Hoje trago-vos 3 imagens que mostram a grandeza do Universo.
A imagem de cima é uma fotografia da Terra (o pontinho branco no meio). É uma foto tirada pelo rover Spirit, a partir de Marte, um planeta pertíssimo de nós. Mesmo vendo de perto, a Terra é minúscula. De mais longe não se vê o nosso planeta. E no entanto existem milhões de sistemas solares na nossa galáxia e biliões de galáxias no Universo.
No seu livro “O ponto azul-claro”, Carl Sagan percebeu que a Terra é somente um pontinho no Universo, como se vê na imagem acima, e disse:
“Observe o ponto mais uma vez. É aqui. É a nossa casa. Somos nós. Nele vivem ou viveram todas as pessoas que ama, todas as pessoas que conhece, todas as pessoas de que ouviu falar, todos os seres humanos que alguma vez existiram.
A conjunção da nossa alegria e do nosso sofrimento, milhares de religiões confiantes, ideologias e doutrinas económicas, todos os caçadores e recolectores, todos os heróis e cobardes, todos os criadores e destruidores da civilização, todos os reis e camponeses, todos os jovens casais apaixonados, todas as mães e pais, crianças esperançadas, inventores e exploradores, todos os professores de moral, todos os políticos corruptos, todas as «superestrelas», todos os «líderes supremos», todos os santos e pecadores da história da nossa espécie viveram lá – numa partícula de poeira suspensa num raio solar.
A terra é um palco muito pequeno, numa imensa arena cósmica.
Pense nas infinitas crueldades infligidas pelos habitantes de um canto desse pixel, nos quase imperceptíveis habitantes de algum outro canto… como são frequentes os seus desentendimentos, como eles estão sedentos de se matar uns aos outros, como fervilham os seus ódios.
Pense nos rios de sangue derramados por todos esses generais e imperadores para que, em glória e triunfo, eles pudessem ser os chefes momentâneos de uma fracção de um ponto.
As nossas atitudes, a nossa imaginária auto-importância, a ilusão de que temos alguma posição privilegiada no universo, são desafiadas por este ponto de luz pálida.
O nosso planeta é um pontinho solitário na grande e envolvente escuridão cósmica.
Na nossa obscuridade, em toda essa imensidão, não há indício de que a ajuda virá de algum outro lugar para salvar-nos de nós mesmos.”
Esta é a grande mensagem de Carl Sagan.
No entanto, mesmo esta imagem é enganadora, porque é tirada da nossa vizinhança.
O Universo é muito maior do que isto, e a Terra é invisível, insignificante, irrelevante.
Na imagem de baixo, na esquerda, temos o Sistema Solar em que a Terra só se vê porque é um diagrama.
Depois temos a nossa vizinhança de estrelas (vê-se o Sol, mas não se vê os planetas).
Na imagem seguinte vemos a nossa Galáxia, Via Láctea – a este nível, o nosso Sol é uma estrela insignificante em 300 mil milhões de outras estrelas.
Seguidamente vemos o nosso Grupo Local, de que a nossa Galáxia faz parte, e percebe-se que a nossa Galáxia tem várias galáxias vizinhas.
O nosso Grupo Local faz parte de um super-aglomerado de grupos, em que o nosso grupo é insignificante nestas escalas.
(cliquem sobre as imagens para as ampliarem, e devem depois clicar mais uma vez sobre as imagens para as ampliarem ainda mais)
Na imagem mais abaixo, ainda há mais detalhes desta insignificância.
Na imagem da esquerda, vê-se a Terra, que parece enorme.
Seguidamente temos um diagrama do Sistema Solar, em que se tirássemos fotos, a Terra a este nível já nem se vê de tão insignificante que é.
Depois temos a nossa vizinhança de estrelas (vê-se o Sol, mas não se vê os planetas).
Na imagem seguinte vemos a nossa Galáxia, Via Láctea – a este nível, o nosso Sol é uma estrela insignificante em 300 mil milhões de outras estrelas; não só o nosso Sol é insignificante, mas toda a nossa vizinhança estelar (que estamos habituados a ver no céu) é totalmente insignificante.
Seguidamente vemos o nosso Grupo Local, de que a nossa Galáxia faz parte; a nossa Galáxia é somente uma de um grupo constituído por várias dezenas de galáxias, e não tem nada de especial.
Depois temos o Aglomerado da Virgem, em que se vê que o nosso Grupo Local não passa de um pequeno grupo nesse aglomerado, e não é o mais central, o melhor, o maior, etc – não tem nada de especial.
Depois temos um Super-Aglomerado Local em que vários Aglomerados vizinhos se agrupam, e em que se percebe que o nosso, da Virgem, é totalmente irrelevante de tão impercetível que é.
Por fim, temos o Universo Observável, que é constituído por tudo o que alguma vez poderemos ver/detetar no Universo – nele podemos perceber que a grandiosidade do Super-Aglomerado Local é totalmente irrelevante, já que em termos de grandezas é menor que uma bactéria comparada com o Sistema Solar; é insignificante, irrelevante.
Por fim, refiro que o Universo Observável poderá fazer fazer de um Universo Total, em que o Universo Observável não é mais do que uma migalha insignificante desse Universo Total – e sendo assim, tudo o que vemos do Universo é irrelevante.
Ao ver estas imagens percebemos a falácia das religiões (que assumem um ser criador do Universo, que depois anda em micro-intervenções em pontinhos insignificantes do Universo, o que é um paradoxo), a falácia dos crentes em OVNIs pilotados por ETs (que é uma crença religiosa, em que trocam a noção de Deus por extraterrestres muito avançados que paradoxalmente acham que a Terra é muito especial), a falácia das pseudosciências (em que os pseudos assumem que existe algo muito especial com o que eles pensam de supostos “conhecimentos secretos” na Terra) como por exemplo a astrologia (que continua a viver de colocar a Terra no centro de um pequeníssimo Universo), etc.
Este é um geocentrismo psicológico que continua a existir nos Humanos. Acharem-se muito especiais e acharem que vivem num sítio especial. Tal como muitas outras coisas, esta é uma ideia limitada ao cérebro humano (desejos pessoais), que nada tem a ver com a realidade.
Na verdade, como se pode ver nas imagens e diagramas acima, a regra do Universo é o Princípio da Mediocridade: não há nada de especial com o ser humano ou com a Terra.
16 comentários
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Author
Superaglomerado local.
Há quem também divida em Grupo Local – Aglomerado da Virgem – SuperAglomerado da Virgem.
morada cósmica? Para quem estás a pensar escrever? 🙂
(é que depende do destinatário 😛 por exemplo dentro de Portugal, quando envias cartas do Porto para Coimbra, por exemplo, acabas em Coimbra… não precisas colocar que é Portugal :P)
Obrigado. Então dizer SuperAglomerado da Virgem é a mesma coisa de SuperAglomerado Local? 😛
Foi apenas um exercício que fiz numa aula de físico-química quando dei astronomia, e foi por isso que me lembrei de questionar.
Abraço!:;)
Author
Depende da forma como classificas as coisas… 🙂
Por vezes vês Endereços Cósmicos em que eles saltam alguns passos… 🙂
Mas sim, o nosso Superaglomerado Local, é o SuperAglomerado da Virgem.
Razão: o nome para o SuperAglomerado é devido a conter o Aglomerado da Virgem… e nós pertencemos a esse Aglomerado 🙂 (logo, para nós é da Virgem, e também o Local – para diferenciar dos outros que não são nossos locais)
Por isso, penso que podes utilizar os 2 nomes 🙂
Vê como o Obama escreve:
http://sherwoodharrington.com/CosAddr.htm
ehehehee 😛
Se fosse a ti, imprimia isto:
http://mintaka.sdsu.edu/projectastro/resources/CosmicAddress.pdf
🙂
(o meu filho vai andar sempre com isso… para não se perder… e se algum ET o encontrar, sabe onde o levar 😛 ehehehehe)
Pois, foi um exercício deste género que fiz na aula. 🙂
O Obama fazia como eu antes pensava que era. 😛
Já agora, como podem não ter visto, podem responder-me à minha pergunta deste post http://www.astropt.org/2011/05/09/tutorial-sobre-coordenadas-celestes/#comments?
Pode não publicar esta última parte, é só porque eu sei que com tantos comentários, alguns podem escapar.
Abraço.:)
Author
quanto à outra pergunta… não sei 😉
ou melhor, o que sei é o que se sabe fazendo pesquisa do Google… mas não sei como especialidade…
pûs lá o link prá wikipedia 😛
Pois eu tinha a ideia que era Norte, mas quando o José Gonçalves referiu que era Sul eu fiquei um pouco baralhado, mas obrigado na mesma 😛
Author
Tens que falar com ele… lá… sobre isso então… 😉
Ao ler o post, surgiu-me uma dúvida.
Segundo o diagrama, a Via Láctea pertence ao Grupo Local, ao Superaglomerado da Virgem e como traduzimos a outra fase? Outro Superaglomerado, mas desta vez Local?
Se quisermos indicar a nossa “morada cósmica”, qual a forma mais completa?
Obrigado 🙂
Muito gostam vcs da palavra “falácia” LOOOL 😀
É dificil, muito difícil, ser-se céptico (seja lá o que isso for; se é não acreditar na primeira patacoada que nos tentam vender, se é ter-se uma mente treinada no método científico…) perante as (mil e uma) crenças dos outros. É muito difícil saber que acreditam em algo que não existe e ter de vencer o lado céptico e de defensor da aproximação à verdade para deixar que o lado compreensivo e tolerante se manifeste. A verdade é que não é o céptico a quem cabe o papel e responsabilidade de fazedor de opinião: é à própria pessoa. A própria pessoa é que tem de formular a própria opinião perante os factos, mitos e outros que tais que lhe são dados a conhecer. Ao céptico e ao divulgador/comunicador, cabe o papel de informar e contradizer a pseudoparvoíce sem julgar ou ridicularizar quem prefere acreditar no pai natal. E a linha entre divulgar e acabar por julgar crenças é muito ténue, infelizmente, tanto para quem divulga como para quem tem determinada crença e acha, erradamente, que está a ser julgado. É complicado, muito complicado saber que o amigo x se submete a “tratamentos” homeopéticos (trocadilho intencional) apesar de ser uma pessoa com acesso a todo o tipo de informação cientificamente correcta, e não interferir na sua crença. Isto porque, peta ou não, há o efeito placebo a actuar e, apesar da parvoíce e desinformação que envolve, a melhorar temporariamente a qualidade de vida daqueles que naquilo se deixam levar; tirar-lhes a crença nessa parvoíce é tirar-lhes o placebo e tirar-lhes algo que, de facto, os fazia sentir melhor… estar-se-á então condenado a ser um desmancha prazeres e destruidor de crenças que remetem para o bem estar?… bolas. Ser céptico é uma tormenta… 😛 🙁
Por outro lado, divulgar é ingrato… por exemplo, ser o portador da nova de que Jesus pode nem sequer ter existido e que se vive em torno de uma fé que se baseou numa personagem totalmente ficticia?… Para nós, cientistas e afins, é irrisório. Mas para quem enraizou tal ideia e tal vivência tal como nós enraizamos o método científico, trata-se de um abalar muito grande da realidade com que se habituou a conviver. Até a mim, q sou ateia, essa constatação abalou, qto mais a um crente…
Author
Não sei muito bem o que entendes por “julgar”.
Se alguém diz que 2 + 2 = 8 … isso é errado. Os crentes nessa mentira, são parvos.
O certo é 2 + 2 = 4.
Isto não é julgar. É colocar a verdade em frente da mentira. 😉
Efeito placebo sem enganar ninguém:
http://www.astropt.org/2010/12/26/efeito-placebo/
😉
E até que a humanidade ganhe a coragem para enfrentar a verdade, continuarão milhares a morrer pelas suas crenças.
É simplesmente extraordinário o tamanho disto
Concordo com o que disseste no comentário. Não tirando o valor à pessoa que viveu e mudou o seu mundo a 2000 anos. De certeza, que ele não quereria muitas das coisas do que se passa hoje. Contudo, reunir a família e estar com ela é o bem mais precioso. 🙂
Assumindo que essa tal pessoa realmente existiu…
Pelo menos foi falado por historiadores no tempo de Jesus, existiu segundo esses historiadores. O que se pode por em causa com todo o direito é Jesus Religioso.
Um dos maiores historiadores judeus do tempo de Jesus foi um fariseu, de nome Josefo (Flavius Josefus). Numa das crónicas do seu tempo (“Les Antiquités” – 20.200), Josefo descreve uma cena no Sinédrio em que um homem de nome Tiago, que segundo Josefo era «irmão do Jesus que se chamou a si próprio como “o Cristo”», foi condenado a ser apedrejado pelo crime de transgressão à lei judaica. Portanto, o nome de Jesus Cristo aparece, preto no branco, nos anais escritos pelo historiador judeu Josefo contemporâneo de Jesus.
Tácito foi um historiador romano do primeiro século da nossa era. Tácito relatou a fúria de Nero em relação aos cristãos, anotando a origem da seita religiosa que, segundo ele, provinha de um judeu de nome “Cristo” que viveu durante o consulado de Tibério e que morreu às mãos do procurador Pôncio Pilatos. (Tácito, “Anais”, 15.44). Portanto, logo no primeiro século depois da morte de Jesus, uma pessoa tão independente como o historiador Tácito, romano e pagão, referiu-se a Jesus Cristo e à sua morte.
Plínio, “O Novo”, governador romano da Bitínia ― Ásia Menor; terra dos antigos Trácios, actualmente faz parte da Turquia ― escreveu ao imperador Trajano (Plínio, “O Novo”, “Cartas”, 10:96) uma carta em que se referiu a uma seita que seguia os ensinamentos de um tal “Jesus, O Cristo”, descrevendo esse culto como “degenerado”.
Muitos outros historiadores judeus do tempo de Jesus referiram-se a Ele, embora sempre de uma forma desfavorável e crítica. Segundo o próprio Talmude, Jesus era um “falso Messias” que praticava a magia e enganava o povo. O Talmude chama a Jesus de “feiticeiro”.
Abraço
Author
Ia para colocar este post já a semana passada, mas decidi ser sensível às crenças de quem acredita que a Páscoa é algo religioso (a minoria crente em certa característica – já que na verdade, todos somos céticos em relação a pelo menos 99% dos deuses).
Para mim, tal como o Natal, a Páscoa nada tem a ver com alguém ter supostamente (crendo em livros que não foram escritos por esse alguém nem por nenhum dos seus amigos) vivido há 2000 anos atrás num Universo de mais de 13 mil milhões de anos.
Mas estes feriados religiosos vejo-os como o Thanksgiving aqui nos EUA – ou seja, são boas razões para as pessoas se reunirem em família; e isto sim deveria ser o objetivo das pessoas, e quer-me parecer que quem supostamente viveu há 2000 anos atrás concordaria comigo: não sejam levados por crenças irracionais, mas usem a inteligência (cérebro) para darem valor ao que têm à volta. 😉
[…] é alienígena. O ser não veio cá para destruir, mas sim para mudar as coisas. E provavelmente nem notava que nós existíamos. Basicamente, para os alienígenas somos totalmente […]
[…] vez em quando é bom observar este tipo de trabalhos para tomarmos consciência da nossa insignificante posição no Universo e de como este «pálido ponto azul» é tornado ainda mais precioso pela sua fragilidade. O […]
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