Neutrinos mais rápidos que a luz? Decididamente não…

A saga dos neutrinos superluminais parece estar a chegar ao fim. Tudo indica que os resultados obtidos pela colaboração OPERA em Itália se ficaram a dever a um erro nos instrumentos de medição. De acordo com uma fonte ligada à experiência, a discrepância observada de 60 nanosegundos no tempo que foi medido parece estar relacionada com uma má ligação entre um cabo de fibra óptica que liga o receptor de GPS, e que é usado para corrigir o tempo de voo dos neutrinos, a uma placa electrónica de um computador.

Recorde-se que o problema começou quando em Setembro de 2011 cientistas que faziam experiências com neutrinos entre o CERN (Genebra) e o laboratório de Gran Sasso na Itália (a cerca de 732 quilómetros de distância) divulgaram resultados que pareciam indicar que os neutrinos viajavam a uma velocidade superior à da luz, chegando cerca de 60 nanosegundos antes do previsto.

Após terem apertado melhor a ligação, os cientistas verificaram que o tempo medido para os dados percorrerem a distância correspondente ao comprimento total da fibra óptica, era 60 nanosegundos inferior ao que tinham obtido anteriormente, o que anularia a diferença de tempo que tinham obtido para o voo dos neutrinos. Parece assim estar encontrada uma explicação bastante simples para a discrepância de tempo que tinha sido encontrada nas experiências iniciais. No entanto é necessário ainda obter novos dados de modo a se obter uma confirmação desta situação.

Tudo indica portanto que a Teoria da Relatividade de Einstein sai mais uma vez vencedora de mais um teste à sua validade. Tendo esta teoria já sido confirmada inúmeras vezes nas mais diversas experiências, a maior parte dos físicos suspeitou que deveria haver algum erro na experiência que tinha sido realizada, que estaria a escapar aos investigadores. Este erro parece ter sido agora encontrado. Falta agora a confirmação.

Pode ler sobre esta notícia aqui e aqui.

15 comentários

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    • Manel Rosa Martins on 29/02/2012 at 21:11
    • Responder

    Veio a confirmação oficial do CERN.

    Há duas dúvidas, uma é a com a ora famigerada ligação de fibra óptica que estaria a subtrair tempo e a outra com o oscilador que faz as marcações de tempo do sicronizador do GPS. Mas esta última retira tempo aos neutrinos (andam ainda mais depressa). É a resultante potencial destes 2 efeitos que pode ter causado a medição anómala, a Anomalia dos neutrinos, como ficou conhecida a experiência OPERA.

    Tem que se somar pelo lado da ligação de fibra óptica e que se subtrair pelo efeito dos oscilador, a resultante é que determinará (em conjuntos com os micro-feixes programados para Maio) a confirmação, ou a rejeição, da anomalia.

    http://press.web.cern.ch/press/PressReleases/Releases2011/PR19.11E.html

    O sixty symbols da Universidade de Notthigham publicou hoje este vídeo.

    http://www.youtube.com/watch?v=cezltcn9Mv0&feature=g-all-u&context=G22dbf41FAAAAAAAAAAA

    • Manel Rosa Martins on 25/02/2012 at 20:17
    • Responder

    Essa do puxão de orelhas aos cientistas da Experiência OPERA teve piada. :))

    Mas uma latência de ~60 nanosegundos numa ligação de banda larga, a ser confirmada, não verifica nem a olho nu nem a desligar/ligar a tomada de junção. Os cientistas publicaram os resultados exactamente com o intuito de toda a comunidade os rever, incluindo rever os procedimentos, como o tem estado a fazer, como é de calcular, com toda a minúcia.

    Um resultado errado nem causa qualquer dano em Ciência, segundo Darwin, porque todos querem verificá-lo. O que pode ser pernicioso é um conceito errado, pois é muito mais difícil de verificar e leva geralmente muito mais tempo a melhorar. Daí também os cientistas da OPERA terem tido o cuidado de anunciar na 1^página da sua comunicação que não estavam nem a desmentir qualquer Teoria nem a propor qualquer Teoria, estavam a publicar dados.

    O que se passa é que a grande maioria das pessoas não sabe o que quer dizer Teoria. Pensam que Teoria é algo que tem que ser provado quando é precisamente o oposto.

    Cavalcanti, Newton terá proferido essa frase num contexto diferente, mas o conceito subjacente de progresso baseado nas realizações passadas descreve o método científico.

    Newton, conhecido pela sua personalidade muito vincada, terá usado um sarcasmo para dirimir argumentos com um colega de baixa estatura física.

  1. Carlos, Renato Romao, TO EM UMA FESTA DE ANIVERSARIO!!! EH FESTA DA CERVEJA!!! ABRACOS!!!

      • Renato Romão on 24/02/2012 at 18:20
      • Responder

      Grande abraço amigo!
      Parabens ao aniversariante!
      Aproveite bem pois é o prato da balança que nos equilibra, ou seja, a vida social! 🙂

      P.S. – Não conduza à velocidade da luz, porque não somos neutrinos, logo chocamos contra a matéria! 🙂

  2. Bem, excelentes comentários. Estou a gostar de ler 🙂

    Continuem 🙂

    • Renato Romão on 23/02/2012 at 21:34
    • Responder

    Boas,

    Os neutrinos ganham fácilmente uma corrida com a luz!!!
    Nos 100mt barreiras!!! HAHAHAHA

  3. Cavalcanti, perfeito!

    Só quero fazer duas considerações complementares.

    Os pseudos devem também entender que pesquisadores e cientistas, fazendo ciência, tem todo o direito de descobrirem alguma coisa nova que expanda o conhecimento e faça invalidar algum conhecimento científico até então visto como um consenso por décadas. Mas como você bem disse, toda nova descoberta que muda algum paradigma consensual não invalida a própria ciência, e essa é a maior virtude dela, os cientistas não endeusam verdades eternas, eles não têm medo de se autorealimentar de novas verdades mais contundentes. Isso é uma virtude da ciência, não uma falha dela.

    O segundo ponto é esse caso em específico. Acho que cabe um puxãozinho de orelhas nos cientistas que foram à imprensa noticiar a experiência e disseram que tinham checado inclusive os erros triviais. Se realmente confirmarem que foram esses os erros, alguém não fez direito o trabalho mínimo de checar as condições de erros que pareceram triviais. Uma coisa é errar por uma nova variável desconhecida, outra é errar por conexão de cabos. Isso sim é uma falha, mas humana, não da ciência, viu pseudos?

    1. Complementando também, Jonas, seu ótimo comentário, 😉 existe uma frase atribuída ao Isaac Newton – já agora, a frase mais fantástica da ciência – que retrata acerca desse apoio que os cientistas têm uns-nos-outros:

      “Se consegui enxergar mais longe foi porque estive sobre ombros de gigantes” 😛 😀

      Note que o Newton estava a falar justamente o seguinte: se ele conseguiu descobrir coisas fantásticas, que modificaram a ciência até hoje, foi porque o Newtão apoiou-se em estudos de físicos e matemáticos anteriores – ou seja, a “base” para que Newton pudesse descobrir (de modo observável e intuitivo) e publicar suas descobertas.

      Vejo que o problema dos pseudos é não saberem a diferença entre teoria, hipótese, postulado e lei. Para ser lei são necessárias as seguintes etapas:

      Observações —> Experimentos —> Leis EXPERIMENTAIS —> Hipóteses —> Teorias —> Leis

      Sim, é bem provável que as leis que conhecemos não possam ser aplicadas em outras regiões do Universo, mas valem para o mundo que conhecemos. Se não me falha a memória, um troll questionou ao Carlos como se define o que é real. Eis a resposta incrível (e bem-humorada) que recebeu:

      “Atire-se do topo de um prédio e já fica sabendo o que é real”.

      😛

      Outro exemplo de que grandes cientistas se baseiam em cientistas ímpares anteriores é com relação à evolução da Teoria Atômica. O Dalton elaborou hipóteses acerca da composição da matéria. Posteriormente, a comunidade científica da época as transformaram em teoria. Porém, a Teoria Atômica de Dalton não explicava alguns fenômenos que ocorriam quando se faziam experimentos. Anos mais tarde, Thomson elaborou, trabalhando com ampolas de Crookes, um novo modelo atômico. A consequência disso foi a descoberta do elétron e do próton – não imaginado nem previsto por Dalton. Mas seus estudos e sua teoria foram bastante válidos para os trabalhos de Crookes e Thomson. 😉 Dando continuidade com o trabalho destes, Rutheford (e graças à descoberta da radioatividade pelo casal Curie) elaborou um novo modelo atômico, no qual seria o mais completo – descobrindo, por sua vez, o nêutron.

      É dessa forma que se trabalha a ciência: apoiado uns-sobre-os-outros. Apoiados sobre os ombros de gigantes. E não de cidadãos como o Nassim Haramein, David Icke, Deepak Chopra etc. – que agradam os que querem ser agradados. Que falam o que os outros querem ouvir.

      A ciência não quer agrada ninguém. Ela é o que é. Cabe a nós nos apoiarmos nos ombros de gigantes para descobrirmos as maravilhas que existem em sua estrutura e completitude…

        • Jonas on 25/02/2012 at 03:01

        Golaço, Cavalcanti!

        E sem precisar complementar, mesmo que a pedidos do Carlos.. kkk. fico observando o replay desse gol.

      1. Cavalcanti,

        Não quer aproveitar esses comentários para criar um texto, post, bem arrumadinho? 🙂

        abraços

      2. Bem, seguirei sua recomendação.

        😉

        Abraços.

      3. Carlos,

        Já o fiz publicar. 😉

        Abraços. Vou descansar.

      4. Boa. Vou ler 🙂

  4. Apenas uma ressalva para aquelas pessoas da blogosfera que adoram criticar os cientistas e/ou especialistas – porém, têm o cinismo de utilizar recursos e criações destes para os ofenderem:

    Na época em que o CERN divulgou os primeiros resultados, de que neutrinos (partículas subatômicas com massas extremamente reduzidas) conseguiram viajar superiormente a velocidade da luz – que derrubaria a Teoria da Relatividade Restrita e, consequentemente, a Física Moderna, existiram pseudos aos montes que vibraram – não por causa da notícia em si, mas, acima de tudo, para ridicularizarem a ciência e o que a mesma nos apresenta. Trataram logo de mostrar que a ciência estaria errada e tudo – absolutamente tudo – pode (e deve) ser mudado. (inclusive para o bel prazer deles…)

    Pronto: os pseudos estão certos e a ciência está errada…………………….. not! Para a infelicidade deles, o CERN veio a público informar que existiam erros nas medições dos seus equipamentos e que os neutrinos, na verdade, não viajaram à uma velocidade superior a da luz. Ponto para a ciência.

    Entretanto, a questão não é se partículas com massa viajam com velocidades superiores à da luz – contrariando a Física Moderna. Se isso tivesse acontecido, naturalmente, físicos de todo o mundo encontrariam uma nova teoria para ser apresentada. Se a ciência fosse tão ferrenha de todas as coisas não teríamos saído da Física Clássica pra Física Moderna.

    Sobre essa problemática, notem que, para baixas velocidades, ainda vale a Física Clássica. 😉

    Entretanto, a ciência simplesmente não pode sair irresponsavelmente, afirmar que agora vamos modificar algumas teorias e tudo que isso implica. A prudência científica permite caminha sim – mas com passos firmes, corretos e na direção do sempre a acertar – ao contrário da pseudociência e seus seguidores, que dão um passo para frente e dois para trás no que se refere a coisas científicas.

    Ótimo post, Seixas.

  1. […] – LHC: medo. Neutrinos (mais rápidos que a luz, efeitos, não, repetição, não). Partícula. Bosão de Higgs: explicação, escolha. Hawking perde […]

  2. […] cliquem (já em ordem crescente de data para entenderem o desenrolar deste) aqui, aqui, aqui, aqui, e […]

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