Há uns 15 anos, estava eu no Reino Unido, e fiz um trabalho de investigação sobre os melhores locais no sistema solar para se explorar, se o factor principal fosse encontrar vida extraterrestre. Nessa altura, defendi que Europa, lua de Júpiter, seria o local com maior probabilidade de termos sucesso na busca por vida extraterrestre. Por diversas razões, “risquei” Marte dessa exploração, dando-lhe uma probabilidade muito pequena de ter vida, e Titã, lua de Saturno, ficou em “segundo lugar” no ranking da exploração, não só porque Europa tem muita água (melhor elemento para a vida como a conhecemos) mas também porque uma missão a Titã demoraria muito mais tempo a concretizar-se.
De há 15 anos para cá, nada mudou no “plano espacial” que pensei ser mais eficiente.
Pelo contrário. Marte mostra-se cada vez mais um local desértico, com fantásticas notícias do seu passado (mas não do seu presente). E Europa torna-se cada vez mais interessante.
Há dias, divulgamos a informação que Europa tem jactos de vapor de água a sair da sua superfície. Essa explicação consensual para as evidências detectadas, terá como origem o já “conhecido” enorme oceano que existe no seu interior.
Dias antes, um estudo desta lua sugeriu que existe uma troca constante de material (e quiçá de microorganismos) entre o oceano interno de água líquida e a camada de gelo superficial.
Entretanto, uma outra investigação da mesma lua identificou materiais argilosos na sua superfície gelada (minerais argilosos chamados filosilicatos encontrados num anel a 120 quilómetros do centro de uma cratera). A causa para a existência destes materiais foi uma colisão de um asteróide.
Como sabemos, os asteróides podem conter compostos orgânicos. Assim, esses compostos podem ter sido depositados na superfície da lua e posteriormente chegaram ao seu oceano interior.
Ou seja, sabemos que Europa tem: oceano de água líquida, compostos orgânicos, e transferência de material entre a superfície e o oceano interior.
Energia existe. Condições para o desenvolvimento da vida também.
Assim, o que estão à espera para enviar uma missão ao oceano de Europa?
13 comentários
1 ping
Passar directamente para o formulário dos comentários,
Vi ontem o filme “Viagem a Europa” mas pode ser encontrado com o título de apenas “Europa”
Neste filme, ocorreram uma série de desastres imprevistos e morreram todos (xi contei o final!)
(mas sei que se vcs são como eu não vão deixar de ver mesmo assim 🙂
E no filme eles encontraram uma alga.., na superfície
mas ela não era das nossas algas, a alimentação dela era diferente
e nem tinha muito, mas enfim conseguiram achar
e eles enviaram uma sonda a agua, e não viram nada, mas viram umas luzes misteriosas
ao final, na última cena, aparece algo que se parecia com um polvo, bem grande, e que tinha luzes nas pontas
mas afinal de contas poderia ser até outra coisa, pq só tinha uma cena de frações de segundo com a imagem
o filme era na sua maior parte, bem parado mesmo
mas quem é aficionado por espaço, não deve deixar de ver
Author
http://www.astropt.org/2012/11/15/o-relatorio-de-europa/
😉
mas ainda não vi 😉
Tem que ver, não que o filme seja bom, mas .. pô.. tem que ver 🙂
Author
Eu compreendo que se fale tanto no risco de uma missão destas. A sério que compreendo…
Mas sinceramente, não me parece assim tão arriscado.
Vejamos: as missões Apollo levaram, cada uma, 3 homens à Lua com um computador com a capacidade de uma disquete. Isso sim foi um risco enorme.
Neste caso, estamos a falar de missões não-tripuladas (não há risco de perda de vidas humanas). O risco aqui é somente a complexidade da missão, já que seriam 4 em 1. Existiria uma sonda para orbitar a Lua (e ser aquela que receberia os dados da superfície e os enviaria de volta para a Terra). Dentro dessa sonda existiria uma outra pequena sonda que se soltaria para descer na superfície de Europa (como a Huygens se separou da Cassini para descer em Titã). Até aqui, tudo isto já foi feito noutros locais do sistema solar. Essa sonda de superfície libertaria uma broca perfuradora de modo a perfurar o gelo. A tecnologia é a mesma que se utiliza na Antárctica. No entanto, a partir daqui é que é a parte mais complexa da missão:dentro da broca perfuradora, existiria um cryobot: um pequeno submarino que seria libertado de dentro da broca assim que atingisse o oceano, e este submarino andaria a explorar o oceano de Europa. O cryobot também já existe e tem sido testado com bastante sucesso na Terra. A única “complicação” é tê-lo dentro da broca, a broca fazer o correcto (perfurar) e depois libertar o submarino.
Quanto ao argumento económico: uma missão destas custaria cerca de 10 bilhões (americanos) de dólares. Lembro que a ajuda económica que o Governo deu aos bancos para se reabilitarem foi de 700 bilhões de dólares.
É muito para uma missão científica? É, muitíssimo mesmo. Mas são migalhas comparando com o que é dado a missões não-científicas.
Já tinha visto um programa na televisão sobre Europa e já na altura falaram da existência de vulcões e/ou geysers à sua superfície (mostraram até fotos de uma dessas erupções que conseguiram captar).
Sobra a camada de gelo, devido às temperaturas muito baixas, será um gelo bastante compacto e deverá ter vários quilómetros de profundidade, o que irá dificultar bastante a sua perfuração.
Posteriormente, presumindo que se conseguiria enviar uma missão e se conseguisse perfurar a camada de gelo, a temperatura da água deverá ser muito baixa e não haveria qualquer luminosidade. Só a vários quilómetros de profundidade a temperatura deverá ser mais temperada (por estar próximo do núcleo), aumentando a possibilidade de encontrarmos bactérias e afins.
Tecnologia para efectuar uma missão, penso que existe. Financeiramente e o risco associado, penso que deverá ser demasiado elevado para que alguém se queira chegar à frente nesta fase. Cientificamente, havendo conhecimento suficiente para ultrapassar todas estas adversidades, se gostaria de arriscar? É claro!!! Em caso de sucesso, seria um marco histórico!! E claramente, traria muitos conhecimentos à muitas áreas científicas.
O álibi dos políticos, para não ir a Europa, creio que é o dinheiro/tecnologia: não faz sentido enviar um rover a Europa, sem a capacidade de perfurar a camada de gelo, e as probabilidades de sucesso neste momento de uma missão dessas, não compensam…
Basta recordar todas as dificuldades técnicas, que existiram – e existem -, para chegar aos Lagos da Antárctica – por baixo da camada de gelo -, creio que estamos a falar de procedimentos idênticos, mas comandados à distância (ou pré-programados)!!!
Também não é de agora, sou adepto de uma Missão a Europa, à bastante tempo, mas creio que ainda vamos te que esperar… Com os orçamentos espaciais públicos – EUA… – a serem reduzidos, não vejo como lá chegar nas próximas décadas. Mas se algum estudo indicar a presença de petróleo em Europa (ou ouro), ‘era já a seguir’!!!!
Abraços
Acho que a limitação ainda é tecnológica mesmo, do contrário já estariam a caminho… Não entendi porém por que uma Juno em direção à Júpiter, que é bem menos interessante que sua lua. Pelo menos um satélite em órbita de Europa vigiando a sua superfície já podiam ter colocado…
Author
Tecnológica não é 😉
É mesmo decisão política e económica…
Author
Podíamos ter enviado um barco para Titã e também escolheram não enviar 🙁
http://www.astropt.org/2011/05/08/proximas-missoes-da-nasa/
http://www.astropt.org/2012/08/29/nasa-vai-enviar-mais-um-robo-para-marte/
Jonatas,
A Juno é uma missão New Frontiers. Para explorar Europa seria necessária uma missão Flagship, que é consideravelmente mais cara (ver: http://en.wikipedia.org/wiki/New_Frontiers_program). 😉
Que bom que o lançamento da Gaia foi bem sucedido, pressinto que virá muitas descobertas com ela. 🙂
Carlos,
Quanto à deposição de compostos orgânicos na superfície de Europa, temos ainda este outro mecanismo: http://www.astropt.org/2013/02/04/satelites-galileanos-atingidos-por-uma-chuva-de-detritos-negros/. 😉
Author
😀
[…] geysers). Prometeus. Hiperião. Phoebe. Outras luas. Mais luas de Saturno. Grandes luas. Europa (exploração, vapor de água). Io. Luas […]