A Terra é Rara? Ou não?

Se as civilizações alienígenas ou a vida inteligente extraterrestre são realmente raras em nossa galáxia, a Via Láctea, então é provável que não iremos ouvir algo dos ET antes do Sol tornar-se uma gigante vermelha, em cerca de cinco bilhões anos, no entanto, se contatarmos os alienígenas inteligentes antes disso, nós teremos muitas boas conversas antes da Terra ser esterilizada.

Essa é a conclusão de um recente estudo realizado por Duncan Forgan e Ken Rice, baseado na hipótese da Terra Rara de Peter Ward e D. Brownlee, no qual eles criaram um modelo computacional de uma galáxia hipotética, que simula a Via Láctea onde vivemos, processando esta simulação por 30 vezes. Como premissa, os cientistas consideraram em sua galáxia simulada que a vida inteligente formou-se em plantas similares a Terra apenas, tal como estabelece a hipótese da Terra Rara.

Embora as simulações de Forgan e Rice possam ainda ser consideradas limitadas e até um pouco fora da realidade, os resultados foram otimistas e aumentam as chances do programa SETI ter sucesso. Mais sucesso do que a equação de Drake previu ou o que o paradoxo de Fermi apontou: Afinal, “onde eles estão?”.

Deficiências na Equação de Drake

“A equação de Drake em si sofre de algumas deficiências fundamentais: ela se baseia fortemente em estimativas médias de variáveis tais como a ‘taxa de formação de estrelas’, a equação é incapaz de incorporar os efeitos da história da físico-química da galáxia ou mesmo a dependência temporal [o princípio da precedência que deveria ser aplicada entre seus fatores] entre seus termos”, disse Forgan. “Na verdade, a fórmula de Drake é criticada por seu efeito polarizador entre os otimistas e os pessimistas em relação ao possível “contato com ETs”, que atribuem valores muito diferentes para os parâmetros e coeficientes de retorno que resultam no número de civilizações galácticas que pode se comunicar com Terra, algo entre cem mil (?) e um milhão (!)”.

Com base no trabalho de Vukotic e Cirkovic, Forgan e Rice desenvolveram uma simulação de Monte Carlo, modelada baseando-se em nossa galáxia. Para as entradas do modelo os cientistas usaram as melhores estimativas de parâmetros astrofísicos reais, como a taxa de formação estelar, a função de massa inicial, o tempo de vida de uma estrela em que permanece na seqüência principal, a probabilidade de morte que venha dos céus (exemplos: extermínio de civilizações por queda de cometas e asteróides massivos, explosões de raios gama, supernovas próximas do planeta hospedeiro, etc).

O modelo que se transformou em uma hipótese

Devido aos vários fatores-chave inseridos no sistema, no entanto, “o modelo vai além de um mero conjunto de parâmetros relativamente restritos e se torna uma verdadeira hipótese”, Forgan explicou: “Em essência, o método gera uma galáxia de um bilhão de estrelas, cada uma com suas próprias propriedades estelares (massa, luminosidade, localização dentro na Galáxia, etc), selecionadas aleatoriamente a partir observações e distribuições estatísticas. Sistemas planetários são então gerados para estas estrelas em uma maneira similar e a seguir é permitida a evolução da vida nestes planetas de acordo com algumas hipóteses de origem. O resultado final é uma galáxia simulada, que é estatisticamente representativa da Via Láctea. Para quantificar os erros da amostragem aleatória, este processo é repetido várias vezes: isso permite uma estimativa da média das amostras e o cálculo do desvio padrão das variáveis de saída obtidas a partir do modelo simulado.”

Restrições da Terra Rara

Os cientistas simularam a hipótese da Terra Rara, permitindo que a vida animal, o único tipo de vida a partir da qual as civilizações inteligentes podem realmente surgir, se desenvolva sob as seguintes condições:

  1. A massa do planeta habitável esteja entre a metade e duas vezes a massa da Terra;
  2. A estrela hospedeira tenha massa entre 50% e 150% da massa do Sol;
  3. O planeta tenha uma lua que atue estabilizando o eixo do planeta e gere marés;
  4. A estrela hospedeira tenha pelo menos um planeta gigante com mais de 10 vezes a massa da Terra em uma órbita exterior atuando como escudo para capturar asteróides e cometas perigosos.

A boa notícia para o programa SETI é que uma galáxia como a nossa deve hospedar centenas de civilizações inteligentes (embora, surpreendentemente, o estudo não inclua o conceito de zona habitável galáctica), a má notícia é que, durante o tempo de uma civilização, quando poderia se comunicar com um ET (entre o momento torna-se tecnologicamente avançado o suficiente e quando é dizimado por sua estrela hospedeira indo para a sua fase de gigante vermelha) é, na maioria das simulações, insuficiente para termos um contato com outras civilizações (ou se existem, elas estão muito longe). Assim nós, ou os ET, estaríamos literalmente sozinhos, ilhados em nosso recanto dentro da galáxia, como nos explicou Seth Shostak, líder do programa SETI em “Estarão as civilizações galácticas em ilhas isoladas de um vasto oceano interestelar?

Mas nem tudo é má notícia, se não estamos sozinhos, uma vez estabelecido o primeiro contacto, passaremos a ter numerosos ‘telefonemas’ com o ETs.

Este é um trabalho que ainda está em andamento

“A modelagem numérica deste tipo é geralmente uma sombra da entidade que o modelo tenta explicar, neste caso, a Via Láctea e as estrelas que a compõem, planetas e outros objetos”, dissera Forgan e Rice. Entretando, diversas melhorias no modelo já estão sendo trabalhadas.

Fontes e referências

ArXiv.org: Numerical Testing of The Rare Earth Hypothesis using Monte Carlo Realisation Techniques – Autores: Duncan H. Forgan, Ken Rice

Universe Today: If the Earth is Rare, We May Not Hear from ET por Jean Tate

Cambridge Journals: A numerical testbed for hypotheses of extraterrestrial life and intelligence por D.H. Forgan

Sobre o livro “Rare Earth” de Peter Ward e Donald Brownlee e a Hipótese da Terra Rara:

  • Rare Earth
  • Sós no Universo? Autores: Peter Ward e Donald Brownlee – Editora: Campus

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