Em 2007, uma equipa de astrónomos utilizou os observatórios Spitzer e Chandra para descobrir finalmente a longamente antecipada população de quasares de Tipo II.
Um quasar consiste num buraco negro muito maciço rodeado por um disco rotativo de gás que o alimenta. O disco emite radiação devido à fricção do gás em movimento a alta velocidade. A radiação é mais energética junto ao horizonte de eventos do buraco negro e decresce progressivamente à medida que nos afastamos. A partir de uma certa distância a temperatura desce o suficiente para se poder formar grande quantidade de poeira interestelar que, juntamente com gás formam uma enorme nuvem toroidal em torno do quasar.
Quando um quasar tem o seu eixo de rotação alinhado aproximadamente com a Terra, apresenta-se muito brilhante em comprimentos de onda desde os raios X duros até ao infravermelho. Estes quasares são facilmente visíveis em comprimentos de onda ópticos a enormes distâncias e designam-se por quasares de Tipo I. São os quasares a que estamos habituados.
Por outro lado, quando a linha de visão entre o observador e o quasar atravessa a enorme nuvem toroidal de gás e poeira que o rodeia, este deixa de ser observável em comprimentos de onda no visível, no ultravioleta e nos raios X suaves. Esta radiação é absorvida eficientemente pelas poeiras na nuvem toroidal. Um quasar com estas características designa-se de Tipo II e até agora apenas alguns exemplos excepcionalmente brilhantes tinham sido observados.
Note-se que a diferença é meramente observacional, dependendo do alinhamento entre o quasar e o observador. Por outras palavras todos os quasares são de Tipo I e Tipo II, consoante a posição do observador.
A existência de uma enorme população de quasares de Tipo II foi postulada há vários anos para explicar algumas particularidades do “fundo de raios X” no qual o Universo está imerso. Os astrónomos tentavam atribuir essa radiação de fundo a uma enorme população de quasares no Universo ainda jovem. No entanto, os quasares observados eram brilhantes tanto em raios X suaves como duros, ao passo que o “fundo de raios X” tinha uma proporção anormalmente elevada de raios X duros. A existência de uma população de quasares de Tipo II explicaria esta observação pois a absorção eficiente dos raios X suaves pelas respectivas nuvens toroidais provocaria um deficit deste tipo de radiação no “fundo de raios X”.
Os astrónomos, trabalhando no âmbito da iniciativa “Great Observatories Origins Deep Survey” que pretende observar o Universo remoto em múltiplos comprimentos de onda, observaram mil galáxias distantes que não aparentavam conter quasares. As observações com o Spitzer revelaram que cerca de 200 libertavam uma quantidade anormal de radiação infravermelha. Quando as mesmas galáxias foram observadas com o Chandra, os astrónomos detectaram raios X muito energéticos provenientes das suas zonas centrais. Afinal as galáxias albergavam quasares obscurecidos pelas suas nuvens toroidais de gás e poeiras. Estas nuvens, banhadas pela radiação intensa do quasar, aquecem e emitem o excesso de infravermelhos observado.
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