Cosmos – décimo-primeiro episódio

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11 – Os Imortais (The Immortals)

Este episódio fala de vida: da origem da vida na Terra e da probabilidade de existência de vida extraterrestre.

O episódio também explora a hipótese da panspermia, com cometas e asteróides a transportar organismos resistentes à radiação e a semear a vida pelo Universo.

Por fim, o episódio também analisa a possibilidade de se detetar civilizações alienígenas.

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Tyson começa o episódio por explicar como o desenvolvimento da escrita permitiu aos humanos transmitir informação através dos séculos.
A Princesa Enheduanna, no ano 2.260 a.C. foi a primeira pessoa a escrever o seu nome num dos seus trabalhos (um poema sobre a deusa do amor, o planeta Vénus). Ela tornou-se “imortal” ao ser conhecida mais de 4.000 anos após ter morrido.
A coleção de histórias de Gilgamesh (que viaja em busca da imortalidade) inclui o relato de Utnapishtim que documenta um dilúvio semelhante à história da Arca de Noé. Utnapishtim construiu uma arca cerca de 1.000 anos antes de Noé. Mais uma vez, estas personagens tornaram-se imortais, devido à passagem destas histórias através dos séculos e de dezenas de gerações.

De seguida, Tyson explica que o DNA faz algo semelhante: transmite informação ao longo das gerações de modo a disseminar a vida.
Tyson fala de algumas teorias/hipóteses sobre a origem da vida terrestre, incluindo uma pequena e quente poça de água (“warm little pond“), chaminés negras no fundo dos oceanos, e colisão de cometas/asteróides.

Sobre colisão de corpos espaciais, Tyson explica que ao comparar a composição do meteorito Nakhla com os resultados das sondas Viking, percebeu-se que material de Marte poderia viajar para a Terra, quiçá com alguns micróbios bastante resistentes. Ao longo de centenas de milhões de anos, a vida poderia se propagar de planeta em planeta pela galáxia.

A seguir, Tyson fala sobre a possibilidade de existência de vida noutros planetas.
Ele começa por explicar o Projeto Diana, em 1946, que mostrou que as ondas rádio podiam viajar pelo espaço. Assim, os nossos programas de televisão estão a chegar aos outros planetas.

Desde 1960, temos estado à escuta, para tentar receber sinais rádio de potenciais civilizações extraterrestres (programa SETI). Mas até agora, nada.
No entanto, é preciso considerar o tempo de vida de civilizações extraterrestres. Elas podem ser exterminadas por desastres naturais (como super-vulcões), guerras (nucleares, por exemplo), e até por causas cósmicas (como supernovas).

Seguidamente, Tyson explica que a maior probabilidade de existirem civilizações extraterrestres será em planetas em órbita de estrelas anãs vermelhas (devido ao seu maior número e à sua antiguidade).

Tyson acredita que a inteligência humana deve ser capaz de evitar os desastres naturais, e provavelmente levar-nos-à às estrelas (mudarmos de lar) quando o Sol se transformar numa estrela gigante vermelha.
Tyson diz-nos que vamos colonizar outros planetas, e mostra algumas das naves espaciais do futuro, como as “arcas espaciais” (naves para várias gerações).
O episódio finaliza com Tyson a dizer que a Humanidade ainda tem muitos “rios” para atravessar, ou seja, ainda temos muitas viagens (espaciais) para fazer.

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O episódio é bom.
No entanto, talvez por ser esta a minha área, não gostei assim tanto do episódio.

O episódio tem excelentes efeitos especiais.

Adorei a história da Princesa Enheduanna.

Adorei o relato da erupção do super-vulcão Toba, há 74 mil anos atrás.

Adorei a parte em que Tyson diz que é demasiado limitativo pensar que civilizações extraterrestres usam as ondas rádio.
É esperar que elas estejam no mesmo nível de desenvolvimento que os humanos, o que é basicamente impossível.
Nós há somente 100 anos não conseguíamos detetar ondas rádio alienígenas. Basta eles estarem 100 anos atrasados a nós, para não nos ouvirem; ou 100 anos adiantados, para nós não sabermos que tipo de sinal eles usam.

Gostei bastante da forma como ele falou na história das civilizações.
Em vários locais ao mesmo tempo, as pessoas pensavam que os seus deuses (da sua cultura) estavam contra eles (e inventavam justificações do dia-a-dia). No entanto, se essas culturas tivessem conhecimento dos assuntos, percebiam que por todo o lado existia o mesmo problema, e era derivado das alterações climáticas. Ou seja, o real conhecimento dos assuntos serviria-lhes muito melhor do que as suas falsas explicações mitológicas/sobrenaturais.

Gostei da parte inicial em que Tyson especula sobre como seria vivermos para sempre, e questiona a forma como seres imortais extraterrestres poderiam perceber o espaço-tempo.

Tyson falou das suas crenças pessoais sobre a humanidade, sem existirem quaisquer evidências para aquilo que ele espera que a Humanidade faça.
No entanto, é verdade que ele tinha que deixar uma mensagem de esperança e sobretudo de confiar na ciência. E é isso que ele diz: se aplicarmos a racionalidade e confiarmos no conhecimento científico, poderemos chegar muito longe.

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Infelizmente, o episódio saltou demasiado entre diferentes assuntos. Não existe uma narrativa ao longo do episódio, como em episódios anteriores. Não há encadeamento. Não há consistência.

Além disso, é um episódio demasiado especulativo.

Aliás, pareceu-me um episódio de “venda mediática” da hipótese da panspermia, como se fosse a melhor ideia para a origem da vida. Mas esta hipótese nem sequer explica a origem da vida, somente a coloca noutro local.
Porque Tyson não se concentrou, por exemplo, na vida ao redor das chaminés negras no fundo dos oceanos, como uma hipótese bem sustentada de possível origem da vida na Terra? Faria mais sentido…

Faltou falar das limitações nos diversos assuntos que Tyson explanou.

Por outro lado, Tyson misturou diferentes tipos de vida que nada têm a ver: poderem existir micróbios transportados entre planetas nada tem a ver com civilizações tecnológicas a transmitir em rádio.

Da mesma forma, o episódio mistura diferentes definições de imortalidade: quando diz que podemos ser imortais ao morrermos mas vermos o nosso trabalho reconhecido milhares de anos no futuro, e quando diz que seres extraterrestres podem ser literalmente imortais.

Percebo porque Tyson fala de um novo Calendário Cósmico (para os próximos 14.000.000.000 de anos). Supostamente essa parte final do episódio é para inspirar as gerações futuras.
Mas sinceramente, parece-me demasiado especulativo e simultaneamente limitativo.
Há 100 anos atrás, alguém poderia prever a internet? Claro que não.
Alguém duvida que daqui a 100 anos teremos coisas que atualmente não conseguimos prever? Eu não.
Por isso, para quê tanta especulação, se na prática muito provavelmente viveremos num mundo muito para além da nossa imaginação atual?
Para inspirar as gerações futuras não será melhor se não lhes dissermos o que irão/deveriam fazer no futuro? Aliás, o próprio Tyson refere isso no final do episódio.

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2 comentários

1 ping

  1. Acabo de assistir este episodio de Cosmo junto com minha filha ,medir que que ela fixasse na conversa do comandante do projeto Raiana ”se deixarmos nossa imaginação viajar livremente , chegaremos a lugares próximos do impossível,” acho que foi isto que ele disse , bem nos estamos assistindo esta maravilhosa série pelo NETFFLIX.

    Parabéns professor pelo blogue.

    • Graciete Virgínia Rietsch Monteiro Fernanbdes on 25/08/2014 at 22:07
    • Responder

    Neste episódio , do que mais gostei foi o Cientista Tyson ter referido os seres ( estou a falar nos humanos), que são imortais pela obra que deixaram. Não percebi a que tipo de seres se refere quando fala de seres extraterrestres que podem ser literalmente imortais.
    O episódio é realmente um pouco especulativo, mas a Ciência está a avançar tão depressa!!!!!!
    Estas abordagens do Prof. Carlos Oliveira abrem-me a vontade de voltar a ver os episódios, agora com outros olhos. E como tenho tudo gravado, vai ser fácil.
    Um abraço

  1. […] – Os Imortais (The […]

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