Contacto

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Contacto é uma história fabulosa.

Recomendo fortemente quer a leitura do livro quer a visualização do filme.
Tenho ambos, e em duplicado: português e inglês 🙂

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As personalidades das personagens são baseadas na realidade.
Ellie Arroway é baseada em Carl Sagan e Jill Tarter (diretora do SETI).
Sol Hadden é baseado num jovem Carl Sagan.
Kent Clark é baseado no invisual Kent Culler que é um astrofísico do SETI.

O conto/filme mostra-nos um possível contacto com extraterrestres.

O facto de sermos pequeníssimos no tempo e no espaço é magistralmente tratado.

O conto e filme ensinam-nos alguma ciência, explicam alguns detalhes científicos de forma correta (ex: tempo que uma mensagem leva a viajar da Terra para o seu destino e viagem de volta).

No livro e no filme, a procura de Ellie por extraterrestres é uma alegoria da procura pelo seu defunto pai.

A dicotomia entre ciência e religião é fortemente debatida (existem mais discussões no livro).

As discussões científicas, religiosas, e filosóficas são fantásticas.

A busca da verdade é excelentemente explorada.

No final, as pessoas são livres de aderir a uma posição ou a outra.

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O livro é muito bom.

No entanto, em termos de astrobiologia, um livro melhor que este é o livro em que Sagan se baseou: The Listeners, de James Gunn.

O livro tem muitas mais discussões, e melhores, entre a ciência e a religião.

No livro, a mãe de Ellie está viva e elas têm uma relação difícil… e com alguns segredos relevantes – um dos segredos é incrivelmente importante, diz respeito ao pai, e só é desvendado no final.

No livro, a máquina leva 5 passageiros.

No livro, eles viajam até perto do centro da Galáxia.

A morte de S. R. Hadden é muito melhor no livro.
Ele morre de uma forma que está no meu Top 5 de mortes que eu gostaria, caso pudesse escolher 🙂

No final do livro, Ellie descobre que o Universo tem uma assinatura… ela encontra a prova da existência de um Criador, de Deus.
Ou, no mínimo, encontrou a prova que uma forma superior de inteligência conseguiu criar uma assinatura no âmago do tecido do Universo.

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O filme conta a história de uma cientista do SETI e a sua incessante busca por contacto com alguma civilização extraterrestre.

Eleanor Arroway (Ellie) é uma rádio-astrónoma que consegue, depois de muita dedicação pessoal e anos de luta, descobrir um sinal extraterrestre transmitido a partir da estrela Vega.
Este sinal contém um conjunto de informações, entre as quais se destacam a primeira grande transmissão televisiva realizada na Terra (dos Jogos Olímpicos de Berlim, na qual Hitler aparece) assim como instruções para construção de uma máquina de transporte espacial.
Depois de alguns anos, a máquina é construída e Ellie, apesar de todo o mérito que possa ter pela descoberta, deve lutar contra mais adversidades para que possa ser escolhida para realizar a viagem.

O filme mostra em muitos momentos as divergências de pensamentos existentes entre a religião e a ciência e como elas influem na vida de Ellie e no processo de construção da máquina.

No final do filme, Ellie tem ainda que provar perante todos que realmente realizou a viagem.
Ellie, a primeira tripulante da máquina, nunca pode comprovar que realizou tal viagem, que para ela durou cerca de 18 horas, mas para quem estava do lado de fora, menos de cinco segundos.
No entanto, a prova científica concreta que permite afirmar que a sua viagem realmente aconteceu é fornecida no último minuto do filme.”

(in Wikipedia)

Não concordo com algumas situações do filme:

– a viagem superior à velocidade da luz: devido à Relatividade, as pessoas na Terra deveriam ter envelhecido mais que ela; no entanto, no filme passa-se o contrário: para ela passaram 18 horas enquanto na Terra passaram-se somente alguns segundos. A explicação dada no filme é que ela viaja através dos teóricos buracos de verme que obviamente aceito como explicação, mas que talvez tenha levado as pessoas a pensar que se trata de conhecimento científico quando na verdade é somente especulação científica.

– a Navalha de Occam não nos diz que a explicação mais simples tende a ser a correta, mas diz sim que a resposta mais provável é aquela que detém menos premissas.

– é ridícula a cena das crianças a pedir ao pai para não ser candidato na viagem, e o astronauta retira-se da corrida.

– é totalmente estúpido na Casa Branca darem o mesmo peso a todo o tipo de opiniões, mesmo que sejam imbecis. A mensagem foi enviada na linguagem da ciência, foi descoberta por cientistas e é para ser concretizada através do conhecimento científico. Esta é claramente uma experiência científica.

– pessoalmente, não gosto do discurso dela no Comité do Congresso Americano para averiguar o que se passou na experiência científica. Pareceu-me um discurso fortemente religioso.
No entanto, na cena seguinte, com menos relevo/tempo que o discurso no Congresso, percebe-se que existe uma prova contundente, objetiva e científica de que a experiência dela foi real: ou seja, não é precisa a fé/crença, quando temos a prova da realidade do evento.

– pessoalmente, não concordo com Sagan ter sido tão simpático para com as opiniões religiosas. Entendo perfeitamente que ele tenha feito isso, tendo em conta o ambiente nos EUA, bastante influenciado pelos Criacionistas. Ou seja, é compreensível que Sagan quisesse passar uma imagem de abertura para com eles, de forma a não alienar esse mercado (um mercado enorme, nos EUA). No entanto, não posso defender a hipocrisia, a mentira, e a iliteracia científica, daí que em consciência não posso concordar com esta estratégia de Sagan.

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Algumas mensagens do filme:

– O Universo está cheio de extraterrestres inteligentes.

– Deus é um ser extraterrestre bastante avançado.

– Ciência e Religião são compatíveis.

– Quanto mais estudamos o espaço, mais aprendemos sobre nós.

– O Fundamentalismo é errado – quer seja na religião, ciência, etc.

– O mundo é aquilo que fazemos dele – se queremos que ele mude, então façamos por isso.

– Sigam os vossos sonhos.

– Devemos sempre procurar a verdade.

– A procura não é de extraterrestres, mas sim pelo sentido da vida.

– Família, amigos, e “significant other” é o que de mais importante existe.

Algumas frases importantes que fazem pensar:


Ellie: There are four hundred billion stars out there, just in our galaxy alone. If only one out of a million of those had planets, and just one out of a million of those had life, and just one out of a million of those had intelligent life; there would be literally millions of civilizations out there.
Palmer: Well, if there wasn’t, it’d be an awful waste of space.

Ellie: The most important thing is that you all keep searching for your own answers. I’ll tell you one thing though. The Universe is a pretty big place, it’s bigger than anything anyone has ever dreamed of. So if it’s just us, seems like an awful waste of space, right?

Executive: Your proposal seems less like science and more like science fiction.
Ellie Arroway : Science fiction. You’re right, it’s crazy. In fact, it’s even worse than that, it’s nuts. I heard of a couple guys who wanna build something called an airplane, you know you get people to go in, and fly around like birds, it’s ridiculous, right? And what about breaking the sound barrier, or rockets to the moon? Atomic energy, or a mission to Mars? Science fiction, right? Look, all I’m asking is for you to just have the tiniest bit of vision. You know, to just sit back for one minute and look at the big picture. To take a chance on something that just might end up being the most profoundly impactful moment for humanity, for the history… of history.

Drumlin: There are only two possibilities. One, there is intelligent life out there, but it’s so far away you’ll never contact it in your lifetime. And two, there’s nothing out there but noble gases and carbon compounds, and you’re wasting your time. In the meantime, you won’t be published, you won’t be taken seriously, and your career will be over before it’s begun.
Ellie: So what?! It’s my life!

Drumlin: I know you must think this is all very unfair. What you don’t know is I agree. I wish the world was a place where fair was the bottom line, where the kind of idealism you showed at the hearing was rewarded, not taken advantage of. Unfortunately, we don’t live in that world.
Ellie: Funny, I’ve always believed that the world is what we make of it.

Palmer: Is the world fundamentally a better place because of science and technology? We shop at home, we surf the Web… at the same time, we feel emptier, lonelier and more cut off from each other.

Palmer: Our job was to select someone to speak for everybody. And I just couldn’t in good conscience vote for a person who doesn’t believe in God. Someone who thinks the other 95% of us suffer from mass delusion.
Ellie: I told the truth up there. And Drumlin told you exactly what you wanted to hear.

Ellie Arroway: I had an experience. I can’t prove it. I can’t even explain it. But everything that I know as a human being, everything that I am, tells me that it was real. I was given (…) a vision of the universe that tells us, undeniably, how tiny, and insignificant and how rare and precious we all are. A vision that tells us that we belong to something that is greater than ourselves, that we are not, that none of us, are alone.

Ellie at once recognized that there were two different and mutually contradictory stories of Creation in the first two chapters of Genesis. She did not see how there could be light and days before the Sun was made, and had trouble figuring out exactly who it was that Cain had married. In the stories of Lot and his daughters, of Abraham and Sarah in Egypt, of the betrothal of Dinah, of Jacob and Esau, she found herself amazed. She understood that cowardice might occur in the real world – that sons might deceive and defraud an aged father, that a man might give craven consent to the seduction of his wife by the King, or even encourage the rape of his daughters. But in this holy book there was not a word of protest against such outrages. Instead, it seemed, the crimes were approved, even praised.

Ellie: You’re uncomfortable with scientific skepticism. But the reason it developed is that the world is complicated (…) Scientists make mistakes, theologians make mistakes, everybody makes mistakes. It’s part of being human. So the way you avoid the mistakes, or at least reduce the chance that you’ll make one, is to be skeptical. You test the ideas. You check them out by rigorous standards of evidence. I don’t think there is such a thing as a received truth. But when you let the different opinions debate (…), then the truth tends to emerge. That’s the experience of the whole history of science. It isn’t a perfect approach, but it’s the only one that seems to work.

Ellie: Your trouble is a failure of the imagination. These prophecies are vague, ambiguous, imprecise, open to fraud. They admit lots of possible interpretations. (…) You only quote the passages that seem to you fulfilled, and ignore the rest. (…) But imagine that your kind of god – omnipotent, omniscient, compassionate – really wanted to leave a record for future generations. It’s easy. Just a few enigmatic phrases such as ‘The Sun is a star’. Or ‘Mars is a rusty place with deserts and volcanoes, like Sinai’.

Ellie: Anything you don’t understand, Mr. Rankin, you attribute to God. God for you is where you sweep away all the mysteries of the world, all the challenges to our intelligence. You simply turn your mind off and say God did it.

Ellie: Palmer, you think if I haven’t had your religious experience I can’t appreciate the magnificence of your god. But it’s just the opposite. I listen to you, and I think. His god is too small! One paltry planet, a few thousand years – hardly worth the attention of a minor deity, much less the Creator of the universe.

Ellie: When you really believe that people can be adults, you’ll preach a different sermon.

Ellie: The religious people (…) think this planet is an experiment. (…) Some god (…) always fixing and poking, messing around with tradesmen’s wives, giving tablets on mountains, commanding you to mutilate your children, telling people what words they can say and what words they can’t say, making people feel guilty about enjoying themselves. (…) Why can’t the gods leave (…) alone? All this intervention speaks of incompetence. (…) If God is omnipotent and omniscient, why didn’t he start the universe out in the first place so it would come out the way he wants? Why’s he constantly repairing and complaining? No, there’s one thing the Bible makes clear: The biblical God is a sloppy manufacturer. He’s not good at design, he’s not good at execution. He’d be out of business if there was any competition.

What if an interstellar message were being received by Project Argus, but very slowly – one bit of information every hour, say, or every week, or every decade? (…) Suppose they lived for tens of thousands of years. And taaaalked verrry sloooowwly. Argus would never know.
The opposite was possible as well: the fast talkers (…) the equivalent of hundreds of pages of English text – in a nanosecond. (…)

We’re picking somebody to enter the Olympics, and we don’t know what the events are. I don’t know why we’re talking about sending scientists. Mahatma Gandhi, that’s who we should send. Or (…) Jesus Christ. Don’t tell me they’re not available. I know that.
When you don’t know what the events are, you send a decathlon champion.
And then you discover the event is chess, or oratory, or sculpture, and your athlete finishes last.

Um filme a não perder!
Um livro que é obrigatório ler!

7 comentários

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  1. Hi Astropt, 
     
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    1. Not right now. But maybe in the future.

      Thank you for your interest.

    • António Figueiroa on 03/09/2018 at 16:04
    • Responder

    Exmº Sr. Professor,
    Desde já as minhas desculpas de contactá-lo deste modo. Não encontrei outra via.
    Poderá esclarecer-me sobre viagens organizadas, para viajar da Europa para a América do Sul (Chile, Argentina) com o objectivo de ver o eclipse solar em 2 de Julho de 2019?
    Muito obrigado por qualquer informação que possa prestar-me.
    Com os melhores cumprimentos,

    [email protected]

    1. Caro António,

      Eu não sei informações sobre viagens organizadas com esse sentido.

      De qualquer modo, dependendo do país onde está, aposto que há já muitos astrónomos amadores a planearem essas viagens em conjunto 😉

      O que sugiro é que contacte associações de astrónomos amadores que potencialmente vão ver o eclipse. Ou então, contacte o ESO, que provavelmente terá viagens próprias.
      Caso vá por si próprio, então pode sempre contactar uma agência de viagens.

      abraço!

  2. Hello,

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    If there is any space available please let me know and we could discuss further details.

    Looking forward to your positive reply.

    Felinda

    1. There is no advertising in our website 😉

      best wishes,
      Carlos

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