CoRoT-Exo-1b:
Em Maio de 2007, a missão COROT descobriu o seu primeiro planeta extra-solar. É 50% maior que Júpiter e tem cerca da mesma massa, ou seja, é menos denso que Júpiter. Encontra-se a 1560 anos-luz da Terra.
Devido ao seu enorme tamanho e baixa densidade, a sua atmosfera deve estar “inchada”.
Já conheciamos exoplanetas “não alinhados”: WASP-17b, HAT-P-7b, HD 80606b, XO-3b. O CoRoT-1b pertence também a este grupo.
Mas o que é isto de um exoplaneta “não alinhado” ? Não, não se trata de nenhuma afirmação política nem de um julgamento de valor. Na realidade “não alinhado” quer dizer apenas que o plano que contém a órbita do planeta e o plano que contém o equador da estrela hospedeira não coincidem, como na figura que se segue.
Mas porque é isto tão relevante? Bom, segundo as teorias dominantes de formação planetária, os planetas são criados a partir de um disco de gás e poeira que está sensivelmente contido no mesmo plano que contém o equador da estrela hospedeira. Por outras palavras, em condições normais, depois de formados, os exoplanetas orbitariam as suas estrelas hospedeiras no mesmo plano que contém o equador da estrela.
Mas então, como explicamos a ocorrência de exoplanetas com órbitas em planos tão inclinados? Foram avançados dois mecanismos para explicar a existência destes sistemas. Um é designado por mecanismo de Kozai, e envolve a perturbação gravitacional da órbita do exoplaneta provocada por um segundo corpo no sistema (uma estrela companheira ou anã castanha). Um outro mecanismo plausível é designado de dispersão planeta-planeta (minha tradução para “planet-planet scattering”) em que a interacção entre dois ou mais exoplanetas, originalmente com órbitas no plano do disco proto-planetário, atira parte deles para órbitas fora do plano do disco.
O cálculo das características físicas e das órbitas dos exoplanetas “não alinhados” permitirá eventualmente determinar se algum dos mecanismos é dominante e perceber melhor a extrema variedade de sistemas planetários que estamos a descobrir. Falta ainda dizer que a determinação do alinhamento da órbita de um exoplaneta exige a obtenção de espectros de muito alta resolução e com uma cadência elevada durante o trânsito (para medir o chamado efeito de Rossiter-McLaughlin). Tal tarefa pode ser realizada apenas numa mão cheia de observatórios no mundo inteiro. No caso do CoRoT-1b as observações foram realizadas em simultâneo nos observatórios Keck, no Hawai, e VLT, no Chile.
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