Como funciona o tornado

Infografia de um tornado. Crédito: infothread.info

 

Um tornado é um fenômeno meteorológico que se manifesta como uma coluna de ar que gira de forma violenta e potencialmente perigosa, estando em contato tanto com a superficie da Terra como com uma nuvem cumulonimbus ou, excepcionalmente, com a base de uma nuvem cumulus.

Este tipo de fenómeno meteorológico ocorre em qualquer local do planeta, com excepção das regiões polares. Contudo, é nos Estados Unidos, em particular na Alameda dos Tornados (Tornado Alley), onde este fenómeno tem um número elevado de ocorrências e essas já foram referidas no nosso blog.

Aparentemente os tornados estão ligados a uma interação existente entre fortes fluxos de massas de ar ascendentes e descendentes e provocam uma movimentação intensa no centro das nuvens carregadas de super-células tempestuosas. Essas células normalmente formam-se devido ao contraste existente entre duas grandes massas de ar com diferentes pressões e temperaturas.

Após tocar o solo, um tornado pode atingir uma faixa que varia entre 100 a 1200 metros, deslocando-se por uma extensão de aproximadamente 30 km .

 

Formação de um tornado. Crédito: wikimedia

1- Antes do desenvolvimento da tempestade, uma mudança na direção do vento e um aumento da velocidade com a altura criam uma tendência de rotação horizontal na baixa atmosfera. Essa mudança na direção e velocidade do vento é chamada de cisalhamento do vento.

2- Ar ascendente da baixa atmosfera entra na tempestade inclinada e o ar em rotação da posição horizontal muda para a posição vertical.

3- Então há a formação de uma área de rotação com comprimento de 4–6 km, que corresponde a quase toda extensão da tempestade. A maioria das tempestades fortes e violentas são formadas nestas áreas de extensa rotação.

4- A base da nuvem e sua área de rotação são conhecidas como wall cloud. Esta área é geralmente sem chuva.

Fonte: wikipedia

Como referido anteriormente, é nos Estados Unidos onde ocorre o maior número de tornados. Apesar de uma diminuição do número de vítimas, o número de tornados tem vindo a aumentar no decorrer dos anos.

 

Número de tornados em USA, entre 1918 e 2008. Crédito: Chuck Doswell

 

Mapa de tornados anual. Fonte: Oklahoma Climatological Survey

 

Este fenómeno ocorre em grande número nos Estados Unidos devido às grandes massas de ar frio que vêm do norte e às massas de ar quente vindas do Golfo do México. Como neste corredor central não existem grandes barreiras naturais como a que existe a Oeste, temos aqui uma grande área onde estas massas podem colidir e formar as super células de tempestade e que se tornarão as responsáveis pelo surgimento de tornados.

Contudo, apesar do aumento de número de tornados, o número de tornados com grande poder destruidor têm diminuido quando comparado com décadas anteriores.

 

Os tornados podem ser classificados relativamente ao seu poder destruidor. Essa escala é conhecida pela escala de Fujita.

Na tabela temos essa escala e a sua relação com a velocidade dos ventos, largura da trilha, comprimento da trilha e danos provocados.

O valor máximo, definido até ao momento, é o F5, onde a velocidade dos ventos poderá alcançar valores entre os 420 e os 530 km/h.

 

 

Classificação Velocidade dos ventos (km/h) Largura da trilha (metros) Comprimento da trilha (km) Danos provocados
F0 65-115 3-20 0-2 Leves
F1 115-180 10-100 1-5 Moderados
F2 180-250 50-500 2-20 Fortes
F3 250-330 500-1000 5-60 Severos
F4 330-420 1000-2000 10-150 Devastadores
F5 420-530 2000-5000 10-500 Incríveis

Tabela: Escala de Fujita, com associação de outras características correlacionadas.

No seguinte gráfico temos a classificação de tornados e o número de ocorrências desde 1950.

Número de tornados e sua classificação desde 1950. Crédito: Harpers-Ferry Weather

O fenómeno nos Estados Unidos tem sido monitorizado nos últimos anos com alguma preocupação. Esta advém da constatação de que estes fenómenos estão a ocorrer mais cedo do que o normal para a sua época e num número muito elevado.

NOAA Tornado Tally

No gráfico verifica-se a situação anómala de 2008 e 2011. Este ano poderá estabelecer um novo record para o número de tornados ocorridos nos Estados Unidos.

Será do efeito de estufa? Deixem o vosso comentário.

 

12 comentários

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  1. Olá, boa noite!
    Por que Portugal não tinha tornados e agora ocorreu lá? Há alguma coisa diferente por lá ou em outro lugar que possa ter influenciado lá?

    Obrigado

    1. Oklahoma fica nos EUA.

    • Pedro Fernandes on 14/09/2012 at 12:31
    • Responder

    Valeu Carlos Oliveira!
    Sempre achei possível esse fenómeno!
    Abraço

  2. Sapos e peixes caindo dos ceus,prato cheio para os conspiracionistas

    • Pedro Fernandes on 13/09/2012 at 16:30
    • Responder

    Eu gostaria de saber se é verdade que os tornados “sugam” coisas para depois deixar em outros sítios? como por exemplo já ouvi fazer que choveu peixes num deserto da Austrália! é Possível???

    1. Eu não sou especialista, mas parece que sim… há histórias destas desde há 2000 anos atrás:
      http://science.howstuffworks.com/nature/climate-weather/storms/rain-frog.htm

      “A small tornado forms over a body of water. This type of tornado is called a waterspout, and it’s usually sparked by the high-pressure system preceding a severe thunderstorm.­

      As with a land-based tornado, the center of the waterspout is a low-pressure tunnel within a high-pressure cone. This is why it picks up the relatively low-weight items in its path — cows,­ trailer homes and cars get sucked up into the vacuum of the vortex. But since a waterspout is over water and not land, it’s not automobiles that end up caught in its swirling winds: it’s water and sea creatures. ­

      The waterspout sucks up the lower-weight items in the body of water as it m­oves across it. Frogs are fairly lightweight. They end up in the vortex, which continues to move across the water with the high-pressure storm clouds. When a particularly powerful storm hits land, the waterspout might go with it.

      When the storm hits land, it loses some of its energy and slows down. The pressure drops. Eventually, the clouds release the water they’re carrying. As the rain falls, the vortex eventually loses all the pressure that’s keeping it going, and it releases whatever it has picked up in its travels. Sometimes, this cargo includes frogs.

      ­The end result is frog rain. Sometimes it’s a few dozen frogs — or a couple hundred or even thousands. And usually, it’s not just frogs. Frogs get top billing because of their role in Exodus, but waterspouts can carry all sorts of items. So what’s the strangest thing that can fall from the sky? Find out next.”

  3. enfim adorei o site ,mostra bem a dinamica da atmosfera,fiquei realmente deslumbrada quando vi como se forma um tornado,os graficos retratam muito bem isso,nada mais intessante para uma garota na 7°serie do que se facinar com atmosfera,mas é inegavel que o aumento dos tornados também esta relaciondao com a poluição causada pelo homem,além de fatores naturais,os niveis de tornados podiam ser bem reduzidos com a redução da poluição.

    1. Olá Lady,
      Se reparar no gráfico “Violent U.S. Tornadoes by decade”, verifica-se que na década de 50 houve mais tornados da categoria F4 e F5, do que nas últimas décadas. Logo, com ar “mais limpo” (no caso da década de 50) parece que a probabilidade para haver tornados mais violentos é maior.

    • Fabio Tristão on 28/04/2011 at 20:44
    • Responder

    Acredito que o aumento das ilhas de calor também influenciam, já que criam mais regiões que atraem as massas de ar frio!
    O interessante de notar esse último gráfico é que os tornados mais tarde que o normal, mas também um n° muito alto neste mês de abril. Pode ser que eles parem nos próximos meses e fiquem na mesma média anual, porém concentrados.

    1. Também pode acontecer que estes valores aumentem de maneira a obter valores superiores aos registados em 2008.
      Contudo, a dinâmica da atmosfera não é previsível. Apenas podemos verificar que estes irão aumentar e nos restantes meses do ano manter-se-ão praticamente no mesmo número de ocorrências por mês.

  4. Olá,

    Não sabia algumas destas coisas 🙂

    Sabia que aqui, Austin, está nos subúrbios da Alameda… o que é bom :). Tamos protegidos.
    Por outro lado, o Alabama também pensavam que estavam safos, e daí não terem “caves” para se abrigarem… e ontem levaram com um que levou pelos ares parte de uma cidade.

    Esse aumento de tornados e a diminuição da sua violência, não terá a ver com melhores medições? Ou seja, não será a tecnologia que permite detetar mais tornados e avaliá-los melhor?

    1. Todas as zonas que sejam planas, ondem podem ocorrer esta movimentação de massas de ar, estão sujeitas a que levem com um tornado. Alabama é um dos casos, especialmente a região mais a norte e onde está cotemplada nos mapas de risco http://www.donorfunding.com/img/disaster-relief-map.jpg.

      Se olharmos o mapa do mundo com as regiões mais prováveis para a ocorrência de tornados, Portugal não é contemplado mas nestes últimos anos têm ocorrido tornados em Portugal.
      http://www.meteopt.com/forum/eventos-meteorologicos/tornados-em-portugal-780.html
      e estes ocorreram em regiões planas
      http://img28.imageshack.us/f/ptconv.jpg/

      http://www.ionline.pt/conteudo/92611-tornado-faz-42-feridos-em-tomar-serta-e-ferreira-do-zezere—videos

      http://www.cazatormentas.net/foro/reportajes-de-meteorologa-extrema/tornados-em-portugal/

      Relativamente à diminuição eu penso que tenha a ver de facto com uma melhor e mais precisa medição e depois a sua inclusão na escala (algo que não existia no início do século passado e que não permitia classificar os tornados por categorias), criada em 1971 e melhorada em 2007 (tornados anteriores a 2007 não foram recategorizados nesta escala). Como não existem medições precisas dos ventos e os estragos eram elevados, no início do século, podem ter sido incluídos tornados de uma categoria mais baixa, em categorias do tipo F4 ou F5.

  1. […] Se quiseres saber como funciona um tornado, clica nesta ligação http://www.astropt.org/2011/04/28/como-funciona-o-tornado/ […]

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