O Japão colocou em órbita um satélite que será utilizado para observar a distribuição da concentração dos gases que originam o denominado “efeito de estufa” a partir do espaço. O lançamento do satélite Ibuki (‘Respirar’, em português), também designado GOSAT (Greenhouse Gases Observing Satellite), teve lugar às 0354UTC do dia 23 de Janeiro de 2009 a partir da Plataforma de Lançamento LP1 do Complexo de Lançamento Yoshinubo do Centro Espacial de Tanegashima.
O veículo lançador utilizado nesta missão foi a versão 202 do foguetão H-2A que é equipado com dois propulsores laterais de combustível sólido e com uma ogiva 4S (4 metros de diâmetro). A Mitsubishi Heavy Industries Ltd. esteve encarregada dos serviços do lançamento do H-2A.
Segundo a agência espacial japonesa JAXA, o Ibuki está equipado com um sensor de observação dos gases de provocam o efeito de estufa (TANSO-FTS) e um sensor de aerosóis / nuvens (TANSO-CAI) que suplementa o TANSO-FTS. O sensor de observação dos gases que originam o efeito de estufa leva a cabo observações num leque variado de comprimentos de onda (região do infravermeçho próximo – região do infravermelho térmico) dentro da banda de comprimentos de onda de infravermelho para melhorar a precisão de observação.
O número de canais de observação é de cerca de 18500. O sensor de aerosóis / nuvens observa as nuvens e aerosóis que podem ser um factor que leva à ocorrência de erros na medição dos gases que originam o efeito de estufa, melhorando assim a precisão de observação.
O satélite irá observar a radiação infravermelha que é emitida pelo Sol e reflectida da superfície, além do espectro da radiação infravermelha que é radiada da superfície ou pela própria atmosfera. À medida que a radiação passa por um gás é obsorvida somente em cores específicas, o que significa que os componentes com um comprimento de onda específico são assim revelados. O Ibuki calcula a concentração dos gases que originam o efeito de estufa na atmosfera utilizando este princípio.
O Ibuki é uma missão conjunta entre a JAXA, o Instituto Nacional para os Estudos Ambientais do Japão e o Ministério do Ambiente do Japão. A JAXA esteve encarregue do desenvolvimento, lançamento e operação dos sensores e do satélite. Os restantes membros irão levar a cabo o processamento avançado dos dados e a sua utilização.
O satélite tem uma massa aproximada de 1750 kg. Está equipado com dois panéis solares que geram 3,8 kW. Irá operar durante 5 anos numa órbita sub-recorrente sincronizada com o Sol com uma inclinação de 98º.
O foguetão H-2A pode ser utilizado em várias confihurações ao serem instalados propulsores laterais de combustível sólido adicionais. O seu primeiro estágio tem um comprimento de 37,2 metros, um diâmetro de 4 metros e uma massa de 114 toneladas. O estágio queima uma mistura de oxigénio líquido e hidrogénio líquido, desenvolvendo uma força de 1098 kN. O seu tempo de queima é de 390 segundos.
A versão H-2A/202 está equipada com dois propulsores laterais de combustível sólido (SRB-A). Cada um destes propulsores com um comprimento de 15,1 metros, um diâmetro de 2,5 metros e uma massa de 77 toneladas. Os propulsores queimam uma mistira de polibutadieno compósito, desenvolvendo uma força de 2245 kN (cada unidade). Os SRB-A operam durante 60 segundos.
O segundoo estágio tem um comprimento de 9,2 metros, um diâmetro de 4 metros e uma massa de 20 toneladas. O estágio queima uma mistura de oxigénio líquido e hidrogénio líquido, desenvolvendo uma força de 137 kN. O seu tempo de queima é de 530 segundos.
O H-2A é capaz de colocar 2000 kg numa órbita de transferência para a órbita geossincrona; 10000 kg numa órbita terrestre baixa com uma inclinação de 30º; 4000 kg numa órbita polar sincronizada com o Sol; ou 2500 kg numa missão planetária.
A bordo do H-2A seguiam outros satélites juntamento com o Ibuki, nomeadamente o SDS- (Small Demonstration Satellite-1), o SOHLA-1 (Space Oriented Higashiosaka Leading Association-1), o SpriteSAT, o PRISM (Pico-Satellite for Remote-sensing and Innovative Space Missions), o KKS-1 (Kouku-Kosen-Satellite-1), o STARS-1 e o Kagayaki (SorunSAT).
O SDS-1 foi desenvolvido pela JAXA como parte de um esforço para melhorar a fiabilidade dos satélites e para verificar novas tecnologias aos níveis material e de componentes no espaço ao utilizar um pequeno satélite. O satélite irá levar a cabo experiências operacionais em novas tecnologias no espaço para que sejam aplicadas para o desenvolvimento futuro de outros satélites. O SDS-1 tem uma massa de 100 kg.
O SDS-1 transporta três equipamentos: o Space Wire Demonstration Module, o Multi-mode Transponder, e o Advanced Microprocessor In-Orbit Experiment Equipment.
O satélite SOHLA-1 é um satélite de demonstração tecnológica desenvolvido por pequenas e médias empresas locais com o apoio técnico da JAXA e da Universidade da Perfeitura de Osaka. O objectivo principal do SOHLA-1 é a obtenção de conhecimentos e tecnologias para o desenvolvimento de pequenos satélites. Outra missão deste satélite é a demonstração em órbita de várias novas tecnologias tais como a medição dos impulsos VHF das trovoadas. O satélite tem uma massa de 50 kg e a sua missão deverá ter uma duração de 1 ano.
O SpriteSAT é um micro-satélite com um tamanho de 0,5 metros e uma massa de menos de 50 kg. O satélite foi desenvolvido pela Universidade de Tohoku e irá levar a cabo observações científicas das emissões atmosféricas luminosas denominadas ‘Sprites’. O satélite foi desenvolvido por estudantes universitários com o apoio técnico dos seus mentores. Os estudantes desempenharam um papal fundamental nos processos de montagem e teste. Através deste projecto, os estudantes obtiveram uma experiência valiosa nos vários aspectps de uma missão espacial, tais como verificação da qualidade e resolução de problemas. Este programa é assim considerado uma oportunidade única para a educação em ciências espaciais e engenharia espacial.
O satélite PRISM é uma primeira tentativa para na aplicação de nano-satélites em missões práticas. A missão deste satélite é a de levar a cabo experiências técnicas na aquisição de imagens do solo utilizando um sistema óptico refractivo com um mastro alongável, levar a cabo experiências técnicas e demonstrar o modelo de nano-satélite urilizando equipamento inovadores, além de levar a cabo vários serviços e experiências para a comunidade de rádio-amadores. O satélite tem uma massa de 5 kg.
O satélite KKS-1 é um pequeno satélite de 3 kg destinado á tecnologia educacional e desenvolvido pelo Tokyo Metropolitan College of Industrial Technology. O satélite irá demonstrar várias experiências em micro-propulsão, irá levar a cabo experiências básicas no controlo de atitude nos seus três eixos espaciais e irá obter imagens do solo com uma pequena câmara.
O STARS-1 consiste em dois satélites ligados por um cabo: o Mother Satellite e o Daughter satellite. O Mother Satellite liberta o cabo contendo o outro satélite na sua extremidade. O daughter satellite possui um braço e o cabo encontra-se aí ligado. Posteriormente, o controlo de atitude através da movimentação do braço utilizando a tensão do cabo é assim possível. A principal missão é a obtenção de imagens do satélite durante a separação entre os dois corpos.
Por fim, o satélite Kagayaki (SorunSAT) irá demonstrar diferentes tecnologias. O project proporcionou a observação do lançamento desta missão por parte de crianças deficientes. O satélite transporta mensagens escritas por estas crianças. A sua missão é a demonstrar tecnologias de um sistema de controlo autónomo, levando também a cabo a abertura de um mastro alongável, a detecção de detritos espaciais e a observação de auroras.
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