Regresso dos Arcaicos I

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Quando alguém diz que pertence a um partido, um clube ou uma religião, pressuponho que seja praticante. Alguém que diz pertencer a um partido tem de votar nele, ir a comícios ou seguir os seus ideais. No desporto tem de ser sócio, ir a jogos e comprar cachecóis. Na religião tem de seguir e defender a doutrina. Não aceito religiosos, políticos ou adeptos não praticantes pois, assim, não são nada. É por este motivo que ainda ouço (mas só quando tenho tempo e paciência) aqueles pares de pessoas que pregam crenças religiosas na rua. Pronto, também é porque pretendo ouvir novidades científicas ou avanços na área religio-científica (palavra e crença tão real como a picanha vegetariana).

Vi duas senhoras a abordaram-me e parei. Tentei ir para os lados do Génesis mas estava complicado. Insistiam na demagogia religiosa. A Bíblia e o deus delas é que estavam certos porque era a sua crença. Embora haja uns 300 deuses e uns 100 livros religiosos a sua crença é que era a melhor. Não é de estranhar, pois as claques desportivas e as políticas fazem o mesmo: torcem todas pela sua côr e ela é a melhor pois é a delas. Caso não fosse, seria a outra cor a melhor pois… adivinhem, era a crença delas. Vou resumir: não interessa a côr, a crença é a correcta porque é a delas. E pronto. A isto chamo de egoísmo. Não é nada de estranhar já que nas claques religiosas também o chefe (o deus) é egoísta e assassino. Lembro que nas estórias ele cria para matar. Ele promove coação na aniquilação de cidades (incluindo mulheres e crianças).

Depois de algum tempo a tentar, lá consegui que a conversa fosse parar ao Génesis e a uma brochura, da qual vou dissecar a parte interessante.

A introdução tem a seguinte frase : “A bíblia apresenta uma explicação lógica e confiável sobre o início do Universo.”, que “está de acordo com as descobertas científicas” e, ainda, que vamos “descobrir a verdadeira história”.

Rapidamente descobrimos que se trata de um exercício de propaganda religiosa cheio de promessas e falsos discursos. O livro não apresenta qualquer explicação sobre o que quer que seja. Apenas relata, de forma extremamente grosseira e nada elaborada, um acontecimento. Mas nem tem de o fazer. Assim, deixa de ser confiável. Também não é lógica como veremos depois. Não está, em lado nenhum do universo, de acordo com as descobertas científicas como veremos mais à frente. Desta forma, obviamente, não é uma verdadeira história. Mas pode ser uma bela estória.

6 comentários

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    • Nuno José Almeida on 02/03/2014 at 01:01
    • Responder

    “deus delas é que estavam certom”

    deve ser certos

    1. Corrigido 😉

  1. Lembrei-me logo daquela história que dizia que um católico não praticante era como um futebolista não praticante.

  2. belo texto sérgio caldeira embora perdi 20 minutos a le-lo :p

    1. Caro Paulo, espero que não tenha sido tempo perdido. Freud é possivelmente o cientista social que mais se aproximou da verdade científica aplicada à humanidade. Repare que o paradigma das ciências exactas não se pode aplicar à humanidade. Hitler defendia o eugenismo e o darwinismo social, e veja no que deu! Nas ciências humanas ainda falta fazer a revolução coperniciana.

    • Sérgio Caldeira on 28/02/2014 at 22:49
    • Responder

    Caro Dário, espero que aprecie o ponto de vista do antropólogo. Saudações cordiais.

    https://www.facebook.com/notes/s%C3%A9rgio-caldeira/linguagem-simb%C3%B3lica-religi%C3%A3o-e-psique-uma-vis%C3%A3o-antropol%C3%B3gica/637236689648587

  1. […] post vou continuar uma trilogia que iniciei há uns meses, quando fui abordado por duas senhoras que me quiseram salvar, não sei […]

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