Os europeus afirmam-se na indústria espacial. O sistema de navegação por satélite Galileo é “uma ferramenta de soberania para a Europa”, referiu recentemente o comissário europeu dos Transportes, o francês Jacques Barrot.
Os europeus afirmam-se na indústria espacial. O sistema de navegação por satélite Galileo é “uma ferramenta de soberania para a Europa”, referiu recentemente o comissário europeu dos Transportes, o francês Jacques Barrot, para quem “não se pode viver num mundo cada vez mais dependente do geo-posicionamento e continuar apenas tributário do sistema norte-americano”, o GPS.
O Galileo dá à Europa, nas palavras daquele responsável, “uma autonomia incrível”, constituindo “um passo face à sua independência total” e assim se explica porque o Parlamento Europeu, reunido em Estrasburgo, deu recentemente “luz verde” definitiva à implementação do sistema de navegação por satélites europeu, de uma forma quase unânime.
A constelação de 30 satélites deverá estar operacional até 2013, havendo já uma base jurídica para o projecto, que dispõe já de um orçamento e de um plano de implementação detalhado.
A Europa não podia, de facto, continuar a adiar um projecto fundamental e estruturante, como o Galileo, financiado em 3,4 mil milhões de euros pelos fundos comunitários, numa altura em que norte-americanos (com o GPS) e russos (Glonass) melhoram os seus sistemas e os chineses iniciam a implementação do seu Compass.
Autonomia tecnológica da Europa
O Galileo, de que a portuguesa Edisoft é fundadora, permitirá afirmar a Europa, a sua tecnologia, num quadro global onde os satélites assumem um papel central. Hoje tudo passa pelo espaço e por isso, tal como americanos, os russos ou os chineses, também a Europa tem de dotar-se de meios para ganhar uma dimensão de liderança no sector espacial.
Portugal pode e está já a dar um contributo para este intento estratégico, como é exemplo a criação pela Edisoft do RTEMS Centre (Real Time Executive for Multiprocessor Systems), centro europeu destinado a suportar toda a indústria europeia que desenvolve software embarcado nos satélites europeus da ESA e que já originou o interesse da Google e da NASA pelas “ferramentas” desenvolvidas “made in Portugal”, como damos conta nesta edição.
O sistema nervoso dos satélites europeus e, eventualmente, também americanos passam agora a “falar” português.
O Galileo, como o RTEMS Centre, na componente específica dos sistemas operativos embarcados, a parte mais sensível dos satélites, permitem à Europa tomar o controlo do seu Espaço e afirmar-se. Esta afirmação coloca a Europa no primeiro plano, condição hoje necessária em todos os domínios.
Em 2013, a Europa passa a conseguir determinar o seu lugar no globo de um modo autónomo. Que a precisão e rapidez da tecnologia tenham reflexo na agilidade e certeza das decisões políticas e económicas e a Europa terá certamente um rumo próspero e com um contributo estratégico e decisivo do “made in Portugal”.
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