Ciência Não Erra

No seguimento do meu post anterior, uma das parvoíces mais divulgadas pelos pseudos nos comentários é que a ciência farta-se de errar ao longo da História.
E porquê que é uma mentira bastante divulgada pelos pseudos? Porque é uma das concepções erradas (misconceptions) mais comuns na população em geral, e por isso os pseudos aproveitam-se disso para vigarizar.

E por vezes são os próprios comunicadores de ciência que, de forma ignorante, divulgam essas misconceptions.
Vejam por exemplo a capa desta Scientific American, no Brasil, série História, número 6, de 2006:

Esta capa é uma perfeita parvoíce!
Eu não li a revista, mas em nenhum dos temas que eles referem houve erros da ciência!
Claro que este tipo de capa é aproveitado logo pelos pseudos, sejam místicos New Age sejam Criacionistas sejam demais vigaristas, para desinformar as pessoas e dizerem que eles é que têm razão.

Em termos de lógica, isto é um perfeito disparate. Vamos supôr que o sr. X erra; não é por o sr. Y acreditar noutro disparate qualquer que isso passa a ser verdade.
Mas o maior problema está em os pseudos andarem a divulgar perfeitos disparates sobre o que é a ciência, e aproveitarem-se deste tipo de capas para as suas vigarices.

A palavra ciência vem do latim que quer dizer “conhecimento”, ou de forma mais correcta, ciência define-se como um acumular de conhecimento. Ou seja, quem está contra a ciência, basicamente está a dizer que é a favor da ignorância e contra o conhecimento!
A ciência não diz que sabe tudo a dado momento (ao contrário dos argumentos pseudo sobre a ciência); nem pode! Porque isso não seria ciência. Ciência é um constante acumular de conhecimento, uma curiosidade que nunca será totalmente satisfeita. Se a ciência soubesse tudo àpriori seria uma religião, e não é!
É este constante procurar de novo conhecimento, esta constante criatividade, esta constante curiosidade pelo desconhecido, esta constante busca pela melhoria do que já temos, que nos dá tudo o que temos na nossa vida – desde roupas, passando por carros, e acabando em computadores, incluindo sabermos o que são planetas e estrelas, termos uma esperança de vida muito superior há 500 anos atrás, etc. Não devemos ser hipócritas e negar tudo o que a ciência nos dá, a todos os minutos da vida, milhões de vezes por dia.
A ciência é um processo sistemático que constrói e organiza conhecimento, observando o mundo à nossa volta, colocando hipóteses, testando essas hipóteses, explicando os resultados, e a partir dos resultados faz-se previsões que também serão testadas… num processo cíclico constante, com milhões de previsões a serem testadas e confirmadas todos os dias.
Uma das grandes vantagens da ciência é ser falsificável. Como diria Popper, é isso que define o que é ciência do que não é. Resultados negativos não são erro, mas são sim um dos possíveis resultados da ciência ser falsificável. Resultados negativos são até celebrados, porque isso faz com que os cientistas testem outras hipóteses que levará a um melhor entendimento do fenómeno. Ou seja, resultados negativos fazem parte da ciência e ainda bem! Sem isso, não seria ciência, e o mundo não evoluiria.

Ciência não é um cientista qualquer escrever um artigo a dizer X, e por isso devemos adoptar esse X. Não!
Alguém coloca hipóteses e alguém faz experiências e alguém produz resultados, que depois terão que ser confirmados independentemente por muitos outros. E só depois de se confirmar que as previsões confirmam o que se sabe, então depois isso é adoptado. Não é adoptado como “lei”, mas sim como algo que “amanhã” poderá ser colocado em causa por um especialista (e não por alguém que diz que os tumores no cérebro curam-se à martelada).
É assim que funciona tudo em ciência. Seja por exemplo a Teoria da Evolução com as suas milhares de previsões a serem testadas todos os dias, ou seja por exemplo a Teoria da Gravidade a ser testada milhões de vezes todos os dias por cada um de nós (alguém vai dizer que a gravidade não funciona só porque não se sabe, hoje, tudo sobre a gravidade?), ou seja até uma televisão que todos os dias o funcionamento dela é testado por todos nós.
É assim que a ciência e a sociedade evoluem!

Este processo de revisão constante de tudo o que sabemos chama-se Ciência! E é devido a ser esta a natureza da ciência que o conhecimento evolui.
Os pseudos nunca evoluem, ficam sempre na mesma, apegados aos seus fundamentalismos atrasados. Os pseudos não estudam coisíssima nenhuma, mas simplesmente lembram-se de mandar “postas de pescada ao ar” e esperam que as pessoas sejam tão crédulas que lhes comprem essa “banha de cobra”. Nenhuma pseudo-ciência alguma vez evoluiu – só mudaram algumas coisas para se adaptarem por vezes aos ensinamentos que a ciência e os cientistas lhes deram (ex: astrólogos usam computadores dado pelos cientistas, e usam cartas celestes dadas pela ciência). Nunca uma mentalidade pseudo fez evoluir o mundo.
A mentalidade pseudo atrasa o progresso da Humanidade, enquanto a mentalidade científica explica o funcionamento do Universo e faz evoluir o mundo.

Olhando para a natureza da ciência, percebe-se que o erro na ciência não existe. A revisão constante do saber faz parte da ciência, é uma das características principais da ciência.
Deixem-me repetir: rever os conceitos e evoluir no conhecimento é o que faz a ciência! Não quer dizer que o passado tenha sido errado, mas quer dizer que se evoluiu no conhecimento.
E isto é a ciência.
Logo, uma característica que é uma vantagem sobre todas as outras formas de saber, não pode nem deve ser considerado erro ou desvantagem pelos pseudos.

Exemplo: eu tenho 2 pernas. Será um erro? Não! É algo que faz parte de mim.
Outro exemplo: eu cresci no Porto. Será um erro? Não! É algo que faz parte de mim.
Da mesma forma, o facto da ciência ser falsificável e evoluir no conhecimento, é algo inerente à ciência. Não é erro!
Infelizmente, os pseudos não entendem algo tão simples, e por isso fartam-se de hipocritamente cuspir no prato onde comem.


E edições como esta da revista Scientific American contribuem para essas concepções erradas sobre o que é a ciência.
Novamente, eu não li essa edição, mas vamos ver alguns dos temas e perceber se houve erros:

A natureza dos cometas e o escorregão de Galileu
Kepler determinou em 1609 que os planetas se movem em órbitas elípticas, mas achava que os cometas não.
Galileu dizia, tal como Aristóteles, em 1623, que os cometas eram miragens que se moviam na atmosfera superior da Terra.
Em 1680, Gottfried Kirch resolveu o assunto, sendo complementado em 1681 com as provas apresentadas por Georg Samuel Doerfel de que os cometas eram corpos celestes com órbitas elípticas.
Em 1687, Newton demonstrou a sua teoria da gravidade num cometa.
Em 1705, Halley aplicou o método de Newton ao cometa que tem o seu nome.

Onde está o erro? Em lado nenhum!
A ciência não errou! Pelo contrário! Foi o processo normal da ciência, com várias hipóteses em “cima da mesa”, a fazer-se observações e experiências, a estudar-se os resultados, e a fazer-se previsões, e a confirmar-se que uma das hipóteses estava certa!
Como sempre, as hipóteses são falsificáveis, e a partir daí chega-se à resposta certa.
Isto é o processo normal da ciência. Não há qualquer erro da ciência!

A “geração espontânea” e a origem da vida
A ideia basicamente é que seres vivos aparecem “de repente” a partir de matéria inanimada.
Como diz a wikipedia: “Essas ideias eram aceitas comumente até cerca de dois séculos atrás. Ainda no século XIII, havia a crença popular de que certas árvores costeiras originavam gansos; relatava-se que algumas árvores davam frutos similares a melões, no entanto contendo carneiros completamente formados em seu interior. No século XVI, Paracelso, descreveu diversas observações acerca da geração espontânea de diversos animais, como sapos, ratos, enguias e tartarugas, a partir de fontes como água, ar, madeira podre, palha, entre outras.”
E tal como diz a wikipedia: “A ideia era baseada em observações – descuidadas, sem rigor científico atual – de alguns animais aparentemente surgirem de matéria em putrefação, ignorando a pré-existência de ovos ou mesmo de suas larvas. Isso antecedeu o desenvolvimento do método científico tal como é hoje, não havendo tanta preocupação em certificar-se de que as observações realmente correspondessem ao que se supunha serem fatos, levando a falsas conclusões.”

Onde está o erro da ciência? Em lado nenhum!
Estas ideias existiram antes da ciência! A ciência tem culpa de crenças (que não são ciência!) e observações sem rigor científico tirarem conclusões estapafúrdicas? Claro que não!
Por isso, a ciência não errou!

O engano de Colombo e o descobrimento da América
A Terra tem um perímetro de cerca de 40.075 kilómetros.
Eratóstenes, à volta do ano 200 A.C., mediu o perímetro terrestre chegando a um resultado de 39.690 kms. Fez isso colocando hipóteses, experimentando, medindo, aplicando fórmulas matemáticas, etc. Ou seja, aplicou o método científico e chegou a um resultado que, para todos os efeitos, na altura estava totalmente correcto. Não se pode obviamente esperar que ele tivesse a mesma precisão que temos actualmente ao utilizar satélites.
Na altura este resultado do Erastóstenes foi celebrado e adoptado. Mas é óbvio que a não ser que se viaje à volta da Terra, então para a maioria das pessoas isso eram “só contas”. Daí que na altura do Colombo havia também muita gente a dizer que a Terra era mais pequena – pudera! Era o que eles viam!
Colombo poderia ter-se baseado na ciência para partir pelo oceano. Mas não! Preferiu acreditar em quem lhe dizia que o perímetro da Terra tinha 29.000 kms. Por isso é que ele pensava que iria chegar rapidamente à Ásia pelo “outro lado”, porque pensava que a Terra era relativamente pequena. O acreditar (crença) em ideias não científicas foi uma das razões que levou os Reis de Portugal a não lhe ligarem (outra razão terá sido eles já saberem das terras brasileiras, além de haver outras razões obviamente).

Onde está o erro da ciência? Em lado nenhum!
A ciência tem culpa que Colombo não tenha querido saber da experiência de Eratóstenes e dos cálculos que Erastóstenes fez com base na ciência? É óbvio que não!
Mais uma vez, a ciência não errou!

Éter
O éter era supostamente algo que existia no espaço (como se fosse ar) e que transportava a luz pelo espaço.
O conceito de éter não foi um erro, mas levou a experiências científicas (a ciência é falsificável!) e a um evoluir de conhecimento em outras áreas a partir dessas experiências.
Por outro lado, a ideia actual do “vácuo espacial” não ser realmente vácuo, mas existir um género de “espuma quântica” ou “espuma espaço-temporal”, é basicamente um voltar a ideias de éter.

Logo, mais uma vez, o éter não foi um erro da ciência!
A ciência não errou! Pelo contrário! Foi o processo normal da ciência, com hipóteses em “cima da mesa”, a fazer-se observações e experiências, a estudar-se os resultados, e a fazer-se previsões.
Como sempre, as hipóteses são falsificáveis, e a partir daí chega-se à resposta certa.
Isto é o processo normal da ciência. Não há qualquer erro da ciência!

Resumindo: quem fez esta revista deveria ser responsabilizado, no mínimo, pela capa totalmente mentirosa!


Quando os pseudos dizem que a ciência erra, normalmente falam do Geocentrismo.
No entanto, não foi um erro pensar no geocentrismo. Pelo contrário!
O geocentrismo funcionou perfeitamente para o resto dos conhecimentos que se tinha na altura.
Se se queria fazer um calendário na altura, o geocentrismo funcionava. Logo, não era erro. Mas se se quer ter GPS, então tem que não só saber de heliocentrismo mas também de Relatividade de Einstein para as coisas serem precisas.
Por outro lado, foi a ciência que recusou o geocentrismo. Enquanto a religião e os pseudos (astrologia) o abraçavam, a ciência observou, colocou hipóteses, experimentou, previu a posição dos planetas, e os resultados foram simples: refutar o geocentrismo.
Assim, mais uma vez, a ciência não errou! Pelo contrário! Foi o processo normal da ciência, com hipóteses em “cima da mesa”, a fazer-se observações e experiências, a estudar-se os resultados, e a fazer-se previsões, que permitiu perceber que o geocentrismo não estava correcto. Como sempre, as hipóteses são falsificáveis, e a partir daí chega-se à resposta certa. A ciência acertou! Isto é o processo normal da ciência. Não há qualquer erro da ciência!

Mas vejam esta evolução do conhecimento até na tecnologia que têm em casa e que tem por base a ciência.

Será que o uso do telégrafo é um erro para quem tem internet?
Claro que ninguém vai usar agora esse sistema antiquado.
Mas na altura da rainha Vitoria não era um erro. Pelo contrário, era um avanço fantástico.
Não é por agora termos internet, que o telégrafo foi um erro!

O mesmo em relação à internet analógica.
Não é por agora termos internet digital que a internet analógica foi um erro!

Da mesma forma em relação a cavalos.
Não é por agora termos carros, que a utilização de cavalos para transporte foi um erro!

Da mesma forma, podemos pensar para o futuro.
Amanhã a teoria da gravidade pode não ser esta, pode ser diferente. Ou melhor, eu tenho a certeza que a teoria da gravidade vai evoluir e sofrer modificações no futuro.
Quer isso dizer que a teoria actual da gravidade está errada? Quer isso dizer que a teoria da gravidade actual é um erro da ciência? Quer isso dizer que se pode saltar do topo de um edifício de 30 andares que se vai voar? Não! Claro que não! Seria um disparate!
O facto da teoria da gravidade no futuro ser diferente quer dizer que acumulamos conhecimento sobre a gravidade que nos faz explicar várias outras coisas que actualmente nos são desconhecidas, mas não quer dizer que a teoria actual da gravidade é um erro da ciência, nem quer dizer que actualmente a gravidade não funciona e por isso podemos voar.

Concluindo: a ciência é falsificável e define-se como um acumular de conhecimento.
Ciência é um processo de revisão constante de tudo o que sabemos. Enquanto se fizer isso, então faz-se ciência!
Este processo de revisão constante é a vantagem da ciência que a faz superior a qualquer crença dos pseudos.
Em momento nenhum, a evolução do conhecimento pode ser considerada um erro!

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  1. Longa e interessante discussão sobre este assunto, nos comentários deste artigo:
    https://www.astropt.org/2022/12/03/o-significado-do-conhecimento-cc7/

  2. Carlos,

    vamos lá esclarecer as coisas. Tu acusaste-me de confundir incompleto e errado nesta frase:

    “Quanto à parte da órbita de Mercúrio, parece-me que confundes a palavra “incompleta” com “errada”.”

    O que eu respondi é que por esse ordem de ideias é fácil chamar incompleto a muita coisas que eu chamaria errado.
    Se a gravitação newtoniana faz uma certa previsão sobre a posição de Mercúrio, e Mercúrio esta afinal noutro sítio,
    eu diria que a previsão está errada. Podes dizer que a gravitação Newtoniana é uma teoria incompleta, mas dizer
    que a previsão em si mesma é incompleta não faz muito setido. É uma previsão errada.
    Já agora, também não faz muito sentido para mim dizer que a gravitação Newtoniana é uma teoria incompleta
    que é completada pela gravitação de Einstein. Pode dizer-se isso, mas sinceramente acho muito forçado: a Relatividade Geral é uma teoria conceptualmente muito diferente, mas da qual a gravitação Newtoniana é em muitas situações uma boa aproximação.

    Quanto ao exemplo dos números, é mau, acho que devia ser:

    1+1=3 (previsão errada)
    1+1=2 (previsão correcta)

    O 1+1=? não cabe aqui, porque não estamos a discutir situações em que não conseguimos medir ou testar nada. Essas são as situações que tipicamente os pseudo-cientistas usam para atacar falaciosamente a Ciência, com o seu “argument from ignorance” e inversão do ónus da prova.

    Quanto a seu ser arrogante, se calhar sou. Nunca disse que era humilde. O que eu disse é que a divulgação da Ciência se deve fazer de uma plataforma de humildade e encanto pelo Universo. Podemos ter orgulho no que conseguimos alcançar, mas não fica mal reconhecer a nossa tremenda ignorância perante a vastidão do Universo. E também não fica mal reconhecer a possibilidade de errar, pois os cientistas fazem-no muitas vezes, e certamente assim continuarão. É parte do processo.

    Abraço
    Paulo

    P.S.- Quanto ao teu último post, cito esta frase:
    “Como a(s) teoria(s) atual da gravidade é incompleta, então isso quer dizer que está errada e podemos nos atirar do topo de edifícios.”
    Eu nunca disse nada disto. A teoria Newtoniana consegue descrever o nosso dia-a-dia de forma suficientemente precisa para podermos saber o que vai acontecer se nos atirarmos de um edifício.

    1. “É uma previsão errada.”
      <--- Toda e qualquer previsão tem pelo menos 2 resultados. Isto é ciência. É fazer corretamente a ciência. Se a previsão só permitisse um só resultado... aí sim, alguma coisa estaria muito mal/errada.

      “1+1=3 (previsão errada)”
      <--- isto não é uma previsão. Isto é uma afirmação errada.

      “O 1+1=? não cabe aqui”
      <--- Sim, cabe, já que é uma equação incompleta.

      Quanto às falácias de que falas… ou não percebeste o argumento, ou novamente estás a brincar com as palavras.


      “E também não fica mal reconhecer a possibilidade de errar,”
      <--- Se a ciência não erra, seria muito mau reconhecer que sim. Além disso, seria uma mentira.

      “A teoria Newtoniana consegue descrever o nosso dia-a-dia de forma suficientemente precisa para podermos saber o que vai acontecer se nos atirarmos de um edifício.”
      <--- ou seja, está correta. Mesmo que incompleta, está correta.

  3. Carlos,

    embora aprecie muito o teu trabalho e o Astro.PT, não posso neste caso concordar com o tom e argumentação deste artigo, o qual sinceramente acho que presta um mau serviço à Ciência e aos cientistas – estou a dizê-lo na qualidade de cientista e amante incondicional da Ciência. Acho que o que fizeste foi simplesmente brincar com palavras, e como já alguém chamou a atenção, há que definir o que se entende por “errar”. Sempre que a Ciência faz previsões, pode errar – por exemplo, se disseres que um determinado cometa vai ser visível numa certa data e ele não for, então essa previsão errou. E quem é que errou ? Foi a Ciência, foi o cientista que fez a previsão, ou foram os cientistas que construíram o modelo que produziu a previsão? A verdade é que houve um erro. Quando dizemos que a realidade falsifica as teorias, é uma maneira de dizer que a realidade mostra que eles não estão certas, ou que estão erradas. Podes dizer que a Ciência, não erra, que os cientistas é que erram. Mas isso é brincar com palavras, e é precisamente aí que acho que prestas um mau serviço. Se queres mostrar que a Ciência é superior à pseudo-Ciência, não é pela via de não cometer erros que deves ir. É, antes, pela via de estarmos dispostos a aprender com os erros e a construir uma teoria melhor para explicar a realidade – enquanto a pseudo-ciência continua agarrada ao preconceito, à superstição e ao ignorar sistemático dos factos que são incompatíveis com a visão que pretende construir do mundo.
    O exemplo da gravitação é bom: a teoria do Newton não está errada a ponto de que possamos voar, é verdade. Mas está suficientemente errada para não conseguirmos, com ela, descrever correctamente a órbita do planeta Mercúrio. Essa discrepância foi resolvida com uma nova teoria. Os cientistas poderiam, se não fossem verdadeiros cientistas, ter permanecido teimosamente agarrados à gravitação de Newton, e escolhido ignorar essa pequena discrepância – é isso que a pseudo-ciência faz. Foi preciso aceitar o erro para seguir em frente. É assim que eu vejo a Ciência. Tem falhas e em cada momento com certeza muitas peças erradas (dados mal recolhidos, modelos errados, etc), mas é de longe a melhor descrição que temos da realidade. E suficientemente boa para fazer acontecer todos os prodígios da tecnologia que vemos á nossa volta.
    Dito isto, devemos ser vigorosos no combate à pseudo-Ciência, só não me parece que seja este o caminho.

    Paulo

    1. Olá Paulo,

      A ciência não erra. Mas tu erraste neste comentário.

      Newton não estava errado. A prova é que ainda hoje o aprendes na escola.
      Quanto à parte da órbita de Mercúrio, parece-me que confundes a palavra “incompleta” com “errada”.

      De resto, se propões uma hipótese que pode ter resposta positiva ou negativa, a negativa não é um erro. É um avanço na ciência. Ficas a saber aquilo que não é. Não é um erro, é simplesmente o processo da ciência a funcionar.

      Será que consegues voar? Faz a experiência.
      Se caíres ao chão, não erraste. Simplesmente tiveste respondida a pergunta/hipótese inicial. Isso NUNCA é um erro.

      Dos exemplos todos que apresentei, e que saíram na dita revista, nenhum deles é um erro.

      Parece-me assim que tu sim, neste comentário, brincaste com as palavras, não compreendeste o post, e prestaste um mau serviço ao sentido crítico.

      abraços

        • Paulo Martel on 17/04/2014 at 15:08

        Caro Carlos,

        qualquer coisa que definimos como “errada” pode ser considerada incompleta.
        Se a Física Newtoniana fizer a previsão que Mercúrio vai estar num certo sítio e ele não estiver,
        essa previsão estava ERRADA. Podes dar as voltas que quiseres à gramática, mas isso é um facto.
        Se disseres que a previsão está certa dentro de uma certa aproximação, concordo.
        Também concordo se disseres que não podemos dizer que Gravitação de Einstein está certa. Nunca podemos dizer
        isso – mas há conceitos, ideia, cálculos, modelos e experiências que por uma razão ou por outra estavam errados.
        Reconhecendo o erro conseguiu fazer-se algo melhor, que descreve a realidade numa aproximação melhor que o
        modelo anterior.
        Agora eu percebi perfeitamente o teu post, e não tenho falta de sentido crítico – também não te acusei de teres.
        Quando digo que o teu posto faz um mau serviço, e mantenho o que disse, não é porque não perceba o que queres
        dizer. Mas não concordo com a forma como o dizes, e acho que só contribuiu para criar uma imagem de arrogância
        em torno da Ciência e dos cientistas. Eu acredito em cativar as pessoas com humildade e encanto pelo o que é maravilhoso no Universo, enquanto reconhecendo a fragilidade do Homem e das suas ideias. E volto a dizer: a Ciência é a melhor descrição da realidade objectiva que temos. Eestou de acordo com os princípios que defendes, mas não da forma como os defendes. Deixo aqui duas frases do Feynmann:

        “If you thought that science was certain – well, that is just an error on your part.”
        ― Richard P. Feynman

        “We are trying to prove ourselves wrong as quickly as possible, because only in that way can we find progress.”
        ― Richard P. Feynman

        Um abraço,
        Paulo

      1. “qualquer coisa que definimos como “errada” pode ser considerada incompleta.”

        1 + 1 = ?
        Isto é incompleto.

        1 + 1 = 4
        Isto é errado.

        Podes brincar com as palavras o quanto quiseres… estás errado.
        Mas se queres continuar a defender ingloriamente o teu erro, o problema é teu.

        A previsão estava errada, a ciência não.
        As previsões existem para isso na ciência: podem estar certas ou erradas. Esse é o processo da ciência. É o processo CORRETO (também sei usar o caps lock) da ciência.

        Podes dar as voltas que quiseres à gramática, mas isso é um facto.

        “mas há conceitos, ideia, cálculos, modelos e experiências que por uma razão ou por outra estavam errados.”

        Não sei de que falas.
        Nenhuma das situações referidas no post era um erro.
        Se queres falar do Pai Natal, isso não pertence ao artigo.

        Quanto à Humildade e Arrogância, devias ter lido este post:
        http://www.astropt.org/2013/05/02/humildade-vs-arrogancia/
        Aplica-se perfeitamente a estes teus comentários arrogantes e errados.

        “E volto a dizer: a Ciência é a melhor descrição da realidade objectiva que temos.”

        Concordamos com isto.
        Assim como concordamos que os resultados científicos são probabilísticos (o que me parece que ligaste a aproximações).
        Assim como provavelmente concordamos que *todas* as teorias são incompletas, até pela própria definição de ciência (acumular de conhecimento).
        Isso não quer dizer que as teorias atuais são erradas. E se confundes isso, então entras na mesma onda dos pseudos.

        São-me irrelevantes os paninhos quentes…
        Eu tento olhar objetivamente para a realidade, independentemente dos sentimentos de cada um, ou se as pessoas preferem olhar para o tom das palavras do que para a substância.

        “If you thought that science was certain – well, that is just an error on your part.” ? Richard P. Feynman

        Concordo.

        “We are trying to prove ourselves wrong as quickly as possible, because only in that way can we find progress.” ? Richard P. Feynman

        Essa frase do Feyman mostra o que não fazes, mas que sugeres aos outros que façam… o que me faz lembrar os pseudos quando dizem que os cientistas deveriam abrir a mente quando são eles que estão obcecados pelas suas crenças/opiniões.
        Sendo a frase relativa ao progresso da ciência, pessoalmente eu prefiro Lakatos. De qualquer modo, essa frase dele, só prova o que eu tenho dito: essa é uma das características da ciência. A ciência sofre de uma auto-avaliação constante. O suposto “erro” é corrigido. Essa é uma característica da ciência. Não é um erro.

        Um diz 1 + 1 = 3. Outro diz 1 + 1 = 4. Outro diz 1 + 1 = 2.
        Se a ciência chegar à conclusão que o correto é o último, os outros não são erro da ciência. O que a ciência faz é uma avaliação das coisas e através das evidências, vê onde está a resposta mais certa. Não é um erro da ciência, a ciência ter avaliado as duas primeiras e perceber que estavam incorretas. Não é um erro da ciência essa avaliação.

        abraços

        P.S.: faço notar que não discordaste de nada concreto que eu disse no post. Nenhum dos exemplos te leva à discordância. Só te limitas a discordar “na generalidade”.

      2. Mas pronto, já percebi pela tua brincadeira, que incompleto e errado são sinónimos.

        Como a(s) teoria(s) atual da gravidade é incompleta, então isso quer dizer que está errada e podemos nos atirar do topo de edifícios.
        E fomos (a Humanidade) uns enormes parvalhões em utilizar internet analógica. Sabemos hoje que, segundo a tua definição, era uma internet errada, já que estava incompleta, comparando com o que sabemos hoje em termos de digital.

    • Dinis Ribeiro on 12/11/2011 at 09:43
    • Responder

    Vi recentemente na TV cabo um filme de que gostei e que recomendo:

    1) http://en.wikipedia.org/wiki/Einstein_and_Eddington

    2) http://www.youtube.com/watch?v=K4xBoVt9-po

    Gostei em particular do modo (simbólico’) como já quase no fim do filme, é demonstrada a curvatura do espaço usando uma toalha de mesa suspensa no ar, em que o pão (paris e berlim, a zona continental?) é o sol no centro da toalha, e a terra é uma maçã talvez oriunda do universo anglo-saxónico (um símbolo associado a newton…)

    Penso que alguns dos problemas políticos descritos ainda são profundamente actuais…

    A problemática da guerra, abordada no filme, lembra-me este outro livro:

    Can we annihilate war with science?
    http://www.newscientist.com/blogs/culturelab/2011/11/can-we-annihilate-war-with-science.html

    In “The Better Angels of our Nature”, published last month, Harvard psychologist Steven Pinker argues that we have misread the evidence, which in fact shows we are becoming less violent as time moves on, due largely to the forces of modernity, or civilisation.

    In The End of War, science writer John Horgan also challenges our views on violence.

    Unlike Pinker, though, he narrows the lens mostly to war, and the possibility of eradicating it. This is a furrow Horgan has ploughed for a while, in informal seminars and magazine articles, and now a book – a quarter of the size of Pinker’s.

    Yet where Pinker is looking at an overall fall in violence with time, Horgan argues that there is no persuasive evidence for warlike activity being either ancient or hardwired into humanity in the first place.

    We are, he writes, as likely to be peaceful as violent, and the evidence is better for war being cultural, or situational.

    As such, his hopeful argument is that war is best seen as a problem amenable both to scientific analysis and solution.

    🙂

    Penso que o filme (ao abordar os aspectos políticos e culturais) pode ser usado como uma introdução a este “outro tema”: A Sociologia da Ciência

    Ver: http://en.wikipedia.org/wiki/Sociology_of_science

    1. Há uns meses atrás vi na televisão uma entrevista a um professor (não me lembro o nome) que disse a mesma coisa: a guerra/os conflitos diminuíram ao longo do tempo.
      No tempo dos Romanos havia escaramuças por tudo quanto era canto… agora não 😉

  4. Que ótimo, gostaria de parabenizá-lo por rebater tão bem e prontamente qualquer argumento a partir de seu ponto de vista sempre superior e seguro de ser o único correto.

    A esta hora da madrugada, aqui onde estou, poupar-lhe-ei de mais combustível para discussão, afinal, o sr. está sempre certo e não existem outras possibilidades além das suas verdades não-pseudo-científicas. Vou tentar desfrutar de um pseudo-sono em meu pseudo-país e quem sabe terá valido a pena minha pseuda-vida quando um dia chegar minha hora de conhecer o pseudo-pós-vida, seja lá de que forma isso se apresente.

    Humildemente, lhe agradeço pelo tempo gasto aqui com esta pseudo-internauta que não lhe acrescenta nada, como tantos que lhe visita e/ou recebem suas críticas desmerecedoras.

    Apenas eu quis exercer meu direito de resposta por ter sido citada e mal interpretada em seu blog.

    Economize suas palavras e poupe-me de mais detalhes de sua opinião.

    Quando você julga os outros , não os define, define a si mesmo . (Wayne W. Dyer)
    Não julgue um livro pela capa. (Provérbio Chinês)

    1. Laura,

      Eu nunca lhe disse que tenho sempre razão. Mas esse é outro argumento dos pseudos – a tal vitimação inventada, o fazerem-se de coitadinhos inventando coisas que nunca foram ditas.

      Por vezes, não tenho razão. Mas neste caso, tenho. Eu sei que é chato para si, mas é a realidade.

      A Laura devia ter orgulho no facto de ser pseudo. Em vez de andar a tentar enganar-se a si mesma. Ficava mais em paz consigo própria se tivesse orgulho no que é.

      Não foi mal interpretada aqui. Quem quiser vai ao seu blog e faz as suas próprias interpretações. É por demais evidente que eu avaliei correctamente.

      Não tou a julgar, estou somente a avaliar o que a Laura põe no seu blog. Tem que aprender a distinguir julgamentos de avaliações.

      Eu não poupo ninguém das minhas palavras. Eu digo aquilo que acho necessário dizer para se ter uma visão objectiva das coisas. Se não quer ler, não vem aqui. Mas se vier, não venha para aqui dizer que temos que nos calar.

      Enfim… a arrogância dos pseudos ve-se também nisto: entram na casa dos outros para exigirem A ou B… enfim… é cada uma…

      Já pensou em respeitar os outros nas suas próprias casas?

    2. Só um acrescento:

      Neste post, eu avisei qual é a missão deste blog:
      http://www.astropt.org/2010/10/25/comprimido-vermelho-ou-comprimido-azul/

      Aqui damos o comprimido vermelho a quem quer que nos visite.

      Se quer o comprimido azul, então não venha cá.

      Se escolhe vir cá, então não se queixe que leva com o comprimido vermelho.

      abraços

    3. E por último:

      Leia esta conversa com a Rafaele:
      http://www.astropt.org/2011/08/17/o-profeta-extraterrestre-de-arganil/#comment-44580
      E leia esta conversa com o Márcio:
      http://www.astropt.org/2011/08/23/ciencia-nao-erra/#comment-44954

      Como se percebe, são duas pessoas que acreditam em coisas que a ciência considera como sendo pseudos.
      No entanto, tivemos boas discussões e sempre com respeito.

      Qual a diferença para a Laura?
      Eles sabem avaliar e assumem que seguem as ideias pseudo. E, por mim, cada qual é livre de seguir aquilo que quiser.

      abraços

        • Ana Guerreiro Pereira on 04/09/2011 at 14:19

        Carlos, não vale a pena. Só por ter começado a conversa com “Sr Doutorando” demonstrou claramente as suas intenções. Conversa de surdos e argumentação estéril. Não percas o teu tempo com quem não quer aprender e só quer insultar, nem entres em duelos de intelectos com quem está claramente desarmado. A senhora em questão não faz a menor ideia do que é ciência. Nem está interessada em fazer. Portanto, finito.

        • Jorge Almeida on 09/01/2016 at 18:16

        que grande tareia levou esta Laura Bernardes que nem se apercebeu, coitada…

  5. Olá, Sr. Doutorando.

    Muito interessante seu posicionamento, porém gostaria de brindar seu gracioso blog com minha singela participação sugerindo que o sr. gaste um pouco de seu tempo lendo não somente a capa mas toda a matéria [que o sr. afirma realmente não ter lido] da referida edição de SCIAM com a mente um pouco mais aberta, permitindo-se entender que o termo CIÊNCIA na revista possa ter sido utilizado como figura de linguagem (metonímia), de tal forma que se trata na verdade do que o sr. mesmo considerou possível, ou seja, os cientistas errarem. Questão de interpretação.

    Quanto à citação “místicos New Age sejam Criacionistas sejam demais vigaristas, para desinformar as pessoas e dizerem que eles é que têm razão” sinto lhe informar que tal rótulo não me cabe e que o sr. não compreendeu nem de longe do que se trata o conteúdo de meu blog, apesar de seu valioso currículo. Só para dar uma pequena dica, não se pretende desmerecer a ciência, mas sim entender que como tudo o mais no qual estamos inseridos é mutável.

    Sugiro também não desmerecer as pessoas por não serem da Academia, pois o conhecimento humano é fruto do conjunto de todos os seres e não apenas dos doutores. Quanta riqueza existe nas pessoas simples, na sabedoria popular e quanto se pode obter dessa fonte informal e subjetiva.

    O que entendemos sobre o que nos cerca é sempre tão limitado quanto nós mesmos, pois somos feitos de experiências. Cada ponto de vista é único e merece respeito.

    Grata.

    1. “sugerindo que o sr. gaste um pouco de seu tempo lendo não somente a capa mas toda a matéria”

      Como deveria ter lido, eu argumentei sobre diversos exemplos que eles dão na revista… e em nenhum dos casos a ciência errou.
      Tem que ler o post antes de comentar.

      “sinto lhe informar que tal rótulo não me cabe”

      E no entanto no seu blog diz: “Neste blog, serão postados textos e outros conteúdos relativos aos temas: Informática, Cibercultura, Lei da Atração, Espiritualismo e o que mais for derivando dessa linha.”
      A publicidade ao Deepak Chopra também é sintomático.
      Penso que tamos conversados…

      “mas sim entender que como tudo o mais no qual estamos inseridos é mutável.”

      Quem diz isso é a ciência e não espiritualismos New Age… por mais que eles achem que são eles a dizer. Enfim…

      “Sugiro também não desmerecer as pessoas por não serem da Academia”

      Ninguém o fez. Mas eu percebo a vitimização inventada com base na falta de confiança em si próprios. É uma estratégia comum nos pseudos.

      “Cada ponto de vista é único e merece respeito.”

      Lá está. Discordamos.
      Eu não respeito quem diz que a “Lua é feita de queijo suiço” com o único intuito de vigarizar as pessoas.
      Já Douglas Adams dizia: “Eu não aceito a teoria da moda de que cada ponto de vista merece tanto respeito como o oposto. A minha perspectiva é que a Lua é feita de rocha. Se alguém me disser “bem, tu nunca lá estiveste, pois não? Se não viste por ti, a minha perspectiva de que é feita de queijo norueguês é igualmente válida” – eu nem me vou dar ao trabalho de discutir.”
      Nem todos os pontos de vista devem ser respeitados. Só acha que deve haver respeito pelas vigarices quem não entende o que é o conhecimento… e/ou é a favor de vigarizar os outros.

      abraços

  6. Não estou de acordo! 🙂
    Mas também não me vou prolongar em intermináveis discussões. Embora perceba onde queres chegar, mas na minha opinião não é correcto tirar essa conclusão.

    É preciso esclarecer várias coisas:

    – Estamos a falar de Ciência, estamos no fundo a falar das teorias, não de telemóveis, circuitos electrónicos ou mecânicos e afins. Ou seja estamos a falar das teorias, não das tecnologias.

    – A Ciência é feita por cientistas. É claro que quem erra são os cientistas, mas por uma questão de simplicação diz-se que a Ciência errou e é correcto dizer-se que a Ciência errou quando a comunidade científica assume algo que mais tarde se verifica que não é verdade (atenção, estou a falar de erros, não de teorias “incompletas”).

    – Não é talvez correcto falar-se em teorias incompletas, mas sim de aproximações à realidade. A teoria da gravidade de Newton é tão boa que descrevia muito bem praticamente tudo aquilo que na época era possível medir. No entanto com instrumentos mais sofisticados verificou-se que havia fenómenos onde falhava. A teoria de Einstein permitiu explicar esses fenómenos. A teoria de Einstein dá, em primeira aproximação a teoria de Newton para campos fracos, não relativistas. A teoria de Newton é assim uma excelente aproximação para determinados casos particulares.

    – A Ciência erra quando a comunidade científica assume algo que mais tarde se verifica que não é verdade ou quando faz alguma previsão que falha. Por exemplo antes de se conhecer a radioactividade, o cálculo da idade da Terra estava claramente errado. A teoria da altura estava errada, e qualquer previsão sairia errada. No entanto com os dados e as experiências da altura, parecia estar certa. O mesmo podemos dizer para o Sol, antes de se descobrir que eram reacções nucleares que eram responsáveis pela emissão de calor e luz. É claro que podemos argumentar que era conhecimento incompleto, que não se conhecia a radioactividade e as reacções nucleares, mas no fundo não deixavam de estar erradas. Aqui é obviamente preciso definir o que é “algo estar errado”. Já a teoria de Newton da gravidade não. Essa nunca esteve nem está errada.

    1. Olá,

      Estamos a falar do processo da ciência, e não de pessoas (cientistas).

      O processo da ciência não errou, pelo contrário, mesmo que Galileu tivesse pensado coisas erradas sobre certos fenómenos (ex: cometas).

      A teoria da gravidade de Newton não era errada, só porque Einstein veio a seguir e a corrigiu, com o aumento de conhecimento para certas situações.

      “A Ciência erra quando a comunidade científica assume algo que mais tarde se verifica que não é verdade ou quando faz alguma previsão que falha.”

      O meu ponto é que é precisamente ao contrário 😉
      A ciência não errou. O processo da ciência funcionou! 😉
      Só por tu teres uma ideia errada sobre o fenómeno A ou fizeres uma previsão que não se confirma… isso é próprio da ciência. Esses resultados negativos levam a novo conhecimento e a novas hipóteses, que serão falsificáveis, e eventualmente chegar-se-à a um consenso generalizado positivo. Ou seja, a ciência funciona. Não errou 😉

        • Pedro Seixas on 14/09/2011 at 23:07

        Não me esqueci que tinha de dizer mais qualquer coisa eheheh…

        “A teoria da gravidade de Newton não era errada, só porque Einstein veio a seguir e a corrigiu, com o aumento de conhecimento para certas situações.”

        – Isso foi o que eu disse! 😉

        “A ciência não errou. O processo da ciência funcionou!
        Só por tu teres uma ideia errada sobre o fenómeno A ou fizeres uma previsão que não se confirma… isso é próprio da ciência”

        Então para mim o mais correcto seria que o título fosse “O processo da Ciência funciona!” ou “A Ciência funciona!” e não “Ciência não erra”. Seria mais preciso deste modo, porque de facto são cometidos erros que depois vão sendo auto-corrigidos pela comunidade científica, mas não deixam de ser erros.

      1. Se vires a ciência como de curto prazo, então parece-te que ela erra.
        Se vires a ciência no seu todo, como de longo prazo, então ela não erra 😉

        Se eu estiver a fazer contas, e escrever o resultado de 2 + 2 = ?
        E puser 3, apagar… depois ponho 5 e apago… e depois ponho 4.
        Eu não errei em nenhuma delas. Simplesmente corrigi antes de ter as coisas realmente prontas. Fui num processo que me permitiu chegar à resposta correcta. 😉

    • Ana Guerreiro Pereira on 24/08/2011 at 15:59
    • Responder

    Carlos, é melhor explicar o que entendes realmente por errar 😀 acho q há pessoas que não estão a perceber o que é errar e porque se diz q a ciência não erra.

    A ciência não erra, pois basei-se em evidencias disponiveis na altura e fornece-lhes a melhor explicação possivel. Isso não é um erro. É ciencia. E assim q surge uma nova evidencia, surge tb uma nova teoria. Isso não significa q a anterior estava errada, talvez incorrecta seja um termo mais adequado; mas para as evidencias de q dispunha na altura, era a teoria certa. A partir do momento em que há evidencias novas, a velha teoria é abandonada e tida como não-válida. Mas isso continua a não significar q estava errada.

    outra coisa, como é que a ciencia pode errar se a ciencia não é uma pessoa? é uma ferramenta. Como é que uma ferramenta erra?… 😉

    1. Totalmente de acordo contigo.

      Mas não diria incorrecta, mas sim incompleta.
      É um conhecimento incompleto… e isso é ciência 😉

      Eu vejo também as coisas pelo critério do funcionamento: se funciona ou não.

      Ex:
      Como eu digo no post, o geocentrismo funcionava perfeitamente quando se queriam fazer calendários na altura. Não era necessária muita precisão, mas era somente necessário uma visão geral do posicionamento dos planetas. O geocentrismo funcionava perfeitamente. Logo, não pode ser considerado um erro.
      Claro que para uma sociedade que utiliza o GPS, o geocentrismo não funciona. Tem que se saber de heliocentrismo e de relatividade para o GPS funcionar.
      Isso não faz com o que o geocentrismo fosse um erro da ciência, assim como o telégrafo não o foi, assim como a actual teoria da gravidade (que funciona) não o é (mesmo que daqui a 300 anos tenhamos uma totalmente diferente).

        • Ana Guerreiro Pereira on 24/08/2011 at 16:13

        Bem, eu queria dizer incorrecto mais no sentido de, por exemplo, sabemos hoje q é incorrecto achar q a terra é o centro do universo, porque não é. Mas na altura, era o mais completo que as evidencias disponiveis permitiam. Era mais neste sentido, de a ciencia tb produzir conclusões q mais tarde se percebe não serem as mais correctas, embora anteriormente houvessem evidencias p as achar mais correctas. 😀

        Por outro lado, não é a ciencia q erra, são os seres humanos q a praticam. Se há um erro de interpretação dos resultados, não foi porque o método cientifico não tivesse funcionado, foi porque o ser humano não soube intepretar correctamente os resultados de que dispunha.

        Acho q o problema está em se antropomorfizar a ciencia, na medida em que se vê esta ferramenta como uma pessoa, e não como a ferramenta de obtenção de conhecimento que é. Como é que uma ferramenta poderá estar errada?

        E é importante q não se confunda isto com fundamentalismo. Tenho pena de afirmar isto, mas quem acha que a afirmação “a ciencia não erra” é fundamentalista, é porque não sabe mesmo o que é a ciencia. 🙁

    2. Sabes que este exemplo do Geocentrismo é importante por 2 razões:
      – é o exemplo mais dado por aqueles que têm a concepção errada de que a ciência erra.
      – é o exemplo perfeito de como a ciência não erra.

      Sabes que o heliocentrismo foi adoptado no século 16… mas não por haver provas científicas de que estava correcto.
      Simplesmente era um modelo que era mais preciso e mais simples a prever o posicionamento dos planetas.
      Haviam evidencias de que o geocentrismo não poderia ser o modelo do sistema solar, sobretudo dadas por Galileu, mas não havia provas que a Terra e todos os outros planetas orbitavam o Sol.
      As provas foram dadas somente no século 19, por Bessel.

      Ou seja, o Heliocentrismo foi adoptado porque funcionava muito melhor para aquilo que se queria.

        • Ana Guerreiro Pereira on 24/08/2011 at 16:25

        Sim, é um dos exemplos mais importantes. Á luz do que se sabe actualmente, o geocentrismo não funciona, está incompleto. E é lógico q se tiveres aqui alguém a dizer-te q a terra é o centro do universo, dir-lhe-às q esse conceito não está correcto à luz do q se sabe hoje.

        É isso q as pessoas não entendem: que o conhecimento é relativo e derivado da época em que se está. Do acumular de conhecimentos q se tem. Q dizer q algo é correcto ou incorrecto, q está certo ou q está errado, é relativo, sempre ao acumular de conhecimentos q se tem.

        Conhecimentos esses q as pessoas não têm noção de ser imensamente vasto. nos dias que correm. Vasto o suficiente para se poderem ter algumas certezas…certezas sempre incompletas, mas q não deixam de ser certezas porque, vejamos, se as teorias que permitiram o desenvolvimento dos computadores e da internet estivessem todas erradas e incorrectas…não estariamos aqui a ter esta conversa.

        E é esta a maior mensagem a passar: o que é ciencia. As pessoas, aqui, perdem-se.

      1. Exacto.
        Relativo à época, mas sempre com algumas certezas.

        A Teoria da Gravidade vai ser modificada no futuro, mas isso não quer dizer que a Teoria actual é errada… Temos a certeza, hoje, ontem, e amanhã, que se saltarmos do topo de um edifício, caímos cá em baixo… 😉

        • Ana Guerreiro Pereira on 24/08/2011 at 16:32

        Tu tens cá uma fixação por saltar de topos de edificios… 😀

      2. Eu adoro esse exemplo do Dawkins 🙂

        • Ana Guerreiro Pereira on 24/08/2011 at 16:43

        LOL, ok, eu pensei q era teu mesmo 😀 mas é um dos melhores e mais intuitos e ás vezes são necessários exemplos que toda a gente perceba.

        Por isso é q digo tb mtas vezes q lá por se ser um génio em determinada àrea não significa q se saiba explicar essa área em termos leigos e acessiveis ao publico leigo. A complexidade em que um especialista se deixa envolver é necessária ao desenvolvimento da sua actividade. O trabalho dele não é explicar aos leigos o seu trabalho, mas sim aos seus pares. E a linguagem q adoptamos p com os pares e p com os leigos é totalmente distinta. Eu tive de me meter a ler enciclopédias juvenis para tirar o cientifiquês do meu discurso e usar palavras mais acessiveis (e contudo, correctas, né).

        E a verdade é que hoje em dia se vive rápido e nos exigem muita coisa ao mesmo tempo sem nos darem tempo para isso (qq dia o corpo humano tem um fanico – o meu tá a ter…), de modo que hoje, dada a imensidão do conhecimento, é muito dificil que uma pessoa se debruce sobre um assunto da forma profunda que esse assunto exige e, ao mesmo tempo, explore outros. Não há tempo. Um investigador está sempre com a pressão do tempo em cima, exigem-lhe tudo e mais alguma coisa e o desgraçado não tem mesmo tempo para ser mais transversal. E aqui inclui-se o aprender a falar com leigos. Porque, sim, isto tb se aprende, e não me parece q esteja ligado ao que se sabe ou se deixa de saber sobre a àrea. É aqui q entra a comunicação de ciencia: a ponte entre o investigador e o leigo. Interessantemente este é outro conceito q acho que muitos investigadores não entendem: que não é por serem especialistas naquela área que vão saber falar sobre ela com leigos. A capacidade de comunicar não assiste a toda gente, por muito inteligente e genial q seja numa dada área.

  7. Eu vou tentar dar um exemplo de como a ciência errou.

    Uma bactéria oriunda de uma fonte termal chegou a terra e evoluiu transformando-se num mamífero peludo, a seguir perdeu todo o pêlo desceu das árvores e transformou-se num ser bípede sem pêlo, isto é um erro parece que afinal o homem foi desenhado por uma entidade inteligente.

    Prontos consegui, consegui.

    No desenho é que está a verdade e sempre foi uma das minhas máximas preferidas, percebes-te ou queres que te faça um desenho?

    Resumindo parece-me que a ciência errou na evolução é que a alguns bípedes deu-lhes um cérebro com capacidade de questionar, procurar, errar, rectificar, pensar… a outros deixou-lhes um cérebro de carneirinho (diminutivo para não ofender muito).

    Sobre a capa se estivesse lá escrito as grandes verdades da ciência, só a comprariam aqueles que não entendem como um telejornal usa abusivamente videos

    1. Sinceramente, não percebi nada do comentário…

  8. Já li umas reportagens dessa edição dessa revista… ai ai ai… acho muita prepotência dizer que a ciência não erra… que parâmetros se tem para afirmar, com toda certeza do UNIVERSO, que por exemplo, 1 + 1 = 2…
    Sabe-se lá o que é o certo…

    1. Yoop,

      Tá na net? Deve ser porque alguma coisa dá certo… não??

      Acha que não se sabe o que é certo? Atire-se do topo de um edifício de 20 andares… e já confirma que a ciência sabe o que é o certo 😉

  9. Não concordo com o que està dito. A ciência não erra nem deixa de errar. Tens de definir o termo “errar”. Errar relativamente a quê? Claro, baseando-te numa definição que so tu consentes, podes eventualmente dizer que a ciência não erra…. não vejo nada de cientifico no que dizes, simplesmente filosofia barata…

    P.S. jà agora, dizer que “algo” não erra é muito caracteristico de religiões….

    1. Fábio,

      É indiferente se concordas ou não. Não deste qualquer exemplo do contrário.

      Definição de errar penso que é perceptível por toda a gente.
      2 + 2 = 7 é um erro.

      Não é filosofia barata. Está-se a falar da natureza da ciência, que é algo que deverias ter aprendido na faculdade.

      P.S.: não é característico de religiões quando esse “algo” se pode testar, e a ciência é testável.
      Devias ter aprendido isso na faculdade também.

      P.S.2: é curioso que alguém que diz ter interesses para além da Gravidade actual… defenda uma posição que ache um erro a Gravidade actual.
      Proponho a experiência do Dawkins 😉

  10. Excelente post. Pena teres usado um título bombástico (e errado) para transmitires o teu ponto. Lições de markting com os tais pseudo ? 🙂

    A ciência erra. O processo e a história da ciência está pejado de erros, ossos e crateras de teorias e modelos errados.
    O que salva esse processo face a outros ditos modelos de conhecimento, é que se trata de um processo iterativo, em que dado tempo ou recursos (materiais e/ou intelectuais) suficientes, ocorre uma convergência para a solução o menos errada possível. Se “o menos errado possível” é a “verdade” ou a realidade física das coisas, isso cabe aos filósofos responder .

    Um dos antigos administradores da NASA – pela altura do lançamento das sondas Spirit e Oportunity – dizia que as sondas não iam aterrar em Marte, mas sim num modelo e descrição matemática de Marte. Aparentemente o modelo foi “good-enough”, e o menos errado possível dados os recursos 😉

    Abraço!

    1. Mas o meu ponto é precisamente que a ciência não erra 😛

      Dá-me um exemplo em que tu aches que ela errou… e eu provo-te que não 😉

        • José Vaz on 23/08/2011 at 22:16

        “Não errar” e “auto corrigir-se” são conceitos diferentes. O edifício da ciência tende a auto corrigir-se. Se se corrige é porque ocorreram erros,

        E acho que aqui é que está o cerne da questão: Ciência pode errar [no passado, no presente]. Mas tende a auto corrigir-se [no presente, no futuro].

      1. Pode-se corrigir sem se errar… 😉

        Mas continuo com a pergunta: Dá-me um exemplo em que tu aches que ela errou… 😉

        • José Vaz on 23/08/2011 at 22:37

        Assim de repente, tens esta lista:

        http://en.wikipedia.org/wiki/Superseded_scientific_theories

        Todas a um ponto na história foram tidas como corretas, e agora são tidas como erradas, ou, na melhor das hipóteses como incompletas.

      2. ?????

        Tu leste o post?

        Várias dessas teorias nessa lista, estão no post, provadas como não sendo erros da ciência.
        As outras, sofrem dos mesmos defeitos… mas não são erros da ciência.

        Se achas que alguma é, dá um exemplo.
        Mas eu não vi nenhuma que fosse.

      3. Por outro lado, repito o que já disse no post.

        Será que o telégrafo foi um erro só porque actualmente temos a internet?
        O telégrafo foi “superseded”. Isso quer dizer que era errado? Não.

        Daqui por alguns anos teremos uma nova teoria da gravidade.
        Será então que a teoria que temos hoje é errada? Será que podes voar livremente porque a nossa teoria actual é errada?
        Não. A teoria actual está correcta mas vai ser “superseded” por outra melhor que explicará mais coisas para a sociedade do futuro.

        😉

        • José Vaz on 23/08/2011 at 23:03

        Hmm … Estás a fugir/refugiar-te numa questão de semiótica/semântica. O que neste momento é considerado como ciência pode no futuro vir a ser considerado como ciência/conhecimento errado.

        Se tivesses um livro com o título “Toda a ciência até ao dia 23 de Agosto de 2011” esse livro terá diferenças para o livro do próximo ano “Toda a ciência até ao dia 23 de Agosto de 2012”. Obviamente haverá adições, revisões, remoções.

        E obviamente se concluirá na versão de 2012 que há coisas que passaram a estar erradas na versão de 2011 face ao que se sabe em 2012.

        Se consideras que só há uma ciência – a ciência do momento presente – então aí sim, só há uma ciência, e essa ciência está correta, até porque encontra-se removida dos erros do passado e não há forma de verificar os hipotéticos erros presentes.

        Eu só acho que é uma posição estranha, e curiosa para quem diz exatamente esse é um dos erros dos pseudos: o não perceber o aspeto dinâmico do conhecimento cientifico.

      4. Pelo contrário.

        A ciência é dinâmica, a ciência auto-corrige-se, e por isso é que não há erros.

        De resto, quem me parece se estar a refugiar em semânticas és tu.

        Fiz-te perguntas directas. Continuo há espera de respostas.

        1 – Dá um exemplo de um erro da ciência.
        Continuas sem dar, mas keres dar a volta ao texto para não responderes.

        2 – Achas que o telégrafo foi um erro da ciência?

        3 – Achas que usar cavalos foi um erro da ciência?

        4 – Achas que a Teoria da Gravidade é um erro da ciência? Podes voar livremente?

        No teu comentário deste a entender que por ser “superseded” então é um erro da ciência.
        Esta posição não faz qualquer sentido, em face de todas as evidências.

      5. Sendo “incompleta” a palavra de ordem 😛
        Por exemplo, o modelo ptolomeico estava longe de representar a realidade, com a Terra no centro e com os epiciclos, mas mesmo assim conseguia prever o movimento dos astros. Estava incompleto, mas não totalmente errado, pois o modelo conseguia fazer previsões. Era a conclusão que era possível chegar na altura com as evidências disponíveis, ou seja, com as evidências disponíveis no momento estava certo. E mesmo que estivesse errado não sei até que ponto será correcto chamar esta teoria de científica pois a ciência como a conhecemos apenas surgiu em meados do século XVI, precisamente com Galileu. Antes dessa altura acho que é mais comum utilizar o termo de proto-ciência…

        Algumas das teorias que aparecem nessa página eu nem chamaria de científicas. Algumas não passaram nunca de asserções não testadas, as pessoas simplesmente assumiam que era assim, como a teoria (ou deverei chamar hipótese?) de que no interior de cada espermatozóide existia um homem em miniatura já formado, ou até mesmo a geração espontânea que já vinha de Aristóteles. Alguém que vivesse no campo e tivesse o mínimo de contacto com a natureza acharia de imediato essa teoria ridícula, mas mesmo assim foi preciso esperar pelo Louis Pasteur para dar o golpe final 😛

        Acho que é simplesmente uma forma diferente de ver a questão, na própria página dizem “An example of this is the use of Newtonian physics, which differs from the currently accepted relativistic physics by a factor which is negligibly small at velocities much lower than that of light. Newtonian physics is so satisfactory for most purposes that many secondary educational systems teach it, but not the “correct”, but more complex, relativity. Another case is the theory that the earth is approximately flat; while clearly wrong for long distances, viewing a landscape as flat is still sufficient for some local maps and surveying.” Acho que “incompletas” descreve melhor a situação.

      6. Marco,

        Exacto. Incompletas sim. Sempre serão. Erros não.

        • José Vaz on 23/08/2011 at 23:44

        A tua postura de “Ultrapassou-se e/ou removeu-se o conhecimento errado ergo a ciência não dá erros” a mim parece-me uma postura doutrinária.

        1) Por exemplo, na geração espontânea da matéria dizes que a ciência não errou. Lavas daí as mãos porque “na verdade foram más observações / não era método cientifico” …
        Verdade seja dita que isso agora nunca na vida seria considerado ciência. O que te esqueces é que a própria definição do que é ciência foi mudando ao longo da história. Até à 150 anos empirismo era ciência. Se se conseguia reproduzir a experiência de surgiram fungos/bolor num frasco fechado, isso era conhecimento válido porque era reproduzível. Felizmente hoje a ciência é bastante mais do que mero empiricismo.

        Sim, a tua menina-dos-olhos, a ciência do séc XXI obviamente não dá / nunca faria esses erros. Há-de fazer outros.

        2 – 3 ) Aplicações e ciência não é a mesma coisa. Mas e que tal a “aplicação” do “conhecimento” cientifico de se consumir vitamina C contra a gripe.

        4) O que achas da mecânica aristotélica que precede a mecânica newtoniana? Erra um grande erro, mais filosofia que ciência.

      7. Zé,

        Não houve conhecimento errado.
        Ciência é conhecimento. E eu já disse dúzias de vezes que não há erros.
        Logo, não faz sentido assumires coisas que são contrárias ao que eu disse.

        A geração espontânea está explicada em cima.
        Foi antes da ciência. Foi baseada em crenças (que são contrárias à ciência). E foi baseada em observações como tu fazes diariamente, e não observações científicas.
        Logo, não percebo como o teu exemplo é de algo que nem ciência era. Logo, a ciência não podia estar errada.

        Ser menina-dos-olhos ou não é indiferente. Não sei o que raio isso tem a ver com arranjares um UNICO exemplo para o que dizes.
        É assim tão dificil?

        Continuo sem perceber o que tem o resto a ver.
        A única coisa que percebi é que, mais uma vez, não quiseste responder às perguntas.

        A mecânica Aristotélica funcionou durante muito tempo. Tal como funcionaram os telégrafos e os cavalos para transportes.
        Sejam aplicações ou não, todos funcionaram para aquilo que foram pensados.
        Nenhum deles foi erro. Pelo contrário.

        • José Vaz on 24/08/2011 at 11:49

        Ciência é mais do que conhecimento. Também é conhecimento … Se fosse só conhecimento, ou uma mera coleção de sabedorias testadas ou validadas, então o livro de receitas que eu tenho na cozinha seria considerado “ciência”.

        Parece-me é que estamos aqui os dois numa discussão do estilo: “Guns don’t kill people … People kill people”. [Armas não matam pessoas … Pessoas matam pessoas].

        Fico desconfiado que estás a dizer: “A ciência não erra. Os seres humanos é que erram”.

      8. Sim, claro. Os Humanos erram.

        A ciência é feita por humanos, mas é mais do que este ou aquele humano, e mais do que um conjunto de humanos.

        2 + 2 = 4 independentemente do Humano que o diz 😉
        E se um Humano disser que 2 + 2 = 7 ou disser que estrelas não existem, por exemplo, não é a ciência que está errada, mas esse Humano é que não sabe o que diz 😉
        O consenso científico é claro em dizer que o erro está nesse Humano 😉

        • marcio.samtos on 24/08/2011 at 12:07

        Ora Carlos…
        Sou pseudo, como vocês cunham, e com muito gosto.

        Gosto deste blog e tenho-o seguido.

        Mas este artigo, para mim, está muito errado e baseia-se em fundamentalismo para creditar a ciencia acima de tudo resto.

        Como referencias a Ciência como conhecimento, o mesmo se aplica à gnose, filosofia, etc…

        Todas elas funcionaram e funcionam enquanto o homem não descobrir uma nova verdade para transcender velhos conceitos. O que acontece tanto na ciencia, na gnose, na filosofia, etc… Mesmo se aparecer uma verdade nova para que substituir a velha, quem seguir a velha continua vivo.
        É de notar que o avanço que das ciência e da arqueologia tem não é actualizada no universo estudantil ao mesmo ritmo.

        E já agora, meditar não é só deitar na cama e ficar com a barriga para cima e pensar sobre um assunto com a cabeça na almofada.
        É observar a natureza – seja ela interior ou externa – para que possamos atingir novos “conhecimentos”. tipo: http://rotinadigital.net/wordpress/garoto-de-13-anos-revoluciona-tecnologia-solar-a-partir-das-arvores/

        Ou então como Epicuro faz menciona nas suas cartas, que um homem só deverá tomar como verdade – na natureza/universo e na sua natureza intima – aquilo que ele poderá observar pelos seus sentidos.

        Escrevo isto não no intuito de mostrar que eu penso melhor que vocês (lol) mas simplesmente é o meu ponto de vista. E que é bom existir discordancias pois quando toda gente acha que algo está certo, é porque realmente está errado.

      9. Márcio,

        Sim, claro, toda a gente tem direito a ter a sua própria opinião e a partilhar os pontos de vista.
        Este é um conceito bastante importante que as pessoas normalmente não entendem.

        Eu não me importo de discutir com quem tem crenças, opiniões, etc, diferentes de mim. Os meus alunos só tiram boa nota quando dizem coisas que eu NÃO disse nem está em livros. Porquê? Porque para ouvir o que eu sei e penso, já estou cá eu. Só se aprende com quem tem opiniões diferentes.

        A única coisa que peço é que não mintam para defenderem as suas opiniões, e que respeitem que este é um local científico. É só 😉

        Reconhece que é pseudo :-). Isso são já 10 pontos para si. Eu não me importo que as pessoas o sejam, logo que reconheçam.
        Realmente, acreditar em Reikki… ai ai… enfim 😛
        Ao menos as pulseiras quânticas tinham valor estético 😛

        “Mas este artigo, para mim, está muito errado e baseia-se em fundamentalismo para creditar a ciencia acima de tudo resto.
        Como referencias a Ciência como conhecimento, o mesmo se aplica à gnose, filosofia, etc…”

        Repare que não são iguais… nem sequer é fundamentalismo.
        Como eu disse no texto:
        O facto da ciência ser testável, falsificável, sendo um processo de revisão constante, é A vantagem da ciência que a faz superior a qualquer crença “só porque sim”.
        Ou seja, é um critério que “separa as águas”… e é falsificável, contrário ao fundamentalismo.

        Quanto ao link que deu, é a prova que o pensamento científico funciona.
        Note que o miúdo não fez o que fazem os pseudos, os filósofos, etc:
        http://www.astropt.org/2011/05/31/asas-de-elefantes/
        O miúdo seguiu o processo científico, e muito bem 😉

        abraços!

        • marcio.santos on 24/08/2011 at 13:02

        Bom link também o seu. 🙂

        Isso do “porque sim” também não engulo.
        tanto que mesmo nas minhas pseudos já muito mudei de ideias perante isto ou aqui, por não me servirem mais para onde quero chegar.

        mas perante o meu link, quero referir que o que o garoto fez pode ser considerado como um processo cientifico, filosofico, gnostico, transcedental, etc…

        Mas o importante mesmo é que ele conseguiu descobrir uma melhor forma de produzir energia solar.

        E isto deve de ser a base de qualquer pensamento ciencitfico, filosofico, gnostico, etc..

        😉

      10. Como é que o que ele fez pode ser considerado transcendental, filosófico, gnóstico, ou outra coisa, quando o que ele fez foi experiências concretas?

        Ele pensou em algo, imaginou uma hipótese falsificável, criou uma experiência concreta e falsificável, analisou os resultados… e agora poderá fazer previsões, novamente falsificáveis, para outras experiências do mesmo género… além do que ele fez terá que ser comprovado independentemente por outras pessoas.

        Isto é ciência. 😉

        Se ele pensasse em algo, e depois assumisse energias místicas ou algo do género… e ficasse por aí… isso não seria ciência 😉
        Se ele fizesse experiências, mas não houvesse ninguém independente para testar, ou ele nem percebesse que os resultados se deviam a placebo, por exemplo … isso não seria ciência 😉

        • marcio.santos on 24/08/2011 at 14:08

        transcendental porque transcendeu a experiencia anterior para uma verdade maior.
        Filosofico porque ele pensou nisso, e baseado no seu senso comum idealizou uma nova linha de pensamento, e pôs em pratica baseado na sua experiencia anterior.
        Gnóstico baseado no seu conhecimento ele pode fazer uso dele para descobrir o que está além da sua experiencia anterior.
        Cientifico já explicas-te e bem… 😉

        E onde é que uma coisa anula a outra?!?!?

        Todas as experiencia podem ser associadas a estas linhas de pensamento.

        Agora no que estou de acordo é perante o pensamento dogmático.
        Aquele que diz “porque sim” porque foi o que os e.t.’s que disseram ou um arbusto que queimava, e que se deixa cegar por isso, é que é um entrave. Mas se é essa a experiencia que quer ter, que tenha.
        Pode servir como ponto de partida mas não deve de ser encarada como a derradeira verdade…

        Todo o verdadeiro cientista procura a verdade da sua realidade atravez da experiencia.
        Todo o verdadeiro filosofo procura a verdade da sua realidade atravez da experiencia.
        Todo o verdadeiro gnostico procura a verdade da sua realidade atravez da experiencia.
        Todo o verdadeiro espiritualista procura a verdade da sua realidade atravez da experiencia.
        Todo o verdadeiro reikiano procura a verdade da sua realidade atravez da experiencia.
        Todo o verdadeiro pseudo procura a verdade da sua realidade atravez da experiencia. (lol)

        Agora quando se fica só pelo processo mental, de idealizar que aquilo que leu é a pura verdade e todos os outros é que estão errados, é que mete medo. É Dogmático e não permite seguir em frente, enquanto agarrados a essa ideia. Seja isto em qualquer linha: cientifica, filosofica, gnostica, reikiana, espiritual, etc…

      11. Onde estão as experiências dos filósofos, gnósticos, espiritualistas, reikianos, pseudos, etc?

        Juro que não estou a perceber.

        Eu não estou a falar de ter a experiência pessoal de estar sentado em cima de uma árvore a dizer que os elefantes têm asas. Isso é filosofia, mas não é qualquer experiência objectiva. E quando se testa correctamente, vê-se que está errada.
        http://www.astropt.org/2011/05/31/asas-de-elefantes/

        Quanto a gnosticos, a própria página da wikipedia do Gnosticismo diz:
        http://pt.wikipedia.org/wiki/Gnosticismo
        “Mas não um conhecimento racional, científico, filosófico, teórico e empírico”
        Ou seja, não é ciência.

        Também não se está a falar em “energias místicas”…

        Ou seja, o miúdo nada fez que fosse filosófico, reiki, espiritualista, filosófico ou o que seja… ele utilizou a mente racional para seguir o método científico.

        Só porque o miúdo observou árvores, estudando-as cientificamente, e um pseudo de vez em quando passeia por jardins e também vê árvores, não se pode concluir daqui que o miúdo fez o que os pseudos fazem 😉

        • marcio.santos on 24/08/2011 at 14:58

        pronto, na minha esfera pessoal, não vejo que todas essas linhas sejam estáticas e só mexam no que tratam.

        (talvez possa mais puxar isso para a minha esfera pessoal para explicar, pois falo pelo que acredito).

        Mesmo no gnosticismo existem muitas linhas divergentes uma das outras… Lá por umas falarem mais alto, não quer dizer que sejam as mais correctas.

        Admito que posso estar redondamente errado, mas:
        *A filosofia é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem.[1] Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas científicas por geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. … As concepções do que seja a filosofia e quais são os seus objetos de estudo também se alteram conforme a escola ou movimento filosófico. Essa variedade presente na história da filosofia e nas escolas e correntes filosóficas torna praticamente impossível elaborar uma definição universalmente válida de filosofia….
        http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia

        um filosofo – a meu ver – obtem a sua forma de pensar através da experiencia, senso comum, da sociedade, e de seus estudos. Continuando com o pobre rapaz do artigo: O pensamento do rapaz fê-lo ver essa possibilidade, ver a possibilidade, não obriga que fique em cima da arvore a pensar que o que pensou era verdade, sem bases.

        *”Gnose (ou Gnosis) é substantivo do verbo gignósko, que significa conhecer.” http://pt.wikipedia.org/wiki/Gnose ( embora não goste de grande parte dos aspectos da Gnose Cristã de Samael Aun Weor fica aqui o link )
        falando mais sobre o rapaz: ter conhecimento do verdadeiro conhecimento por detrás do idealizado experienciando-o…

      12. Sim, Gnose é conhecer… mas não um conhecer racional.

        Sim, o rapaz viu essa possibilidade… como no passado houve quem pensou na possibilidade de viajar até à Lua puxado por bandos de gansos que iriam voar até lá…
        … mas imaginar essas coisas não é ciência se não se testar, se não forem ideias falsificáveis, se não forem confirmadas independentes, de não houver previsões testáveis e falsificáveis… tudo isso é ciência. Sem isso, não o é.

        Penso que esta frase é que nos separa:
        “(talvez possa mais puxar isso para a minha esfera pessoal para explicar, pois falo pelo que acredito).”
        O Márcio fala por aquilo que acredita… independentemente se puderem ser testadas objectivamente pela ciência 😉
        Eu falo por aquilo que é, independentemente se eu acredito ou não. 😉

        Eu baseio-me no saber e não naquilo que eu acredito.
        O Universo está-se completamente nas tintas para aquilo em que eu acredito 😉

        Nesta entrevista eu fui claro:
        http://www.astropt.org/2011/01/30/carlos-oliveira-o-emigrante-cosmico/
        “É neste conhecimento que me baseio. Não é uma questão de acreditar, mas sim de saber. E é neste «Deus» que acredito: no ser humano que através da sua inteligência, racionalidade, e pensamento crítico, irá evoluir para compreender cada vez melhor o Universo que o rodeia.”

        abraços!

      13. Note que eu não ponho em causa aquilo que o Márcio acredita.
        Cada qual tem as suas crenças, que devem ser respeitadas.

        Também não digo que o Márcio é um vigarista, por exemplo.
        Nós normalmente generalizamos, metendo “todos no mesmo saco”, dizendo que os pseudos são vigaristas, mas isso é um erro nosso.
        Contra mim, falo.

        Há pessoas que preferem seguir uma mentalidade não racional, crendo em coisas que a ciência pode testar (com resultados negativos).
        Mas por crerem nisso, não são vigaristas.

        Nem, na verdade, isso faz delas completamente pseudos.
        Todas as pessoas no mundo são maioritariamente cidadãos-cientistas.
        http://www.astropt.org/2011/05/21/profecias-da-ciencia/
        Mas nalgumas situações preferem as crenças, em vez dos resultados científicos. O próprio Newton – o maior cientista de todos os tempos – teve atitudes e crenças pseudo.

        Eu respeito as crenças do Márcio, independentemente de achar que são erradas à luz da ciência.
        Porque para mim, a ciência está acima das crenças pessoais de cada um, incluindo das minhas.

        A única coisa que faço é divulgar a minha visão das coisas 🙂

        abraços!

        • marcio.santos on 24/08/2011 at 20:51

        não tenho nada a apontar contra esse teu “deus”… 😉

        E ainda bem que existe!!!

        E partilho bem a tua opinião… a terra continua a girar independentemente do que acreditemos ou deixemos de acreditar…

        Foi um prazer este chat.

        Abraço de luz… (coisa de new ager) 😉

        • marcio.santos on 24/08/2011 at 21:06

        não tinha lido ainda o ultimo post…

        Enquanto formos duas pessoas diferentes, dois pontos de vista teremos…

        acredito muito nas minhas crenças, e sigo caminho baeado nas minhas “provas” (duvidosas perante a luz da ciencia moderna).

        Mas experimentei muita coisa, tiro conclusões, experimento o que leio e aprendo, para por mim tirar uma conclusão baseada na experiencia.
        Independente se for verdade ou não(perante a mente racional), se me fizer sentir bem, já valeu o esforço de experimentar.

        Admito isso e estou ciente disso…

        E como já disse antes, também gosto o teu “deus da razão”. Está também reverenciado no meu Panteão politaista.

        Abraço de luz… (lá continuo com as minhas coisas new age) 😉

  11. A ideia de que a ciência erra é usada sempre com o intuito de defender que os factos científicos são meramente opiniões e que a ciência é tão boa como a pseudociência preferida de quem lança o argumento. Mas como pode a ciência errar quando já está subentendido à partida que não defende verdades absolutas nem o conhecimento de tudo? Ainda para mais quando é precisamente isso que os pseudos fazem, afirmam que sabem tudo por intuição, meditação ou revelação e depois temos simplesmente de acreditar na palavra deles. Quem são os arrogantes mesmo?

    1. Pois… :S

  12. Gostei muito do artigo, está excelente.
    Partilhei-o no meu mural do FB, na esperança que seja lido pelos meus antigos alunos e, quiçá, por alguns colegas!
    Certamente que o irei partilhar e analisar com os meus futuros alunos.

    Dá gosto ler os textos que publica, Carlos Oliveira, muitos parabéns!
    🙂

    1. Obrigado Helena, pelas suas palavras 😉

      Sim, é excelente que discuta estes temas com os seus alunos, sobretudo se der aulas de ciências.
      São os professores que podem mudar a mentalidade das novas gerações 😉

      abraços

    • Dinis Ribeiro on 23/08/2011 at 17:41
    • Responder

    A própria fotografia que a revista usa é relativamente “ambivalente” e (sobretudo) talvez não seja representativa de quem foi Einstein.

    Anteriormente, tinha lido algures que essa foto foi uma apenas “uma pose” que um fotógrafo lhe tinha (simpáticamente) “pedido” para ele deitar a lingua de fora, só para obter uma fotografia “diferente” e “divertida”.

    Aparantemente, não terá sido bem assim, e a foto terá sido tirada num momento de pura irritação, quando ele já estava farto de ser fotografado.

    Para desacreditar uma pessoa, basta segui-la por todo lado como fazem os paparazzi e irritá-la ao ponto de ela fazer ou dizer algo que a fará “cair no rídiculo”, frequentemente com uma expressão facial que a pode fazer passar por alguém completamente louco, ou pelo menos manifestamente incapaz de conter a sua raiv e http://pt.wikipedia.org/wiki/Raiva_(sentimento)

    A inteligência de alguém sempre gerou inveja nos que não a têm… http://en.wikipedia.org/wiki/Anger e http://pt.wikipedia.org/wiki/Inveja / http://en.wikipedia.org/wiki/Envy

    A inveja: Uma pessoa pode sentir raiva de outra pelo fato desta ter algo que aquela gostaria para si, no entanto, como não possui recursos próprios para adquirir estes objetos de desejos, e pela sua imaturidade moral, passa a sentir raiva de quem os têm.

    Ao pensar sobre qual o papel daos Paparazzi, http://en.wikipedia.org/wiki/Paparazzi em termos de papel num ecossistema, o que me parece mais próximo é o papel dos Parasitas http://en.wikipedia.org/wiki/Parasite e também o papel dos Necrofagos http://en.wikipedia.org/wiki/Necrophagous

    O que é que irá acontecer a um ecossistema quando existem demasiados parasitas e necrófagos e insuficientes “hosts” no sentido biológico do termo? http://pt.wikipedia.org/wiki/Hospedeiro

    Porque é que tanta gente “embirra” com os cientistas?

    Muitas vezes um elevado QI não é acompanhado por um nível idêntico de Inteligência Emocional http://pt.wikipedia.org/wiki/Intelig%C3%AAncia_emocional como se pode ver nos bonecos animados do Dexter’s Laboratory. Uma curiosidade: http://en.wikipedia.org/wiki/Dexter_and_sinister

    Um outro fime que ilustra extremamente bem esta temática, em que uma jornalista “enerva demasiado” um cientista e as coisas acabam muito mal é este: The Fly (A Mosca) http://en.wikipedia.org/wiki/The_Fly_(1986_film)

    Muita gente que tem medo da ciência, possivelmente repetiria a famosa frase que a Geena Davis (Veronica) diz á nova “amiga” do Jeff Goldbume (Seth Brundle):

    Be afraid, be very afraid…

    Outras citações do mesmo filme:

    – Something went wrong in the lab today. Very wrong.
    – Half man. Half insect. Total terror.
    – There is a limit, even to the imagination, where our greatest creations meet our deepest fears.

    E estes receios (fundamentados?) possívelmente geram impulsos biológicos de auto-defesa ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Xenofobia ) que tendem a criar uma espécie de Quarentena Social http://pt.wikipedia.org/wiki/Quarentena

    A inteligência “acima da média” é vista e sentida como sendo “algo de assustador” e até como o possível sintoma duma doença qualquer.

    0) Antes de se saber o que era a eplilesia, pensava-se que quem tinha um ataque epilético tinnha sido possúido pelos demónios. http://en.wikipedia.org/wiki/Epilepsy#History (ver a secção sobre a história desta doença)

    1) Por exemplo, as contracções faciais do Jerry Lewis no “Nutty Professor” que são uma ridicularização dos traços fisionómicos associados com Oligofrenia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Oligofrenia

    2) Algernon is a laboratory mouse who has undergone surgery to increase his intelligence by artificial means. The story is told as a series of progress reports written by Charlie, the first human test subject for the surgery, and touches upon many different ethical and moral themes such as the treatment of the mentally disabled. http://en.wikipedia.org/wiki/Flowers_for_Algernon

    3) O fime “Fenómeno” de 1996 com o actor J Travolta exprime muito bem o que (inúmeras?) pessoas sentem. The tumor is claimed to be what caused the dizziness and illusion of light experienced by George, rather than a mystical or extraterrestrial source, but this is never definitively concluded, leaving the viewer to speculate. http://en.wikipedia.org/wiki/Phenomenon_(film)

    4) A agressividade e a intolerância de pessoas que são possuídas por crenças tão fortes que começam a mostrar sinais de fanatismo, lembram-me muito os “Darkseekers”. Estas pessoas perfeitamente normais tornam-se “obscurantistas” devido a alterações orgânicas e fisiológicas numa história que apresenta interessantes especulações baseadas parcialmente em alguns dados reais, e em que Will Smith interpreta o virologista http://pt.wikipedia.org/wiki/Virologia Robert Neville, que é imune a um vírus originalmente criado para curar o cancro. Ele trabalha para criar uma cura em Manhattan, uma cidade habitada por mutantes que são vítimas do vírus transmitido pelo ar. O filme é muito assustador, mas muito bem feito, embora tente “dar uma no cravo e outra na ferradura”, relativamente ao papel da ciência e da religião, em parte (talvez) para vender mais bilhetes: http://en.wikipedia.org/wiki/I_Am_Legend_(film)

    5) Há estudos que sugerem que existem diferenças anatómicas ligadas á inteligência:
    Albert Einstein’s brain has often been a subject of research and speculation. Einstein’s brain was removed within seven hours of his death. http://en.wikipedia.org/wiki/Einstein%27s_brain Other studies have suggested an increased number of Glial cells in Einstein’s brain. http://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3glia / http://en.wikipedia.org/wiki/Glial_cell

    Voltando á utilização da fotografia de Einstein a deitar a lingua de fora…

    No caso da fotografia utilizada na capa da revista, que considero como uma “escolha infeliz” pela necessidade de vender revistas com uma “imagem popular” dum cientista, por parte dos editores da versão do scientific American em Português, para mim, ela dá (acientalmente?) a ideia de que com 72 anos o Einstein estava já a mostar sintomas de senilidade ou demência http://en.wikipedia.org/wiki/Dementia#Diagnosis

    Albert Einstein has been the subject of or inspiration for many works of popular culture.
    http://en.wikipedia.org/wiki/Albert_Einstein_in_popular_culture

    On Einstein’s 72 nd birthday on March 14, 1951, UPI photographer Arthur Sasse was trying to persuade him to smile for the camera, but having smiled for photographers many times that day, Einstein stuck out his tongue instead.

    This photograph became one of the most popular ever taken of Einstein, often used in merchandise depicting him in a lighthearted sense.

    On June 19, 2009, the original photograph was sold at auction for $74,324, a record for an Einstein picture.

    In the period before World War II, Einstein was so well known in America that he would be stopped on the street by people wanting him to explain “that theory”.

    He finally figured out a way to handle the incessant inquiries. He told his inquirers “Pardon me, sorry! Always I am mistaken for Professor Einstein.”

    Einstein has been the subject of or inspiration for many novels, films, plays, and works of music.

    He is a favorite model for depictions of mad scientists and absent-minded professors; his expressive face and distinctive hairstyle have been widely copied and exaggerated.

    TIME magazine’s Frederic Golden wrote that Einstein was “a cartoonist’s dream come true”.
    a) http://en.wikipedia.org/wiki/Mad_scientist / http://pt.wikipedia.org/wiki/Cientista_louco
    b) http://en.wikipedia.org/wiki/Absent-minded_professor (preconceitos mais “soft”)

    O que fazer relativamente a este tipo de Profiling? http://en.wikipedia.org/wiki/Offender_profiling

    Como é que os cientistas se podem defender?

    Se eu fosse um jornalista “mercenário” e também um paparazzi “amador” e tivesse que entrevistar o (famoso?) jornalista (que tirou a tal fotografia com o Einstein a deitar a lingua de fora), durante essa entrevista sobre as fotografias famosas, poderia eventualmente optar por provocá-lo insinuando sistemáticamente “ad nauseum” que ele tinha tirado essa foto porque tinha preconceitos racistas contra os Judeus, porque tinha inveja por eles serem “mais inteligentes” e várias outras provocações na mesma linha.

    Quando o jornalista acabasse por perder o seu auto-domínio, e me tentasse estrangular, então, sacava da câmara e tirava uma boa fotografia da cara dele em “grande plano” a gritar cheio de raiva, e ia apresentar queixa na polícia e na embaixada de Israel, por ter sido atacado por um jornalista “racista” e “anti-semita” que tem “problemas mentais” e que danifcou a minha máquina fotografica, durante uma entrevista perfeitamente inocente.

    Uma reacção destas tem algums “problemas técnicos”:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Two_wrongs_make_a_right

    Deixando de lado estes aspectos “emocionais”, “éticos” e “políticos” e voltando ao problema de gerir o melhor possível a “Imagem de Marca” e (sobretudo) o potencial que a obra dele pode ter para ajudar a inspirar novas carreiras na investigação, sugiro a leitura dum artigo do qual cito alguns fragmentos:

    Artigo sobre a gestão da imagem: Nutty professor or one cool dude? http://www.msnbc.msn.com/id/7318759/ns/technology_and_science-science/t/nutty-professor-or-one-cool-dude/

    Citações:

    Albert Einstein™ is a brand name.

    It belongs to the Hebrew University of Jerusalem and is administered by The Roger Richman Agency Inc. of Beverly Hills, Calif.

    This is the Albert Einstein™ who, almost without exception, is portrayed as a nutty professor by the merchandise exploiting his brilliance.

    We don’t, however, pay much notice to the Albert Einstein of E=mc2.

    This Einstein — the non-trademarked one who published those astonishing papers in Annalen der Physik — was a different fellow.

    Pictures of Einstein in 1905 show a relatively well-groomed 26-year-old man dressed sharply for the government job he held at the patent office in Bern, Switzerland.

    This Einstein is vigorous-looking and just a little devilish, with a rather jaunty face. He looks, more than anything else, like a happier Edgar Allen Poe.

    Give him a modern makeover, and this Einstein would be right at home before a camera, patiently yet urbanely explaining the intricacies of stem-cell research or the Mars rovers to cable TV audiences.

    This Einstein fathered an illegitimate daughter, divorced his first wife and later married his cousin, all the while carrying on more or less open affairs with the “ladies [who] swarmed around him like moonlets circling a planet,” as Time put it in naming him its Person of the 20th Century.

    This Einstein is a natural for today’s bloggossip world, a dashing young man about town, easily accessible to the paparazzi as he lives the life of the mind by day and the life of the rake after dark.

    He is a tabloid dream.

    He is also, perhaps, an opportunity squandered.

    When physics organizations decided to mark the centennial of Einstein’s blindingly brilliant work of 1905, they said one of their main goals was to attract students into physics.

    “The general public’s awareness of physics and its importance in our daily life is decreasing,” says the European Physical Society, the international coordinator of the Einstein Year.

    “The number of physics students has declined dramatically.”

    Einstein attracted the attentions of starstruck young women all his life.

    Marilyn Monroe was reputed to have said she found him sexy.

    So physicists latched onto the iconic image of Einstein as a way to get the attention of science students.

    “You rarely get a chance to have a cultural icon that’s so closely aligned with the message you want to deliver and who has become sort of timeless,” said Tobin, of Brogan & Partners.

    Overwhelmingly, however, the icon most of these organizations chose was the old Einstein.

    Where is the young, cool Einstein?

    “The most persistent myth about Einstein is that he was born at the age of 50,”

    …said Michel Janssen, a science and technology historian at the University of Minnesota who edited several volumes of Einstein’s collected papers.

    Para concluir, um caso curioso:

    Encontrei um texto “Einstein em Lisboa” neste Blog:
    http://dererummundi.blogspot.com/2007/09/einstein-em-lisboa.html

    As primeiras ideias da relatividade, publicadas por Einstein em 1905, só chegaram a Portugal passados sete anos, em 1912.

    Não foi um cientista mas sim um filósofo – Leonardo Coimbra – quem as introduziu.

    Um dos maiores oponentes de Einstein em Portugal foi um herói da aviação: o Almirante Gago Coutinho, que, com Sacadura Cabral, realizou o primeiro voo entre Portugal e Brasil.

    Por ironia do destino a teoria da relatividade acabou por ser confirmada em território português e brasileiro.

    Livro: Einstein entre nós
    https://lojas.ci.uc.pt/imprensa/product_info.php?products_id=121&osCsid=aopuqr724n3grpa8jqq7ksa786

    1. Eu faço “preemptive strike” com as minhas fotos 😛

      Em vez de usarem fotos minhas, na brincadeira, com óculos extraterrestres, eu próprio divulgo isso 🙂 ehehehe

  13. Este deve ser um dos blogs que estou a gostar mais de seguir…. Em que a epistemologia esta de mãos dadas com as últimas novidades cientificas….
    É deste tipo de conhecimento que existe carência… Deste tipo de questões que preenche o espaço vazio entre o conhecimento e o pseudo-conhecimento…
    Fundamentalmente explicar o que é afinal a ciência, muito além do dia à dia, a maior conquista do espírito humano….
    Parabéns. 🙂

    1. Olá Pedro,

      Obrigado pelas palavras.

      Acho que vais gostar também deste post:
      http://www.astropt.org/2011/05/21/profecias-da-ciencia/
      😉

      abraços

        • Pedro Gameiro on 24/08/2011 at 00:31

        Ja tinha lido e voltei a ler…
        É pena, é a mensagem não poder chegar mais longe…. Mas fico feliz por ter chegado até ao astropt 😉

      1. Obrigado 🙂

  14. Parabens, Carlos, eu diria na verdade, sem excluir a má fé involuntário ou não, mais um exemplo de jornalismo preguicoso e complacente. mas os danos na percepeção do leitor médio são grandes. Uma palavra mal empregada ou mal traduzida, uma vírgula sequer, já é capaz de mudar todo o sentido de um texto. Mas a machete falsifica completamente o que seja a essência do método científico da ciência moderna desde Galileu. O subtexto desses arremedos é sempre o seguinte. NÂO SE ESFORCE em compreender o mundo de maneira científica e com modelos matemáticos, nao vale a pena, ja que eles mesmo padedicam uma vida ao erro. É um golpe abaixo da linha da cintura!

    1. Pois. É um valente tiro no pé da Scientific American Brasil.

  15. Sendo esta uma das concepções erradas mais comuns na população, espero que divulguem este artigo… de modo a corrigir essas ideias erradas que existem sobre ciência 😉

  1. […] a este promissor candidato a planeta, mostra-nos que poderá nem sequer existir planeta. Será que a ciência errou? Claro que […]

  2. […] Desconhecidas. Química venenosa. Leitura a Frio. Quero Saber. Possível vs. Provável. Crença. Ciência Não Erra. Argumento da Ignorância. Profecias da Ciência. 7 Equações. Palmeira Andante. […]

  3. […] A ciência é, por definição, um acumular de conhecimento. O conhecimento anterior não se perde nem passa a ser mentira, só porque passa a haver mais conhecimento sobre esse assunto. Simplesmente acumula-se: sabe-se o […]

  4. […] e subsequentemente acertadas, que levam a uma maior compreensão do mundo que nos rodeia. Em suma, não existiram erros; existem sim inúmeras provas pela história humana que o método científico funciona na […]

  5. […] ou que “antes acreditava-se que a Terra era plana”. Estes argumentos – que são completamente errados à luz da história da ciência – servem aos pseudos para passar a ideia que, se o mundo evolui com mais conhecimento dado […]

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