Este fim-de-semana realiza-se, em Serpa, a Astrofesta.
O organizador, professor Máximo Ferreira, enviou-nos o programa que se encontra ainda em elaboração:
Sexta-Feira (8 de Agosto):
– toda a tarde: chegada e instalação de tendas
22:00 – Um passeio pelo céu; histórias de estrelas e constelações (Máximo Ferreira – MCUL)
– Observações do céu com binóculos e telescópios
Sábado (9 de Agosto):
16:00 – Observações do Sol com telescópios equipados com filtros especiais
18:30 – Abertura oficial da ASTROFESTA 2008
19:00 – 2009 – Ano Internacional da Astronomia (João Fernandes – OAUC/Presidente da Comissão Organizadora do Programa Nacional do AIA)
19:40 – O Observatório de Gualtar (João Paulo Vieira – ORION)
20:15 – Buracos negros (Paulo Crawford – OAL/FCUL)
21:00 – A Lua e as marés (Natália Botelho)
– Início das observações do céu nocturno
21:40 – título a definir (Orador a definir)
22:20 – Um passeio pelo céu; histórias de estrelas e constelações (Máximo Ferreira – MCUL)
23:00 – O céu coberto de poesia (Ana Maria Dias – CCV de Constância)
23:40 – Um Universo à maneira (José Matos – FISUA)
Domingo (10 de Agosto):
00:30 – título a anunciar (Orador a anunciar)
00:00 às 06:00 – Observações do céu com binóculos e telescópios
10:00 – Passeio pedestre na região de Vila Nova de S. Bento
13:00 – Encerramento da ASTROFESTA 2008
Direcções. Alojamento. Inscrição e Contactos.
O que me apraz dizer?
É a Festa Nacional da Astronomia, e por isso, em primeiro lugar e acima de tudo deve ser apoiada e defendida!
Mas precisa, na minha opinião, de algumas melhorias, sobretudo comparando com a organização de outros encontros em Portugal.
De qualquer modo… Viva a Astrofesta!
Vão a Serpa este fim-de-semana!
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Estas são algumas informações que recebemos após a astrofesta:
– pouca gente;
– fraco sítio;
– fraca organização de palestras;
– abertura muito tarde;
– um dos oradores que mais se esperava, Crawford, não apareceu;
– oradores-surpresa (que no programa estavam por definir), foi o Filipe Dias e o Jorge Fonte;
– uma das palestras que mais surpreendeu pela positiva foi a do João Vieira da Orion com o seu observatório;
– o Zé Matos falou muito tarde, mas, como sempre, bem;
– o João Fernandes não apareceu, mas foi o Miguel Avilez e pelos vistos cometeu 3 erros menores na palestra. Conheci-o há 2 anos, penso eu, também numa astrofesta, e reti 3 factores: excelente comunicador/orador, slides surpreendentemente em inglês (!!!), fraca “camaradagem”.
– comidas e bebidas, à bom português, foram muito boas.
Resumindo: parece que qualitativamente foi pior que nos anos anteriores.
Sem nada contra o Máximo, que é só ele que tem tido o trabalho das Astrofestas, porque não uma organização conjunta nos próximos anos de modo a aumentar a qualidade, como aconteceu em Lamas de Mouro?
Crítica do José Matos:
Há uma beleza rude no interior alentejano. Pequenas colinas, muito pó, terra seca. Não é a primeira vez que temos aqui uma astrofesta. Lembro-me de Serpa, de Aljustrel, da Serra da Ossa, de Alcácer do Sal. Há sítios melhores, sítios piores, como também há astrofestas. Já vi céus melhores, menos pó, mais gente, melhores vias de acesso. Foi o que se arranjou. Penso que o sítio não foi dos melhores. Mas gostei das sardinhas. Mesmo no meio de nada houve comida. De resto, o local ainda não estava devidamente arranjado para receber uma astrofesta. Penso que a organização fez o possível naquela situação.
Em relação às palestras foram também as possíveis. Falou-se do AIA 2009, o João Vieira deu uma boa lição sobre como se faz um observatório e não vi mais nenhuma.
Já era de madrugada quando comecei a minha palestra, mas tive gente. Lá estiveram a ver como vivemos num Universo feito à maneira. É disto que tenho falado este ano.
Crítica do Filipe Dias:
A inexistência de informação levou o pessoal a desenrascar-se e encontrar um tal de “ex-posto fiscal da GNR” no google maps. Depois disto, foi uma autêntica aventura chegar lá, e eu adorei isso, por acaso! Fui ter a Vale Mortos, andei por uma estradita de terra no meio do campo até à estrada alcatroada, mas depois fui dar a uma autoestrada de terra (em construção) que não tinha ponte, o que pessoalmente achei muito fixe! Mas pronto, acredito que para o comum curioso pela astronomia, isto seja um pesadelo…
Cheguei lá no Sábado às 20:00, encontrei-me com 3 amigos astrónomos amadores dos Algarves, e já algumas palestras tinham passado.. Procurei saber quando era a minha, ainda faltava tempo, então fui comer qualquer coisa.
Falou o João Vieira sobre o observatório de Gualtar, a seguir falei eu sobre a foto que fiz do eclipse lunar, depois falou o Jorge Fonte sobre sistemas de coordenadas.. No meio, ainda houve música bem alta (chegava a Espanha, com certeza) por um grupo de cantares da região…
Não assisti depois a palestras durante um tempo, e no fim falou o José Matos, sobre um universo à maneira, que acho que foi uma apresentação gira! Acontece é que como já era bem noite, acabei por assistir a metade da palestra enquanto montava o equipamento do lado de fora da tenda, portanto a atenção acabou por não ser a melhor.
Desta vez fui eu um dos dois oradores “surpresa”… Fui falar um pouco da motivação, desafios, e “física”/movimentos de Luas e planetas por de trás da última fotografia que fiz a um eclipse lunar. Andei a explicar como a Umbria se mexe no céu em relação às estrelas, e como tentar mantê-la quieta numa foto de 3 a 4 horas de exposição. A foto até chegou a LPOD do dia 27 de Fevereiro. Resolvi dar o nome à apresentação de “Onde pára a sombra da Terra?”, justamente por causa do que esteve envolvido para a manter parada na foto.
Em relação aos “comes”, quem se registou tinha direito a 1 petisco! Infelizmente não percebi como aquilo funcionava. Percebi que o petisco era uma febra ou uma bifana… Mas havia tanta gente de roda do local que não percebi se aquilo era uma fila para entregar a senha, se era um molho de gente para esperar a comida tendo entregue a senha. Estive lá ainda uns minutos à espera de alguém que recebesse senhas, mas como estava com fome, abandonei a refeição gratuita e fui comer um cachorro na rolote adequada.
Posto isto, o céu alentejano é uma maravilha!
Falando agora em termos mais técnicos, fiz umas imagens da nebulosa do Pacman, IC5146… O nível do fundo (intensidade do céu) no Alentejo estava em 450 (ADU: analog to digital unit) numa exposição de 5 minutos. dois dias antes tinha feito uma imagem do mesmo objecto na Atalaia e o nível de fundo andava nos 1300. Portanto, ali na quela zona o céu era 3 vezes mais escuro que na Atalaia!
Mas pronto, isto foi só depois das palestras acabarem, que foi depois da lua se pôr, que foi depois da banda “cinzenta” que parecia humidade no céu se ter dissipado… No início o céu não parecia ser assim tão espectacular… Mas sem Lua, ficou mesmo! Era uma espectacularidade discreta, mas foi possível (um colega) vislumbrar uma mancha cinzenta no sítio onde fica a Nebulosa da América do Norte, com um dob de 10″, e só um filtro que não era o mais indicado para a ver. Foi a primeira vez que ele viu a NGC 7000. Portanto o
sítio parece ser bom!
Mas pronto, agora a minha opinião sobre a Astrofesta: Agora que já estou irremediavelmente metido na astronomia amadora, não sinto que tenha ganho muito com a Astrofesta. A Astrofesta acho que não é para mim como “aluno”…
Mas como pessoa que vai lá falar e divulgar coisas a quem ouviu muito pouco de astronomia, ou quem tem um telescópio e não sabe como funciona, ou quem é curioso por algumas coisas, isso já faz sentido.. Segundo contam os meus pais, havia nos anos 80 um pessoa que fazia programas de televisão sobre astronomia, e que a divulgava dessa forma na televisão. Essa pessoa era um tal de Máximo Ferreira, o mesmo nome que está à frente da Astrofesta! Pela descrição, esta Astrofesta encaixa-se perfeitamente no mesmo estilo de divulgação. É um real esforço de divulgação da astronomia a quem não a conhece… Mas é curioso que quem a conhece começa a não aparecer nestas coisas. É estranho… Mas eu próprio sinto que há algo que não joga…
De qualquer maneira, há aqui um ligeiro ponto que é preciso reforçar: São raras as pessoas com gosto por provas de orientação em mato alentejano e por investigação (de imagens de satélite do Google Earth e de informações parcas de juntas de freguesias e jornais alentejanos), que também gostam de astronomia ao ponto de aliarem estes gostos todos para ir a uma Astrofesta!
Como é óbvio aparece pouca gente. Mas acredito que se tivesse aparecido tanta gente lá como no CCV de Constância do ano passado, que não havia forma nenhuma caber lá essa gente. Penso que o número de pessoas que lá estavam foi o melhor para as condições que havia.
Será que vou à próxima? Talvez vá por ser em Lisboa. Será que vou lá com esperança de fazer fotografia ao céu profundo, ou aprender coisas novas? Isso já duvido. Não vou lá de certeza para acampar e levar o equipamento! Vai ser uma coisa estranha, se calhar.
A quantidade de gente é uma coisa relativa. No total era à volta de 1 “tenda de pessoas” (estimando a lotação da tenda, penso que haveria umas 60 pessoas)… Mas como o fogareiro para assar a carne é pequeno, e assa tudo lentamente à luz de uma lanterna na mesma altura em que os esfomeados lá vão chegando, parece muita gente! 60 pessoas numa astrofesta é pouco, mas 60 pessoas à espera de comida é muito! Atendendo ao sítio escondido onde o fogareiro estava, pareceu-me que podia haver mais luz nesse sítio.
Dessas 60 pessoas, umas 20 pertenceriam à organização e palestrantes, daí que havia pouca gente “do povo”. Até mesmo nos encontros de carácter regional já apareceu mais gente…
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