Supernova na Galáxia Messier 82

Foi descoberta uma supernova na famosa galáxia M82 (Messier 82) na constelação da Ursa Maior. M82, e a sua vizinha de maiores dimensões, M81, são as mais proeminentes galáxias de um pequeno grupo localizado a cerca de 12 milhões de anos-luz, na vizinhança imediata do Grupo Local que inclui a nossa Via Láctea.

A supernova, agora designada de SN2014J, foi descoberta acidentalmente na noite de 21 de Janeiro pelo professor Steve Fossey e um grupo de alunos do University College London, a partir de um observatório em Londres! Posteriormente foi possível detectar a supernova em fotos realizadas nos dias anteriores. No dia 16 tinha já magnitude 13.9, 13.3 no dia 17 e 12.2 no dia 19, facilmente detectável com telescópios modestos mas apesar disso passou despercebida.

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(A supernova SN2014J na galáxia M82. Crédito: E. Guido, N. Howes, M. Nicolini, Remanzacco Observatory)

A análise da luz da SN2014J através de um espectrógrafo permitiu determinar que se tratava de uma supernova de tipo Ia-HV, com as típicas linhas de absorção devidas a silício ionizado e ausência de linhas de hidrogénio e hélio. O espectro mostra também linhas de absorção fortes do sódio, devidas a poeiras interestelares na M82 que ofuscam parcialmente o brilho da supernova. As supernovas de tipo Ia resultam da explosão termonuclear de uma anã branca, constituída maioritariamente por carbono e oxigénio, devido ao despoletar da fusão explosiva do carbono no seu interior. Tal não aconteceria a uma anã branca isolada. De facto, para explodir desta forma, uma anã branca tem de adquirir massa adicional, para que as condições de temperatura e pressão internas possam desencadear a fusão explosiva. Os astrónomos pensam que tal pode acontecer em sistemas binários em que uma estrela normal perde massa para um disco de acreção que rodeia a anã branca, ou num sistema binário composto por duas anãs brancas que eventualmente colidem. A fusão explosiva do carbono produz todos os elementos intermédios até ao níquel numa fracção de segundo e destrói por completo a anã branca.

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(Uma anã branca num sistema binário “rouba” matéria da estrela companheira até que o peso do material que cai na sua superfície gera as condições necessárias para desencadear a fusão explosiva do carbono no seu interior. A estrela explode numa fracção de segundo produzindo grandes quantidades de elementos de massa intermédia. Esse material eventualmente dispersa-se pelo espaço, enriquecendo o meio interestelar com novos elementos químicos. Crédito: NASA/CXC/M. Weiss)

Um estudo mais detalhado das supernovas de tipo Ia demonstrou existirem duas sub-classes que se diferenciam pela velocidade atingida pelo material da estrela projectado para o espaço pela explosão. A SN2004J pertence à classe HV (High Velocity): a análise do seu espectro, nomeadamente do efeito de Doppler observado nas linhas espectrais, demonstra que o material da estrela está em expansão com uma velocidade de 20 mil km/s! Ainda não se sabe exactamente o porquê da existência desta diferença nas velocidades de expansão mas parece estar relacionado com a metalicidade das anãs brancas, estando metalicidades mais elevadas associadas com a classe HV.

Tanto quanto foi possível apurar, a SN2014J foi descoberta aproximadamente 14 dias antes do pico de luminosidade pelo que nas próximas semanas poderá mesmo superar a barreira da magnitude 10, tornando-se numa das supernovas mais brilhantes das últimas décadas.

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  1. Um breve entendimento da Natureza do Universo de Tarcísio Brito.

    As primeiras explicações para a natureza do Universo eram todas metafísicas, isto é, atribuíam poderes sobre-humanos a entidades divinas capazes de criar o cosmo, a Terra e a vida. Mas, no século 6º a. C., surgiu uma explicação do mundo e da ordem das coisas, suscetível de substituir as antigas explicações místicas dos poemas homéricos que descreviam o estado do Universo por meio de referencias a gestos dos deuses e dos heróis.

    As explicações marcavam – entre as quais a primeira, foi, segundo a tradição, proposta por Tales de Mileto – marcando uma ruptura clara das explicações místicas. Ela não apelava para entidades divinas. Todas as coisas seriam, em último recurso, constituídas da mesma matéria fundamental (a água), que, sob a ação de diversos processos, toma as formas das diversas realidades do mundo.

    Então, essa primeira física, sob suas diversas formas, explicava o Universo recorrendo a uma matéria primordial, sobre a qual se exercem processos naturais de transformação. Esse tipo de construção englobava tudo: a ordem dos corpos, as ações desses corpos, uns sobre outros, a formação dos seres vivos e das sociedades humanas.
    Por outro lado, Zenão de Eleia (495-430 a.C.), e os atomistas Leucipo (século V a. C.) e Demócrito (460-370 a. C.), seu discípulo, acreditavam que o cosmo, o sistema harmônico do mundo natural, consistia em duas partes fundamentais: os átomos e o vazio. Para esses pensadores, chamado anatomistas, a menor partícula do cosmo era o átomo, palavra grega que significava o indivisível da matéria. Esse cosmo, diziam, era eterno e existia para se transpor o caos. Ainda apresentaram outras idéias bonitas sobre o assunto da doutrina de Demócrito, chamada de teoria atômica, que vem se mantendo há mais de dois mil anos.

    Exemplos: nosso mundo é formado de átomos, e nossas experiências e reconhecimentos são telegramas atômicos.
    “Quando, no mundo, aparece uma coisa nova, na realidade não é nada de novo que surge, senão apenas o fato de que os átomos invisíveis, que sempre existem, se juntam em bandos, como os pombos para a comida”.

    “Quando uma coisa some, nada se destrói, mas os átomos separam-se, como os pombos esvoaçam depois de se nutrirem, para tornarem a ficar sozinhos e invisíveis debaixo das cornijas até que, em dado momento, voltam a formar um bando”.

    “Quando, no azul do céu, se agrega uma nuvem, é porque os grupos de átomos da água, que até então pairavam individualmente e, portanto, eram invisíveis, acumularam-se para formar neblina visível; quando a água da chuva se evapora das pedras úmidas, os átomos tornam a dispersar-se”. A criança que cresce representa átomos que se criam em seu corpo, e o cadáver que se decompõe faz os átomos voltarem à circulação da natureza que “temporariamente neste corpo haviam-se juntado para o bem e/ou para o mal”.

    Mas naquele tempo a visão atomista estava longe de ser consensual entre os gregos. Platão, o grande filósofo ateniense, rejeitava a idéia dos átomos. Para ele, o cosmo não era eterno. Fora criado. Apesar da oposição platônica, a concepção atomista sobreviveu alguns séculos depois para ser adotada, no século III a. C., por outro filósofo do mundo antigo, Aristóteles, partidário do tempo sem início (eterno), invocava o princípio de que do nada, nada vem – se o Universo não poderia nunca ter passado do não ser para o ser, deveria ter existido sempre.

    Aristóteles tomou conhecimento da física segundo a tradição, proposta por Tales de Mileto, quando ele já estava moribundo: no século 5º a.C., os eleatas, filósofos da cidade de Eleia, no sul da Itália, haviam abalado seriamente essa noção de Parmênides, um desses elea-tas, só chegou a nós de maneira fragmentada, por citações de seu poema intitulado “sobre a Natureza”, apresentado por autores posteriores. Parmênides fez uma crítica aos fisiólogos que nós qualificaríamos de “metafísica”: o nascimento de um cosmo é ininteligível porque ele pressupõe que o ser surge do não ser. Esses primeiros filósofos, ao evocarem o aparecimento do mundo, subtendiam a colocação sob uma ordem, ou sob uma ordem nova, de uma matéria que já existe. Parmênides não chega a fazer alusão à criação do Universo (a partir do nada), noção estranha ao pensamento grego da época, mas recusa essa transformação da matéria existente. Para ele o que existe é “sem começo, eterno, homogêneo, imutável, fora do tempo, uno, contínuo”.

    Todos os filósofos que seguiram as ideias de Parmênides tentaram superar esse traumatismo. Platão foi o primeiro de quem apresento o texto. Ele definiu o não ser como alteridade. Para Platão, o não ser existe e representa o outro, a diferença.

    Aristóteles foi mai longe: ele retorna o projeto dos fisiólogos para explicar o mundo, construir uma física, melhorando e consolidando esse projeto, de maneira a enfrentar as críticas dos elea-tas. As obras da física de Aristóteles foram todas escritas dessa perspectiva. Sua primeira resposta ao desafio de Parmênides foi na cosmologia.

    A principal estratégia contra Parmênides que Aristóteles construiu em sua física é simples: ignorar a questão da origem do mundo, considerar que ele sempre existiu e que existirá sempre globalmente da maneira que é.
    Em 17 de fevereiro de 1600 quando um homem encapuzado foi conduzido por um carroção até a Piazza Campo dei Friori, próximo ao rio Tibre, em Roma. Havia excitação incomum na cidade naquele dia. Madeira empilhada de forma a queimar como fogueira atraía olhares temerosos. Quando chegou à praça, Giordano Bruno, o solitário passageiro do carroção, tinha a boca imobilizada para não “blasfemar”. O crime que o levava à fogueira estava fundamentado num longo histórico que ia do questionamento da infalibilidade do “papa galáctico” a sustentar que as estrelas são sóis e podem abrigar vidas, inclusive seres inteligentes, em suas órbitas planetárias. Em outubro de 1992 o papa João II reconheceu o sofrimento de Galileu nas mãos da Inquisição, o Santo Ofício. E, em outras palavras, proclamou um “nunca mais”. Em relação a Bruno, no entanto, ainda se faz um pesado silêncio que alimenta o mito da ficção que envolve as periferias da esfericidade do nosso Sistema Solar, com histórias sobre Big Bang, expansão do Universo, nascimento e morte de estrelas, formação da Via Láctea, encontro de outras galáxias ou a criação dos falsos buracos negros, sem deduzir que suas especulações não passam de observações congeladas na escala do tempo existencial; formando uma platéia de heróis estúpidos que amam confusões sem fim, para si e para os próprios pseudo-s astrofísicos que acham que podem destruir o planeta Terra, e um dia viver em Marte ou em outras pseudo-s galáxias.

    No século XVIII, surge outra explicação da natureza da vida, com Antoine Laurent de Lavoisier (17438 / 1794) foi um químico francês, considerado o pai da química moderna, a lei da conservação das massas, experiências que tornou mundialmente conhecido o que hoje se chama lei de Lavoisier: “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” (no planeta Terra).
    Por volta de 1860, com os experimentos realizados por Louis Pasteur (1822 – 1895), conseguiu-se comprovar definitivamente que os microorganismos surgem a partir de outros preexistentes. Experiências que coube o papel de tornar mundialmente conhecida como a lei da biogênese: A vida só se origina de outra forma pré-existente e não de um “Princípio ativo” que segundo Aristóteles, poderia ser um objeto inanimado, ou que a matéria inanimada se transformava em algo vivo conforme a carta de Darwin. Assim as experiências do médico e biólogo italiano Francesco Redi e Louis Pasteur acabaram sepultando definitivamente a teoria da abiogênese (suposta formação de organismo vivo com base em matéria não viva; geração espontânea); e nada na história foi sugerido que pudesse refutá-lo – até que surgiu uma pergunta: Como surgiu a vida? Na falta dessa resposta, o pensamento científico dominante continuou explicando a vida na Terra pela Evolução Biológica das Espécies, o que desagradava certas religiões baseadas na Gênese Bíblica.

    Hoje, é curioso notar, que, aproximadamente 24 séculos após os atomistas pensarem pela primeira vez a natureza de um modo objetivo, eu descrevi um novo fato com base na comprovação da biogênese (teoria de Louis Pasteur). Segundo a qual, todo ser vivo origina-se de outro ser vivo; se a vida surge de vida pré-existente, é óbvia a infinitude da vida no ciclo da Nossa História alternado ao ciclo da Pré-História e vice-versa infinitamente. Cada homem é parte integrante do passado, presente e futuro da espécie humana. O patrimônio genético comum a todos é transferido de geração em geração, assim como tudo que foi descoberto, inventado e realizado. Círculo que repete a genética das vidas na Terra – quer sejam elas humanas, animais ou vegetais. Tudo isto faz parte do ciclo da química, que está ligada ao meio ambiente: fauna, flora e os microrganismos que constituem os fatores de equilíbrio geológico, atmosférico, meteorológico e biológico; matérias e energias do ecossistema da Terra – pois se podem verificar isso empiricamente reverenciada com a comprovação deste meu Diagrama que liga espaço tempo as energias do Universo:

    Sol (+) >
    Terra = dipolo induzido, temperatura média razoável =
    Sistema Interestelar = carga negativa, temperatura baixa = < (-) Sistema Interestelar

    Uma vez que o fator responsável por manter o planeta Terra em órbita é a combinação do efeito das cargas gravitacionais devido ao Sol e ao Sistema Interestelar e já que a diferença de temperatura entre os extremos do sistema gera uma força neutra sobre a Terra fazendo-a girar e transladar devido à diferença de Energias cinéticas dos campos, e que nos dá a chave do conhecimento real, tal como a Terra é termicamente neutra, porque além de esta em equilíbrio com o meio onde se encontra, tem o mesmo número de cargas positiva e negativa. E como às forças do Sol e do Sistema Interestelar atuando sobre ela e não se equilibram, elas provocam na Terra seu movimento de rotação e translação, conforme Diagrama anexo.

    Tarcísio Brito
    Projetista e Cientista Autodidata
    [email protected]

    1. pois se podem verificar isso empiricamente reverenciada com a comprovação deste Diagrama de Tarcísio Brito, que liga espaço tempo as energias do Universo:

      Sol (+) >
      Terra = dipolo induzido, temperatura média razoável =
      Sistema Interestelar = carga gravitacional negativa, temperatura baixa = < (-) Sistema Interestelar

  2. Ah, mais informação! Já redireccionei para o artigo publicado hoje à tarde 😉

    1. Obrigado Pedro !

  1. […] Supernovas: Cassiopeia A misteriosa, Eta Carinae, Tycho, Caranguejo em expansão, M101, SN 2011dh, SN 2014J (aqui). Bala Cósmica – SGR 0526-66. Anel. SBW1. Puppis. T Pyxidis. Kathryn Aurora Gray e […]

  2. […] é a galáxia onde recentemente foi detetada a supernova mais próxima da Terra em várias […]

  3. […] mais sobre esta imagem, aqui. Leiam mais sobre esta supernova, aqui e […]

  4. […] AstroPt já tinha anunciado este fenómeno, como poderão ler aqui neste excelente apontamento do Luís […]

  5. […] Mais em: http://www.astropt.org/2014/01/24/supernova-na-galaxia-messier-82/ […]

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