Astrônomos desafiam padrões e conceitos antigos sobre a formação galáctica

IMAGEM: As seqüências de estruturas acima criadas a partir de dados do observatório espacial Hubble e da pesquisa SDSS (Sloan Digital Sky Survey) sugerem que a ‘seqüência de Hubble’ para a ‘evolução das galáxias’ há 6 bilhões de anos era notavelmente diferente da que vemos nas galáxias mais próximas. Crédito: NASA, ESA, Sloan Digital Sky Survey, R. Delgado-Serrano e F. Hammer (Observatório de Paris). Dê um clique na imagem para ver o diagrama em alta resolução.

As galáxias se apresentam em uma infinidade de formatos. Mas, no passado cósmico, os diversos formatos galácticos eram bem mais variados e peculiares que os que vemos agora, nas galáxias mais próximas. Ao longo do tempo, de acordo com um novo estudo que trás novidades, as galáxias tendem a se tornar espirais. “Seis bilhões de anos atrás existiam muito mais galáxias com formas peculiares que hoje – um resultado surpreendente”, afirmou Rodney Delgado-Serrano, líder do time que escreveu um artigo sobre o tema. “Isto significa que nos últimos 6 bilhões de anos estas galáxias peculiares transformaram-se em galáxias espirais, dando-nos uma nova visão mais dramática do Universo atual que tínhamos antes”. Essa constatação se opõe a hipótese anterior que estabelece que as galáxias devam evoluir para o formato elíptico.

IMAGEM: Árvore de decisão usada no processo de classificação morfológica das galáxias no censo cósmico. Cada passo considera um critério simples e único. Os cientistas escolheram um critério bem conservador que leva em consideração as morfologias galácticas bem conhecidas que populam a sequência de Hubble. Crédito: Delgado Serrano et. al.

Universo antigo X Universo recente: comportamentos distintos…

O censo galáctico se baseou em dados dos acervos tanto do telescópio espacial Hubble quanto da pesquisa Sloan Digital Sky Survey. A partir desta base de informações o time de astrônomos construiu o primeiro censo demográfico dos tipos e padrões de galáxias em dois períodos distintos da história do Universo. Assim, os pesquisadores construíram duas ‘seqüências de Hubble’ correspondentes as duas eras cósmicas, visando explicar como as galáxias se formam e evoluem. Os resultados mostraram claras distinções em as seqüências geradas (antiga x recente).

Na imagem, a seqüência superior representa a evolução galáctica vista no Universo local, mais recente, e a série inferior mostra a ‘seqüência de Hubble’ para as galáxias longínquas (6 bilhões de anos-luz), mostrando uma diversidade de galáxias exóticas. Na amostra de 116 galáxias ‘locais’ e 148 galáxias distantes, os cientistas viram que mais de 50% das galáxias atuais tem o formato espiral e essa incidência não ocorria há 6 bilhões de anos.

Na seqüência superior (galáxias próximas) vemos que 3% são galáxias elípticas (E), 15% lenticulares (S0), 72% espirais (marcadas com Sa até Sd ou SBb até SBd) e 10% peculiares (Pec). As galáxias espirais têm um sufixo relacionado com seus braços e bojo, por exemplo: uma galáxia espiral SBd tem braços mais esparsos e bojo menos proeminente que uma galáxia espiral SBa.

A série inferior (galáxias longínquas – 6 bilhões de anos luz) apresenta 4% de galáxias elípticas (E), 13% lenticulares (S0), 31% espirais e 52% peculiares.

Estas distribuições indicam que provavelmente as galáxias peculiares evoluíram para o formato elíptico.

A Seqüência de Hubble nas distintas eras cósmicas

A ‘seqüência de Hubble’ foi um padrão criado pelo astrônomo Edwin Hubble para ajudar a entender a formação galáctica. Este modelo é também conhecido como o ‘diagrama de garfo de Hubble’. Este esquema divide as galáxias em 3 amplas categorias, baseadas no seu formato: espiral, espiral barrada e elíptica.

“Nosso objetivo era encontrar algum cenário que conectasse a imagem corrente do Universo com as morfologias das galáxias distantes e antigas, visando encontrar o padrão para o enigmático entendimento da evolução galáctica”, disse François Hammer do Observatório de Paris que coordenou o time de astrônomos neste levantamento.

O destino das galáxias está no formato espiral (e não o elíptico)

Assim, os astrônomos pensam que estas galáxias antigas peculiares tornaram-se espirais através das fusões e colisões com outras galáxias. Esta conclusão contraria frontalmente as concepções anteriores de que as fusões galácticas geram galáxias elípticas. Agora, Hammer e sua equipe fizeram uma nova proposta com a hipótese de “reconstrução espiral”, que sugere que as galáxias exóticas quando afetadas por fusões ricas em gás resultam em espirais gigantes com discos e bojos centrais.

IMAGEM: O antigo diagrama do garfo de Hubble “Tuning Fork” ficou obsoleto depois deste novo censo cósmico.

Antigas teorias sobre as eras de formação galáctica são questionadas…

Conseqüentemente as colisões intergalácticas têm originado novas enormes galáxias o que contraria outro princípio que estipula que a freqüência das fusões galácticas diminuiu significativamente há 8 bilhões de anos. Estes novos resultados indicam que ocorreram grandes fusões mais recentes, até 4 bilhões de anos atrás.

Fontes e referências

ArXiv.org:

Hubble Space Telescope Institute: Formação das Galáxias

Universe Today: Double Hubble Sequence Shows Galaxies Go Spiral

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