Machu Picchu e os Filhos do Sol

Situada a 2.350 metros de altitude, na Cordilheira dos Andes, a antiga e enigmática cidadela de Machu Picchu, no Peru, foi construída em meados do século XV, em conciliação com a magia da natureza local e com fortes indícios de uso em rituais religiosos, astronómicos ou astrológicos e como local secreto, só ao alcance de uma determinada elite regional, os incas, que se auto denominavam, os Filhos do Sol.

Terá sido abandonada muito antes da invasão e da conquista da região pelos espanhóis, quando um provável surto de varíola terá dizimado grande parte da sua população e, após aquela intrusão, talvez um dos últimos refúgios de parte da nobreza inca e seus servidores, para escaparem à desmedida ambição invasora, que jamais a avistaram.

Actualmente, é o local arqueológico mais conhecido da América do Sul mas, durante séculos, esteve coberto pela floresta, sendo apenas conhecido e ignorado pelos habitantes locais. Só a partir de 1900 começou a ser avistado e visitado por forasteiros interessados na cultura e riqueza andinas e, finalmente, em 1911, foi dado a conhecer ao mundo, quando o historiador norte americano, Hiram Bringman e a sua equipa, o localizaram, escavaram e encontraram diversos objectos de prata, de bronze e de cobre, além de outros.

Para alguns estudiosos, Machu Picchu foi um retiro para diversas jovens incas, as Virgens do Sol, já que oitenta por cento (80%) dos esqueletos encontrados, eram de mulheres, e também retiro religioso de alguns sacerdotes e refúgio da nobreza Inca, quando esta fugia a invasores ameríndios, da Amazónia.

No auge da civilização, foi também uma das primeiras universidades do Novo Mundo, quando aí foram leccionadas a agronomia, a arquitectura, o estudo do céu, a botânica e a medicina.

Quanto aos símbolos astronómicos e religiosos, referência para seguintes construções:

– TEMPLO DAS TRÊS JANELAS: Este edifício marca as quatro estações do ano, quando nos dias dos equinócios da Primavera e do Outono, o sol incide na janela do centro e, nos solstícios do Inverno e do Verão, quando ele transpõe a janela das pontas.

– INTIHUATANA (traduzido para Sol-Amarrado): É uma rocha granítica que foi esculpida em formato peculiar e terá sido um precioso equipamento para medir o ciclo do tempo e as estações do ano, quando recebia o sol e projectava – e não – , as suas sombras. Terá servido para organizar o quotidiano das gentes locais e é semelhante a outras que existiram nos Andes mas talvez a única que escapou à destruição, já que as cerimónias em seu redor, terão sido consideradas estranhas e heréticas para os invasores europeus. Em 2000, Intihuatana sofreu danos irreparáveis quando da queda de uma grua, utilizada por uma equipa de filmagens que rodava um anúncio de cerveja.

Machu Picchu foi declarada património cultural da humanidade em 1983 e, em cerimónia realizada em 7 de Julho de 2007, no Estádio da Luz, em Lisboa, foi eleita uma das modernas Sete Maravilhas do Mundo.

Por se tratar de um local mundialmente conhecido, todos os meses é invadido por largos milhares de turistas, o que não sendo mau para a economia local, infelizmente é-o para todos aqueles monumentos centenários.

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Texto originalmente escrito por Francisco Gomes.