Descoberta Super-Supernova SN 2007bi

SN+2007bi
Em Dezembro de 2009, a revista Nature publicou um artigo de uma equipa de astrónomos liderada pelo israelita Avishay Gal-Yam (do Weizmann Institute of Science) no qual é descrita a descoberta do que parece ser o primeiro exemplo fidedigno de uma supernova despoletada pelo processo de “pair-instability”, previsto pela teoria desde os anos 60.

Existem dois mecanismos principais que dão origem à formação de uma supernova: (a) a explosão termonuclear de uma anã branca, e (b) o colapso gravitacional de uma estrela.
No primeiro mecanismo, uma anã branca num sistema binário acumula massa proveniente da companheira até que o peso desse material na sua superfície cria condições ao nível da temperatura e densidade para se dar a fusão de átomos de carbono no interior degenerado da anã branca. Depois de iniciada, a fusão progride de forma descontrolada gerando uma onda de choque que eventualmente destrói a estrela por completo.
O segundo mecanismo ocorre quando uma estrela maciça forma, como resultado de reacções nucleares no seu interior, um núcleo de Ferro e Níquel. Neste momento, a radiação gama que fornecia a pressão que sustinha o peso da estrela deixa de ser produzida no núcleo. De facto, a fusão do Ferro, e dos elementos para lá deste na tabela periódica, não liberta energia, antes consome-a. Desprovido de sustentação o núcleo da estrela entra em colapso gravitacional, o qual é sustido apenas, na maioria dos casos, quando o dito atinge densidades semelhantes à de um núcleo atómico. Forma-se uma estrela de neutrões e uma quantidade inimaginável de neutrinos resultantes da transformação de pares protão/electrão em neutrões. A paragem do colapso do núcleo gera uma onda de choque que se propaga ao resto da estrela e que, com ajuda da energia libertada na formação da estrela de neutrões, destrói o resto da estrela.

A relevância da descoberta agora anunciada consiste no facto de ser o primeiro exemplo realmente convincente de uma supernova que se forma por um outro processo designado de “pair instability” (instabilidade provocada por pares de partícula / anti-partícula). Aqui, a estrela também sofre um colapso gravitacional parcial, mas a origem do mesmo é mais exótica. De facto, crê-se que no interior de estrelas com massas entre 150 e 240 vezes a massa do Sol (os limites são incertos) é gerada radiação de tal forma energética que em determinadas condições os fotões de raios gama podem transformar-se em grandes quantidades de pares de electrões e positrões (a anti-partícula do electrão), um processo repetido vezes sem conta nos aceleradores de partículas. Estas partículas não exercem a pressão antes proporcionada pela radiação gama pelo que, também aqui, a estrela perde a sustentação e entra em contracção muito rápida. As elevadas temperaturas geradas pela contracção iniciam uma sequência de reacções nucleares descontroladas que levam à total destruição da estrela, sem a formação de qualquer objecto compacto como uma estrela de neutrões ou um buraco negro. As supernovas resultantes têm uma energia que é 100 vezes superior à de uma supernova típica.
Supernova_Comparison
A supernova em causa, descoberta pelo projecto Nearby Supernova Factory em Abril de 2007, é a SN 2007bi. A dita demorou cerca de 70 dias até atingir a luminosidade máxima, o que indica uma elevada luminosidade. Outras observações permitiram inferir a presença de um núcleo com cerca de 100 massas solares de Hélio e uma quantidade anormalmente elevada de Niquel-56 sintetizado durante a explosão (esta quantidade está relacionada de forma directa e sensível com a energia total da explosão).
No Universo actual, estrelas com esta massa são extremamente raras e frequentemente contém quantidades apreciáveis de “metais” o que lhes permite perder massa a ritmos prodigiosos, evitando assim este destino violento. No entanto, pensa-se que a primeira geração de estrelas do Universo, ditas de população III, teriam atingido facilmente massas nesta gama e seriam constituídas essencialmente por Hidrogénio e Hélio (à excepção do Lítio, Boro e Berílio que tinham sido produzidos em quantidades vestigiais no Big-Bang, os restantes elementos ainda não tinham sido sintetizados no interior de estrelas, por razões óbvias).

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.