Abr 25

Para onde foi a água entregue pelo cometa Shoemaker-Levy 9? Herschel resolve!

Mosaico com imagens tiradas consecutivamente para dar noção das mudanças na atmosfera superior de Júpiter aquando do impacto do cometa.

Mosaico com imagens tiradas consecutivamente para dar noção das mudanças na atmosfera superior de Júpiter aquando do impacto do cometa.

Em Julho de 1994, o cometa Shoemaker-Levy 9 colidiu com Júpiter.
Antes de colidir, partiu-se em muitos fragmentos, devido ao poder gravitacional do planeta.
Assim, vimos 21 fragmentos do cometa a impactarem espetacularmente em Júpiter.

Em 1995, o ISO (Observatório Espacial em Infravermelho) detectou água na atmosfera superior de Júpiter.
Teria sido depositada pelo cometa?
Seria vapor de água vindo de partes mais interiores da atmosfera? Talvez não…
Para estar na atmosfera exterior, o mais provável seria que tivesse uma causa externa. Mas qual? Teria sido o cometa? Seriam Encélado e Europa a entregarem essas moléculas de água a Júpiter?

O Observatório Espacial Herschel mostra-nos agora que existe pelo menos 2 vezes mais água no Hemisfério Sul do que no Hemisfério Norte de Júpiter. Mas mostra-nos mais: ele mostra-nos que a maior parte dessa água está concentrada nas regiões onde os fragmentos do cometa colidiram.
Assim, e de acordo com Thibault Cavalié, o investigador principal do estudo, mais de 95% da água encontrada na camada superior de Júpiter deve-se ao impacto do cometa.

Isto não quer dizer que outras fontes (internas e externas) não possam influenciar, contribuindo um pouco para essa água.
Mas quer dizer que as moléculas de água na atmosfera superior de Júpiter foram lá colocadas na sua grande maioria pelos fragmentos do cometa Shoemaker-Levy 9 em 1994.

Leiam aqui, na ESA, e artigo científico.

Distribuição da água na estratosfera de Júpiter, tal como foi medida pelo observatório espacial Herschel. Vê-se claramente a assimetria entre os hemisférios.

Distribuição da água na estratosfera de Júpiter, tal como foi medida pelo observatório espacial Herschel. Vê-se claramente a assimetria entre os hemisférios.

Carlos Oliveira

Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico.

Licenciatura em Gestão de Empresas.
Licenciatura em Astronomia, Ficção Científica e Comunicação Científica.
Doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas.

Foi Research Affiliate-Fellow em Astrobiology Education na Universidade do Texas em Austin, EUA.
Trabalhou no Maryland Science Center, EUA, e no Astronomy Outreach Project, UK.
Recebeu dois prémios da ESA (Agência Espacial Europeia).

Realizou várias entrevistas na comunicação social Portuguesa, Britânica e Americana, e fez inúmeras palestras e actividades nos três países citados.

Criou e leccionou durante vários anos um inovador curso de Astrobiologia na Universidade do Texas, que visou transmitir conhecimento multidisciplinar de astrobiologia e desenvolver o pensamento crítico dos alunos.

13 comentários

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  1. Além da qualidade das notícias, da a oportunidade de participarmos delas.
    Como no caso na notícia que desse sobre evolução, creio que consegui contribuir bastante com a notícia.

    Outras vezes, tenho vontade de brandar que não concordo hehe.
    Em muitos sites bons, vemos as notícias, temos vontade de comentar algo e simplesmente não podemos..

    E ainda a oportunidade da gente fazer uma divulgaçãozinha, como volta e meia faço do meu site (http://intonses.com.br)

    1. Obrigado 🙂

  2. Obrigado pelas vossas palavras sobre o AstroPT 😀

  3. Mas eu também quero elogiar este blog é a melhor fonte de notícias sobre astrofísica em língua portuguesa e ainda aposto que também em todas as línguas.
    Sei que tem muitos que tem muita divulgação de notícias da área, mas me parece automáticos demais..

    Este blog “É UM BLOG DO CÉU”
    literalmente hehe

  4. Desculpe a ignorância, mas é possível Encélado, apesar da atividade sísmica, fornecer água a Júpiter?

    1. Moléculas de água… não é bem água 😉

        • Felipe on 27/04/2013 at 01:37
        • #

        A minha dúvida era referente à distância entre sua órbita e Júpiter. Sei que ele fornece água aos anéis exteriores de Saturno, mas desconhecia que as moléculas se deslocariam ao vizinho gigante gasoso.

        Aproveito para elogiar o blog, daqui do Rio de Janeiro sempre acompanho. Forte abraços.

      2. Há controvérsias hehe

  5. Interessante…

    Já agora, provavelmente já devem ter partilhado este link, caso contrário gostava de partilhar com os amantes de astronomia:

    http://workshop.chromeexperiments.com/stars/

    Cliquem no link, não se vão arrepender (os que não conhecem vão adorar)

    Caríssimo Carlos Oliveira, espero que não fique incomodado com a minha partilha, asseguro desde já que nada tem a ver com “extraterrestres em Portugal a beber cerveja na Serra da Estrela” 😉 , é uma aplicação que permite ao utilizador ver cerca de 100.000 estrelas próximas, bem como ler informações sobre as estrelas vizinhas do Sol.

    Abraço 🙂

    1. http://www.astropt.org/2012/11/15/100-000-estrelas/

      😉

      abraços!

  6. Interessante.
    Isto me fez lembrar de uma lenda de uma tribo de indios brasileira, que falava do dilúvio sobre o seu ponto de vista.
    E na lenda a agua teria vindo do céu de forma avassaladora e logo depois a passagem de um cometa.

    Já na Africa também tem uma lenda parecida, mas lá a lenda é mais simbólica.

    Ou seja, pode ter sido um cometa a causa do dilúvio que aconteceu na Terra.
    Há indicios de que a cerca de 10 mil anos atras, o mar subiu cerca de 50 metros.

    1. Pelo que se sabe, foi um simples tsunami local. Nada tem a ver com cometas. Se tivesse a ver com cometas, não estavamos aqui neste momento 😉

      abraços

      1. Não teria sido o caso da queda do cometa, mas dele ter passado de forma razante e ter deixado uma grande quantidade do gelo da sua “crista” cair na Terra.

  1. […] superior de Júpiter. Observações realizadas pelo observatório espacial europeu mostram que a água da estratosfera joviana se encontra concentrada no hemisfério sul do planeta, em particular nos locais onde os fragmentos do cometa Shoemaker-Levy 9 colidiram em 1994, uma […]

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