Atalaia, 19 de Janeiro – A noite de Sirius B

A noite de SIRIUS B

Em relato anterior, referente a 12 de Janeiro, excrevi sobre as tentativas de fazer a separação visual de Sirius A e Sirius B e como todas as tentativas tinham sido inconsequentes.
Entretanto o Guilherme de Almeida fez a sugestão de usar uma fita preta, com a largura de 0,5mm a 1mm, a qual atravessaria todo o campo da ocular e iria ser deslocada de forma a bloquear parcialmente Sirius A, permitindo assim a visão de Sirius B.
Encontrei umas vulgares abraçadeiras de plástico preto, com a largura de 2,5mm e espessura próxima do valor indicado.
Usei a técnica sugerida.
O equipamento foi o seguinte:
-Obsession de 15″
– Ocular Nagler de 12mm, campo aparente 82º
– Powermate 2 (amplificação =350x)
– Powermate 4 (amplificação=560x)
A resolução de Sirius B foi conseguida nas duas amplificações.
O ângulo de posição era próximo de 100º e a separação angular deveria rondar os 5″ de arco.
Logo à segunda tentativa consegui a separação perfeita. A largura extra da fita foi também muito útil. Usando toda a largura era fácil bloquear Sirius A, e depois, inclinando a fita, diminuir o nível de bloqueio. Primeiro aparecia Sirius B, com Sirius A quase totalmente bloqueado e, com a diminuição do bloqueio de luz, conseguiam-se os dois componentes.
A separação foi conseguida por mais de 10 dos 25 presentes na Atalaia.
A noite foi quase toda gasta à volta de Sirius e valeu a pena.
Para o fim da noite ainda houve tempo para Saturno e para a Lua.
A Lua, através da binocular Denkmaier do Licínio, foi uma visão fantástica.
Conseguimos uma vista absolutamente espectacular, pela definição, pelo relevo e pela riqueza de pormenor, do Valis Schroter e de Aristarco, que se encontravam bastante próximo do terminador.
Houve mais uma vez casa cheia, apesar da Lua e da humidade.
Para mim e para todos os que tivemos o privilégio de lá estar e de ter esta experiência, esta noite ficará registada como a noite de SIRIUS B.
Fica aqui expresso o meu muito obrigado ao Guilherme de Almeida pela oportuna sugestão.
A noite era de Lua, mas não impediu a presença de tanta gente.
Houve muita humidade, não muito frio e a atmosfera esteve bastante estável.
Já com o equipamento arrumado, ainda fomos brindados com um bólide, de leste para oeste, de uma tonalidade azul vivo, quase verde esmeralda.
E que venham mais noites destas, com ou sem Lua, mas com casa cheia.
Para manter a tradição, a noite terminou pelas 05:00 horas na área de serviço de Alcochete.

Alberto

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