desenvolvimento que sempre se viu no mundo foi devido à pesquisa científica. A ciência fez o mundo evoluir e progredir; a curiosidade científica levou a que soubéssemos mais sobre o mundo e sobre nós próprios (seja em astronomia, física, biologia, medicina, etc).
Ou seja, se é certo que, por exemplo, a arte tem o seu papel, o certo é que se eu fosse um Homo Habilis numa caverna, com um urso a ameaçar-me de morte, preferia ter uma espada ou uma arma na mão, do que uma pintura bem bonita na parede da caverna.
A beleza de algo pode ser admirada, mas é subjectiva, enganadora, e sem qualquer utilidade, quando em presença de uma situação que requeira a nossa sobrevivência e evolução. Para isso, é necessária a objectividade da ciência.
Se a ciência, e o pensamento crítico, nos põe numa situação em que estamos em segurança, então admirarmos a beleza de uma peça de arte pode ser reconfortante. Pode ser uma sensação subjectiva, mas não deixa de ser reconfortante. Mas isso só é possível se antes a ciência nos deixou ter essa “paz de espírito” para nos sentirmos seguros, e partirmos para outras sensações mais subjectivas.
Ou seja, sem denegrir outras fontes de saber humano, o certo é que não devemos ser hipócritas, e devemos reconhecer e dar o mérito a quem o tem – e quem tem o mérito é a ciência, que ao longo de toda a história da humanidade, nos fez evoluir objectivamente.

Mas apesar de termos ciência actualmente em tudo quanto é lado, e apesar de devermos toda a nossa evolução tecnológica e de saberes à ciência e à educação científica, continua a haver várias concepções erradas sobre a ciência.
Assim de repente, lembro-me de 4:
– pensa-se que existem “ciências sociais”. Não existem “ciências sociais”. As auto-proclamadas ciências sociais, não são ciência, nem o passam a ser só porque dizem que são. Tal como “Creation Science”, a “ciência do Criacionismo” não é ciência, só porque coloca no nome que o é. O Criacionismo é religião, pura e simples. As ciências sociais não são ciência, mas têm o seu mérito, e deviam ser valorizadas por aquilo que vão descobrindo e fazendo evoluir o conhecimento humano. Ou seja, em vez de se auto-proclamarem de serem o que não são, deveriam era valorizar os seus feitos, pelo que são.
– pensa-se que a “ciência é misteriosa e só feita por alguns”. A ciência pode ser comprovada por muitas pessoas diferentes. Ao contrário dos pseudos, ou da religião, em que existem “pessoas especiais” que “em certos momentos” fazem “coisas misteriosas”, seja rezar com divindades, seja falar com mortos, seja fazer com que pulseiras provoquem o equilíbrio, a ciência não depende desses momentos. A ciência está disponível para ser comprovada por toda a gente no mundo que o queira fazer. E mais, a ciência espera que outros a comprovem. Se fôr só uma pessoa a dizer que consegue algo (mesmo quando foi Einstein), então não é considerado pela ciência, até provas independentes existirem de que realmente isso pode ser feito por outras pessoas. E toda a gente o pode comprovar.
– pouca gente entende que a ciência é objectiva. Não depende das pessoas que a fazem, nem de estar a chover ou não, nem de se ir vestido de vermelho ou azul, ou outra qualquer justificação mentirosa que se arranje. Se eu clicar no botão ON do computador, espero que ele se ligue. A ciência diz-me que ele vai ligar. Não depende se sou eu que clico ou o meu vizinho, se hoje estou triste ou contente, se estou vestido de fato ou calções. A Terra é um planeta redondo – isto é o que a ciência me diz, e posso comprovar facilmente, e a resposta não depende de critérios subjectivos sobre a beleza do planeta, sobre se um ser celestial me disse a resposta, sobre se os mortos falam comigo, ou sobre a minha casa estar decorada contra as “linhas energéticas da Terra”. Não preciso inventar desculpas, justificações mirabolantes para não conseguir perceber que a Terra é redonda (para o resultado não ser o mesmo que aos outros). Não. Pura e simplesmente basta-me objectivamente olhar para os mastros dos barcos no horizonte, ou para a sombra da Terra durante eclipses, por exemplo.
– a ciência é exacta, mediante aquilo que sabe. Mas a sua aplicação não é exacta – baseia-se em probabilidades.

Este último ponto é porventura o mais interessante.
Porque é aqui que entra o pensamento crítico, racional, coerente, lógico – ou seja, o pensamento científico.
Todos dispomos deste pensamento científico. Todos nós o utilizamos milhares de vezes por dia, sempre com resultados positivos.
Então porque razão, por vezes, decidimos colocar de lado o pensamento crítico, que sabemos que funciona, em prol de outros pensamentos que sabemos que nunca funcionaram?

Há coisas que toda a gente sabe que é verdade, como por exemplo o facto do planeta ser redondo, ou a gravidade existir.
Assim, como há coisas que toda a gente que não é um perfeito idiota percebe que é uma mentira óbvia, porque temos conhecimento suficiente para saber isso – seja quando ouvimos dizer que a Terra é plana, seja quando nos dizem que existem ratos com cérebros humanos nas ruas. Ou seja, as asserções são tão estúpidas, e temos tanto conhecimento do contrário, que pura e simplesmente colocamos essas frases idiotas de lado, e assumimos que quem acredita nisso deve ser muito estúpido, burro, com pouco conhecimento, sem pensamento crítico.

O problema surge quando nos dizem coisas para as quais não temos assim tanto conhecimento, para as coisas que não estamos certos, para aquilo que não pesquisamos/aprendemos tanto.
Aqui sim, é que ter pensamento crítico é vital. O pensamento crítico, cientifico, racional, lógico é essencial quando não se sabe a resposta, quando não se tem a certeza da resposta certa.
Como eu disse neste post (para o caso dos OVNIs), nestes casos em que não se detém todo o conhecimento, em que não se sabe a resposta certa, é que é importante ter-se espírito crítico.
O pensamento crítico não é demonstrado nas situações em que sabe as respostas certas, ou onde se tem a certeza que a resposta é errada, mas sim nas situações em que não se sabe quem tem razão: aí sim, deve-se exercer o pensamento crítico, porque é a nossa única defesa contra sermos enganados e tomarmos decisões erradas.
Aí sim se vê a literacia científica das pessoas. No mundo ocidental, moderno, literacia já não é saber ler e escrever, mas sim saber escolher entre a muitíssima informação que se recebe, saber pensar, saber ter espírito crítico, ou seja, tomar o comprimido vermelho.

Uma das concepções erradas que se tem da ciência, ligada a isto, é que se a ciência não sabe a resposta, então qualquer coisa pode ser a resposta certa. Mas isto é falso.
A ciência pode ainda não saber a resposta certa, mas certamente vai sabê-la no futuro; sempre foi assim, e sempre o será, porque este é o objectivo da ciência: compreender cada vez melhor o universo em que vivemos.
Mas mesmo ainda sem a resposta certa, o pensamento crítico diz-nos quais são as respostas erradas.
Ou seja, não saber a resposta certa, não equivale a não saber as respostas erradas. Esta é uma diferença “subtil”, mas essencial no pensamento crítico.
Eu não sei quem é o “big kax” que comenta frequentemente aqui no blog, mas sei que ele não sou eu. Ou seja, eu não sei a resposta certa, mas sei quais as respostas erradas.
Eu não sei, de cabeça, quanto é o resultado de 345598978 + 8857654790 x 983456122334. Não sei quanto é, mas sei que o resultado não é de certeza 3, nem 10, nem 20. Ou seja, eu não sei a resposta certa, mas consigo perceber quais as respostas erradas.

O facto é que, como eu disse em cima, todos nós utilizamos o pensamento crítico diariamente, muitas vezes ao dia, e sempre com sucesso.

Exemplos do que fazemos diariamente:

1 – quando carrego no interruptor para ligar a luz, espero que a luz se acenda. Porquê? Porque sei que a ciência funciona. E a ciência funciona, daí que a electricidade é transmitida de uns sítios para os outros, da forma que queremos. Ou seja, a ciência funciona, mas a luz (aplicação) pode não ligar. E se não ligar, será que vou colocar a ciência em causa? Não. A ciência funciona, logo eu não me ponho a imaginar que toda a teoria electromagnética está mal, e que Maxwell estava redondamente enganado, só porque a minha luz não ligou. Por outro lado, eu também não me ponho a imaginar que foi o Monstro de Esparguete Voador que não deixou a lâmpada acender, ou que os meus “chakras” interferiram na lâmpada. Não, pura e simplesmente, alguma coisa está mal – a ciência está certa e por isso deveria acender, logo alguma coisa na lâmpada ou nos fios eléctricos deve estar mal. Este é o pensamento racional, crítico, científico.
Da mesma forma, ou mudo a lâmpada (testo, experimento cientificamente para ver se é disso) ou então chamo um especialista. Não vou chamar um médico para me resolver o problema da luz. Não. O especialista é um electricista, logo devo chamar o electricista (o cientista neste caso) para me arranjar o sistema eléctrico. Este é o pensamento crítico em acção, que nos permite tomar as decisões certas em face das evidências.

2 – quando ligo o computador e ele não dá, será que ponho em causa a ciência? Será que começo a dizer que toda a ciência dos computadores está errada? Não. Da mesma forma, não imagino que o computador não liga devido a eu estiver vestido de preto, ou devido a existirem dragões a voarem sobre Hogwarts.
Utilizo o pensamento crítico e testo de novo, e se não der, chamo um técnico – especialista no assunto em causa. Este é o pensamento crítico, racional.

3 – se o sr. Joaquim vai na auto-estrada a conduzir o seu carro, e o carro pára de repente, e ele me telefona a dizer que foram unicórnios invisíveis voadores que fizeram parar o carro, eu que nunca vi o que se passou, devo pensar o quê? Será que lhe digo para ele começar a rezar, que o carro vai “milagrosamente” ligar de novo? Sabendo eu que ele é espírita, devo acreditar na asserção dele que foram unicórnios invisíveis que pararam o carro? Não tendo toda a informação sobre o assunto, não tendo forma de eu próprio reproduzir o acontecimento, não sabendo eu de todos os “factos”, é óbvio que não posso negar com toda a certeza que unicórnios invisíveis voadores passaram pelo carro e o fizeram parar. Mas é aqui que entra o meu pensamento crítico. Como ele é espírita, é normal que veja “espíritos” em todo o lado, e faça disso publicidade. Mas o mais provável é que lhe tivesse acabado a gasolina, daí o carro ter parado. Ou quiçá, talvez tenha sido um problema no motor. Ou seja, sem ter certezas da resposta certa, posso ser inteligente ao ponto de pesar as probabilidades. Posso assim saber que só por o carro ter parado, não deverá ser porque toda a ciência está errada e afinal existem unicórnios invisíveis a voar por todo o lado. Ou seja, eu – a ciência -, posso não saber a resposta certa, mas sei quais serão as respostas erradas. E o meu pensamento crítico que me permite saber isso, mesmo sem ter todas as informações sobre o assunto, também me permitiria dar como sugestão que ele olhasse para o ponteiro da gasolina em 1º lugar, e caso não seja isso, então sugeria que ele levasse o carro ao mecânico (o especialista no assunto em causa) de modo a arranjar o carro, porque o problema não é certamente (probabilisticamente falando) devido a unicórnios invisíveis.
Este é o pensamento que se baseia na ciência nem sempre saber a resposta certa, mas também é o pensamento que não me deixa ser levado por explicações completamente enganadoras.

4 – se a Maria de um momento para o outro aparecer com montes de pequenos pontos vermelhos por todo o corpo, o que fará a mãe dela? Como não sabe do que é, deve acreditar em todas as charlatanices que lhe dizem? Será que deve levar a filha a um exorcista, porque “certamente” ela terá o diabo no corpo? Isso era o pensamento há uns séculos atrás na chamada “Idade das Trevas”, porque as pessoas não pensavam, não tinham pensamento crítico, racional. Será que deve-lhe pintar o corpo de azul, com montes de flores, porque é mais bonito? Não. É óbvio que a mãe, mesmo sem saber do que se trata, não deve acreditar em charlatães que lhe dizem que aquilo é o diabo, mas deve sim levar a filha aos especialistas, neste caso os médicos, para ela ser curada. Ou seja, a mãe não sabe a resposta, não possui todas as informações sobre o assunto, não sabe o que fazer, e por isso deve consultar os especialistas e tentar resolver com base na ciência. Ou seja, quando não se sabe a resposta, é nessa altura que o pensamento racional, crítico, é vital.

5 – se o Manuel morrer, e o médico Hélder disser que a causa foi um ataque de coração normal devido à vida sedentária e idade do Manuel… MAS se o “cientista” João que trabalha com viagens no tempo disser que o que aconteceu foi o Manuel ter visto um Neandertal por um segundo, devido a um portal temporal que se abriu temporariamente, como diz ele que a NASA provou, e o Manuel viu esse Neandertal atirar-lhe uma seta, e por isso teve um ataque de coração… devemos acreditar em quem? Na explicação lógica e racional do médico Hélder, ou na explicação aparvalhada, mirambolante, e sem qualquer evidência do João? Não sabendo nós o que se passou, porque não estávamos lá, devemos pensar o quê? Devemos pensar que toda a ciência está errada, e afinal há portais a abrirem-se livremente para o tempo dos Neandertais, OU devemos utilizar o pensamento racional, científico, crítico, e perceber que o especialista, médico, é que terá muitas mais probabilidades de ter razão? É óbvio que o pensamento crítico nos diz que a explicação do médico Hélder será a mais provável.

Todos nós utilizamos os frutos da ciência todos os dias, e não devemos ser hipócritas em negar tudo o que a ciência nos dá.
Da mesma forma, todos nós utilizamos o pensamento crítico diariamente, muitas vezes ao dia, e sempre com sucesso. Todos nós tomamos estas decisões (similares aos exemplos acima) todos os dias, e sempre com sucesso.

Mas para certos assuntos, surpreendentemente, preferimos utilizar o pensamento pseudo que sempre levou a erros, a enganos, e ao insucesso.
Devido a ignorarmos o pensamento crítico, enveredamos pela iliteracia científica, preferindo acreditar em mentiras, preferindo seguir burlões que nos tentam enganar deliberadamente, e preferindo continuar a acreditar em coisas que já foram provadas como falsas.
Por isso é que as pessoas continuam a acreditar em águas que curam, em águas milagrosas, em milagres passados, em saúde quântica, em pulseiras quânticas, equilíbrios, amuletos, metafísica cósmica, reiki, limpeza espiritual, mortos faladores, fósseis de humanos gigantes, conspirações ETs, Marte tão grande como a Lua no céu, fazer pipocas com telemóveis, astrologia, fim do mundo pelo LHC, fim do mundo em 2012, videntes, bruxos, psíquicos, e demais parvoíces que só servem para burlar quem prefere ignorar o pensamento crítico.

Entre escolher o pensamento científico em que sabemos que temos sucesso milhares de vezes ao dia, ou fraudes que sabemos que sempre nos enganaram, por vezes parece que o cérebro pára às pessoas, e escolhem precisamente aquilo que sempre foi e sempre será mentira.

Por vezes, os jornalistas são responsáveis por isto.
Na sua ânsia de competirem com os novos meios de comunicação, em que qualquer pessoa pode transmitir notícias, preferem a rapidez à análise cuidadosa das informações. Em vez de pesquisarem convenientemente as notícias, e contactarem os especialistas, preferem “vender o mistério” – dando informações falsas, que são facilmente desmentidas.
Este “vender o mistério” é cada vez mais usado, como forma de “vender” a notícia ou o programa, mesmo sendo totalmente falso que o assunto seja misterioso (dei o exemplo dos OVNIs, neste post).

Um exemplo de mau jornalismo foi a recente viagem do Obama, que um blogger de um pequeno jornal na Índia disse que custava 200 milhões de dólares por dia (mais do que a guerra no Afeganistão), com 870 quartos, 34 navios de guerra, e muitos outros disparates do género.
Este é um absurdo, que dada a fonte, é obviamente mentira.
No entanto, os media americanos disseminaram como verdade, com congressistas americanos e “jornalistas” da FOXnews revoltados com o Obama, e 100 milhões de americanos a acreditarem nessas parvoíces.
Para esses “crentes”, é indiferente se é tudo mentira, e que o Pentágono (especialistas) tenha vindo desmentir tudo. Também é indiferente se os jornalistas da CNN, dias depois, tenham desmentido tudo. Porque eles vão continuar a acreditar na notícia inicial, que era muito mais “especial” que a verdade.
O que ficou da história é a crendice, a estupidez, e a falta de pensamento crítico de todos. O que fica da história é que há quem prefira vender a falsidade com uma capa de mistério, do que a verdade objectiva.

O pensamento crítico deveria fazer-nos pensar que, mesmo não sabendo a resposta certa (custo da viagem), aquilo que foi dito por fontes dúbias era demasiado absurdo para ser levado a sério.

Tudo isto para falar do caso do Prahlad Jani – o homem que não bebe nem come há 70 anos.
Basta fazer uma pesquisa no Google, para perceber que existem 259.000 páginas que falam sobre isto.
Por todo o mundo, as agências noticiosas falaram disto. O jornalismo sensacionalista, sem qualquer ponta de sentido crítico, sem qualquer pesquisa decente, tem neste tipo de histórias o seu extâse.
O jornalismo sério, e os jornalistas sérios, deveriam “cruxificar” quem não quer saber de informar devidamente as pessoas.
FOXnews, ABC, Telegraph, BBC, CNN, e centenas de outros jornais e TVs por todo o mundo (como podem ver pela net) difundiram esta história como sendo verdadeira.
As pessoas, sedentas por mistérios e crentes em parvoíces, não querem saber das explicações racionais.

E no entanto, o mistério de termos um mundo virtual ou o facto de podermos saber a constituição do Sol, por exemplo, deveriam ser mistérios, esses sim, que deveriam providenciar uma “mística” às pessoas, tentando ter mais conhecimento para saber mais sobre esses assuntos “misteriosos” e nada aborrecidos. A ciência nunca foi aborrecida ou desinteressante.
Mas não, as pessoas (jornalistas incluídos) preferem acreditar em mentiras.

E os jornalistas portugueses e brasileiros também “foram na cantiga”: Globo, Folha, Diário de Notícias, ionline, TVI, etc.

Até sites de ciência como o Ciência Hoje, preferiram “vender o mistério”, em vez de fazerem uma análise científica!
É a noção que se deve “deixar o mistério no ar”, aproveitar-se disso porque “vende mais”, do que se pesquisar as respostas.

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A história é simples:
Prahlad Jani tem 81 anos, e diz que há 70 anos utiliza o Sol como alimento – o elixir da Deusa.
Supostamente foi observado por cientistas durante 15 dias, e os cientistas concluíram que era verdade que ele nem come nem bebe nada.
Supostamente aos 11 anos, diz ele, foi abençoado pela deusa Amba Mata, que lhe fez um buraco no palato, através do qual diz receber uma substância proveniente do Sol que se transforma em nutriente.
Como as pessoas só sobrevivem, no limite, cerca de 10 dias sem água e 40 sem comida, então deve ser um milagre!
Supostamente o caso despertou *de imediato* a atenção dos cientistas, que puderam comprovar que ele recebe energia do Sol, e o Ministério da Defesa até está interessado em utilizar esta técnica nos seus soldados.

Em face destas informações, como não temos todas as respostas, então o que devemos fazer?
Devemos utilizar o pensamento crítico? Devemos utilizar a análise racional?

Os jornalistas que difundiram estas mentiras e os crentes que por elas são levadas, já fizeram a sua escolha: escolheram ignorar o pensamento crítico.
Nos exemplos acima, estes jornalistas e estes crentes, em face de algo em que não têm as respostas todas, em vez de pesquisarem melhor sob um olhar crítico, preferem acreditar que é o Diabo a colocar as manchas vermelhas no corpo, preferem acreditar que um Neandertal fez uma viagem no Tempo, preferem acreditar e difundir que unicórnios invisíveis voadores fizeram parar um carro, etc.
Se a notícia fosse que um homem consegue voar, estes jornalistas e os crentes que os seguem, assumiriam que toda a ciência, sobretudo a gravidade, está toda errada, e que há pessoas que voam livremente.
Vendem o mistério, em vez de informarem devidamente sobre o que se passa.

Mas vamos nós utilizar o pensamento crítico.

De um lado, o lado da crença, temos:
– um homem diz que se alimenta do Sol.
– um homem diz que consegue fazer a fotossíntese, como as plantas.
– segundo ele, foi uma deusa que lhe concedeu esse dom.
– a Deusa só aparece a alguns, mas não às pessoas que verdadeiramente andam famintas. Ou seja, é uma deusa imoral.
– acreditar que ele realiza a fotossíntese é assumir que a ciência está fundamentalmente toda errada, sobretudo a física, a biologia e a medicina (ou seja, os médicos nos hospitais são todos uns aldrabões que não percebem nada).
– a medicina é uma treta, e toda a investigação biomédica está errada.
os orientais têm conhecimentos antigos que são muito superiores aos conhecimentos ocidentais actuais – até têm pessoas que não comem nem bebem e outras que vivem para sempre.
– milhões de pessoas que morrem de fome todos os anos, afinal basta-lhes fazerem um furo no palato e colocarem-se ao Sol.
– 7 biliões de pessoas por todo o mundo (e ainda mais todos os animais) andam iludidas, porque pensam que precisam de comer e beber para sobreviver, quando afinal basta porem-se ao Sol, a meditar, e com um furo no palato.

Do outro lado, o lado do pensamento crítico, temos:
– há milhares destas fraudes desmascaradas todos os anos, pelo mundo. Sobretudo em sociedades mais a oriente. Na Índia são constantes. Todos são fraudes, charlatães, mágicos com truques simples.
– ele é conhecido na vila dele por ser o “fraudulento da vila”. Ou seja, os seus próprios vizinhos sabem que ele está a mentir!
– animais com fotosíntese, sem clorofila, e não verdes (o homem não é verde!), são impossíveis para a biologia.
– é uma notícia dada originalmente pelo jornal The Australian, que quando contactado disse que não tinha fontes. Limitou-se a dizer: “Pode ser verdade, não?” Ou seja, inventam-se mentiras, para “vender um mistério” que é falso.
a notícia é a mesma de há 7 anos atrás. Ou seja, quando dizem que o interesse actual foi *imediato* estão a mentir, claro. Já existem artigos sobre isto há vários anos.
– as notícias são contraditórias sobre se ele saiu para fora completamente durante a experiência ou não.
– durante alguns minutos durante a experiência, ele não era vigiado pelas câmeras (saía do sítio onde elas estavam).
– ele podia tomar banho e gargarejar com água. Não era vigiado quando tomava banho. Ou seja, os testes tiveram vários “buracos”.
– ele até podia receber crentes devotos – se nos hospitais, as pessoas levam comida para os seus familiares doentes, porque não crentes levarem comida para o seu “santo”?
não há quaisquer dados experimentais sobre o que se passou em revistas científicas da especialidade (ou noutro lado qualquer!) – só há da experiência de 2003 onde se prova haver matéria fecal (ao contrário do que reivindicam).
– não há qualquer confirmação independente para os resultados que ele diz que teve.
– o “cientista” envolvido, Dr. Sudhir Shah, não deixou que mais ninguém, independente, pudesse avaliar a experiência ou os supostos resultados.
– já em 2003 – a tal notícia igualzinha de há 7 anos atrás – tinha feito uma experiência semelhante ao Prahlad Jani, e também não deixou que ninguém confirmasse o que ele dizia, provando que não está a fazer ciência (porque não deixa que existam confirmações independentes).
– em 2000 e 2001, testou outro “guru”, Hira Ratan Manek, confirmando também que ele se alimentava só do Sol, mas também não deixou que ninguém confirmasse isso.
– o médico-neurologista, Dr. Sudhir Shah, é conhecido por ser crente na teoria que os humanos podem viver só da luz do Sol.
– o Dr. Shah é um crente religioso que acredita que a medicina ocidental está errada, e que a super-ciência da religião do Jainismo, é que vai salvar toda a humanidade. Para ele, existem 30 graus de Paraíso e 7 graus de Inferno, e o Universo tem o formato de um homem em pé. Ou seja, ele não é imparcial nas experiências que faz – ele visa somente promover a sua religião, dando-lhe uma aura falsamente científica, como faz o Criacionismo.
– um sumário da sua pesquisa diz que faquires e sábios realizam fotossíntese através dos olhos (retinas) e através do “terceiro olho”. Isto é pura pseudociência!
– o “cientista” e os jornalistas dizem que a investigação dele está a ser estudada pela NASA e pela Universidade da Pensilvânia. Ambas negam este absurdo! Ou seja, inventa-se/mente-se sobre relações com instituições científicas para dar credibilidade à idiotice.
– tanto os praticantes como o “cientista”, acreditam no Breatharianism (Respiratorianismo), em que é possível, por influência divina, viver somente da luz solar. Todos os que afirmaram isto, e se sujeitaram a testes da ciência (de verdadeiros cientistas), foram todos provados como fraudes.
– já no passado, alegações feitas por este grupo foram provadas como sendo puras mentiras.
– no entanto, eles continuam a disseminar as suas mentiras. Um curso dado por eles, custa cerca de 250 euros! O “professor” desse curso diz que não come nada, até ter sido apanhado a comprar comida de uma loja… mas continua a vender os cursos! E também têm livros – a autora tem montes de livros do mesmo género e até fundou a Academia da Internet Cósmica. A autora não diz que não come (ela come e bebe!), mas diz nos livros que é possível não comer nem beber nada e sobreviver. A Australiana, Verity Lynn, acreditou nisso, e morreu por desidratação.
– eles até oferecem férias no Resort Hotel Oásis de Saúde, na Tailândia. Por 1600 euros, os crentes têm direito a tudo durante 10 dias. O que neste caso inclui todo o ar, e toda a luz solar que puderem comer! E eles asseguram que a pessoa vai conseguir perder peso! O Hotel é conhecido por isso – pelos programas de perda de peso! Ou seja, para explicar de outra forma: há pessoas que são levadas a pagar 1600 euros para viver de “ar e vento” e ainda se admiram por emagrecerem!
– Outros, como a Amém Paraíso (é o “nome artístico” dela) misturaram isto com o Cristianismo, e como Jesus disse: “Se você acreditar em mim, você nunca terá sede”, então ela e os seus seguidores bebem urina.

Então qual das hipóteses devemos escolher?
O que diz o senso comum? O que diz o pensamento crítico?

Parece-me que só uma pessoa que acredita no Pai Natal, pode-se deixar levar por estas mentiras.
Parece-me também que o grande problema aqui não são só as pessoas normais, mas sobretudo os jornalistas dos Media que empolam estas situações e disseminam mentiras sem terem o cuidado de pesquisar a verdade. Nem sequer têm o cuidado de utilizarem o pensamento crítico.

James Randi diz tudo:

Carl Sagan dizia: “Afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias.

Como eu já coloquei neste post, Carl Sagan também disse:
“If we capitulate to superstition, or greed, or stupidity we can plunge our world into a darkness deeper than the time between the collapse of classical civilization and the Italian Renaissance.”
Se sucumbirmos à superstição e à estupidez, iremos caminhar para as Trevas.

E Sagan deu um kit para se apanhar os impostores e os burlões. Basta seguirmos essa fórmula, assente no pensamento crítico, que é fácil de perceber quem é uma fraude.
Porque o contrário, a crença nos pseudos, nos burlões, e deixar essas fraudes fazerem o que querem, dá sempre maus resultados.

A ciência e o pensamento crítico, funcionam!
Os pseudos sempre se provaram serem uma mentira.

57 comentários

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  1. Eu fui aluno na Universidade da Madeira e tive uma disciplina chamada “Pensamento Crítico”, por isso vejo que é possível aprender a desenvolver um pensamento crítico na universidade.

    Entendo o seguinte:

    1- Sabemos que “algo” existe quando constatamos que “algo” acontece, pois o acontecimento é para nós a prova da sua própria existência. Contudo, simplesmente por não constatarmos ou conseguirmos explicar a existência de “algo”, isso não prova de forma absoluta que esse “algo” não existe, a menos que o universo seja finito e já conheçamos absolutamente tudo o que existe nele.

    2- Muitas das coisas feitas pela ciência que utilizo no dia à dia funcionam. Confio na ciência porque vejo que ela conhece um pouco sobre a realidade, e faz muitas coisas que funcionam. Porém, isso não exclui a possibilidade de existir corrupção, mentira ou ocultação da verdade dentro da esfera científica em diversos assuntos.

    3- Não temos todas as respostas. Mas o pensamento crítico baseia-se apenas nas respostas que já temos. É útil no dia à dia quando tentamos tomar decisões acertadas. Mas não serve para formar opiniões sólidas sobre assuntos desconhecidos.

    4- Pareceu-me que, tal como o texto publicado, a ciência também não conseguiu provar que tudo isto era verdade ou fraude. Qualquer afirmação sobre algo desconhecido é apenas uma teoria, uma suposição, um julgamento.

    5- O bom senso diz-me para não negar nem afirmar aquilo que desconheço. Talvez seja melhor não dizer nada. No máximo, sinto-me no direito de dizer que imagino / não imagino que isto seja possível.

    Abraços

    1. Sim, a ciência consegue provar que é fraude.

      Claramente devia ter assistido às minhas aulas, onde se desenvolvia o pensamento crítico. Porque se tivesse estas falhas no pensamento lógico, não passaria na minha disciplina 😉

      O pensamento crítico não é importante naquilo que já se tem as respostas. Nisso, já se tem as respostas!
      O pensamento crítico é importante precisamente naquilo que não se sabe.

      Quando não se tem as certezas das respostas, é que é essencial ter-se pensamento crítico para se saber o que é mais provável (porque é nesta base que funciona a ciência e o raciocínio lógico).

      Ora, este meu artigo penso que clarifica algumas noções sobre podermos saber muitas respostas, mesmo não sabendo a resposta certa:
      https://www.astropt.org/2013/05/05/nao-sabemos-tudo-mas-sabemos-o-que-nao-e/

      abraços

  2. não quero ser tomado como rude, mas dizer que o progresso é simplesmente feito, e unicamente pela ciência é um grande disparate… desde sempre que tanto a ciência como as artes, assim como a politica e outras áreas andam de mão dada, mesmo quando não o querem fazer.
    a arte sempre motivou as pessoas a agir, não se trata simplesmente de “um quadro bonito na parede”, e quando o é pode-se equiparar a um novo iphone ou a uma nova versão do windows…
    da mesma forma que grandes cientistas inspiraram grandes artistas, de igual forma grandes artistas inspiraram cientistas e pessoas comuns a quererem e a exigirem mais.

  3. Só um adendo ao meu comentário (não sei se é possível editá-lo)
    TUDO PODE TER SIDO INVENTADO PELA CIÊNCIA E SEUS MÉTODOS, MAS DE QUE VALE A INVENÇÃO SE NÃO HÁ QUEM A EXECUTE. E quem executa na grande maioria das vezes não sabe ainda que a terra é redonda, e acredita veementemente que Deus criou o homem e a mulher do barro. Se todos fossem criadores de conhecimento não existiria quem executasse.

    1. Quem executa também é criador de conhecimento.
      Mas, mais importante para o meu artigo, é que quem executa pode e deve ter pensamento crítico.

      abraços

        • Gesner FR on 11/04/2014 at 18:08

        No caso de um trabalhador e um cientista existem inúmeras diferenças, como você disse, eles também são criadores de conhecimento, mas são mundos diferentes, conhecimentos diferentes e estes merecem respeito.

      1. Concordo. Parece-me que você não respeitou o conhecimento do Joaquim, e assumiu que só por ele andar a carregar tijolos quer dizer que não poderia ter pensamento crítico. O que é mentira. E está bem explícito no texto e noutros artigos aqui no blog o porquê de ser mentira.

        • Gesner FR on 11/04/2014 at 18:31

        não estávamos falando de conhecimento científico?
        Então você acredita que o conhecimento que o “seu joaquim” produz é de relevância científica?
        Não disse que não é importante, pelo contrário, aprendi mais conversando com meu pai analfabeto do que lendo seus artigos.
        Até porque o que você diz é muito importante, mas no meu contexto de vida não aplico a maioria deles.

      2. Gesner,

        Não lhe admito argumentos pessoais, por isso não lhe aprovei o outro comentário.

        Sobre esse comentário, só lhe vou dizer que por cada Einstein (que provou o que dizia e não andava a dizer que era a sua opinião ou a sua crença) existem 10 mil charlatães com ideias estúpidas que nunca terão sequer uma adenda num livro de História ou de Ciência.
        Eu sei que esse argumento (de que uma ideia estúpida de alguém pode vir a revelar-se um Einstein) é muito usado nas pseudo-ciências, mas é totalmente falso.

        Sim, existe conhecimento que o sr. Joaquim pode produzir que pode ter relevância científica (precisamente porque ele está com as “mãos na massa”… ele está na fase da experiência).

        Se aprendeu mais com o seu pai do que lendo os meus artigos, então o que sugiro é que fale mais com o seu pai e não me faça perder mais tempo consigo.

        Quanto a não aplicar o que eu digo no seu contexto de vida, só me prova que você não lê os meus artigos. Porque qualquer pessoa utiliza aquilo que eu digo milhões de vezes ao dia. Como aliás, já lhe mostrei num artigo que lhe dei o link anteriormente.
        http://www.astropt.org/2011/05/21/profecias-da-ciencia/

        Mas como já se percebeu, o Gesner não entrou aqui para aprender com quem sabe mais destes assuntos que você.
        Você entrou aqui com as suas crenças, com as suas opiniões, e o seu fundamentalismo não o deixa tentar aprender o que a natureza lhe tem para ensinar. Sendo assim, acabo aqui a discussão porque não vou perder mais tempo consigo.

        • Gesner FR on 11/04/2014 at 18:55

        Sou cabeça dura e cheguei aqui com um monte de opiniões formadas.
        Espero aprender mais com coisas que me convençam, se não me dei por convencido do tema restrito do qual falávamos peço perdão.
        Além disto peço perdão pela minha ignorância que não me deixou compreender que só a ciência é a chave.
        Deixo claro que nada foi para ofender.
        Estou a espera de palavras que me façam mudar de opinião, e bom que tenho a oportunidade de questionar, mesmo com meus argumentos fundamentalistas.

    • Gesner Rezende on 11/04/2014 at 17:36
    • Responder

    Primeiro gostaria de agradecer pela estruturação dos argumentos, que foi linda, implacável.
    Segundo lugar, o português muito bem escrito.
    Agora vamos aos pontos de vista. Concordo inteiramente com você pelos fundamentos expostos, entretanto discordo quanto a importância das pseudociências.
    Vivemos numa realidade na qual a ciência de fato é para poucos, poucos que, ou tem dinheiro para adquirir conhecimento ou tem muita força de vontade.
    Li brevemente o seu currículo e admiro quantas qualificações você tem e um profissional do seu calibre corresponde com as expectativas deste tema. Entretanto, creio que você ama o que faz e a sensação que a busca pelo conhecimento lhe trás, ao mesmo tempo que eu amo o que faço e pretendo enriquecer o mundo exercendo minha futura profissão, a advocacia.
    Mas há de concordar comigo que o que faz essa linda máquina que chamamos de mundo funcionar são as engrenagens, e estas com tamanhos diferentes e funções diferentes no fim das contas servem para um só objetivo, funcionar a máquina.
    Trocando em miúdos, todas as crenças e todas as áreas do conhecimento tem igual valor. Porque o que equilibra o conhecimento exagerado é a ignorância.
    Por mais que seja intransigente o que irei dizer corresponde ao meu ponto de vista.
    O mundo depende dos ignorantes, porque os ignorantes tem tanto valor quanto os não-ignorantes.
    Nenhum engenheiro civil pegaria “no pesado” para erguer a casa/apartamento que o senhor mora. Mas o “Joaquim” que não estudou e que frequenta a Igreja Universal, doa 10% pros bandidos, digo, pastores, coloca a “mão na massa” e faz o serviço.
    O excesso de informação e evolução das sociedades tem feito a economia ruir, é oque observamos de maneira abrangente na Europa.
    A evolução do pensamento e da ciência é importantíssima, mas não podemos desprezar a ignorância, até porque sem ignorância não existiria praticamente nada na sociedade.
    Logo, por mais importante que seja a evolução de todos os ramos da ciência de fato nada disso seria possível sem a força bruta, e esta na maioria das vezes vem aliada a uma baixa capacidade intelectual.
    Quem carregaria tijolos no sol quente com diploma de doutor?
    Todas as crenças são importantes para a sociedade e mesmo que a ciência esteja correta a forma que o senhor se posicionou em relação aos pseudos me deixa profundamente magoado, O conhecimento que tens deveria vir acompanhado de um pouco menos de preconceito.
    As fezes de um animal são tão importantes para o mundo quanto o seu conhecimento científico, guardadas as devidas proporções. No fim das contas o que supre nossas necessidades são as coisas mais básicas.(Não quis fazer nenhuma ofensa, tão pouco menosprezar o valor da ciência)
    Peço perdão pelos possíveis erros de português, assim como as coisas que possam lhe ofender, este é o meu jeito de me posicionar.

    1. Oi,

      “todas as crenças e todas as áreas do conhecimento tem igual valor. ”

      Não. O conhecimento é-nos dado pela natureza. As minhas crenças, as suas crenças, as crenças de quem quer que seja, são sempre inferiores à realidade que nos é dada/imposta pela natureza.
      Posso-lhe garantir que o Sol vai continuar a dar-nos luz, mesmo que você acredite que não. A sua crença é sempre inferior à realidade.
      Você pode acreditar que se se atirar do topo de um prédio, vai poder voar. É a sua crença. Mas a sua crença é inferior à realidade. Por isso, a gravidade vai ganhar e você vai-se estatelar no chão.

      O Joaquim pode continuar a carregar tijolos, pode ser ignorante em certos assuntos (como nós todos somos em diferentes assuntos), mas não precisa se deixar levar pelas vigarices. Ou seja, pode carregar tijolos e ter na mesma pensamento crítico.

      Todos nós somos ignorantes em diversos assuntos, e todos nós apresentamos pensamento crítico milhares de vezes ao dia… e sempre com 100% de sucesso.
      http://www.astropt.org/2011/05/21/profecias-da-ciencia/

      Ser ignorante ou ter pensamento crítico são coisas diferentes…
      Eu não sou médico. Não exerço medicina, nunca estudei medicina, nem nada percebo de medicina. Sou ignorante em medicina.
      No entanto, se eu tiver que fazer uma operação ao cérebro, prefiro ir a um médico neuro-cirurgião do que ao meu vizinho que é trolha e que diz que lê livros e consegue me curar o cérebro à martelada.
      O facto de eu ser ignorante a medicina não quer dizer que não tenha sentido crítico de modo a saber escolher os especialistas.

      Como vê, não há qualquer preconceito da minha parte. Mas há preconceito seu. Porque você assumiu que o Joaquim teria que, além de ignorante, ser burro e não saber escolher as coisas. Já eu separo bem os assuntos.
      Mais, eu sei que há muitos “Joaquins” (e alguns com diplomas, licenciaturas e doutoramentos) que lhes falta esse pensamento crítico. Infelizmente, nas universidades não se aprende a pensar….

      abraços

        • Gesner Rezende on 11/04/2014 at 18:06

        O conhecimento, mesmo que não correspondente à realidade é dado por alguma circunstância natural, o cara acreditar que um charlatão vai curá-lo é porque a natureza evoluiu para que existissem pessoas que ludibriam as outras.
        Todo todas as crenças são válidas.
        Disse que o sujeito fictício de nome “Joaquim”, no caso em tela, seria ignorante (uma enorme diferença de ser burro).
        Se acreditas que a pessoa vai pular de um prédio achando que vai voar é melhor que se esborrache no chão e morra, ai daremos razão a Darwin e isso seria uma evolução. Porque uma pessoa que tem um pensamento não exagerado e tão sem lógica não tem capacidade de viver em sociedade normalmente.
        No tocante da minha resposta usei exemplos palpáveis, que são possíveis de acontecer, agora dizer que alguém vai pular de um prédio porque acredita voar só aconteceria por motivo de algum desarranjo mental. E este exemplo é simplesmente extremista.

      1. Nenhuma crença é válida.

        É a natureza que avalia o conhecimento de cada um. Já explicado por diversas vezes aqui no blog.

        • Gesner Rezende on 11/04/2014 at 18:46

        Se nenhuma crença é válida me explique o seguinte fato.
        Anos atrás se acreditava que a terra era o centro do universo (Geocentrismo)-ISSO É UMA CRENÇA
        A partir disso um cara, gente boa e inteligente de verdade começou a questionar isso, e a partir de métodos científicos ele concluiu que na verdade a terra girava em torno do Sol. -ISSO É CIÊNCIA
        Pense, uma coisa depende da outra, sem crenças não existe questionamento. E como diria a propaganda da TV Futura, não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas.
        As crenças geram questionamentos que são refutados pela ciência.
        No caso deste senhor foi pesquisado a respeito das bactérias que vivem no intestino, se somente a morte delas e absorção pelo sistema digestivo, no próprio trato intestinal seria suficiente para sobreviver. Chegou-se a conclusão que isso não é possível.
        A crença, por mais estúpida que seja é o gatilho para novas descobertas.

      2. “Anos atrás se acreditava que a terra era o centro do universo (Geocentrismo)-ISSO É UMA CRENÇA”

        Há 2 formas de ver isso.
        A primeira é que por ser uma crença, prova-se que não era válida. Ou seja, o que eu disse, está correto.
        A segunda forma de ver é que não era uma crença, mas sim uma forma de ver o mundo que se baseava no movimento aparente dos astros, e não no seu real movimento. E funcionava perfeitamente para as necessidades da altura (para saber estações, para saber quando cultivar, acordar, etc, era indiferente ser geocentrismo ou heliocentrismo). Atualmente temos outras necessidades, como satélites, GPS, sondas noutros mundos, por isso o geocentrismo não serve.

        “A partir disso um cara, gente boa e inteligente de verdade começou a questionar isso, e a partir de métodos científicos ele concluiu que na verdade a terra girava em torno do Sol. -ISSO É CIÊNCIA”

        Não. O geocentrismo servia perfeitamente para as necessidades da altura.
        Só se passou a questionar quando tivemos uma outra necessidade: criar um calendário mais preciso.

        E nunca é “um cara” que pensa isso. É sempre um conjunto de pessoas que simultaneamente estão a trabalhar no mesmo assunto, porque a sociedade, como um todo, já evoluiu nesse sentido, mesmo que não se dê conta.

        “Pense, uma coisa depende da outra, sem crenças não existe questionamento.”

        Não. Eu não tenho qualquer crença relativa a extraterrestres. E questiono-me e investigo esse assunto.
        O que vier, vem. É o que a natureza apresenta que vai ser aceite por mim.

        “não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas.”

        Perguntar está na base da ciência. A crença não.
        Crença é acreditar em algo sem provas. É afirmar algo só porque sim. É dar a resposta.
        Perguntar é querer saber a resposta porque não se sabe.

        Você está a colocar ao mesmo nível, duas conceções completamente antagónicas do mundo. E isto é obviamente um enorme erro.

        “As crenças geram questionamentos que são refutados pela ciência.”

        Não. As crenças não geram nada. As crenças são respostas pessoais a algo. Não geram nada, a não ser fundamentalismos e extremismos. Crença é o contrário de querer aprender.

        “A crença, por mais estúpida que seja é o gatilho para novas descobertas.”

        Totalmente errado.

        • Gesner Rezende on 11/04/2014 at 19:04

        Acho que não me fiz entender.
        Uns creem os outros questionam.
        Os que questionam obtém respostas,
        Os que creem criam apenas o problema a ser resolvido.
        Você não crê em Seres Extraterrestres, mas você confia na possibilidade matemática de tal fato?
        Basicamente, confiar na possibilidade matemática de existir já é crer. (Não sei se ficou claro o meu ponto de vista, mas se eu digo: Eu creio que existem E.T’s por ai, por que existe probabilidade matemática para tal)
        Não existe motivo para buscar nada que não se acredite, pelo ou menos um mínimo, existir. Não faz sentido.

      3. “Os que creem criam apenas o problema a ser resolvido.”

        Há quem creia atualmente que a Terra é o centro do mundo, que a Terra é plana, que a homeopatia funciona, que a astrologia funciona, etc.
        Não existe aqui qualquer problema para ser resolvido.
        Já se sabe há muito tempo que estas coisas são mentiras.

        “mas você confia na possibilidade matemática de tal fato?”

        Esse princípio é filosófico, não científico.
        A ciência é toda ela feita de probabilidades, não de possibilidades.
        Em termos de probabilidades, é provável que existam seres (nem que sejam bactérias) noutros mundos.
        Não é uma crença. Porque se a resposta for negativa e nada existir, por mim, está tudo bem na mesma.

        Por outro lado, Confiar em algo e Crer em algo, são conceitos diferentes.
        Eu confio que a Gravidade amanhã vai funcionar da mesma forma que hoje. É uma confiança que eu tenho, tendo em conta todas as evidências atuais e passadas. Não é uma crença, que por definição não contém esse tipo de evidências.

        • Gesner Rezende on 11/04/2014 at 19:18

        Não quis dizer crenças irrelevantes. Estou falando de crenças que tem potencial para dar questionamento para coisas importantes. Não seja extremista. Imagine “crenças” comuns e não completamente fora de contexto.
        Obs.: Você quis dizer que a terra é o centro do universo? (“… a terra é o centro do mundo”)

        • Gesner Rezende on 11/04/2014 at 19:21

        eu disse: “você confia na possibilidade matemática de tal fato?”
        Tradução: Você acredita que de acordo com a matemática aplicada para estabelecer as estatísticas existe probabilidade de que exista vida, de qualquer espécie?

      4. Terra ser centro do mundo, naquele tempo, queria dizer universo. Atualmente eles referem-se à mesma coisa 😉
        O que para eles é o “mundo”, para nós quer dizer “Universo”.

        Todos os exemplos que lhe dei foram de crenças comuns…

      5. A matemática é uma ferramenta utilizada pela ciência. Mas não é a realidade.
        É-me irrelevante o que a matemática diz. Se existir, existe. Se não existir, não existe. Só procurando saber mais, é que se poderá ter a resposta.

        • Gesner Rezende on 11/04/2014 at 19:29

        ah sim, agora entendi, obrigado

  4. Carlos Oliveira

    Concordo com a generalidade do texto, no entanto, fica a perene afirmação de querer reduzir tudo à ciência. Eu pessoalmente, não concordo. Se o Ser Humano é apenas ciência, não entendo porque a seleção natural não nos forneceu um mecanismo puramente matemático, afinal, parece que também nos deu? uma consciência subjetiva. A ciência ajuda-nos todos os dias, sem ela estávamos com toda a certeza piores, mas daí a querer arranjar ciência para tudo e mais qualquer coisa, parece-me uma façanha hercúlea.

    Não esquecer que o desenvolvente da ciência é o próprio Ser Humano, querer afastá-lo para o que é puramente matéria, é um erro crasso – a parapsicologia é uma ciência (pese alguns serem de opinião contrária) – http://pt.wikipedia.org/wiki/Parapsicologia

    Quererem responsabilizar o carvalho, por terem feito dele um aríete, não é um “pensamento crítico” – é verdade que existe muita pseudociência, mas bem vistas as coisas, vivemos num planeta com pseudomuitacoisa.

    Sobre a sociologia, permite-me dar um exemplo de crença subjacente ao que disseste:

    “O Tiago não devia ficar decepcionado por eu dizer a verdade: que a sociologia é subjectiva, e daí, segundo a minha definição, não é ciência.”

    Pensamento crítico – O Ser Humano defini-se na ciência, a ciência explica tudo, a ciência é objetiva, logo, a sociologia é determinística. Tem que ser, se as três premissas estão corretas – nem que esta ainda não tenha colocado a descoberto todas os mistérios da natureza.

    Sobre outro ponto:

    “Sim, já vi átomos.”

    Julgo que os quarks nunca foram vistos…….assim como os gravitões (mas já sei que o Richard Dawkins nos diz para experimentarmos uma queda de um edifício). Eu poderia-lhe dizer que “desejar a mulher alheia” é um pecado mortal e que pela existência dos “desejões” vamos para o inferno – só que não tem um efeito imediato como a gravidade (neste exemplo) – principio da localidade. Isto é um absurdo sem pés nem cabeça, claro, mas dá para perceber “o pensamento crítico” por alguém que se intitula Cientista.
    Já disse que os fundamentalistas religiosos estão, pelo teorema de Bernoulli, à mesma pressão que alguns fundamentalistas científicos, e temo, ter razão – não tenho observado outra coisa, senão, sempre do mesmo – Richard Dawkins é um desses.

    De resto, a cautela à pseudoqualquercoisa, não parte da ciência, parte pelo conhecimento, pela sabedoria – por isso, a preocupação deve ser a educação que dá-mos aos nossos filhos e a nós próprios.

    Obrigado e cumprimentos.

    1. Sendo sincero, não entendi nada do que disse.

      Misturou sociologia (que não é ciência), a gravitões (que se saiba, não existem), com o artigo em cima.

      Em relação ao artigo, mostra claramente que estamos na presença de uma vigarice.
      O resto são red herrings.

      abraços

        • Nuno on 25/09/2013 at 19:05

        Carlos Oliveira

        Eu não misturei Sociologia com gravitões, apenas me referi ao facto de entenderes que a Sociologia é subjetiva, quando, se partirmos de um princípio que tudo é ciência – tudo o que deriva da ciência, é a própria ciência. Assim sendo, em ultima análise, todas as disciplinas que rodeiam o Ser Humano são ciência (uma vez que tudo terá explicação física) – logo a sociologia é ciência, é objetiva (não estou a dizer que é – apenas na onda do raciocínio…)

        Sobre os gravitões (quer existam quer não), apenas fiz uma analogia rabiscada do que o Dawkins diz sobre a gravidade, quando questionado pela falta de profundidade que a ciência hoje tem sobre esse fenómeno.

        Apenas quis de alguma forma alertar que o fundamentalismo, esteja onde estiver, não é bom companheiro.

        Sobre o artigo em apreço, tem tudo para ser uma fraude, no entanto, quem foram os cientistas que acompanharam o Sr.? e já agora, quinze dias é suficiente para concluir o que eles concluíram?

        Cumprimentos.

        Cumprimentos

      1. Sociologia não é ciência, porque lida com pessoas.

        Quanto aos testes ao senhor, como diz o texto, não existiram experiências objectivas com ele 😉

        abraços

    • MIGUEL DE VASCONCELLOS BAPTISTA on 18/10/2012 at 20:30
    • Responder

    NINGUEM FICA MAIS DE 40 DIAS E 4O NOITES..SEM COMER NADA ! NEM CAINDO DO CÉU..O TAL MANJAR DE JEOVÁ AOS HOMENS ( O SANTO MANÁ )

  1. […] – Pseudo-astronomia: Pulseiras Quânticas (fraude, falência). Indiano de 179 anos. Prahlad Jani (morte, Respiratorianismo). Boriska. Braco. Reiki (patetice). Terapias Alternativas. Leitora de […]

  2. […] com mera água. O meu produto é somente ÁGUA. Há quem faça isto na realidade com a mera luz do Sol e até com o mero […]

  3. […] e partículas subatómicas. Declarem que de alguma forma a experiência do double-slit prova que é possível deixar de comer e viver apenas da luz do Sol, ou até mesmo realizar todos os desejos pedindo por favor ao Universo com pensamentos […]

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