Este sábado, após um período de férias astronómicas, reiniciei as actividades, na companhia do Filipe e da Rute.
É um facto que o céu da Atalaia se vem degradando sobretudo pelo enorme aumento de construção nas áreas de Alcochete e Montijo, após a construção da ponte Vasco da Gama.
Acresce ainda que o local tem os dias contados, porquanto o novo aeroporto de Lisboa ficará a poucos quilómetros do local e as vias de acesso, provavelmente, não passarão longe.
Por isso, ainda que o local continue após a construção do aeroporto, sentimos a necessidade de fazer o levantamento de locais alternativos.
Há muitos locais, se quisermos ir para longe. Mas, para as idas vulgares de todos os fins de semana, tem de haver um equilíbrio entre um céu razoável e a distância a percorrer.
Assim, desta vez fomos experimentar a barragem de Pêgo do Altar, junto a S.ta Susana, Alcácer do Sal.
São cerca de 110 km, a partir de Lisboa, com autoestrada até Alcácer, sensivelmente o dobro da distância que muitos fazem para ir à Atalaia.
Chegámos cedo para explorar o local. Agora, com o nível da água muito baixo, as áreas disponíveis são muito extensas. Escolhemos dois locais possíveis e fomos de seguida até ao paredão da barragem, a poucos quilómetros de distância. Ficámos ali um bocado a gozar o fim do dia. Tentámos ver Venus a oeste, mas as nuvens não o permitiram.
Jantámos num restaurante junto à barragem. Aí aprendemos uma palavra nova para nós: -MONDINA.
Era o título de uma gravura existente no restaurante, mais concretamente: – Mondina do Sado.
É o mesmo que mondadeira, mulher que arranca as ervas daninhas nas colheitas.
Depois fomos até ao local pre-seleccionado na barragem. O céu tinha nuvens altas, mas, mesmo assim, apresentava uma via láctea como não via há bastante tempo, com a área do Cisne a evidenciar aquele braço que parece desprender-se do braço principal. Montámos o Obsession e, para alinhar o “quickfinder”, apontámos a Júpiter.
Surpresa! Apesar de o espelho ainda estar quente, fomos brindados com uma imagem muito nítida, cheia de detalhe, e com a grande mancha vermelha muito notóriae próxima do limbo, prestes a desaparecer de vista.
Foi uma noite excelente para enxames e menos boa para nebulosas. Ainda assim, a Nebulosa do Véu, perto do zénite, estava espantosamente brilhante. M31, M32, M110 no mesmo campo com a nagler 31mm, M33, M57, M26, M76, M45, M11, M13, M16, M17, M20 etc. foram os alvos para esta noite de teste.
Urano e Neptuno estavam agora em boa posição e não escaparam.
Com Urano conseguimos também visualizar a lua Titânia, magnitude 13,4.
Terminámos pela 01:30 e partimos pela 01:45, com chegada a Lisboa às 02:50. É um tempo de viagem aceitável, de vez em quando.
O local tem várias vantagens e alguns inconvenientes.
Como vantagens: – é amplo, é público, oferece um céu bastante aceitável e é um compromisso razoável em termos de tempo/distância de viagem.
Como inconvenientes: – Bastantes carros entraram na área e perturbaram com os faróis (Penso que uma outra área mais afastada do ponto de entrada, e que também visitámos, nos porá a salvo); bastantes campistas junto à água; subida das águas, no inverno, que limitará a área utilizável.
No cômputo global, consideramos que o local tem potencialidades e fica anotado como uma alternativa.
Boas observações
Alberto
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