Sol com máximos e mínimos preocupantes

O Mínimo de Maunder é o nome dado ao período entre 1645 e 1715.
O nome deste período foi dado em homenagem a Edward Maunder que estudara como as latitudes das manchas solares mudam com o tempo.

O Mínimo de Maunder ocorreu porque a actividade solar diminuiu durante um longo período, algo verificável pela ausência de manchas à superfície.
Dentro deste Mínimo de Maunder, durante 30 anos foram observadas somente 50 manchas solares, o que é um número muito menor que as milhares de manchas solares observadas nos últimos anos.

No entanto, temos aqui um paradoxo, porque sendo as manchas zonas menos quentes, o óbvio até seria que o Sol aumentasse a temperatura.
Na verdade, a razão principal para a diminuição da actividade solar parece estar nas estruturas “mais brilhantes”, como as fáculas (na fotosfera) e as plages (na cromosfera), que são zonas mais quentes que a média. No entanto, como estas estruturas aparecem associadas a regiões activas (assim como as manchas), quando há falta de manchas há também falta (especialmente) de plages.
Regra geral, num mínimo solar “normal”, continuam a existir fáculas que ajudam a manter o valor da constante solar, e daí não termos uma “micro época glacial” a cada mínimo.
O grande problema é que não há registo das “manchas claras” durante o Mínimo de Maunder. A opinião mais consensual é que terá sido a falta de fáculas que terá gerado a diminuição da constante solar, e daí, a mini-época glacial.

Algumas investigações apontam para nesta altura (século 17) a rotação do Sol ter abrandado, o que poderá ter alguma relação com o campo magnético, e consequentemente com as manchas solares e as fáculas.

Uma das consequências deste efeito solar, foi a Europa e a América do Norte estarem debaixo de uma pequena idade do gelo, sobretudo com invernos extremamente gelados.

Existiram outros períodos de baixa actividade solar que culminaram no arrefecimento do planeta.
Nos últimos 8000 anos, existiram 18 períodos destes, sendo que os mais conhecidos são o Spörer Minimum (1450–1540) e o Dalton Minimum (1790–1820), que além da influência solar terão também sido ajudados por um acréscimo enorme de actividade vulcânica.

Desde 1900 que estamos num período de relativo Máximo Solar. Este máximo solar teve picos nos anos 1950s e 1990s.
Mas houve outras explosões solares que “fizeram história”, nomeadamente uma em 1980 que quase provocou a 3ª Guerra Mundial, porque nem os EUA nem a União Soviética perceberam que quem lhes tinha “fritado” os satélites não tinha sido o “outro lado”, mas sim o Sol.
Em 2001, também houve um período de grande actividade solar.
E até perto do mínimo solar em 2006, o Sol teve enormes explosões solares no ano 2005.
O que prova que os ciclos de 11 anos do Sol, não são tão certinhos como gostaríamos que eles fossem.

Neste momento estamos a caminhar para um pico solar em 2013, o que é excelente porque nos tem proporcionado belíssimas auroras nos céus.
Ao contrário do que dizem os vigaristas, o pico solar em 2013 não levará a explosões solares que afectem de sobremaneira a vida na Terra. Aliás, os dados mostram que este máximo solar é dos mais moderados dos últimos ciclos.

Após 2013, começa um novo ciclo que terá o seu mínimo em 2018, e terá novo pico máximo de actividade em 2024.

Na verdade, ao contrário do que dizem os ignorantes dos vigaristas, os cientistas que estudam o Sol publicaram 3 estudos diferentes que indicam que o Sol vai estar menos activo no próximo ciclo.
Um dos estudos mostra que a frequência de manchas solares, que são causadas por fortes forças magnéticas, tem diminuído. Um outro estudo mostra que a força magnética dessas manchas também tem diminuído. E o outro estudo mostra que os padrões de fluxo de gases na superfície do Sol parecem indicar que o Sol irá “perder força”.

Por tudo isto, devido a este conhecimento do Sol, é que se espera que o máximo solar em 2013 seja fraco.
E a partir daqui começam as preocupações…
É que há quem especule que a partir de 2013, o Sol poderá entrar em hibernação.
Se isso acontecer, então poderá haver uma nova “pequena era do gelo”, similar ao Mínimo de Maunder, com a fraca actividade solar a levar a um decréscimo da temperatura na Terra.

Tudo isto faz-nos perceber 2 coisas:
– o quanto a ciência é importante e o orgulho em quem tem a inteligência de procurar o conhecimento real dos assuntos, que nos permite compreender melhor o Universo à nossa volta.
– a estupidez dos vigaristas que poderiam no mínimo utilizar o conhecimento real dos assuntos (o possível novo Mínimo) para incutir medos infundados às pessoas, mas em vez disso são tão ignorantes que utilizam ideias totalmente contrárias à realidade para vigarizarem as pessoas.

32 comentários

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    • Osvaldo Palmas on 16/10/2014 at 05:02
    • Responder

    Preocupante?? Não …
    O assunto não deve ser fonte de alarmismos, porque não se trata do “fim do mundo”. Deve no entanto ser discutido abertamente e sem medos porque, a confirmar-se o iminente mínimo solar, a vida das pessoas será afectada. Principalmente das que vivem em altas latitudes.
    Penso que o próximo ciclo solar nº 25, será a grande confirmação ou negação de que estamos a entrar num mínimo de actividade solar.
    Sendo confirmado (e eu acredito que o será por razões que poderei explicar noutro tópico), os próximos verões serão sucessivamente mais moderados e os invernos mais rigorosos. Em alguns locais, poderemos passar alguns anos “sem verão”. Em países localizados em latitudes baixas, como em Portugal, passará a ser habitual nevar em locais onde isso raramente acontecia, por exemplo nas cidades do Porto e Lisboa. Nas altas latitudes (países nórdicos, partes do Canadá), as coisas poderão ser um pouco piores, com a neve/gelo a ficar durante quase todo o ano em alguns locais onde isso não acontecia.

    Poderemos referir-nos aos registos históricos do anterior mínimo de Dalton (1790 a 1830) para ter uma ideia das alterações climáticas associadas:
    – Ano sem verão: 1816 (ou ano de pobreza devido à escassez de alimentos, também designado popularmente nos países de lingua inglêsa por “Eighteen Hundred and Froze To Death”)
    – Em alguns invernos desse período era possível passar a pé entre a ilha de Manhattan (Nova Iorque) e o continente americano, pois as águas gelavam.

    Alguns indícios recentes de tendência de abaixamento das temperaturas:
    http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/ha-mais-gelo-no-arctico-este-outono-1616528
    http://sunshinehours.wordpress.com/2014/09/19/antarctic-sea-ice-extent-sep-19-2014-7th-all-time-record-in-7-days/

    Para terminar, uma citação:
    “Professor Bob Carter, writing in today’s edition of The Australian, a major Aussie daily newspaper, warns that the world is unprepared for imminent global cooling, because of the obsession of policy makers with global warming”

    Cumprimentos,

  1. Porque é preocupante???

    1. Porque é preocupante ???? Algo vai acontecer??? Alguem me diz algo estou assustada…..

        • Pedro Lucas on 22/06/2014 at 01:49

        Ata……….e que eu leio a palavra preocupado ou algo assim ja penso que e algo serio e entro em desespero……

    2. Outra vez?

      Mas vocês não sabem ler?

      Isto são coisas que já aconteceram. Eu até falo dos eventos anteriores em que o mesmo aconteceu. E continuamos aqui.

      Não, não é preciso se preocuparem. É preocupante para os astrónomos, porque queremos saber as razões e assim poder fazer melhores modelos solares/estelares.
      Mas não é preocupante para as pessoas.

      abraços

    3. Vou procurar ler melhor para não tirar conclusões idiotas e espero que minha amiga leticia faça o mesmo……Desculpe carlos esse incomodo…..e que eu sou um menino nervoso

    • Marcelo Resende on 18/02/2014 at 03:42
    • Responder

    Olá! Já estamos em 2014 e pelo que vejo, as temperaturas continuam subindo. Como dois anos se passaram, depois dessa reportagem, tem alguma previsão mais exata de quando começará o Mínimo de Maunder? Obrigado!

    1. As temperaturas continuam subindo onde especificamente? 🙂

  2. Só complementando o comentário do Roberto Barreto, ciêntistas que trabalham para ONU, fizeram um alerta que a temperatura da Terra pode aumentar 4,8 graus até 2100. Segundo Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Meteorológica da ONU, a década passada foi a mais quente já registrada. “A década entre 2001 e 2010 teve o recorde de ser a mais quente de todas, comprovando a tendência de aquecimento global. Nunca foram quebrados tantos recordes de temperatura”, ele afirma.

    O que acha?

    Abraços…

    • Roberto Barreto on 04/10/2013 at 14:22
    • Responder

    Carlos, bom dia.
    Salvador – Bahia/Brasil. 04, outubro 2013
    Uma questão fundamental, no meu entendimento, é que iremos para um novo ciclo de mínimo até 2018. Isto com relação ao SOL. Mas, estamos acumulando CO2, 400 ppm, que mascara o efeito do resfriamento solar atual. Agora, veja só, em 2024 o SOL vai estar em pico de calor ciclico, somando com o CO2 acumulado na atmosfera, teremos um super aquecimento da Terra. Concorda?
    Grato pelas informações.
    Abç,

    1. Tem lógica… mas não 🙂

      Com o Sol, não se pode fazer essas contas e previsões. Como se prova por 2012 e 2013, que deveriam ser picos de actividade 😉

      E com o CO2 também não. O buraco no ozono quase que desapareceu, por exemplo 😉

      abraços

  3. Boa noite!
    Agradecida

  4. Só complementando a pergunta acima.

    “Ao contrário do que dizem os vigaristas, o pico solar em 2013 não levará a explosões solares que afectem de sobremaneira a vida na Terra.”

    Como assim, nos afetem de sobremaneira? Se houvesse uma maior, em que poderia nos afetaria?

    “Após 2013, começa um novo ciclo que terá o seu mínimo em 2018, e terá novo pico máximo de actividade em 2024.”

    Dentro desses períodos, o que poderia ocorrer?

    Obrigada

    1. Sobretudo, auroras mais fortes e em latitudes mais baixas. Venham elas 😉

  5. Boa noite,
    A temperatura global diminui 1°, li num site que no afélio a temperatura na Terra diminui 2° e não dá tanta diferença assim. Como é essa relação? Diminuir 1° ou 2° é muito á nível global? É ruim para a Terra?

    Se houver essa mini “era do gelo”, ou grande, o que poderia acontecer?

    O que poderíamos fazer para nos proteger?

    Apenas alguns lugares ficariam mais frios, ou uns mais frios do que os outros?

    Poderia ser como num filme que assisti, esqueci o nome dele, os lugares foram congelando, literalmente, ou é exagero no filme?
    No filme, não sei se foi menos atividade do sol que causou isso.

    Agradecida

    1. Yasmin,

      As suas perguntas estão respondidas no texto. As diferenças não são grandes. Já aconteceu pior no passado, e podemos olhar para o passado para ver as consequências.

      Quanto ao filme, é o Dia Depois de Amanhã, e não, não será nada como no filme ;). Nem tão rápido nem as coisas congelavam 😉

      abraços

  6. Olá,
    Ao ler a matéria e os comentários, restam algumas dúvidas.
    Há previsão para essa “Pequena Era do Gelo”? Quanto tempo dura? Além de congelar rios, portos, plantações, essa o que essa baixa temperatura pode fazer ao homem?

    Outra dúvida, se a camada de ozônio está diminuindo, e se essas tempestades solares podem fazer isso, tendo mais raios UV na Terra?

    “O pico será só em 2013, não?” Esse pico é o máximo solar? O que pode trazer á Terra? Tem a ver com a reversão dos pólos, ou seja, ficando mais expostos aos raios UV?
    Obrigado

    1. Não há previsões. É preciso monitorizar o Sol 😉

      Não está diminuindo. Tem ciclos com alguns buracos que se fecham.

      Não tem a ver com a reversão dos pólos. O ciclo solar tem cerca de 11 anos. Todos os 11 anos atinge o pico. Nada de especial acontece 😉

      abraços

  7. De quantos graus celsius de diminuição de temperatura em geral estamos falando quando se trata de uma “pequena era do gelo”?
    Existem registros de quanto foi esse arrefecimento na época do Mínimo de Maunder?

    Grande abraço.

    1. A temperatura total do planeta pouco diminuiu… penso que terá sido só menos 1º
      http://en.wikipedia.org/wiki/File:2000_Year_Temperature_Comparison.png

      O problema é que a média de 1º de diferença dá muitos problemas em terra:
      http://en.wikipedia.org/wiki/Little_Ice_Age#Northern_Hemisphere

      abraços

  8. Preocupa-me muito o facto de o indice UV estar sempre entre o elevado e muito elevado.
    O que tenho vindo a ler não indica que tenha relação com tempestades solares?
    De certeza? e então a causa? buraco de ozono?

    1. O buraco de ozono tem aumentado e tem diminuído… não se sabe muito bem porquê, segundo o que sei :S

  9. Deixem-me só realçar o facto de que o texto no post foi revisto e melhorado pelo Ricardo Reis do Centro de Astrofísica do Porto.
    O crédito a seu dono 😉

  10. Um dos comentários no Facebook em cima, penso que é interessante realçar aqui:

    Pergunta:
    Fica uma dúvida: como é que uma intensa actividade vulcânica pode colaborar no arrefecimento do clima no planeta? Isto a propósito das pequenas idades de gelo.

    Resposta:
    Muita atividade vulcanica põe demasiado pó na atmosfera. Quando essa poeira é tal que cobre grande parte da superfície da Terra, então a radiação solar deixa de poder chegar à superficie da Terra, diminuindo-lhe a temperatura.
    Por outro lado, os vulcões emitem enxofre, que em grande quantidade chega à estratosfera, e além de provocar chuvas ácidas, também reflecte a luz solar, aumentando o albedo da Terra, e diminuindo assim a temperatura à superfície – o gelo faz a mesma coisa.
    As duas coisas combinadas fazem ainda diminuir ainda mais a temperatura.
    Note-se que isto não é teoria. Já aconteceu por diversas vezes na Terra, devido a vulcões 😉
    http://en.wikipedia.org/wiki/Little_Ice_Age#Volcanic_activity
    abraços!

  11. sim, mas excepto em alguns momentos pontuais, nada que possa realmente influenciar a nossa ionosfera. Estou neste momento a monitorizar os primeiros MHz’s da banda de VHF e nada de reflexões na camada F2 da ionosfera, que venham mais manchas solares e que as suas linhas de campo magnético se cruzem 🙂
    http://www.solarham.net/

  12. preguiçoso ou não, ultimamente têm aparecido uma manchas bem grandinhas 🙂
    Para seguir dia-a-dia: http://sohowww.nascom.nasa.gov/sunspots/

  13. Sim, agora está previsto para 2013, atrasou um ano, hoje o SFI está a 131, quando já devia estar acima dos 160, o Sol anda preguiçoso 🙂

  14. “(…) então poderá haver uma nova “pequena era do gelo”, similar ao Mínimo de Maunder, com a fraca actividade solar a levar a um decréscimo da temperatura na Terra.”

    Mas não há preocupação nenhuma, Carlos. 😉 É ótimo o tempo frio!!! 😛 😛 Espero que estamos no início de uma mini era do gelo. É porque eu tenho uma teoria (conspiracionista, claro 😛 ) que o Sol afeta os neurônios do povo em geral. Sem essa alta atividade durante um tempo, quem sabe se a população não acalma os ânimos? 😉

    😛

    Abraços e gostei bastante dessa possibilidade! 😉

    1. Eu detesto o frio 🙂

      Prefiro o calor!!! 😀

  15. O pico será só em 2013, não?

    1. Sim 🙂

  16. Ainda no sábado palestrava sobre o Sol e o mínimo de Maunder, a verdade é que este ciclo solar não está nem próximo do anterior no que diz respeito a actividade.

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  4. […] E o Sol? Com o seu ciclo solar meio estranho actualmente, o pico deverá ser em 2012, levando a um aumento da actividade solar, e com uma possível “solar flare” a levar a Terra a um “armageddon” de calor como prediz a Bíblia? Como podem ler aqui, também não há quaisquer evidências que isto possa acontecer, e muito menos em 2012! E o aumento de fluxo solar? Isso são os normais ciclos solares que acontecem há milhares de milhões de anos – nada de especial também aqui. E segundo os últimos dados, o próximo pico nem será em 2012. O próximo pico solar será em 2013 e será fraco! […]

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