Rosetta mede temperatura da superfície de 67P/Churyumov–Gerasimenko

67P_ChuryumovGerasimenko_NAC_OSIRIS_Rosetta_010814Cometa 67PChuryumov–Gerasimenko visto pelo sistema de imagem OSIRIS da sonda Rosetta, a 01 de agosto de 2014, a uma distância de 1000 quilómetros.
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para a equipa OSIRIS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA.

Dados obtidos pelo espetrómetro VIRTIS (Visible and Infrared Thermal Imaging Spectrometer) da sonda Rosetta revelam que a superfície do núcleo do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko tem uma temperatura média global de -70º C. As observações foram realizadas entre 13 e 21 de julho, quando o cometa se encontrava a cerca de 555 milhões de quilómetros de distância do Sol – aproximadamente 3 vezes a distância média entre a Terra e o Sol. O valor é cerca de 20 a 30º superior ao previsto para um cometa a essa distância, com uma superfície exclusivamente formada por gelo, pelo que o núcleo de 67P/Churyumov–Gerasimenko deve estar coberto por uma crusta escura e poeirenta.

“Este resultado é muito interessante, uma vez que nos dá as primeiras pistas sobre a composição e propriedades da superfície do cometa”, afirmou o investigador principal do instrumento VIRTIS, Fabrizio Capaccioni.

67P_ChuryumovGerasimenko_NAC_OSIRIS_Rosetta_200714O núcleo do cometa visto pelo sistema de imagem OSIRIS, a 20 de julho de 2014. Na altura, a Rosetta encontrava-se a 5500 quilómetros de distância do seu alvo.
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para a equipa OSIRIS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA.

A descoberta não é, de forma alguma, inesperada. Observações realizadas a partir da Terra tinham já revelado que 67P/Churyumov–Gerasimenko tem uma baixa refletividade, o que excluía à partida a possibilidade de uma superfície inteiramente coberta por gelo puro. As medições obtidas pelo espetrómetro VIRTIS confirmam que grande parte da superfície deve ser poeirenta, porque os materiais mais escuros aquecem mais facilmente, e irradiam calor com maior rapidez que o gelo quando expostos à luz solar.

“Isto não exclui a presença de manchas de gelo relativamente puro, no entanto, em breve, o VIRTIS será capaz de começar a gerar mapas com a temperatura de áreas individuais”, acrescentou Capaccioni.

O espetrómetro de infravermelhos da Rosetta irá conseguir ainda medir variações nas temperaturas diurnas de áreas específicas do cometa, o que permitirá determinar a rapidez com que a superfície reage à iluminação solar, e, por conseguinte, fornecer informações precisas sobre a condutividade térmica, a densidade e porosidade da superfície até a uma profundidade de algumas dezenas de centímetros. O VIRTIS irá também registar a evolução das temperaturas superficiais do núcleo do cometa, à medida que este viaja nas proximidades do periélio – o ponto em que a radiação do Sol será significativamente mais intensa.

“Em combinação com as observações dos outros 10 instrumentos científicos da Rosetta e da sonda de superfície, o VIRTIS irá fornecer uma descrição detalhada das propriedades físicas da superfície e dos gases da cabeleira do cometa, observando como as condições variam diariamente e à medida que o cometa viaja em redor do Sol, ao longo do próximo ano”, disse o responsável do projeto Rosetta, Matt Taylor. “Com apenas alguns dias até à nossa chegada a apenas 100 quilómetros de distância do cometa, estamos cheios de entusiasmo para começar a analisar este fascinante pequeno mundo com cada vez maior detalhe.”

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2 comentários

    • Samuel Junior on 04/08/2014 at 17:10
    • Responder

    Por curiosidade, este cometa tem por volta de 1 quilômetro não é verdade? Supondo que ele se chocasse com a Terra no mar, assim como foi com o que matou os dinossauros, seria um evento capaz de causar uma extinção em massa apesar de 13 vezes menor do que os do dinoussauros?

    1. Olá Samuel,

      O núcleo de 67P/Churyumov–Gerasimenko tem aproximadamente 4 quilómetros de diâmetro e uma densidade de cerca de 102 kg/m3. Se atingisse a Terra, não provocaria certamente um desastre global, como o que pôs termo ao reinado dos dinossauros, há aproximadamente 65 milhões de anos, mas libertaria energia suficiente para criar um cenário dantesco a nível regional.

      Pode simular aqui o tipo de efeitos que um objeto com as características deste cometa provocaria em diferentes superfícies (no oceano ou em terra). 🙂

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