ASTROVIDE 2008

Decorreu nos dias 5 e 6 de Julho em Castelo de Vide mais um Astrovide.
Desfrute da beleza do Alentejo e dos magníficos céus.
astrovide2008

Decorreu, e com sucesso mais um ASTROVIDE.
Já é um encontro tradicional – vai na 7ª edição – facto digno de registar, tanto mais que continua a contar com a aderência da comunidade astronómica e do público.
O programa foi o previamente anunciado. Iniciou-se com uma interessante palestra do Filipe Alves relacionando a escala das coisas, desde o tamanho dos planetas do sistema solar, ao próprio sistema, a uma nebulosa planetária, a nebulosas várias, a galáxias a enxames de galáxias, ilustrando com imagens e escalas gráficas. Seguiu-se o José Ribeiro, com o tema “Planetas extra-solares”. Explicou os métodos de detecção disponíveis e os efectivamente mais usados, sobretudo o das velocidades radiais. Explicou o método dos trânsitos, qual a massa mínima dos planetas actualmente detectáveis, a fronteira entre uma anã castanha e um planeta e, para os mais interessados, abordou mesmo a forma de determinar o período de órbita e a massa do planeta.
Seguiu-se um intervalo para observação do Sol.
Entretanto, no Centro Cultural foi montado o Planetário Insuflável. Antes do reinício das palestras, fui assistir a uma prelecção feita pelo David Nunes. É um excelente instrumento de ensino, sobretudo para os jovens.
Seguiu-se o José Matos com o tema “Um universo feito à medida”. Abordou o facto de este universo, este sistema solar, este tipo de vida, esta Terra só poderem existir porque se reuniram todas as condições, todas as variáveis necessárias, e como a presença de uma variável diferente ou a ausência de outras impossibilitaria um universo tal como o conhecemos. Não veio defender o chamado princípio antrópico, mas não deixou de fazer notar que existimos e estamos cá porque muitas coisas aconteceram da forma exacta, “à maneira”, usando a sua expressão: – uma galáxia “à maneira”, uma localização na galáxia “à maneira”, um sol com massa “à maneira”, uma Terra à distância certa e com a massa certa, e mesmo com os impactes certos de objectos exteriores que, tendo eliminado os animais gigantes, abriram caminho à proliferação de outras espécies e ao homem.
Depois o Nuno Crato falou da matemática simples das coisas complicadas, ou da matemática complicada das coisas simples, ou simplesmente da matemática das coisas. Falou de cartografia, de como as cartas de projecção Mercator distorcem os tamanhos nas altas latitudes, da diferença de uma linha de rumos (loxodrómica) para uma linha de rumos variáveis (ortodrómica) entre dois pontos e que representa a distância mínima entre eles. Posso referir que a ortodrómica é, numa superfície esférica, a distância mínima entre dois pontos e corresponde à secção de círculo máximo que passa pelos dois pontos considerados. Explicou como, para definir uma posição, seja por GPS, seja pelo levantamento a faróis costeiros, seja por outros metodos, é necessário ter três medições de fontes diferentes etc.
Não pretendo fazer um resumo das palestras, mas unicamente referir os tópicos principais.
À noite houve o tradicional piquenique junto à barragem de Póvoa e Meadas, seguida de uma noite de observação.
No início da noite o céu encobriu, mesmo na altura em que alunos de escolas, acompanhados dos respectivos professores, se preparavam para um pequeno passeio pelo céu. Felizmente a noite não ficou estragada porque virámos as atenções para Júpiter, para o Escorpião, para o Sagitário. Por causa de Júpiter e das bandas equatoriais a conversa transferiu-se para a Terra, a inclinação da eclíptica, os regimes meteorológicos, as estações etc.
Entretanto o céu ficou limpo e foi possível fazer uma pequena navegação pelas Ursas, pela estrela polar e a forma de encontrá-la, transferindo para o mundo real o que alguns já tinham aprendido no planetário insuflável, pelo triângulo de verão etc. Houve oportunidade de mostrar vários objectos como M51, M22, M6, M80, M15, M17, M11 e vários outros. No fim ainda houve tempo para alguns darem uma espreitadela a Neptuno.
Depois a noite continuou para os astrónomos presentes. Não vou dar nomes nem números porque iria falhar alguns.
A noite terminou, pelo menos para mim e para a maioria, pelas 03:30.
E, para o ano, haverá mais, assim o espero.

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