A imagem de cima mostra aquilo a que popularmente se chama um “buraco” no Sol.
A imagem foi feita com a SDO, Solar Dynamics Observatory, que está continuamente a observar o Sol.
Como esta sonda está sempre a monitorizar o Sol, então ela vê frequentemente estes “buracos no Sol”. Eles são mais frequentes, obviamente, nos períodos de máximos solares, como aquele que estamos a atravessar actualmente.
Por exemplo, vejam esta foto no final de Maio deste ano, e esta outra foto em meados de Junho.
Como se percebe, isto são eventos normais. Não há nada de extraordinário nestes “buracos”.
Mas o que são realmente estes chamados buracos no Sol?
Na verdade não são buracos.
São somente zonas da coroa solar onde a densidade e temperatura do plasma solar é menor que nas áreas circundantes. Assim, o que vemos é uma parte “negra”, o que quer dizer uma área extremamente quente, mas um pouco mais fria que no resto do Sol (por ser um pouco mais fria é que parece ser mais escura que o resto).
Nestas áreas, as linhas do campo magnético tornam-se “unipolares” e “abertas”, o que faz com que as partículas electricamente carregadas se escapem em direcção ao espaço. E escapam-se a enorme velocidade (cerca de 700 km/s), cerca de duas vezes superior ao vento solar normal (cerca de 350 km/s).
Ou seja, na presença destas áreas mais escuras (não são “buracos”), temos um fluxo enorme de vento solar a grande velocidade.
Como se compreende, quando estas zonas estão viradas no sentido da Terra, então existe mais vento solar a atingir a atmosfera terrestre, o que aumenta consideravelmente a actividade geomagnética e por isso podemos ver mais auroras no céu.
Desde que o vento solar sai do Sol até que atinge a Terra passam-se cerca de 2 a 3 dias.
Quanto mais intenso for o vento solar, mais fortes e mais duradouras serão as auroras.
Perceberam tudo?
Não é um buraco. É só uma região mais fria e menos densa.
Se estiver virado para a Terra, o forte vento solar provoca tempestades geomagnéticas 2 a 3 dias depois.
No céu vemos belíssimas auroras.
É só isto.
Comparem agora com o sensacionalismo de certos jornais que se baseiam na falta de conhecimento para incutirem medo aos seus leitores.
Como já devem ter percebido, estas são as mentiras:
– não há qualquer buraco no Sol.
– não demora semanas a afectar a Terra.
– não afecta somente a Europa Ocidental, sendo que as auroras são mais comuns perto dos pólos.
– não deve provocar os efeitos sensacionalistas referidos.
– não é um fenómeno incomum.
Não existe um buraco no Sol, mas existe certamente um buraco no conhecimento de alguns jornalistas.
Porque se engana desta forma sensacionalista as pessoas?
Simples: comparem os “Gosto” dessa notícia sensacionalista, com os “Gosto” que vão existir neste artigo a dizer a verdade.
As pessoas gostam de ser enganadas. Adoram notícias sensacionalistas que falem em algo supostamente extraordinário e lhes incuta medo. Não interessa que sejam baseadas na falta de conhecimento dos assuntos.
Já notícias que digam a verdade sobre os fenómenos, não são tão interessantes.
A psicologia humana é… fascinante.
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Boas, só queria saber onde será possível ver essas auroras? e já agora esse suposto ” buraco ” é o maior registado até agora ?
Olá Carlos, obrigada pelo ótimo texto!
Deixo aqui a referência que fizemos no twitter do EMBRACE: http://goo.gl/GSZxwC
Abraço!
Cada vez mais, os “media” são uma fonte de “desinformação”… é triste!
Já estava a ficar preocupada. Li mal o título e fiquei a pensar que as naves terrestres em Europa iriam ficar sem comunicações. Embora Europa não esteja aqui à beirinha até pensei em organizar uma operação de busca e salvamento.
[…] desses fenômenos são os buracos coronais: regiões onde as linhas de campo magnético se rompem e o vento solar carregado de partículas […]
[…] densidade de plasma no interior dos buracos coronais é tipicamente 100 vezes inferior à observada noutras regiões da coroa, pelo que estas áreas […]
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[…] esta promoção da iliteracia por toda a nossa sociedade. Sobretudo na internet, mas também nos jornais e nas […]