Já falamos sobre o Alexandre Aibéo, aqui, aqui, e aqui.
Agora, ele explica-nos a estrutura interna do Sol, de forma bastante clara, usando para isso uma laranja e outros exemplos do dia-a-dia (como a sopa).
Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico.
Licenciatura em Gestão de Empresas.
Licenciatura em Astronomia, Ficção Científica e Comunicação Científica. Doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas.
Foi Research Affiliate-Fellow em Astrobiology Education na Universidade do Texas em Austin, EUA.
Trabalhou no Maryland Science Center, EUA, e no Astronomy Outreach Project, UK.
Recebeu dois prémios da ESA (Agência Espacial Europeia).
Realizou várias entrevistas na comunicação social Portuguesa, Britânica e Americana, e fez inúmeras palestras e actividades nos três países citados.
Criou e leccionou durante vários anos um inovador curso de Astrobiologia na Universidade do Texas, que visou transmitir conhecimento multidisciplinar de astrobiologia e desenvolver o pensamento crítico dos alunos.
Filipe, repare que a origem de toda a energia emitida pelo Sol é o núcleo.
O que acontece é que os fotões produzidos no núcleo (originalmente na forma de raios gama), vão perdendo energia ao longo da Zona Radiativa (como é descrito no vídeo). Quando finalmente são libertados na Fotosfera, já estão (maioritariamente) no visível e no infravermelho.
Ou seja, apesar dos fotões de luz visível que vemos serem, de facto, emitidos na Fotosfera, a origem deles é o núcleo.
A razão para ter sido “ignorada” a fotosfera no video é que, estando no topo da zona convectiva, o fotão não passa praticamente tempo nenhum nela, pois não existe nada a impedir a sua propagação.
O “tempo de viagem” dos fotões é, grosso modo, este:
– Atravessar a Zona Radiativa -> 500 mil a 2 milhões de anos
– Atravessar a Zona Convectiva -> Alguns dias
– Fotosfera -> “Imediato”
E por isso, nesta autêntica epopeia que é a viagem do fotão, a fotosfera é praticamente negligenciável.
Quanto à segunda parte da sua pergunta, é verdade que, se conseguissemos retirar um pedaço do nucleo da Terra (Ferro a uma temperatura, segundo a wikipedia, de 5700K, ou 5430º C), ele brilharia praticamente com a mesma cor que o Sol (a temperatura da fotosfera ronda os 5700K).
Já o que sai cá para fora, a lava, é rocha derretida entre os 1000 e os 1500ºC, ou seja, emite bastante no infravermelho. No entanto, o que nós vemos é a pouca emissão no visível, não é a emissão de infravermelho, pois esta é invisível para os nossos olhos.
A verdade é que tudo no Universo “emite luz” de alguma forma… até o próprio Universo! Por luz entenda-se radiação electromagnética, que pode ir dos raios gama, passando pelos raios X e ultravioletas, ao visível, infravermelhos, micro-ondas e rádio:
Ou seja, a maior parte desta luz não conseguimos ver com os nossos olhos. Mas podemos usar aparelhos que observam nessas bandas, e que transformam o que nós não vemos em imagens de cores falsas.
Por exemplo, os seres humanos, com temperaturas de cerca de 35ºC, emitem só no infravermelho. Numa sala escura, não veriamos uma pessoa, mas no infravermelho, “brilhamos” bastante:
A poeira interestelar, com temperaturas a rondar os 10k, emitem nas micro-ondas. E também nas micro-ondas emite o próprio Universo. Com uma temperatura de 2,7 K (-270º C), o próprio Universo tem uma “luz de fundo”, conhecida como radiação cósmica de fundo, uma emissão na banda das micro-ondas. Se conseguissemos ver nesta banda, este seria o aspecto do nosso céu:
Ou seja, observar em vários comprimentos de onda permite-nos ver coisas diferentes, a diferentes temperaturas. Um bom exemplo são estas imagens da galáxia Centauro A:
Depois dessa explicação até me parece que a luz que vemos do Sol vem do núcleo! Eu percebo a ideia de arranjar um narrador da história que comece a sua epopeia no centro do Sol e termine a viagem chegando aos nossos olhos, mas isso oculta por completo a fotoesfera… Enfim, há sempre comentários de “não explicou isto ou aquilo” que se podem fazer, por isso acho que não é relevante..
Já agora, no núcleo da terra também são produzidos fotões, certo? Pelo menos eu imagino que quando o magma sai cá para fora, ele emite bastante no infravermelho, e à noite vê-se bem.. Se imaginarmos retirar um pedacito de núcleo terrestre para fora da crusta opaca, deve emitir luz à temperatura que ele está..
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2 comentários
spitzer.caltech.edueso.orgeso.orgeso.org…
Filipe, repare que a origem de toda a energia emitida pelo Sol é o núcleo.
O que acontece é que os fotões produzidos no núcleo (originalmente na forma de raios gama), vão perdendo energia ao longo da Zona Radiativa (como é descrito no vídeo). Quando finalmente são libertados na Fotosfera, já estão (maioritariamente) no visível e no infravermelho.
Ou seja, apesar dos fotões de luz visível que vemos serem, de facto, emitidos na Fotosfera, a origem deles é o núcleo.
A razão para ter sido “ignorada” a fotosfera no video é que, estando no topo da zona convectiva, o fotão não passa praticamente tempo nenhum nela, pois não existe nada a impedir a sua propagação.
O “tempo de viagem” dos fotões é, grosso modo, este:
– Atravessar a Zona Radiativa -> 500 mil a 2 milhões de anos
– Atravessar a Zona Convectiva -> Alguns dias
– Fotosfera -> “Imediato”
E por isso, nesta autêntica epopeia que é a viagem do fotão, a fotosfera é praticamente negligenciável.
Quanto à segunda parte da sua pergunta, é verdade que, se conseguissemos retirar um pedaço do nucleo da Terra (Ferro a uma temperatura, segundo a wikipedia, de 5700K, ou 5430º C), ele brilharia praticamente com a mesma cor que o Sol (a temperatura da fotosfera ronda os 5700K).
Já o que sai cá para fora, a lava, é rocha derretida entre os 1000 e os 1500ºC, ou seja, emite bastante no infravermelho. No entanto, o que nós vemos é a pouca emissão no visível, não é a emissão de infravermelho, pois esta é invisível para os nossos olhos.
A verdade é que tudo no Universo “emite luz” de alguma forma… até o próprio Universo! Por luz entenda-se radiação electromagnética, que pode ir dos raios gama, passando pelos raios X e ultravioletas, ao visível, infravermelhos, micro-ondas e rádio:
http://incertezaemprincipio.files.wordpress.com/2010/03/em_spectrum3-new.jpg
Ou seja, a maior parte desta luz não conseguimos ver com os nossos olhos. Mas podemos usar aparelhos que observam nessas bandas, e que transformam o que nós não vemos em imagens de cores falsas.
Por exemplo, os seres humanos, com temperaturas de cerca de 35ºC, emitem só no infravermelho. Numa sala escura, não veriamos uma pessoa, mas no infravermelho, “brilhamos” bastante:
http://www.spitzer.caltech.edu/uploaded_files/images/0003/4757/sig08-004_Sm.jpg
A poeira interestelar, com temperaturas a rondar os 10k, emitem nas micro-ondas. E também nas micro-ondas emite o próprio Universo. Com uma temperatura de 2,7 K (-270º C), o próprio Universo tem uma “luz de fundo”, conhecida como radiação cósmica de fundo, uma emissão na banda das micro-ondas. Se conseguissemos ver nesta banda, este seria o aspecto do nosso céu:
http://wmap.gsfc.nasa.gov/media/080997/080997_5yrFullSky_WMAP_1024W.jpg
Ou seja, observar em vários comprimentos de onda permite-nos ver coisas diferentes, a diferentes temperaturas. Um bom exemplo são estas imagens da galáxia Centauro A:
Visível:
http://www.eso.org/public/archives/images/screen/eso0005b.jpg
Rádio:
http://images.nrao.edu/images/CentaurusA_VR37_med.jpg
Raios X:
http://chandra.harvard.edu/photo/2002/0157/0157_xray.jpg
Infravermelho:
http://www.eso.org/public/archives/images/screen/eso0944b.jpg
Micro-ondas:
http://img560.imageshack.us/f/img571y.jpg/
Visivel+micro-ondas+Raios X:
http://www.eso.org/public/archives/images/screen/eso0903a.jpg
Visivel+Rádio+Raios X:
http://chandra.harvard.edu/photo/2002/0157/0157_xray_opt_radio.jpg
Depois dessa explicação até me parece que a luz que vemos do Sol vem do núcleo! Eu percebo a ideia de arranjar um narrador da história que comece a sua epopeia no centro do Sol e termine a viagem chegando aos nossos olhos, mas isso oculta por completo a fotoesfera… Enfim, há sempre comentários de “não explicou isto ou aquilo” que se podem fazer, por isso acho que não é relevante..
Já agora, no núcleo da terra também são produzidos fotões, certo? Pelo menos eu imagino que quando o magma sai cá para fora, ele emite bastante no infravermelho, e à noite vê-se bem.. Se imaginarmos retirar um pedacito de núcleo terrestre para fora da crusta opaca, deve emitir luz à temperatura que ele está..