As chuvadas dos dias anteriores, sobretudo as de 6ª feira, não pressagiavam nada de bom para o fim de semana.
Mas, no sábado de manhã, as previsões de várias fontes prometiam céu limpo para a noite.
Foi o suficiente para que cerca de 20 pessoas acorressem à Atalaia, algumas pela primeira vez.
E a noite até foi bastante boa.
No início esteve céu limpo e quase sem humidade. Mais tarde começaram a aparecer algumas nuvens altas e com elas a noite acabou por ficar húmida.
Começa a ser aconselhável ir bem agasalhado.
O céu apresentou uma magnitude um pouco superior a 5. Estavam visíveis as 7 estrelas da Ursa Menor, o que nos garante logo uma magnitude de 4,99, e não era a melhor área do céu.
Desta vez a maioria dos presentes dedicaram-se à observação visual. E, neste domínio, a noite foi muito rica.
Os primeiros testes foram em Júpiter. Seguiu-se Neptuno.
Urano ainda estava demasiado baixo e ficou para mais tarde. Voltámos lá mais para o fim da noite. Foram algumas imagens magníficas, sobretudo de Júpiter, com a Grande Mancha Vermelha e bandas equatoriais bem delineadas. Neptuno , pequeno, apresentava um pequeno disco e Urano, mais próximo, apresentou um disco maior e muito bem definido. A 700x conseguia-se mesmo ver a lua Titânia, magnitude 13,9.
A Nebulosa do Véu, através de várias oculares equipadas com filtro OIII, ofereceram imagens fantásticas. Muito perto do zénite, pese embora a dificuldade acrescida de chegar à ocular do Obsession, estavam na posição ideal em termos visuais.
A nebulosa Crescente (NGC6888), também foi facilmente detectada e com bastante pormenor, embora já tenhamos tido melhores imagens.
M57 mostrou-se espectacular. A estabilidade atmosférica permitiu grandes amplificações. Os resultados óptimos foram conseguidos a 700x, tendo sido avistadas várias vezes e por diferentes observadores, a estrela central, magnitude 15,3.
A dupla dupla, epsilon da Lira, a 700 vezes, abria uma autoestrada entre cada um dos pares.
M11, M15, M2, Nebulosa Saturno, Helix (esta só com filtro OIII), M27 (nebulosa do Haltere), M76 (pequeno haltere) , M33, M74, etc. preencheram uma boa parte da noite.
Depois foi uma tentativa pouco conseguida de ver o IC 10, uma galáxia irregular em Cassiopeia. Com uma magnitude de 11,9 parecia ao alcance, mas o baixo brilho superficial de 15,8, tornaram o objecto praticamente indetectável naquele céu.
Foi então a vez de algumas nebulosas planetárias, a começar pelo NGC 1514 em Touro. Seguiu-se um passeio pelas planetárias de Cisne, com destaque para a nebulosa “Blinking”. Com uma estrela central brilhante, quando se olha directamente, como que ofusca o olho, fazendo desaparecer o halo. Desvia-se o olhar e o halo reaparece em todo o esplendor. Este efeito foi muito evidente.
Ainda apontámos a alguns outros alvos, mas a humidade e alguma nebulosidade alta levaram-nos a encerrar a noite. Curiosamente, quando abalámos, pelas 04:00 horas, o céu estava limpo e, aparentemente melhor do que durante as observações.
Àquela hora já Orion e os Gémeos estavam acima do horizonte, antecipando o céu de inverno.
Foi uma noite maravilhosa na Atalaia. É uma alegria ver aparecer novos observadores espontaneamente…. e saber que vão voltar.
Ou muito me engano, ou vamos ter muita gente nova na Atalaia, no futuro próximo.
É esse o grande objectivo: – Ver as pessoas aparecerem, não porque há um grupo, mas porque há um local, onde sabem que podem ir observar, conviver, trocar experiências e conhecimentos, tirar dúvidas, conversar, gozar o céu e o ambiente nocturno, aprender e ensinar qualquer coisa.
É um privilégio poder fruir noites como a deste sábado na Atalaia.
Alberto
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