Vinte anos depois…

Comprei uma Voyager. Pequenina para caber no parapeito do fogão de sala. E lá está a lembrar os tempos em que percorria os planetas. Faz agora vinte anos que passou por Neptuno.
Foi num dia quente de Verão, que Neptuno se mostrou azul. Foi num dia azul da Terra, que Tritão mostrou vulcões.
Foi uma longa espera. Televisão ligada à espera das primeiras imagens. Não havia CNN lá em casa (era o tempo das parabólicas), mas pelo menos viu-se na RTP alguma coisa. Depois no dia seguinte os jornais revelavam mais pormenores. Notícias de circunstância.
Mas comprei uma Voyager para lembrar os velhos tempos, para lembrar a minha própria infância da exploração. Lembro-me de pegar numa folha e registar à mão as impressões daquele dia memorável. Sim, porque naquele tempo não havia computadores como agora ou pelo menos ao preço de agora. Mas lá escrevi para que o dia não se apagasse da memória.
Pouco sabia sobre aquela missão. Sabia-se muito pouco naquele tempo. A internet não existia, os livros eram poucos, as revistas também, vivíamos ainda na obscuridade.
Mas o pouco que sabíamos era uma luzinha na escuridão.

Faz esta semana vinte anos, que a Voyager 2 passou perto de Neptuno.
No dia 25 de Agosto de 1989, a pequena sonda abeirou-se do último gigante gasoso do sistema solar. Neptuno era apenas um ponto azul ao telescópio até essa data. Pelas câmaras da Voyager vimos então um mundo azul e belo, como jamais alguém tinha visto.

Mas não foi só em Neptuno que tivemos surpresas. Tritão, a maior lua do planeta, também revelou a sua exótica natureza com vulcões gelados no pólo sul a emanar azoto frio. Depois a Voyager descobriu Proteu, uma lua com um impacto gigante, que podia ter destruído esta lua completamente. Viu também os pequenos anéis de Neptuno.
Tudo num único dia. Daí que só posso ter boas recordações daquele Verão, do dia em que Voyager passou por Neptuno. É um dia que nunca mais volta. É um momento que não voltaremos a viver de novo na nossa breve vida. E é pena, pois Neptuno merecia mais uma visita.

neptune triton
A APOD traz-nos esta fabulosa imagem tirada em 1989 pela sonda Voyager 2 quando passava por lá.
A imagem mostra o planeta Neptuno e a sua lua Tritão.
Ambos estão em fase crescente, o que prova que não poderia ter sido uma fotografia tirada a partir da Terra – somente objectos interiores (na direcção do Sol) mostram fases.
Neptuno é um planeta mais pequeno mas mais massivo que Úrano, e emite mais energia do que aquela que recebe do Sol.

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