Anãs Brancas

No seguimento do post do Nuno há uns dias atrás, lembrei-me de algumas curiosidades que talvez vos possam interessar.

Depois da descoberta das anãs brancas em torno de Sirius e de Procyon, no século XIX, a sua natureza foi esclarecida no início do século XX por físicos como Arthur Eddington, Subrahmanyan Chandrasekhar, William Fowler e Lev Landau. Entretanto, no mesmo período, vários outros exemplos foram descobertos por astrónomos como Adriaan Van Maanen e Willem Luyten, contribuindo para o engrossar de uma lista que, no final do século, contava já com mais de 2000 entradas. Nos últimos anos, projectos como o Sloan Digital Sky Survey aumentaram esse número para mais de 9000 !

A maioria das anãs brancas descobertas encontram-se relativamente próximas do Sol, traídas pelo seu movimento próprio anormalmente elevado e a sua cor característica. No entanto, existem muitas anãs brancas que fazem parte de sistemas binários, como Sirius e Procyon, ou múltiplos e que são de difícil detecção devido à grande luminosidade das restantes componentes do sistema.

Como o lançamento de observatórios espaciais os astrónomos detectaram várias estrelas, aparentemente normais, que emitiam quantidades anormais de radiação ultravioleta e raios X. Em vários casos, um estudo mais cuidadoso revelou tratar-se de sistemas binários (ou múltiplos) em que uma das componentes é uma anã branca. Na realidade as anãs brancas são mais brilhantes em radiação ultravioleta extrema e raios X que as outras componentes do sistema. Veja-se uma imagem de Sirius em raios X pelo Chandra (a componente brilhante é Sirius B!).

siriuschandra.jpg

A ocorrência de anãs brancas em sistemas binários permite calcular a sua massa com precisão, através do cálculo da órbita do sistema. Em 2000, uma equipa de astrónomos, entre os quais Jay Holberg, autor de um livro recente sobre Sirius que aconselho vivamente, apresentou os resultados da observação de alguns destes sistemas com o Telescópio Hubble. O artigo, com imagens, está aqui para os mais curiosos.

Mais uma curiosidade, se quiserem observar um sistema com uma das anãs brancas mais maciças conhecidas, cerca de 1.15 vezes a massa do Sol, podem fazê-lo facilmente com binóculos ou, no limite, a olho nú. Trata-se de IK Peg, que está próxima do zénite no início da noite nesta altura do ano.

ik_pegasi.png

Por outro lado, se quiserem ver a estrela de Van Maanen, magnitude 12.4, podem usar os mapas que se seguem.

vanmaanen.png

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