Uma equipa internacional de cientistas parece ter feito mais uma descoberta extraordinária.
A estrela HD 40307 é uma anã laranja. É menor, com menos massa, e mais fria que o nosso Sol.
Esta estrela encontra-se somente a 42 anos-luz da Terra.
Já se sabia que a estrela estrela HD 40307 tinha planetas a orbitá-la, já que já tinham sido detectados 3 planetas. Estes 3 planetas estavam demasiado próximos da estrela-mãe e por isso não são interessantes para a biologia.
Esta estrela continuou a ser monitorizada, porque além de interessante em termos de exoplanetas (já os tinha), também é bastante interessante porque é uma das nossas vizinhas.
Agora, 3 novos candidatos a planetas foram detectados! E todos eles parecem ser super-Terras.
Assim, esta estrela parece ter pelo menos 6 planetas a orbitá-la, assemelhando-se assim ao nosso sistema solar.
Note-se que 4 destes planetas deverão ser super-Terras, o que por si só é fantástico.
Um dos planetas-candidatos agora descobertos está a provocar um clima de euforia na comunidade científica.
O planeta, denominado HD 40307g, é o que tem a órbita mais externa dos seis (é o que está mais longe da estrela).
O planeta orbita a estrela em cerca de 198 dias terrestres. Como comparação, refira-se que Vénus, no sistema solar, orbita o Sol em 225 dias. Por isso, este novo planeta está um pouco mais próximo da estrela que Vénus está do Sol. No entanto, como a estrela é menos massiva que o Sol, emitindo menos radiação, então a zona habitável desta estrela (onde pode existir água no estado líquido) encontra-se mais próxima da estrela que no caso do nosso Sol.
Conclusão: este planeta, a ser confirmado, está na zona habitável dessa estrela, onde poderá existir água no estado líquido e quiçá até vida como a conhecemos (apesar de isto ser pura especulação).
Além disto, este planeta é uma “super-Terra”, já que tem 7 vezes mais massa que a Terra.
O candidato a planeta também terá um tamanho cerca de 2 vezes maior que a Terra.
Adicionalmente, o planeta parece rodar sobre o seu próprio eixo, tendo assim dias e noites. Terá um clima como a Terra?
Assim, não são de estranhar as especulações e a euforia: este planeta é potencialmente habitável e está relativamente perto de nós.
Claro que para colocar água na fervura, diz-nos o investigador-principal desta descoberta, Mikko Tuomi: “But the truth at the moment is that we simply do not know whether the planet is a large Earth or a small, warm Neptune without a solid surface” – na verdade não sabemos neste momento se este planeta é uma enorme Terra ou um pequeno e quente Neptuno sem qualquer superfície sólida.
E mais um facto a confirmar as especulações: este planeta ainda não foi confirmado. Para já é somente um candidato a planeta, devido às alterações gravitacionais detectadas na estrela. São precisos novos estudos para confirmar que realmente se trata de um planeta.
Ou seja, ao contrário do que já se anda a dizer pela internet, para já é tudo especulação: não se sabe se existe planeta; e caso haja, não se sabe se é uma super-Terra ou um pequeno Neptuno; não se tem qualquer ideia se é gasoso ou rochoso; não se sabe clima; não se sabe nada sobre o planeta em si para se poder tirar conclusões que levem às especulações mencionadas.
Parece-me que a euforia se sobrepôs à descoberta, em si, importante de mais um candidato a planeta na nossa vizinhança.
Conclusão: já no passado, aqui, critiquei os jornalistas por trocarem as palavras e anunciarem o que não foi descoberto, assim como referi que os próprios cientistas deveriam ter cuidado com as palavras para não induzirem os jornalistas em erro. Desta vez, os investigadores foram correctíssimos, tendo até colocado a palavra “candidato” em título, para se perceber que não está confirmado qualquer planeta e que tudo o resto é especulação científica (com muita ciência, que nos foi explicada pelo Sérgio Paulino, neste post). Entristece-me que quer no Facebook quer em tantos websites na net (alguns dizendo-se de ciência, outros dizendo-se jornais de ciência, e outros tentando passar-se por locais credíveis de informação) se divulgue só metade da informação, esquecendo-se da palavra “candidato“, criando só especulações, enganando os jornalistas e o público em geral.
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Concerteza as informações dessa pesquisa são importantíssimas, pois embreve o homem dominará a técnica de fusão nuclear, a qual fornecerá a energia necessária para as viagens estelares. Porém antes das viagens é necessário conhecer os destinos, portanto esta etapa de conhecimento de nossa vizinhança espacial, é fundamental nesse processo. Acredito que não temos nem idéia do quanto o conhecimento humano se ampliará com o envio de sondas e posteriormente viagens tripuladas a mundos relativamente próximos e parecidos com nosso planeta.
Um planeta 7x maior que a Terra, deve ser muito diferente da Terra.
É provável que com mais gravidade tenha uma enorme atmosfera, como Venus ou até como Netuno.
[Viega]O que é que isso interessa se nós humanos não poderemos lá ir?
Nós olhamos para o céu, e sonhamos com as possibiidades, já a muito tempo, milhares de anos..
Só atualmente que podemos “ver’ mais doq nosso antepassados, não podemos disperdiçar isto.
Lembre-se, teve gente que morreu queimado na idade-média, só por suas observações ao terem olhado um telescópio rudimentar.
Sei que para alguns, aprender sobre o espaço não tem importânicia nenhuma, isso é coisa de cada um né.
Mas para a maioria dos frequentadores deste blog, vale muito a pensa sim.
Hmmm… mesmo método e parte da equipa que *descobriu* o Gliese 581g. Acho que vou esperar pelo artigo da equipa do HARPS 😉
É sempre interessante viver em épocas e assistir a descobertas que, num futuro mais ou menos longínquo, levarão a que se olhe para trás e se diga “pois é, foi na viragem do século XX para o XXI que se deram os primeiros passos!”
Estes anúncios de novos exoplanetas (ou, neste caso, de candidatos) prenunciam essa época de viragem, em que “exploração planetária” deixa de estar limitada ao Sistema Solar e passa a estender-se a outros sistemas estelares.
Mas também gosto do tom cauteloso com que se referem as características do possível planeta. Eu até vou mais longe e gostaria que nos comunicados à imprensa se evitassem as comparações com a Terra. Sei que é quase inevitável fazer comparações e que é isso que os mass media procuram e valorizam. Mas ao investigador ou ao divulgador da ciência exigesse rigor.
Uma coisa que nunca é explicada é que os valores da massa são incertos e apenas é apresentado o valor mínimo, que corresponde ao caso em que o plano da órbita está alinhado com a nossa linha de visão. Mas isso só se pode garantir nos casos em que a deteção é feita pelo método dos trânsitos. Na esmagadora maioria dos casos, a massa do corpo que influencia o movimento da estrela será muito provavelmente maior que a apresentada, dependendo da inclinação da órbita relativamente à nossa linha de visão…
Só esta incerteza, já devia levar a uma cautela maior pois todas as deduções relativas ao diâmetro, composição, etc variam em função da massa.
Author
“Eu até vou mais longe e gostaria que nos comunicados à imprensa se evitassem as comparações com a Terra. ”
complemento: neste caso, mesmo que haja planeta e mesmo que seja rochoso (duas especulações), pode ser um planeta tipo Mercúrio, Vénus, Marte, ou outro qualquer tipo de planeta rochoso muito diferente do que caracterizamos o planeta Terra 😉 .
Por isso, sim, tem razão. Não faz sentido falar-se logo em “Terra”. É só sensacionalismo sem qualquer evidência científica 😉
O que é que isso interessa se nós humanos não poderemos lá ir?
Talvez daqui a umas centenas de anos se a humanidade sobreviver até lá seja possivel fazer viagens tão distantes, mas não acredito que nos proximos 100 anos isso seja possivel, mas como o ritmo de aumento populacional que existe no nosso planeta seria mesmo necessário encontrar planetas com condições de vida porque vai chegar uma altura que a terra não vai conseguir suportar tanta população, pois a continuar a este ritmo de crescimento quando no ano 1900 eram mil e 600 milhões de pessoas e em 2012 são 7 mil milhões em 2100 serão 28 mil milhões.
Author
“O que é que isso interessa se nós humanos não poderemos lá ir?”
Porque um dia chegaremos lá, e é necessário ter este conhecimento 😉
Note que quando se descobriu a electricidade, os raios-x, a world wide web, etc, também muita gente se perguntava: para quê que serve isto?
Até quando se fez os primeiros computadores, houve aqueles que disseram que não serviria para mais nada a não ser armazenar dados das grandes companhias.
Arrisco até dizer que a primeira pessoa a fazer fogo terá levado com a pergunta: para quê que serve isso? 😛
Como se percebe, conhecimento é sempre bem-vindo, mesmo aquele (ou sobretudo aquele) para o qual não se vê uma utilidade imediata 😉
abraços!
com as medidas que o passos coelho está a levar no país, te garanto que pelo menos portugal vai reduzir para metade e não duplicar. portanto já haverá mais um espaço, embora duvido que alguém queira imigrar neste país, visto que só falta virem bater ás nossas portas e roubarem-nos o resto das coisas.
se um grupo de ladrões conseguem roubar um país inteiro todos os dias, sem que eles reclamem, então acredito perfeitamente que será inventado algo para lá chegarmos e talvez lá encontrar-mos um politico a altura, pois só falta mesmo é termos um e.t a liderar o país ….
abraços pessoal
E o que te interessa saber se dois mais dois é quatro? Quanta besteira em uma única pergunta.
[…] fica muito mais perto de nós: uns míseros 42 anos-luz. É uma Super-Terra, ou seja, um planeta (provavelmente rochoso) com o dobro do tamanho e uma massa, no mínimo, sete […]
[…] KOI-961, KOI-172.02, Alfa Centauri, Quinteto, Mais 10 + 18 + 50. HD 132563. HD 85512b, HD 10180, HD 40307g, Kepler-10b, Kepler-11, Kepler-16b (Tatooine), Kepler-20e e 20f, Kepler-22b. Kepler-62, Kepler-69. […]
[…] Super-Terra descoberta na nossa vizinhança? … num sistema com 6 planetas? » […]