A 14 de Maio de 2009, um foguetão Ariane-5ECA (V188/L546) colocou em órbita dois observatórios astronómicos da ESA.
O lançamento teve lugar desde o Complexo de Lançamento ELA3 do CSG Kourou, Guiana Francesa.
A separação dos dois propulsores laterais de combustível sólido teve lugar às 1314UTC e a ogiva de protecção dos dois satélites separou-se às 1315UTC. Pelas 1321UTC terminava a queima do motor Vulcain-2 do primeiro estágio, com este a separar-se de seguida e com o motor HM7B do estágio ESC-A a entrar em ignição. A queima deste estágio terminou às 1336UTC.
O observatório Herschell separou-se do último estágio às 1338UTC, seguindo-se às 1339UTC a separação do adaptador Sylda-5 e às 1340UTC a separação do observatório Planck. Ambos os veículos contactaram pela primeira vez o centro de controlo pelas 1350UTC.
Tanto o Herschel como o Planck foram construídos pela Thales Alenia Space para a Agência Espacial Europeia, juntamente com um grande consórcio de empresas.
Tendo uma massa de 3300 kg no lançamento, o Herschell é o maior telescópio espacial do seu tipo alguma vez colocado em órbita. A sua capacidade de detectar a radiação nos comprimentos de onda do infravermelho longínquo e submilimétricas, irá auxiliar os cientistas a determinar a forma como forram criadas as primeiras galáxias e a sua evolução para a forma actual.
O espelho primário com 3,5 metros de diâmetro do Herschel é quase 1,5 vezes maior do que o espelho do telescópio Hubble e seis vezes maior do que o espelho utilizado no telescópio ISO lançado em 1995. Com a sua grande capacidade e conjunto de detectores sofisticados arrefecidos até quase o zero absoluto, o Herschell irá observar as fontes de infravermelhos mais fracas e mais afastadas, perscrutando para o território desconhecido da radiação infravermelha longínqua e submilimétrica. O Herschell será capaz de observar através da opacidade das poeiras e gases cósmicos, e observar estruturas e eventos longínquos que datam ao início do Universo. O telescópio irá também observar objectos extremamente frios, tais como as nuvens de poeiras e gases interestelares a partir dos quais são formados os planetas e estrelas. O telescópio irá também observar a atmosfera em torno de cometas, planetas e as suas luas no nosso Sistema Solar.
O telescópio vê no infravermelho, e espera-se que seja um excelente complemento ao telescópio espacial Hubble. Este telescópio vê o que seria invisível ao Hubble em luz visível, que é o gás e pó que se encontra à volta das estrelas e demais objectos. E tem um detalhe impressionante!
O observatório Planck está equipado com um telescópio de 1,5 metros e instrumentos sensíveis à radiação de microondas. Com uma massa de 1800 kg, o Planck irá analisar os restos da radiação que encheu o Universo imediatamente após o Big Bang e que hoje é observada como a radiação cósmica de fundo. Os dados provenientes do Planck irá proporcionar as respostas acerca da criação do nosso Universo e sobre como deverá evoluir no futuro.
O Planck irá medir as variações de temperatura no jovem Universo monitorizando a radiação cósmica de fundo, a relíquia da primeira luz que foi emitida no espaço a cerca de 380000 anos após o Big Bang quando a densidade e a temperatura do jovem Universo haviam diminuído o suficiente para permitir a separação da luz da matéria e a sua livre expansão pelo espaço.
Enquanto que os sensores do Herschel se encontram a 0,3º acima do zero absoluto, os sensores do Planck encontram-se a 0,1º acima do zero absoluto.
Operando a temperaturas tão baixas, o Planck deverá obter uma sensibilidade e resolução sem precedentes. Ao medir as pequenas flutuações na temperatura da radiação de microondas, os cientistas deverão obter pelo menos 15 vezes mais informação acerca das origens do Universo, evolução e seu futuro do que com o seu predecessor mais recente. O satélite deverá obter cerca de 500000 milhões de amostras para produzir um conjunto de milhões de pixels que irá ajudar os cientistas a compreender a estrutura do Universo e determinar como nunca os seus constituintes.
O Planck será capaz de determinar a quantidade total de átomos no Universo, inferir sobre a densidade total da matéria escura – um componente que ainda está inacessível à observação directa mas que é de certa forma ‘visível’ através dos seus efeitos na sua vizinhança – e até fornecer uma nova luz sobre a natureza da misteriosa «energia negra».
Os dois observatórios irão operar a partir do ponto Lagrange L2 do sistema Terra – Sol, um ponto de estabilidade gravitacional entre estes dois corpos celestes localizado a 1,5 milhões de quilómetros da Terra na direcção oposta à do Sol.
O lançamento foi um sucesso e ambos os observatórios foram colocados nas trajectórias correctas, estabeleceram já comunicação com a Terra e parecem estar de boa saúde. Vejam as notícias aqui e aqui.
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Leiam em português, aqui e aqui, sobre a empresa portuguesa que “adaptou e qualificou o sistema operativo dos computadores que integram os satélites”.
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