História da Astrofesta: uma análise crítica

A Astrofesta foi, em tempos, uma grande festa da astronomia amadora em Portugal.

Afastou-se progressivamente da comunidade astronómica amadora e começou a sofrer de um individualismo protagonista de alguém que, manifestamente não tem possibilidade ou vontade de dialogar e de a organizar, tendo resultado no colapso modelo do actual.

É necessário, diria mesmo imperativo, manter a possibilidade de nos encontrarmos, trocarmos ideias, conhecer-mo-nos pessoalmente (com o que isso nos trás de facilitador de relações, mesmo quando a comunicação posterior seja preferencialmente por net) tentarmos fazer a divulgação e evolução da astronomia amadora.

Como sabemos, há uns anos foi anunciado ser essa a ultima Astrofesta: Desde então, o encontro manteve-se, mas tornou-se sensivelmente moribundo, mais a arrastar-se do que a desenvolver-se, em nada dignificando a actividade e contribuindo para o afastamento de muitos elementos de valor.

Chegamos ao ponto de a menos de uma semana não haver um programa definitivo. De organização passámos a desorganização; recordo uma Astrofesta (Nisa) em que os oradores quando chegavam escreviam num placard o título da palestra e a hora a que a queriam fazer!

Não vale a pena referir os conflitos na distribuição de espaços e na localização das festas. Não vale a pena apontar culpas; construtivo é apontar soluções, que os problemas são já sobejamente conhecidos de todos nós.

Entretanto nos últimos anos houve uma experiência que me foi extraordinariamente positiva: Lamas de Mouro. E o que teve de diferente? A (co-)organização pela Orion e a redução do contributo do Museu da Ciência de Lisboa.
A solução parece ser óbvia, uma vez equacionado o problema:

1 – O actual modelo de organização da astrofesta está cansado e merece um repouso.
2 – A Astrofesta tem de continuar
3 – Houve entretanto um modelo que funcionou.

Deste modo, a minha proposta é a seguinte:
A Astrofesta deverá regressar à comunidade de astrónomos amadores, através das suas organizações.
Assim, mantendo ou não co-organização pelo Museu da Ciência de Lisboa, a organização deverá rodar pelas diferentes associações e grupos de astrónomos amadores, cabendo a estas e não àquele, a responsabilidade pelas decisões de fundo da organização da Astrofesta, nomeadamente definir a localização, datas e estrutura programática da Festa.

E como será feita a atribuição da responsabilidade organizativa?

Em cada ano, durante a realização da Astrofesta, haverá uma reunião em que são apresentadas, pelas diversas organizações e associações, candidaturas à organização da Astrofesta que se realizará dois anos depois (na primeira reunião terá também de ser eleita a organização para o ano seguinte).

Cada proposta deverá ter expresso: entidade ou entidades organizadoras, data e local propostos, linhas gerais do programa e nome e contactos de um elemento responsável pela equipa de trabalho.
A antecedência de dois anos visa possibilitar uma organização com tempo, programar calma e adequadamente as propostas idealizadas e a apresentação, na reunião da Astrofesta seguinte (portanto a um ano da realização) os traços definitivos / programa provisório do encontro que estão a organizar.

A equipa eleita poderá ser chamada a apoiar/substituir a equipa do ano anterior, se tal se tornar indispensável para a continuidade da Astrofesta, e terá também a responsabilidade de assegurar a realização da festa do ano seguinte àquele a que se propões, se entretanto não houver possibilidade de reunir uma nova equipa.

Apresentadas as propostas, far-se-ia a eleição, por voto secreto, de entre as pessoas presentes na reunião, independentemente da sua afiliação em associações. Se uma proposta não atingir 50% mais um voto dos total de votos expressos, deverá ser feita uma segunda volta entre as listas que tiverem tido os dois resultados mais votados.

Para garantir a idoneidade da reunião e dos seus resultados, a hora e local desta deverá ser previamente anunciada, com antecedência mínima de trinta dias, em pelo menos duas listas de mail de astronomia amadora de expressão nacional e carácter generalista. De entre os presentes constituir-se-á uma mesa de assembleia com três elementos (um presidente e dois vogais) que aceita as propostas, organiza a votação, conta os votos e elabora um documento com os resultados; este documento será assinado pelos elementos da mesa, com a descrição dessa função e pelo maior número possível de elementos presentes na reunião.

Por: Elisio Sousa

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.